Estadão se posiciona a favor de punições a ciclistas
Editorial afirma que iniciativas de incentivo ao uso da bicicleta são importantes, mas é preciso puni-los desde já.
Entre os jornais impressos, o “Estadão” costuma ter as matérias mais acertadas sobre o uso da bicicleta, seus problemas e as soluções que precisamos buscar. Tradicionalmente, a Folha é quem volta e meia se posiciona contrária ao uso da bicicleta nas ruas, sempre indiretamente, usando seus “colunistas polêmicos” para esse trabalho (mas há de se reconhecer que várias matérias boas têm saído sobre o assunto nos últimos tempos).
Por isso, me surpreendeu bastante a falta de visão do editorial de hoje (24/05/13). O texto coloca a ausência de capacete como “agir acima da lei” (mesmo não sendo item obrigatório) e vende a ideia de que ciclistas usam contramão e calçadas por “solene desprezo” às regras de trânsito. Para o autor do texto, o descumprimento dessas regras seria resultado de uma “atitude superior” por parte de quem anda de bicicleta – não por sensação de segurança ou por falta de informação.
O Estadão afirma ainda que “é preciso encontrar meios legais para punir os maus ciclistas que agem dessa forma”, forçando-os a passar por situações de risco em vez de se preocupar em eliminá-las – o que, em última instância, faria naturalmente com que os ciclistas deixassem de ter a maior parte das atitudes criticadas no texto.
Veja bem, meu caro senhor da sociedade tradicional, que só consegue enxergar o mundo de dentro do automóvel: ciclistas usam a contramão e as calçadas porque 1) foram ensinados a fazer isso ao longo das últimas décadas, inclusive por autoridades policiais e 2) não confiam nas pessoas que não aceitam as bicicletas nas ruas, que se aproximam pelas suas costas em alta velocidade. Em um próximo texto, pretendo esmiuçar essa questão e esclarecer por que tantos ciclistas desrespeitam as leis de trânsito. Certamente não é por “atitude superior”.
É preciso começar consertando o que está errado, não punir quem não consegue se adequar aos problemas do viário e desrespeita as regras que, em sua percepção, colocam em risco sua vida.
Contramão e calçadas devem ser evitados
O Vá de Bike é contrário ao tráfego de bicicletas na contramão, exceto se devidamente sinalizado pela autoridade de trânsito, de forma que os motoristas percebam o ciclista se aproximando. Apesar da aparente sensação de segurança ao ver os carros se aproximando, pedalar na contramão coloca o ciclista em grave risco (saiba mais aqui).
Também defendemos o respeito absoluto aos pedestres, que compõem o elo mais fraco do trânsito. Pedestre deve ser respeitado na calçada e no asfalto, tendo prioridade de travessia ainda que esteja fora da faixa – algo que nossos motoristas ainda precisam aprender.
Não é colocando a vida ou integridade física de alguém em risco que se prova que a pessoa está tendo uma conduta inadequada. Isso vale para motoristas e ciclistas nas ruas, mas também para o editor de opinião do Estadão. Atiçar a fogueira da “disputa” entre ciclistas e motoristas (algo que raramente vejo ciclistas fazendo) só faz aumentar o desrespeito no trânsito – e certamente não serão os motoristas que pagarão com vidas, membros e entes queridos por esse erro.
Afirmações de que ciclistas devem ser punidos imediatamente e que a lei e o poder público não fazem isso, principalmente derrubando todos que usam a bicicleta ao patamar de irresponsáveis e desrespeitadores de leis, é dar lastro às atitudes criminosas dos maus motoristas, que colocam em risco a vida de pessoas que circulam em suas bicicletas apenas para provar um ponto de vista – por sinal, extremamente equivocado, como o editorial do Estadão.
Mais uma ressalva importante cabe aqui: a maioria inegável dos motoristas respeita ou ciclista, ou pelo menos acredita fazê-lo. São muito poucos os que colocam propositalmente em risco as pessoas que estão nas bicicletas, mas é uma minoria que agride, assusta, mutila e mata. Esse comportamento não pode ser incentivado de forma alguma, nem mesmo indiretamente.
