Detalhe da pavimentação de uma ciclofaixa na Holanda: o asfalto já vem vermelho. Imagem: Bycicle Dutch/Reprodução

Como são pavimentadas (ou pintadas) as ciclovias – na Holanda e no Brasil

Saiba como é obtida a cor característica das ciclovias na Holanda – e veja que tipo de tinta e pavimento têm sido usados aqui no Brasil.

Detalhe da pavimentação de uma ciclofaixa na Holanda: o asfalto já vem vermelho. Imagem: Bycicle Duth/Reprodução
Detalhe da pavimentação de uma ciclofaixa na Holanda: o asfalto já vem vermelho. Imagem: Bycicle Duth/Reprodução

A cor chamativa das ciclofaixas e ciclovias holandesas chama bastante atenção, demarcando o espaço exclusivo dos ciclistas. Mas ao contrário do que se pode pensar, a cor não é obtida com aplicação de tinta, mas com uma camada de asfalto colorido.

O vídeo abaixo, dica do leitor Leone Cesca, mostra o processo de recapeamento de uma rua com ciclofaixas. Sim, ciclofaixas, no plural: há uma de cada lado da via. Foram usadas máquinas separadas para a área dos carros e as das bicicletas. É possível perceber que o asfalto já vem vermelho.


As ciclovias na Holanda não são sempre vermelhas. Não há lei determinando a cor a ser utilizada, ficando a cargo de cada município. Há diversos estudos sobre as cores mais apropriadas para cada situação e, em certos casos, nem é necessário colorir o pavimento, mas a cor vermelha é bastante utilizada para indicar pontos de conflito ou de atenção.

E por aqui?

No Brasil, as regras existentes dizem respeito à cor e padronização de sinalização de ciclovias e ciclofaixas, mas não há determinações para o método de pintura ou de pavimentação. Veja abaixo alguns exemplos da cidade de São Paulo, onde foram utilizadas diversas técnicas ao longo dos anos.

Em muitos casos, a utilização de tinta inadequada faz com que a ciclovia se torne escorregadia na chuva, causando acidentes e colocando os ciclistas em risco. É o que aconteceu com a primeira etapa da Ciclovia Rio Pinheiros (Vila Olímpia – Miguel Yunes): as quedas e reclamações eram constantes. Hoje em dia, com a tinta já bastante desgastada, o problema diminuiu muito. Quando a pista foi expandida até as imediações do Parque Villa Lobos, outro tipo de pintura foi utilizado, resolvendo o problema no novo trecho. Foram usadas microesferas de vidro misturadas à tinta, que tornam a superfície irregular, aumentando a área de contato e gerando atrito com os pneus, como o asfalto geralmente faz. Veja detalhes.

No Parque do Ibirapuera, a opção foi por uma tinta específica para ciclovias, que tem se mostrado adequada mesmo quando chove. Veja aqui. A cor foge do padrão vermelho por ficar em área interna e não no viário, não estando sujeita à determinação do Denatran – além de ter sido uma escolha da empresa que patrocinou a pintura.

Trabalhador fazendo aplicação da tinta especial para pavimento de ciclovias, no Parque do Ibirapuera. Note que ela é espessa e precisa ser espalhada. Foto: Willian Cruz
Trabalhador fazendo aplicação da tinta especial para pavimento de ciclovias, no Parque do Ibirapuera. Note que ela é espessa e precisa ser espalhada. Foto: Willian Cruz

Nas ciclofaixas implantadas mais recentemente na cidade, é utilizado um método chamado de “pintura a quente”. Ao contrário dos primeiros trechos, sinalizados com “tinta a frio”, que perderam coloração depois de alguns meses, esse outro tipo de pigmento é mais grosso e precisa ser aquecido com maçarico para aderir ao asfalto, tendo resultado mais duradouro.

Já nas avenidas Faria Lima, Eliseu de Almeida e Paulista, a solução foi mais próxima da holandesa: um pigmento em pó foi acrescentado ao concreto, sendo misturado ainda dentro do caminhão, para que fosse aplicado já na coloração desejada.

Mas por que não fazemos como na Holanda?

Para adotar a solução holandesa, é preciso equipamento específico, asfalto específico, procedimentos bem definidos. Mas será que não temos capacidade para fazer dessa forma? Longe disso.

Mesmo que não tenhamos o equipamento ou os profissionais capacitados, isso não é difícil de resolver. A maior dificuldade é que o custo desse tipo de asfaltamento é bem mais alto que uma ciclofaixa pintada, por exemplo. E o problema também não é a falta de dinheiro – afinal, com pontes e viadutos exclusivos para automóveis gasta-se muitíssimo mais, sem pensar duas vezes. A questão é como a infraestrutura para bicicletas ainda é entendida no Brasil.

