Repercussão negativa se espalhou pelas redes sociais ao longo do dia. Imagens: Reprodução

Comentário de âncora da Globo causa polêmica entre ciclistas nas redes sociais

Em rede nacional, o jornalista Rodrigo Bocardi afirmou na manhã de 10 de janeiro que o capacete seria item obrigatório para o ciclista, mostrando desconhecimento do Código de Trânsito. O jornalista também fez duras críticas ao uso da bicicleta nas ruas.

Repercussão negativa se espalhou pelas redes sociais ao longo do dia. Imagens: Reprodução
Repercussão negativa se espalhou pelas redes sociais ao longo do dia, com sátiras, piadas, pedidos de retratação e até xingamentos. Imagens: Facebook/Reprodução

Em rede nacional no Bom Dia Brasil, o âncora do Bom Dia São Paulo, Rodrigo Bocardi, afirmou na manhã de 10 de janeiro que o capacete seria um item obrigatório para o ciclista, mostrando desconhecimento do Código de Trânsito. O jornalista também fez críticas ao uso da bicicleta nas ruas, gerando reações nas redes sociais como as das imagens ao lado.

Apesar de iniciar a matéria citando “muitos flagrantes de desrespeito” por parte dos motoristas, a conclusão foi lamentável. Após a reportagem encerrar em tom positivo, com o ciclista afirmando que ir de bicicleta é “muito mais rápido e saudável”, o âncora aparece com um sonoro “será??”. O âncora então passa a falar das obrigatoriedades da bicicleta (chamando, inclusive, refletivos de “sinalizadores”) e faz a afirmação equivocada de que o capacete seria item obrigatório. E não é.

Por mais que seu uso seja recomendado por muita gente (e há uma longa discussão sobre o assunto, que não cabe aqui neste momento), afirmar que o capacete é obrigatório é uma falácia que estimula preconceito contra ciclistas que não o utilizam. Isso acaba gerando animosidade por parte dos motoristas, muitas vezes traduzida em ameaças à integridade física que podem resultar em acidentes gravíssimos.

Aliás, os comentários do jornalista e seu posicionamento, expostos em um dos principais telejornais da emissora, tem consequências sentidas fortemente por quem pedala nas ruas, ao municiar os motoristas de má índole que já ameaçam os ciclistas que encontram pela frente.

Perigoso não é pedalar,
perigoso é esse discurso.

Bocardi afirma que São Paulo não está preparada para os ciclistas, pois “não há tantas ciclovias assim”, reforçando uma opinião bastante comum de que os ciclistas deveriam se restringir a elas. Um motorista que não goste de ver bicicletas pelas ruas, ao absorver esse conceito, passa a ameaçar com mais propriedade os ciclistas que encontrar em seu caminho. E, aí, o trânsito realmente se torna “violento”, como ele descreve ao fim de seu discurso.

A cidade pode até não estar preparada, Bocardi. Mas isso se deve principalmente a pessoas que, como você, não aceitam a presença desse veículo nas ruas – por sinal, garantida por lei e com prioridade sobre os automotores (art. 58). Perigoso não é pedalar, perigoso é esse discurso, que estimula uma guerra onde deveria haver convivência. A rua é de todos, Bocardi.

O curioso é que as afirmações do jornalista contrariam o posicionamento que a emissora vem adotando em relação ao uso da bicicleta nos últimos anos, incentivando, apoiando e divulgando informação relevante na maioria das vezes. Talvez os boatos de que o jornalista estaria insatisfeito com seu trabalho sejam verdadeiros, o que o faria trabalhar de mau humor.

Mas, mal humorado ou não, é preciso responsabilidade ao divulgar informações e opiniões em emissora de grande audiência, em programa que transmite confiabilidade e sobretudo em rede nacional. Comentários como os que ele fez só pioram o relacionamento entre ciclistas e motoristas nas ruas. E quem paga por isso é o lado mais fraco, muitas vezes com a própria vida.

Manifeste-se enviando mensagem ao Bom Dia Brasil no Facebook ou diretamente a Rodrigo Bocardi no Twitter.

Para saber o que a lei de trânsito realmente diz sobre bicicletas e ciclistas, clique aqui.

Leia também: Não recomende “mais cuidado” quando ocorrem tragédias com ciclistas

54 comentários em “Comentário de âncora da Globo causa polêmica entre ciclistas nas redes sociais

    1. Concordo! E daí que a Globo disse algo que não é lei? Usar capacete deveria ser. Eu pedalo há 15 anos e sequer saio de bicicleta sem capacete. Meu filho de 12 anos está proibido de sair sem capacete seja num parque ou para comprar pão. Sou maluco por prezar pela segurança dele?
      É como a faixa de pedestres: Atravessar fora da faixa não é ilegal mas deveria ser. Quando ocorrer um atropelamento vão culpar quem: A mocinha distraída falando ao celular fora da faixa ou o motorista?