Quem responde pelo editorial |
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Segundo o mini-expediente presente no topo da página do editorial, na versão impressa, o Editor de Opinião é o jornalista Antonio Carlos Pereira.Especializado em política, estratégia e assuntos militares, atua no conselho diretor do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e já foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico, Ordem do Mérito Santos Dumont, Ordem do Pacificador, Ordem do Mérito Militar e Ordem do Rio Branco. Ruy Mesquita, falecido em 21 de maio de 2013, era o Diretor de Opinião nos últimos 60 anos, cargo superior ao de Antonio Carlos Pereira, sendo o responsável de fato pelo que entraria no editorial. O expediente da versão impressa não informa quem está no cargo desde então. |
Editorial reflete posicionamento
Por não ser assinado, o editorial de um jornal evidencia expressamente a opinião do veículo de comunicação e do grupo que está por trás dele. E é isso que mais assusta: um dos jornais de maior circulação no país culpabilizar os ciclistas pelas falhas – históricas e pontuais – nas políticas públicas de uso do espaço viário e se posicionar claramente a favor de puni-los por isso.
Ao apontar o dedo para os ciclistas infratores ignorando todo o entorno, o jornal demonstra grande miopia para a questão da mobilidade urbana em duas rodas sem motor e, principalmente, para as soluções que precisamos buscar. Fica a impressão de que as matérias positivas que vemos só são publicadas, além da insistência e competência dos jornalistas que as produzem, pelo interesse em agradar o consumidor do produto jornal, travestindo-se de politicamente correto.
Como assinante da versão impressa, me senti profundamente decepcionado. Espero que os bons profissionais que compõem a redação do jornal, bem informados e em sintonia com os novos tempos, possam continuar tendo a liberdade de produzir matérias de qualidade sobre o assunto, trazendo discussões positivas e produtivas para a bicimobilidade em São Paulo e, por tabela, em todo o país.
Falando em RH, como o OESP ainda tem caderno de empregos, o editorial tem também um gancho no sentido de aproximar os anunciantes de vagas, já que eventualmente, já deve ter candidatos perguntando sobre estas infraestruturas nas empresas que oferecem vagas, como benefício ou diferencial. Coisas de cultura empresarial, pois vale transporte faz parte de alguns benefícios padrões. Se houver infraestrutura para os ciclistas, ou melhor, este benefício pode ser totalmente opcional ou obrigatório e com adicional de ter local para bicicletas ( estacionamentos de empresas entram no caso de vagas para bicicletas ? ), o que pode ser um problema … para empresas ( como investimento ), pois mal conseguem lidar com esta legislação trabalhista CLTista, contratando profissionais com empresa aberta, etc …
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Opinião!
CICLOVIA OU TEIMOSIA? PRECISDA SER NA AV. PAULISTA?
O direito de uns começa onde o de outros termina.
SE NÃO É SOLUÇÃO, SE O CICLISMO É MAIS UM ESPORTE, Que se limite aos espaços de ruas, avenidas, praças e periferias onde o comportem sem danificar ainda mais o já caótico trânsito.
E, ainda que se crie em cada periferia compatível das regiões norte e sul e leste oeste, “CICLÓDOMOS”, assim como o AUTÔDROMO de Interlagos.
Não flagele mais o drástico trânsito de São Paulo, por algumas dúzias de ciclo trabalhadores, centenas de esportistas, com prejuízo a milhares de motoristas. Uma mera questão de bom senso, coerência e opção.
Para os esportistas, que se escolham locais e espaços mais adequados… Vários…” CICLÔDOMOS” em locais compatíveis.
Ciclistas: trabalhadores ….(?!) %
Ciclistas esportistas…….. (?!) %
Motoristas trabalhadores (??!) %
Coerência e bom senso técnicos.
E.T. E qual é a opinião dos fabricantes de bikes?
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Voltando para o OESP. Seria interessante como é a cultura ciclística no jornal. Se lá tem local para ciclistas, como vestiário, bicicletário, paraciclos, etc … No passado, possivelmente, teve esta infraestrutura. Como essas coisas ficou para o pessoal do RH, acho que também parte da cultura de “carro” foi pelo fator custo ou pela essa cultura do RH em desenvolvimento de pessoal.
