Ciclorrota: infraestrutura simples e de baixo custo ajuda a aumentar segurança e conforto dos ciclistas. Foto: Willian Cruz

Conheça as cidades brasileiras que estão implementando ciclorrotas

Aumento do uso da bicicleta faz crescer também a necessidade de infraestrutura. As ciclorrotas têm se mostrado uma opção rápida e de baixo custo.

Ciclorrota: infraestrutura simples e de baixo custo ajuda a aumentar segurança e conforto dos ciclistas. Foto: Willian Cruz
Ciclorrota: infraestrutura simples e de baixo custo ajuda a aumentar segurança e conforto dos ciclistas. Foto: Willian Cruz

Com a expansão dos sistemas de bicicletas públicas compartilhadas nas cidades brasileiras e, por tabela, com o aumento do número de usuários desse modal de transporte, cresce também a necessidade de garantir a segurança dos ciclistas com infraestrutura eficiente.

As ciclorrotas, vias sinalizadas (mas não segregadas) que indicam a presença e a preferência da bicicleta sobre os demais veículos, têm sido uma solução adotada por várias dessas cidades por se tratar de um conceito mais simples, fácil, barato e com pouco impacto no viário. Veja a seguir quais cidades brasileiras estão investindo nesse tipo de infraestrutura.

 

Capa do mapa colaborativo de ciclorrotas do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Transporte Ativo
Capa do mapa colaborativo de ciclorrotas do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Transporte Ativo

Rio de Janeiro/RJ

Na capital fluminense, o projeto Ciclorrotas-Centro começou a sair do papel esse ano e está 10% implantado nas ruas do centro da cidade (maio/2014). O mapeamento, entregue como um “presente da sociedade civil” à prefeitura, foi idealizado e elaborado pela própria população durante 18 meses de pesquisas, com mão de obra totalmente voluntária e colaborativa.

Segundo Zé Lobo, diretor da Transporte Ativo, todo o processo durou cerca de 100 dias até começar a ser concretizado. Participaram dos levantamentos pessoas de diversas áreas e interesses, entre quem pedala, não pedala e os que gostariam de pedalar.

Metodologia

“Primeiro levantamos todos os projetos existentes para a área do centro do Rio, avaliamos um a um e extraímos suas ‘essências’. Depois, disponibilizamos mapas e plantas da região para as pessoas rabiscarem seus caminhos em cima, entre vias usadas e desejadas. Com isso, selecionamos pontos para realizar contagem de ciclistas, coletar dados técnicos e entender a demanda local”, explicou Zé Lobo. “Durante a pesquisa descobrimos coisas interessantíssimas, como o grande movimento de bicicletas dobráveis próximo à balsa que faz Rio-Niterói e a quantidade de triciclos e cargueiras, que representam 40% das viagens de bicicleta na região”.

O resultado do trabalho é o mapeamento de 33km de vias seguras para ciclistas, com um custo de implantação de 6 milhões de reais, verba da compensação ambiental do Porto Maravilha. “A prefeitura não tinha como não aceitar, estava tudo mastigado e pronto para ser implementado a um custo baixo perto de outros investimentos em transporte”, informa Zé Lobo. O projeto prevê, ainda, a instalação de 180 suportes para bicicleta espalhados pelo centro (paraciclos), o que representa 360 vagas públicas.

Antes de chegar nas mãos do prefeito Eduardo Paes (PMDB), o dossiê ficou disponível online para que mais cidadãos pudessem enviar suas colaborações.

 

Ciclorrota regionalizada de Belo Horizonte. Foto: Reprodução/
Ciclorrota regionalizada de Belo Horizonte. Foto: Reprodução/Pedala BH

Belo Horizonte/MG

Na capital mineira a necessidade de mapeamento das ciclorrotas surgiu junto com o anúncio de instalação das bicicletas públicas na cidade e foi solicitado pela BHTrans, órgão de trânsito de Belo Horizonte. “Estamos no começo do processo ainda. Nos dividimos em dois grupos, entre pessoas que pedalam e que gostariam de pedalar. Fizemos pesquisa de origem e destino e vamos começar a definir as tipologias de infraestrutura para cada via”, explicou o diretor da ONG BH em Ciclo, Guilherme Tampieri.

A metodologia utilizada é a mesma da Transporte Ativo. Veja o Mapa regionalizado das ciclorrotas de Belo Horizonte.

O projeto está sendo realizado em parceria entre poder público, sociedade civil e o meio acadêmico, e conta com a participação de cerca de 50 pessoas.

 

Aracaju/SE

Em Aracaju, a Associação Ciclo Urbano começou a articular o mapeamento das ciclorrotas em abril desse ano. A meta, segundo o presidente da associação, Luciano Aranha, é contemplar a capital inteira e ampliar a malha cicloviária de 60km para 250km. A capital sergipana acabou de lançar seu sistema de bicicletas públicas, batizada de Caju Bike.