      Nós ciclistas não somos imortais. Devemos prezar pela nossa segurança sempre. Para que dar chance? Tem gente que gasta mais de R$500 numa bicicleta mas não paga R$100 num capacete. Faz sentido isso?

      Não tenho problema nenhum em um veículo de massa como a Globo disseminar dicas de segurança para mudar a mente das pessoas.

      Polêmico. O que acha? Thumb up 5 Thumb down 6

      1. Não quero “dicas” de quem não é especialista, principalmente se essa fonte das “dicas” faz questão de distorcer a verdade sobre a lei, neste caso especificamente sobre o uso de equipamentos de segurança pessoal.
        Quanto ao caso hipotético da mocinha fora da faixa, a culpa é do motorista. A presa só pode passar onde o predador permitir?

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      2. As leis da física demonstram que numa colisão entre crânio e asfalto a partir de uma certa velocidade (não muito alta), a fina camada de proteção do capacete torna-se irrelevante.

        Dica de segurança é pedalar com paciência, defensivamente, nunca confiar que os motorizados terão atitudes sensatas. Isso é muito mais importante que equipamentos. Estes também são recomendados, porém podem ter efeito contrário quando se deixa de agir com prudência pela falsa sensação de segurança.

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  1. A Globo diz o que o povão quer ouvir. O povão do Brasil quer andar de carro, ter “status”, então quem anda de bicicleta é marginal…
    O importante é não desanimar, é mostrar a presença nas ruas, indo ao trabalho, ao mercado de bicicleta. Ser visto. O número de ciclistas no trânsito está aumentando. Há uma mudança no perfil do ciclista, vc não vê só gente de barra forte ou bicicleta cargueira no trânsito, tem bicicleta boa, importada… Sinal que não é só gente de baixa renda que está aderindo à bicicleta. Qto mais ciclistas nas ruas, mais pessoas vão considerar utilizar a bike também.

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  2. A TV Globo mantem bicicletários em várias filiais e tem local para os funcionários tomarem banho, ou seja, efetivamente incentiva e apoia o uso da bicicleta como meio de transporte.

    O que esse jornalista falou não condiz com a postura da empresa.

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  3. Eu é que não perco meu tempo querendo saber a opinião desse Bozo. A verdade é que como apresentador, ele é muito ruim. Como comentarista então, deveria apenas ficar quieto.

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  4. Enquanto estamos discutindo o que esse mal humorado contumaz disse ou não disse, ele está se articulando dentro da emissora,tentando derrubar o Chico Pinheiro e assim aumentar seu status($). Este cara já morou em Nova York por uma década e sabe que o futuro pertence as magrelas. Só queria realmente provocar e polemizar….

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  5. Adoraria não ver ciclistas cometendo atos de imprudencia, ou desrespeito ao CTB.
    E não estou falando do capacete. Pedalar na calçada, por exemplo, é proibido. Mas existem ciclistas aos montes fazendo isso na Paulista, desrespeitando os pedestres.
    Furar o sinal de transito tambem é, e igualmente não é respeitado por muitos.

    Se esses muitos são maioria, não sei. Mas o numero é de fato grande.
    Sou totalmente contra as ciclovias. Acredito que com ciclistas e motoristas corretamente educados, todos poderiam dividir as ruas sem problemas.

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    1. Curioso, em cada região um “problema”, às vezes diametralmente oposto ao de outra.
      Aqui no DF são os pedestres a usarem as ciclovias como calçada, pista de caminhada e corrida, passeio com carrinhos de bebê, cachorro… O pedestre não se sente ameaçado. A convivência entre quem está de bicicleta e quem está a pé é pacífica e cordial, mesmo que atrapalhe um pouco o ciclista por conta dos desvios e da menor velocidade.

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      1. Isto nos diz que cada lugar tem seus problemas, porque cada cidade é diferente, as pessoas são diferentes. Um dos grandes problemas é que as pessoas tentam simplificar e achar que um problema ou solução é de todo mundo. Por isto que para que a cultura ciclística tem que ser tratado como os ecologistas já falavam faz tempo “Pense globalmente, aja localmente. “. O pensar pode ser igual mas os problemas e soluções são locais, ou seja, cada um tem que se envolver localmente para resolver os problemas locais.

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        1. Uma extensão desta explicação: significa que as pessoas tem que se envolver com os problemas e achar as soluções. Nada de ficar sentado teclando e reclamando da vida. Procure novas rotas e caminhos na sua vida social REAL, isto que significa “aja localmente”.

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    2. O que prejudica essas discussões são os extremos – não estou dizendo que é seu caso.

      Quando ando na calçada é porque naquele trecho a rua não me oferece segurança – ex: eu estou na faixa da direita e preciso cruzar a rua movimentada para virar à esquerda. Dependendo do risco que julgar existir, prefiro ir pela calçada e atravessar na faixa de pedestres. Agindo assim reduzo a chance de um acidente que poderia machucar inclusive o motorista. Porém, nas raras vezes que preciso da calçada sempre ando bem devagar e respeitando os pedestres.