Como moro no Jaguaré, a Editora Globo tem sua sede na Av. Jaguaré, em nenhum momento ela teve expressão pró-bicicleta. Já que a Av. Jaguaré, é o seu cartão de visitas. Curiosamente, no início da Av. Jaguaré temos um heliporto, a Helicidade. Para dizer um pouco da cultura local em transporte …
Veja que há várias questões envolvidas neste editorial. Se pensar um pouco mais, vamos descobrir algumas questões interessantes …
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Infeliz texto do Estadão. Apesar de reconhecer que há ciclistas andando na contramão, pedalando (em ritmo veloz) na calçada, avançando o sinal verde para pedestres quando há grande movimento, penso que estes são casos de uma minoria. O foco deve ser na educação maior tanto para motoristas quanto para ciclistas. Há um grande número de novos ciclistas em SP e estes apenas precisam ser educados e amparados pelo poder público. Este mesmo poder tem que antes de punir, garantir os direitos e a segurança do ciclista.
Procuro fazer a minha parte: respeito as normas de trânsito, sinalizo, respeito os pedestres e nestes anos de experiência, não tive grandes problemas com os motoristas. Respeito para ser respeitado. Por causa deste texto do Estadão, não tenho mais interesse em ler suas matérias.
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Não devemos por um valor sentimental nestes textos, sendo uma empresa jornalística séria e de anos cobrindo os acontecimentos desta cidade e do estado, com grande probabilidade é um texto bem pensado. Ao responder reacionariamente ao texto, vemos o quanto o editorial do OESP tem razão.
Você julgaria um livro pela capa ? Editorial, apesar de ter um peso, é como uma capa de um livro. Pode ser de mal-gosto, mas continua a ter conteúdo. Esta visão simplista de que a capa já é o suficiente para validar um grupo de pessoas, que seria a empresa OESP. É como julgar o Brasil pelo presidente, ou a Venezuela pelo presidente. Todos os brasileiros são como o presidente ? Certamente que não. Os ciclistas é a mesma coisa. Agora, todo uma coleção de pessoas deva ser penalizado por causa de alguns ? É o que geralmente acontece no dia-a-dia. E onde é que está o problema ? Na minha opinião, o problema está na atitude de todos, porque não se envolve quando há uma infração ou uma contravenção que está em curso. Envolvimento digo no sentido de já informando as autoridades, ou, dependendo da peliculosidade do ato, que deve ser mais fácil de lidar individualmente, puder dar um aviso de cidadão, de que não deve fazer o ato. Isto é uma punição, mesmo que seja uma repreensão, embora a gente pense que punição deva envolver um bloco de multas, ou cadeia, ou trabalhos comunitários. E todo mundo pensa que há tanta impunidade aqui nesta cidade … bem vemos até as mais simples delas há falta, não pelo poder público, mas pela omissão de pessoas que tem educação.
Deste modo aquele artigo do Renato Janine Ribeiro, se o ciclista se importa com a democracia entra como balizador da questão: Será que nós ciclistas temos auto-controle ? E, por tabela, que nós como supostos cidadão somo agir como agentes da democracia ?
Pelo histórico, vimos que temos muita coisa contra, e, pouco a favor. Por isto, que proponho que os ciclistas no modo em geral também desenvolva e aprenda a ser mais civilizados e mais cidadãos. É o que podemos dar em troca das melhorias que exigimos. Este editorial do Estado de São Paulo, acho que não existiria se tivéssemos partido de uma proposta mais abrangente de mobilidade. O discurso nosso parece o de sempre exigir, e não de oferecer. Se você ver o vídeo da Renata Falzoni, mostra alguma destas oferta. A declaração da Aline aos 15:15, de passar de contra-carro para pró-bicicleta é uma mudança que todos deveriam passar. A ação de Police Neto, é mais direta. Bem, o que pode ser ofertado, está no vídeo, que é muito interessante.
O editorial do OESP, tem na minha visão como um desafio: que seremos capazes de transformar uma sociedade, com a nossa proposta de estilo de vida, sem que com isto crie mais discriminação, que muitos estão a fazer ? Parece que dá a impressão de exclusão do que inclusão. Seria interessante um dia o OESP vier com uma retratação como resultado da ação de inclusão, e de várias ações mais sustentáveis. Vamos provar que não é necessário punir os ciclistas, pois temos mais auto-controle e uma consciência mais comunitária, e somos mais responsáveis e capazes de criar uma cultura e de uma qualidade de vida mais sustentável.