A associação está pedindo sugestões de ciclistas e não-ciclistas da cidade. Você pode contribuir aqui.

 

Vitória/ES

Em Vitória o processo teve início em janeiro desse ano e foi uma iniciativa do Governo do Estado por meio da Secretaria dos Transportes e Obras Públicas (Setop). Segundo representantes do CUC (Movimento Ciclistas Urbanos Capixabas), o projeto faz parte do Programa Cicloviário Metropolitano e tem como meta contemplar a capital e região da Grande Vitória.

Estão participado das reuniões para traçar as ciclorrotas membros do CUC, da Federação Espírito Santense dos Ciclistas (Fesc), do Bike Anjo e das Mulheres de Bike. Em breve a capital capixaba também vai lançar seu sistema de bicicletas públicas compartilhadas.

 

Mapeamento das ciclorrotas na capital paranaense está sendo feita pela prefeitura em parceria com a sociedade civil. Foto: Reprodução/CicloIguaçu
Mapeamento das ciclorrotas na capital paranaense está sendo feita pela prefeitura em parceria com a sociedade civil. Foto: Reprodução/CicloIguaçu

Curitiba/PR

Desde setembro do ano passado a prefeitura de Curitiba vem trabalhando, em parceria com a CicloIguaçu e com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), na elaboração das ciclorrotas na cidade.

“Lançamos uma consulta pública na internet durante dois meses para que os ciclistas enviassem suas contribuições. Foram mais de 100 propostas diferentes”, informou o coordenador geral da CicloIguaçu, Goura Nataraj.

As ciclorrotas de Curitiba devem começar a ser implantadas em julho de 2014, com previsão de entrega de 90km até 2016. Saiba mais.

Veja a cartilha sobre o plano de Ciclorrotas do Ippuc.

 

Cerca de 20 pessoas da área de pesquisa da associação trabalharam na produção do relatório. Foto: Reprodução/Ciclocidade
Cerca de 20 pessoas da área de pesquisa da associação trabalharam na produção do relatório. Foto: Reprodução/Ciclocidade

São Paulo/SP

Foi lançada recentemente a segunda edição do mapa das ciclorrotas da capital paulista, dessa vez incluindo a região leste da cidade. Esse mapeamento tem servido de guia ao poder público para a implantação de ciclorrotas na capital – com sinalização específica e alterações no viário, como no caso das ciclorrotas do Brooklin e de Moema. Embora tenha dado apoio ao projeto de mapeamento, a prefeitura não tem obrigação de segui-lo à risca.

Para dar mais subsídios técnicos aos órgãos responsáveis pela implantação desse tipo de infraestrutura, a Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) elaborou, no início de fevereiro, um relatório contendo diversas contribuições e sugestões técnicas às ciclorrotas.

O documento foi entregue à prefeitura que, até o momento, não se manifestou quanto às sugestões. Saiba mais.

 

Sinalização vertical em ciclorrota do Rio de Janeiro: reforçando a prioridade prevista em lei. Foto: Willian Cruz
Sinalização em ciclorrota no Rio: reforçando a prioridade prevista em lei. Foto: Willian Cruz

Mas o que são Ciclorrotas?

Por Willian Cruz

As ciclorrotas representam os melhores trajetos para se trafegar em bicicleta. Costumam ser sinalizadas em caminhos e vias que já existem e já eram utilizadas por ciclistas mais experientes, que conhecem bem as ruas dos bairros.

A sinalização, geralmente vertical (placas) e horizontal (pintura de solo) atua tanto para indicar aos ciclistas quais as melhores ruas para se utilizar, quanto para torná-las ainda mais seguras, diminuindo a velocidade dos automóveis e estimulando o compartilhamento das vias.

Muitas vezes são implantadas em conjunto com as Zonas 30, ou ao menos associadas à redução do limite de velocidade nas ruas onde são sinalizadas. Em alguns casos, podem fazer parte de uma estrutura mais ampla, que inclua ciclovias ou ciclofaixas (também permanentes).

As vias sinalizadas indicam a presença e a preferência da bicicleta sobre os demais veículos, como rege o código de trânsito para todas as vias. Portanto, o principal objetivo de uma ciclorrota é legitimar o direito de circulação das bicicletas. A sinalização cumpre uma função educativa para com os motoristas, trazendo à luz a presença de bicicletas e estampando a necessidade de compartilhar a via.

"Sharrows" sinalizam o compartilhamento nas ruas cariocas. Foto: Willian Cruz
“Sharrows” sinalizam o compartilhamento nas ruas cariocas. Foto: Willian Cruz

 

Sua cidade está implantando ciclorrotas? Deixe um comentário e incluiremos no texto.