      Com relação a furar o sinal, sou contra. Mas vale notar que, assim como muitos motoristas passam no vermelho à noite para evitar assaltos em cruzamentos, há algumas (poucas) situações que, na minha opinião, justificam tal ação para ciclistas: esta que falei e quando, por segurança, o ciclista, até então parado no semáforo vermelho, começar a pedalar segundos antes daquele ficar verde, para se posicionar adequadamente na via antes dos carros “virem pra cima” num cruzamento que ás vezes pode ser perigoso. Tudo isso, claro, quando não desrespeitar os outros.

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    1. Querendo ou não, essa emissora acaba influenciando opiniões sobre ciclistas para uma população maior. O certo seria realmente que ao invés de opinar aqui, opinar lá. Acho que o William acabou num fogo cruzado. Deu um parecer na matéria, e tem um âncora que foi infeliz no comentário. É deu para sentir como ele disse as coisas. Não deveria deixar de transparecer estas coisas. É falta de profissionalismo.

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  6. O Vadebike deveria ter entrado em contato com o jornalista para saber se o que ele tinha ciência do CBT, o que ele pensa da repercussão e quiça convida-lo para pedalar pela cidade. Acredito que assim a reportagem seria imparcial e completa.

    Parabéns pelos artigos sobre bicicleta,

    José

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    1. Oi José… até onde eu sei, o VadeBike é um portal “de opinião”, ou seja, ele é “pró ciclistas”. Ele não precisa ser um veículo imparcial (como uma mídia de jornalismo “tradicional” deveria ser…). Enquanto escrevo isso, vejo que outras mídias como Veja, Folha de SP, Estadão (para citar as maiores) estão longe de serem imparciais… Porque o vádebike deveria ser “diferente” ? Oras, é uma mídia de opinião e não vejo nesse caso específico porque os editores deveriam “perder energia” indo atrás da opinião do jornalista (que também foi super parcial em seus comentários).

      Abraços,

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      1. Davi, boa tarde.

        Tenho a impressão que não pega bem se comparar as “velhas mídias” para justificar a imparcialidade do Vá de Bike. 🙂

        Meu falecido e sábio pai sempre me dizia: “Para se livrar de um inimigo torne ele seu amigo”, ou seja: ser pro ciclista não significa ser contra não ciclistas.

        Um dos princípios básicos do bom jornalismo é ouvir todas as partes envolvidas, isso possibilita chegar a uma conclusão mais equilibrada e segura. Portanto, ser imparcial, ouvindo todos os lados, é uma obrigação moral que minimiza as chances de se cometer uma injustiça.
        Por fim deixo claro que não estou defendendo o jornalista da globo e sim fazendo criticas construtivas ao Va de Bike pois admiro esse blog.

        Boas pedaladas,

        José

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        1. José, no episódio com o Thiago Leifert tentamos contactá-los via assessoria, atrasamos a publicação da matéria e não obtivemos resposta alguma, por isso dessa vez optamos por não fazê-lo, mesmo sabendo ser a melhor prática. Perderia-se o “timing” da publicação, já que ela se referia a mídias sociais, onde as repercussões são tão rápidas quanto efêmeras. Se houvesse alguma reação ou contato da emissora, comentaríamos por aqui, em nova postagem. Obviamente não houve.

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  7. Ele vem escorregando feio ultimamemte, ontem mesmo ele disse após uma reportagem de financiamento de um casa que ao final desse financiamento poderia se economozar quase 90mil reais eis a pérola “é quase um valor de uma carro zero” disse Bacardi. Quanto será o valor o carro dele? Pq quese 90 mil eu compro 3 carros zero. Aé hoje me deparo com essa repostagem falando mau de nós ciclistas… lamentável!

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  8. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

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    1. Vc tem a moral de perder o seu tempo para entrar num site de ciclistas e vir aqui xingar?
      Ah, vai se tratar seu retardado!

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      1. O importante no caso é aceitar os extremos e lidar com eles. Não vai adiantar muito a gente se fechar nas opiniões semelhantes. Como dizia Nelson Rodrigues “Unanimidade é uma burrice.”. Tendo empatia, podemos entender a posição dele, e até mesmo argumentar e ganhar um simpatizante ou até mesmo um praticante.

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  9. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

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      1. No entanto, influencia quem que não tem opinião e não tem idéia do que é segurança no trânsito e segurança na bicicleta. Alguns vão achar que basta comprar os equipamentos de segurança para bicicleta que seus problemas serão resolvidos. Esse é um problema cultural que em muitos acham que uma “autoridade” da mídia tem uma visão correta. É um mercado, onde um grupo econômico e político procura influenciar as massas incultas.

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