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Só complementando, acho assim as leis de transitos deveriam ser iguais a todos os meios de transporte inclusive a bicicleta, é errado um ciclista subir uma calçada, entrar em muma rua na contramão mesmo que no cantinho, se antecipar as vezes aos carros e motos e cruzar um farol etc etc, tudoisto é errado até ai a gente não discorda.
Agora convenhamos que a lei previlegia e garante o espaço do carro, moto, onibus e caminhões nas ruas, avenidas e estradas mas se esquece totalmnte da existencia da bicicleta como meio de transporte, cadê nosso espaço por direito para transitarmos tranquilos e seguirmos as mesmas leis dos outros veiculos???? Cadê???
Na calçada não pode subir ! Mas na Ciclofaixa e na Ciclovia que ” teoricamente ” seria um espaço para as bicicletas, pode ter de tudo até gente empinando pipa que corta o pescocço do ciclista!
É assim realmente fica dificil, não sei quando nem como, mas muita coisa precisaria mudar !
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Como falei acima, você tem toda razão.
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Tempos atrás, acho que na era Sarney ou Collor, quando a Coréia do Sul começou a se firmar como potência econômica desenvolvida num mundo onde só de falava de EUA e Japão, li um artigo que comparava a Coréia com o Brasil. Falava que algumas décadas antes disso o Brasil e a Coréia do Sul eram países semelhantes em termos de desenvolvimento econômico e social, quando resolveram agir em busca do crescimento. O Brasil optou por investir em infraestrutura e a Coréia do Sul em educação. A Coréia chegou à posição de potência econômica mundial e o Brasil não tinha deslanchado.
A reportagem fala da irresponsabilidade do poder público de não ter investido em infraestrutura cicloviária antes de estimular a atividade ciclística. Acho que a irresponsabilidade do poder público está em não investir em educação do cidadão, seja pedestre, ciclísta ou motorista. Todos têm seus representantes irresponsáveis.
O outro problema é a falta de informação, que aliás e a base da educação. Muita gente não sabe a diferença entre ciclovia, ciclofaixa, via compartilhada, etc. Sugiro inclusive ao Willian Cruz e até a outros meios de comunicação, uma matéria exclusiva sobre isso.
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Ah, tem esse post aqui, Ricardo: http://vadebike.org/2011/05/ciclovia-ciclofaixa-ciclo-rota-e-espaco-compartilhado/
(Hum, mas deixa eu fazer um adendo, vai?)
É que prometi lá em cima dar uma destrinchadinha no populismo conservador que diagnostiquei nesse editorial do Estadão (putz, Estadão conservador?, tsc, óbvio ululante), mas, você falando em irresponsabilidade do poder público em não investir em educação”, nisso de “a informação é base da educação”, e por aí vai… Meu, isso me fez brochar de vez, vou ficar devendo, tá?
Tá, o que você falou tá certíssimo, 100% na mosca, melhor diagnóstico de fundo, impossível, só que, por tabela, o que você falou me fez descobrir o motivo de eu ter brochado federal em tentar esclarecer melhor aquele meu diagnóstico. Assim: que a desinformação e a irresponsabilidade dessa “educada” elite que comanda a grande imprensa tradicional é, sobre o assunto, tanta, mas tanta, e tão assustadora que…
Meu, olha só: tenho dois meses de bike, e durante esses dois meses fiquei que nem doido tentando me antenar minimamente das políticas públicas que, de uma forma ou outra, envolvem a modal bike no mundo todo. E em apenas dois meses, não mais do que em dois meses, me deparei com tantas, mas tantas soluções colocadas ou em vias de ser colocadas em prática, soluções pontuais, de médio e de longo prazo, soluções ora exclusivas, ora híbridas, de compartilhamento, de traffic calming e o escambau, soluções ora soluções complexas, ora mais ou menos, ora soluções simples mesmo, medidas populares ou impopulares ou que nem cheiram nem fedem, mas tantas, tantas soluções que seriam possíveis ou imagináveis de serem aplicadas às nossas múltiplas realidades urbanas que, em relação ao editorial, só me restou ficar pensando no seguinte:
Como é que alguém que vive a vida toda em função da informação e de processá-la mentalmente, como esse Antonio Carlos Pereira, pode ser tão desinformado, logo, tão ignorante, logo, tão irresponsável em reduzir tudo de possível e imaginável, e com tanta pompa e majestade, àquelas simplórias “duas providências”? (Tá, se você souber um pouquinho da biografia do cara a coisa logo se explica, que não poderia se esperar dele outra mera opinião formada sobre isso mesmo, mas…)
Meu, é ou não é poder demais pra alguém com tamanha limitação informativa e de pensamento, hein, hein? E aí não dá outra, Ricardo: meu, é super broxante! rs.