 

Veja também
As diferenças entre ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota e espaço compartilhado

10 comentários em “Conheça as cidades brasileiras que estão implementando ciclorrotas

  1. aqui em são paulo desde que o doria entrou inativarão todas as atividades ciclisticas,agora estamos na mão do prefeito que não quer associar o nome dele com as ciclovias do haddad ,pois é meio que idiota,em todos os estados estão sendo realizados os trabalhos em relação a ciclovias,mais na cabecinha do prefeito existe uma birra de criança,uma verdadeira crise existencial alguem precisa aviasalo que ele esta na prefeitura algum tampo e que até agora só fez campanha politica para alcançar ,ou se governador ou presidente,quer preivatizar geral e gastar o dinheiro dos contribuinte com campanhas para se eleger,ele precisa saber que o povo de são paulo é instruido e não vai tolerar o seus desmando

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  2. aqui em são paulo o transito é intenso,nas ciclovia pintadas pelo haddad não ha nenhum respeito,vejo sempre um motorista ocupando o espao do ciclista ninguem respeita ciclovia,agora ciclorrota vai ser um carnificina,o dia inteiro as pessoas falam ao celular se voce esta na ciclovia fica mais seguro pois é segregada mais se estiver em um ciclorrota o motorista só vai lhe perceber quando ja estiver por cima,quem pedala sempre não aprova ciclorrota mesmo porque nem é para os verdadeiros ciclistas que sabem como lidar com o transito do dia a dia,portanto vejo trajedias anunciadas e a culpa desde ja atribuo-nas a esse prefeito fanfarrão

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  3. Moro em Manaus-Amazonas e apenas agora no governo Arthur Neto é que estão criando um Ciclovia que começa na avenida Boullevard e vai até à praia de Ponta Negra, mas ñ é o suficiente para uma cidade com 2 milhões de habitantes.
    Gostaria de mais informações sobre as ciclorrotas que estão sendo criadas em outras cidades brasileiras.
    Obrigado.
    Bismarck

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  4. Eu ainda acho que isso atrapalha mais do que ajuda. Em São Paulo já “tomei bronca” de motorista por não estar na rua sinalizada como rota de bicicleta. Isso confunde os motoristas, que passam a achar que somente nessas vias a bicicleta é permitida. Se houvesse realmente vontade de fazer algo, o investimento seria em educação.

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  5. Moro no Rio de Janeiro. Vou de bicicleta para o trabalho e participo de passeios noturnos programados pela Via Pedal. Ainda sinto falta do respeito aos ciclistas. As ciclorrotas e qualquer outra iniciativa que melhore o uso da bicicleta é sempre muito bem vinda. Acho a ciclorrota a idéia mais prática por ser mais simples, rápida e barata de ser implantada, mas ainda há muito o que fazer em termos de campanhas de conscientização. Afinal, nas ciclorrotas ainda estaremos dividindo espaço com os carros.
    Mas é assim mesmo, aos poucos vamos avançando na conquista de espaço e conscientização.

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  6. Rio Branco foi considerada a cidade/capital com maior rede cicloviária, proporcionalmente a sua população. Rio Branco poderia aparecer na matéria. Aqui, está sendo implantado também um sistema de integração dos modais bicicleta e ônibus. À despeito de algumas condições adversas de trechos de ciclovias/ciclofaixas, um problema local crônico devido ao tipo de solo e dificuldade de pavimentação duradoura, a rede existe e há projetos de ampliação. Grato!

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    1. Verdade, Moacir, Rio Branco merece uma matéria à parte. Sabe informar se há também ciclorrotas, no modelo detalhado acima, ou se a estrutura é composta totalmente de ciclovias e ciclofaixas?

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  7. COMO EU FICO FELIZ EM SABER QU CADA VEZ MAIS NÓS CICLISTAS ESTAMOS TENDO DIREITO DE PEDALAR COM SEGURANÇA E TIRANDO A IDEIA DE QUE PEDALA É POBRE, E NÃO PORQUE QUER UM MELHOR MODO DE VIDA COM SUSTENTABILIDADE. EM CAMPO GRANDE MS NOSSAS CICLOVIAS ESTÃO AUMENTANDO SÓ QUE NÃO TEMOS NENHUMA CICLORROTA. SOU POLICIAL MILITAR DE TRÂNSITO E POR 25 ANOS SÓ PEDALO SEM DIRIGIR OU PILOTAR UMA MOTO, ADORO A NATUREZA TÃO PRÓXIMA DO PEDAL.

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  8. Moro em Jundiaí SP e aqui ciclovia ta devagar quase parando sò tem uns 15 Kms e divididas em dois pontos diferentes pra decepção de quem pedala por aqui.

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