Enquanto a implantação de ciclovias for vista pela sociedade em geral como “gasto” e “desperdício” em vez de investimento e benefício, nenhum gestor conseguirá verba e apoio popular para implantar nesses moldes. Precisamos, todos, ajudar a esclarecer essa questão a nossos amigos, familiares e principalmente à classe política, incluindo-se aí vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente da república e até os membros dos Tribunais de Contas e Ministérios Públicos, que não raro tentam barrar iniciativas em prol da mobilidade por bicicleta.

18 comentários em “Como são pavimentadas (ou pintadas) as ciclovias – na Holanda e no Brasil

  1. “Para adotar a solução holandesa, é preciso equipamento específico, asfalto específico, procedimentos bem definidos. Mas será que não temos capacidade para fazer dessa forma? Longe disso.

    Mesmo que não tenhamos o equipamento ou os profissionais capacitados, isso não é difícil de resolver. A maior dificuldade é que o custo desse tipo de asfaltamento é bem mais alto que uma ciclofaixa pintada, por exemplo”.

    Permita-me discordar.. Não é o custo que é mais alto e sim o preço. Há uma diferença entre preço e custo. Preço é o que se paga pelo serviço e custo está relacionado com qualidade, durabilidade, necessidade de manutenção, etc.

    No Basil privilegia-se o preço e não custo e o mesmo conceito me parece foi o usado para se fazer as ciclofaixas.

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  2. Dúvida: as tintas das ciclofaixas são aderentes, mesmo na chuva? Pergunto porque como em São Paulo há muitas ladeiras, me dá um pouco de medo.

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    1. Pode ir tranquilo, mesmo quando a pista está molhada não há nenhum problema. Apenas não esqueça de testar os freios antes de começar a descer.

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  3. Pena que o Brasil seja um país onde o povo não consegue discernir entre um candidato vagabundo e vigarista de um candidato capaz e competente, porque do contrário teríamos governantes do mesmo nível da Holanda, que se importam com o bem estar da sociedade fazendo obras de qualidade. é o que dá morar em país de terceiro mundo, cheio de gente burra que não sabe votar e não conhece nem o básico dos seus direitos, do jeitinho que nosso governo gosta, aceitam tudo calados e de cabeça baixa.

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  4. A minha cidade (Petrópolis-RJ) revela o descaso em relação aos ciclistas. Deve ter cerca de 1km de ciclofaixa, nas proximidades do centro da cidade. Parece até piada. Apesar de eu ser otimista… não sinto o menor interesse ou preocupação por parte dos governantes em melhorar a situação. É lastimável.

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  5. A pedroso tem uma ciclovia (demorou, mais está lá) que ainda carece de acabamento. Na verdade ainda está só no cimento. Itens como iluminação e sinalização também são aguardados. Tomara que o acabamento venha logo e contemple não só a estética, mas prinicplamente a segurança. E detalhe: que venha logo, porque hoje a ciclovia divide espaço com pedestres, praticantes de cooper, skate, patins …

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    1. Ed, também uso a ciclovia da Pedroso de Morais, em SP, e tenho as mesmas preocupações. Os retornos da avenida são pontos extremamente perigosos para ciclistas, pela pouca visibilidade e falta de sinalização. O pior trecho, entretanto, é na continuação, na Av. Faria Lima, entre a Pedroso e a rua dos Pinheiros. Cheio de rachaduras, obstáculos (da época em que tinha ponto de ônibus). Mas parece que foi anunciado um projeto para deixar toda ela no padrão da Faria Lima (trecho Pinheiros-Itaim).

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  6. E quando a ciclovia é feita de asfalto comum mas não é feito nenhuma fundação na pista? Esse é o caso de Praia Grande, SP. Com dezenas de km de ciclovias, são 3 que acompanham toda a cidade, 1 na praia, 1 no meio da cidade e outra na marginal da pista expressa. Não fizeram uma fundação decente nessas ciclovias e elas estão cheias de ondulações e buracos! Eu me sinto num rally pedalando por lá! E detalhe que as ciclovias lá são feitas segregadas do trânsito, fora do nível da rua, mas parece q a via tem tráfego intenso de caminhões devido as ondulações! E essas não são sentidas de imediato, vc vai sentindo o erro aos poucos, até chegar a ser insuportável pedalar naquele lixo! Detalhe é que vc vai para a rua e ela é bem lisa… legal, né?

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  7. Aqui daria para ser igual ou até melhor que a Holanda, pois capacidade e tecnologia nós temos de sobra, o Brasil não é inferior a nenhum pais do mundo neste quesito.
    Agora quando se fala dos politicos aqui, ai sim o Brasil deve ser o pior ou um dos piores paises do mundo neste quesito! Aqui se faz obras só para se aparecer, a qualidade fica de lado pois custa dinheiro e se o cara for fazer uma obra com qualidade, não dá para ele ROUBAR!
    Então faz-se uma porcaria superfaturada e ganha-se de tudo que é jeito em cima!
    Exemplo clarissimo disto é a ciclovia CAMINHO VERDE – READIAL LESTE – SP esta ciclovia nada mais é que um calçadão que já existia em torno de toda a extensão das estações do metrô linha LESTE, claro que o aproveitamento da idéia foi inteligente, porém só remendar com cimento o calçamento e depois passar uma tintinha vermelha por cima para disfarçar não foi nada inteligente!
    Conclusão esta ciclovia que abrigara o estádio do Corinthians um dos estádios da Copa do Mundo, está simplesmente abandonada, existem trechos que o calçamento e as emendas estão lastimáveis, como tudo neste pais tá lá abandonado!
    O certo seria refazer todo o trajeto, com um asfalto bom , liso e de verdade, mas quem sabe né até o dia da Copa façam alguma coisa, pois se não fizerem, vai ser lamentável!