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Ricardo, ia lhe passar exatamente esse link que o Cícero colou no comentário dele. Esse meu texto explicando as diferenças já virou referência e ajudou muito jornalista da mídia tradicional a entender o que é cada tipo de estrutura.
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Valeu Cicero e Willian. Segui o link e gostei da matéria. Gostei também do complemento abaixo, do Valdemir. Ciclovia, cicloisso, cicloaquilo, pelo menos aqui no Rio é uma zona. Inclusive as vias compartilhadas de carros e bicleta os pedestres entendem como uma extensão da calçada, muitas vezes onde tem calçada de sobra. Não dá para entender.
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Entendo o ponto de vista do Sérgio. O motorista deve se sentir ofendido quando vê algum ciclista infringindo as leis de trânsito sem qualquer ação punitiva das autoridades. Entretanto o motorista deve entender o quanto a utilização do carro particular é prejudicial à sociedade. Ao sair nas ruas com seu carro ele prejudica o meio ambiente, faz barulho e ocupa espaço. Espaço esse que poderia estar sendo utilizado para construção de parques, escolas, casas, etc. Além disso as vias cada vez maiores para comportar o número de carros mutilam a paisagem urbana, a grande quantidade de asfalto impermeabiliza o solo e causa enchentes. Mais ainda, os carros pelo seu tamanho e velocidade que atingem são verdadeiras armas apontadas para todo cidadão que transita pelas ruas.
Por esses motivos, os carros devem sim, pagar mais impostos e estarem sujeitos a atuação mais rígida do estado. O que se paga de imposto (CID, IPVA, etc) serve como indenização por todo mal que o carro particular faz à sociedade. E está muito barato!
Dito isso, se o estado resolver começar a multar os ciclistas que infringirem as leis de trânsito, que multem! Quem não deve não teme. Mas que multem também os carros que tiram finas dos ciclistas e estacionam sobre as ciclovias. O ônibus que param fora do ponto e deixam os passageiros descerem no meio do trânsito, O pedestres que andam pelo meio da rua e lendo jornal, como se tivessem dentro da própria casa, e por aí vai.
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As pessoas usam carro porque a prefeitura não dá suporte através do transporte coletivo. Se por acaso um dia todos os motoristas resolvessem deixar seus carros em casa, instalaria-se o caos no transporte público.
Os carros deveriam pagar mais impostos? Você fala como se fossem poucos os que os motoristas pagam. E por ironia, esses mesmos impostos servem para financiar obras da prefeitura, inclusive as ciclovias e a cracolândia “oficial” do Haddad.
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Willian! Muito bem colocado este trecho do texto! PARABÉNS!!!! Você foi perfeito!!!
Veja bem, meu caro senhor da sociedade tradicional, que só consegue enxergar o mundo de dentro do automóvel: ciclistas usam a contramão e as calçadas porque 1) foram ensinados a fazer isso ao longo das últimas décadas, inclusive por autoridades policiais e 2) não confiam nas pessoas que não aceitam as bicicletas nas ruas, que se aproximam pelas suas costas em alta velocidade. Em um próximo texto, pretendo esmiuçar essa questão e esclarecer por que tantos ciclistas desrespeitam as leis de trânsito. Certamente não é por “atitude superior”.
Quem sabe no dia que a gente tiver neste pais uma estrutura decente e segurança, os ciclistas não precisem subir na calçada ou então pegar um trecho na contramão por não ter outra rota alternativa, é sempre assim cobram mas não dão a menor estrutura para as pessoas,isto só pode ser uma piada e de mal gosto!
Infelizmente alguns setores da imprensa que deveria apoiar os Ciclistas e o uso cada vez mais das bicicletas, não o faz! Parece que estas pessoas tem um certo rancor contra as bicicletas, é realmente uma pena, mas o negócio é a gente nem dar bola, não vai ser meia dúzia de jornalistas deste nipe que vão incomodar milhares de Ciclistas no Brasil!
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Multar ciclistas é quase o mesmo que multar pedestres por desrespeitar a sinalização, quem oferece mais risco ao transito, um veiculo de 10 kg a 20km/h ou de 1000 kg a 80 km/h? Se a fiscalização vigente não é eficaz nem ao menos para reduzir o numero de mortes causadas por automóveis, qual o efeito ela terá nas bicicletas? Alem é claro, de desestimular o uso da bike.
Os ciclistas usam as calçadas, mas por que muitas vezes a condição de trafego na rua é impraticável. Os ciclistas passam o sinal vermelho, mas por que muitas vezes o semáforo não tem um espaço seguro destinado a ele. Andar na contra mão pra mim é irracional e isso sim deveria ser seriamente combatido (quando uma situação muito exageradamente específica exige isso, é melhor trafegar pela calçada, desmontado junto aos pedestres).
O problema dos ciclistas é muito simples, uma campanha publicitária bem feita e permanente resolveria o problema melhor do que multas (dinheiro pra isso a CET tem de sobra), não seria agressivo contra os ciclistas e estimularia o uso da bike.
O que eu gostaria de ver era uma caçada contra motorista malucos, penas mais duras, fim das carteiras compradas, preferência total para o pedestre, treinamento continuo dos motoristas de ônibus, ações que realmente tragam segurança ao nosso transito, não essas medidas interesseiras que nosso meios de comunicação vivem criando.
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É isso.
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Na minha opinião, nós ciclistas, devemos demonstrar melhor civilidade.
Quando encontro com ciclista pedalando na calçada, geralmente quando eu e outros estamos esperando no ponto de ônibus, para que ande devagar e empurrando a bicicleta. e que peça licença. Várias vezes, estava esperando no ponto, levo susto quando um ciclista passa raspando, mesmo, nas minhas costas, sem pedir licença ou anunciando a presença ( o sinal ou falar “Com licença !” ). Na Av. Jaguaré, é frequente ciclista trafegar pela calçada, e o ponto de conflito é justamente nos pontos de ônibus. Quando sou ciclista, ou ando na via ou trafego no canteiro central da avenida, justamente para evitar a calçada onde estão os pontos com pessoas esperando por ônibus. Creio que cada um de nós somos educadores e devemos mostrar exemplos. E, para que a convivência com ciclistas seja mais harmoniosa, quando possível pleiteio uma ciclovia ou pelo menos a reforma das calçadas no canteiro central da Avenida Jaguaré.
Quanto ao OESP, ela tem o direito de opinar, aliás o OESP tem uma mordaça imposta pela justiça de não fazer comentários sobre Sarney e sua família. Se eles tem este direito, nós também temos, podemos opinar escrevendo para OESP, civilizadamente, discordando educadamente sobre o posicionamento. Uma forma de retrucar é explicando que já houve na história da cidade de São Paulo, que o jornal foi distribuído por ciclistas, seja para as bancas como para as residências. Longe de suscitar nostalgia. O sucesso do OESP se deve a ciclistas do passado, e, que desta forma está negando o seu próprio passado, e, com o avanço da vida digital, o espaço de divulgação cada vez diminui. Ressuscitando alguma bicicletas de entrega de alguns bairros nobres pode ser uma ótima sacada de marketing, além de ajudar os ciclistas e a si próprio. Bem esta seria uma forma de mudar a idéia do editorial, e arranjar um aliado para a mobilidade nesta cidade. Bem isto é uma ideia, com certeza que temos aqui entre nós, pessoas com melhores idéias que a minha. Quem é capaz de relacionar com o jornal, sem seguir a linha reacionária ?