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  8. Já caí na ciclovia da Av. Faria Lima quando garoava e nunca mais a utilizo quando o piso estiver molhado. Apesar de não ser pintura, é cimento: muito menos aderente que o asfalto. A mesma coisa acontece na Av. Sumaré que nem mais utilizo por causa da baixa aderência. Você precisa de mais esforço na subida e não tem segurança na descida.

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  9. No Brasil somos tão brilhantes pra tantas coisas, mas em alguns aspectos parecemos inábeis. Até o que é óbvio e simples para uns parece uma descoberta impar para nós. Aqui em Porto Alegre não faz muito que estavam recapando uma avenida e dias após estavam perfurando o asfalto para corrigir um problema com a tubulação de água. Será parte da cultura brasileira ter o asfalto remendado ?

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    1. O problema é competitividade no setor de obras públicas no Brasil. Como pudemos observar na área de transportes, em particular a de ônibus, vemos que todo canto que vemos é um grupo dominando, mesmo, em tese da licitação ser mais objetivo possível, eventualmente os entocados na vida política vencem. Outra é a alta taxa em cima de serviços e produtos. Por falar nisto, até houve novas formas de pavimentar usando apenas terra e uma substância creio que derivado da saúva, que substituiria a forma tradicional de se pavimentar, barateando o processo, que com certeza tem muito produto derivado de petróleo no processo brasileiro. É algo a se investigar. Como projetos de ciclovia é novo, creio que há pouca expertise nisto, e , portanto, custos e erros e acertos demonstram a qualidade da pavimentação de ciclovia em São Paulo. E quanto ao processo administrativo, deve haver acompanhamento mais de perto. Creio que, como o William, tem gente atenta como é feita as ciclovias por aqui, e podem dar feeback para a melhoria da Qualidade.

      Aliás, Qualidade, não vem de mão beijada, tem que ter acompnhamento e feedback, e, obviamente, cobrança. E cobrança em profusão, a ponto de envergonhar o projetista e o setor público por serviço mal-feito. Lembram-se do artigo do Arturo Alcorta ? ( http://escoladebicicleta.blogspot.com.br/2009/07/pelo-menos-fez-algo.html). Como se diz: “É o olhar do dono que o gado engorda. ” Ou seja, as ciclovias serão de melhor qualidade, assim que mais pessoas estivem vendo, comentando e retrucando as autoridades de como está sendo bem usado o dinheiro. Senão vira que nem a Ciclopassarela da USP, com o dinheiro previsto para o gasto de 80 milhões, poderia facilmente reformar as pontes do Jaguaré e da Cidade Universitária, com faixas ou ciclovia exclusiva para ciclistas nas pontes.

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    2. Não é só no Brasil que isso acontece, eu moro em Londres há 7 anos e as ruas são cheias de remendo, recapearam minha rua e semanas depois a companhia de água estava abrindo o asfalto para consertar um vazamento, em outro ponto na mesma rua, para trocar a tubulação.

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  10. Boa tarde
    Estou na Belgica e vijando pela Holanda agora , para pesquisar sobre a Mobilidade Urbana ;
    Estou tendo o privilegio de ter contato diretamente com estas Ciclovias , sao maravilhosas por sinal e bem pavimentadas como mostra no Video , sao chamativas e tem uma caracteristica bem peculiar: a seguranca !
    Obriagado pelo post

    att

    William Rios
    Spirit of Bike
    Holland

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  11. É incrível como os holandeses sabem como nivelar o asfalto de forma totalmente uniforme, deixando o material utilizado muito bem distribuído, sem desperdiçar e sem sujar as sarjetas com resíduos de asfalto.

    Sensacional!! Tecnologia de ponta à serviço da mobilidade.

    Aprendam governantes do Brasil! Aqui até as ruas recém-recapeadas são mal feitas, pois tem diversos desníveis, bueiros acabam virando buracos e a sinalização não é feita de maneira imediata. Além disso, utilizam uma massa asfáltica pastosa que imunda as calçadas, bocas de lobo e sarjetas com bolos de asfalto, que secam e viram obstáculos, tanto para quem circula pela via, como para as águas pluviais. Uma vergonha!

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  12. A forma com que pavimentam a rua inteira, não só a ciclovia, é impressionante! A rua fica toda uniforme e lisa, um pouco diferente das ruas aqui no Brasil…

    Gostei principalmente do cuidado que tiveram em nivelar o bueiro e o asfalto.

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