Como observação, o jornal Metro, que leio com frequência, na sua versão digital em PDF, tem mostrado o dia-a-dia dos paulistanos, e também de ciclistas, que na edição de Nova Iorque noticia a inauguração do equivalente ao Vélib de Paris, e ao BikeSampa aqui de São Paulo: Citi Bike ( é isso mesmo com i no final ), com 330 estações ( maiores que as nossas ) e com 6 mil bicicletas. Talvez seja um bom argumento contra este editorial do OESP, que está com modelo de negócio ultrapassado, com cadernos especializados para venda de carros, imóveis e oferta de empregos. Já faz mais de uma década que não leio o OESP, frequentemente, só esporadicamente. Mesmo na sua versão Jornal da Tarde ou outros … Quem lê o OESP ( ou JT ) geralmente quem tem carro ( o que explica o JT ter um cadesno de automóveis que virou referência … ).
Andando de bicicleta, nós temos o trabalho de demonstrar que é possível usar a bicicleta na cidade: o próprio William Cruz é exemplo. E, lembrando a Massa Crítica, devemos ser civilizados e também convencer para as pessoas que estão ao nosso redor, que agindo civilizadamente e sendo cuidadosos, podemos cada vez mais usar a bicicleta de forma segura, econômica e saudável. Por isto, não somente devemos ter educação para os outros modais, mas como para nós, que devemos aprender ser mais civilizados, mais pró-ativos, mais sensatos e atuantes. Devemos nos preparar para estas reações contrárias. Não devemos agir da mesma forma que os nossos colegas de trânsito, os motociclistas, que também sofrem no embate com os veículos motorizados de quatro ou mais rodas.
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Nossa, Carlos, essa idéia (e recuperação histórica) de entrega de jornais por ciclistas, ao lado de servir de réplica ao editorial ou de mera nostalgia, é muito, muito sugestiva. Imagina só o tanto de serviços de entrega (com a devida disciplina, claro), complementado os de motoboys, que poderiam ser feitos por ciclistas, é uma baita economia reprimida aí. (Ah, é, o Willian volta e meia promove esses serviços de bikeboy, né? Legals.)
Mas tem um ponto que eu gostaria de enfatizar, Carlos, isso do direito de o Estadão opinar:
Sim, claro, é isso aí, concordamos em concordar, e antes de ser constitucional, como o é de qualquer cidadão, é um direito “natural”, ponto pacífico. Mas peraí, peraí… uma instituição de porte como o Estadão se valer de uma fraqueza de argumentos que seria perfeitamente compreensível a um cidadão qualquer, que facilmente se escandaliza e detona o ciclismo urbano em geral ao testemunhar um ou um punhado de maus, arrogantes e perniciosos ciclistas…?
E ficar só nisso, nessa rasa generalidade, se limitando a pedir obrigação de civilidade e estrutura cicloviária segregada? Pô, isso é reclamação de qualquer mané (como eu, que a maioria das vezes sou)! Então a conclusão que chego é que o Estadão tá é pedindo voto pro mané (e, como você bem apontou, pro tradicional mané motorizado individual, ou o mané a pé que sonha um dia ser todo dia um motorizado individual), longe de abrir ou difundir uma discussão séria com os gestores governamentais e a sociedade sobre como inserir plenamente a bicicleta no sistema viário.
E, Carlos, quem “frequenta” o Vá de Bike e outros meios de informação especializada (tirando um ou outro aí, claro), sabe como ou pelo menos está suficientemente informado sobre como se comportar no trânsito (com a devida margem de segurança aí, né?),
Mas, Carlos (e isso é o que quero enfatizar), a gente não tá falando nem daquele nem dequele outro “bom” ciclista, nem daquele nem daquele outro “selvagem” da bicicleta. A gente tá falando é de um sistema pra milhares de ciclistas, pra muito além dos bons e dos selvagens, a gente tá falando de transporte de massa. E, pô, não há um linha sequer do editorial que mencione, por exemplo, campanha educativa pras massas! E jornal pode ser considerado um meio educativo de massa, não é? Mas não, o editorialista parece sim ter feito questão de apenas propagar o mimimi (ah, e olha só a pitada de malícia desse “expediente populista”: quase dá pra entender que somos os algozes privilegiados de idosos e crianças) e a deseducação.
Deseducação? Como assim, deseducação? Leia com cuidado e você perceberá a malícia fundamental desse editorial: ele faz subentender que os ciclistas já estão todos a salvo!, e então que só depende de nós, de nossa obrigação e punição, que todos fiquem e continuem à salvo! Pois tá lá, com todas as letras:
“Mas, para garantir a sua convivência harmônica com os veículos automotores, é preciso que daqui para a frente os ciclistas comecem a fazer a sua parte.”
“Mas para isso é indispensável que os ciclistas cumpram suas obrigações.”
E no cuzinho das obrigações editorialistas, não vai nada? rs.
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Olá Cícero,
Sei que a posição do OESP é polêmica. E, como sendo um jornal que no período militar estava alinhado com o governo e os interesses econômicos da época. Devemos não ser reacionários, mas tentar resgatar a história, e tentar entender o posicionamento do jornal. Creio que muitas das relações daquela época estão ainda em pé. Lembra-se da Monark ? E veja a recuperação da Caloi. Na época da ditadura, até houve greves nestas empresas, numa delas foi feia. Estes fantasmas da ditadura perduram ainda hoje, e, possivelmente, muitos dos atuais dirigentes de jornais, podem ter sofrido algo deste período ( afinal década de 70 e 80 não são tempos antigos assim ). Então, creio que em nome da integração e bom entendimento é bom tentar entender a história e as posições.
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Cara, sei não… Digo, não sei se essa posição teve o objetivo de polemizar. Seguindo o que eu caracterizei antes, nenhum populismo objetiva primordialmente polemizar, digo, polemizar pra fervilhar o debate, por aí. A não que ser que se defina o catalizador de marias-vão-com-as-outras como polemista, ou que se defina o golpista como tal.
Hum, vai: de repente o Estadão resolveu simplesmente contrapor-se às posições do cicloativismo só pra marcar posição, vai saber, né?
Quanto ao alinhamento histórico do Estadão… Meu, tudo bem, a gente, hoje, até pode dar um desconto, dar uma “anistia” ao Estadão. Que Estadão não é só editorial, né? Que uma coisa que eu já saquei (aliás, o Willian faz menção a isso neste post) é o alinhamento correto do, hum, baixo clero dessa empresa jornalística às questões que envolvem a bike. Tem uma pá de jornalista sério trampando no Estadão, gente séria que faz jornalismo sério. Ó só, nessa matéria até o Willian é “consultado”: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,sp-predio-novo-e-reformado-deve-ter-vaga-para-bikes,1037198,0.htm
Agora, com dirigente de mídia cujo poder de opinião é usado pra desinformar e desvirtuar o debate… Carlos, com esse tipo de gente não tenho, nunca tive, nem nunca terei tolerância, não.
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A pessoa que escreveu o editorial não prestou atenção. Ou agiu com má-fé?
É claro que eu acho irritante ter desviar de um maluco que vem na contramão. É desagradável ser ameaçado por uma bicicleta na calçada, como às vezes acontece. O que escapa à avaliação do articulista são as consequências que a generalização traz.
Qual o agente que vai ter a desfaçatez de aplicar multa em quem pedala na calçada pra evitar ser atropelado? Que tipo de pessoa vai assumir a responsabilidade por provocar a morte de alguém, só pra manter as aparências de rigorosa aplicação do código de trânsito? E quem vai ser o desatinado que vai reprimir o entregador de água que pedala uma cargueira lenta na contramão pra se poupar uma subida?
É nisso que o senso comum tem prevalecido sobre a interpretação tacanha. Sentado em seu carro irritado com o trânsito parado, o editorialista é só mais um que enxerga nas bicicletas um estorvo, e no ciclista um aproveitador. Quem está na rua nota que esse problema é irrisório frente ao abuso corriqueiro que o uso do carro particular representa. Falta explicar os dez atropelamentos por dia, as quatro mortes de pedestres causadas por carros e motos, nenhuma delas por bicicletas. Falta perceber o rotineiro desrespeito a semáforo, uso de celular e abuso de velocidade que não são reprimidos. Falta vergonha na cara ao jornalista, que finge defender a aplicação estrita da lei mas está apenas se aferrando a seu modo de vida obsoleto. Longa vida ao jornal para forrar a área de serviço dos apartamentos.
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