Foto: Vá de Bike

Entenda melhor o Mapa das Ciclorrotas de São Paulo

Tudo que você queria saber sobre o Mapa das Ciclorrotas de São Paulo mas a imprensa não conseguiu explicar. O Vá de Bike esteve na apresentação do mapeamento e conversou com os responsáveis. Saiba o que é, como obter um, se há aplicativos de celular, versão digital e outros detalhes.

Foto: Vá de Bike

No dia 29 de outubro o Vá de Bike esteve presente na apresentação do mapeamento de ciclorrotas da cidade de São Paulo.

Conversamos diretamente com os responsáveis pelo trabalho, o que permite explicar aqui com segurança o que é o mapeamento e como funciona, além de responder muitas dúvidas enviadas pelos leitores sobre como obter um mapa impresso, aplicativos de celular, versão na internet e outras mais.

O que é esse mapeamento?

Foto: Vá de Bike

O contrato do mapeamento foi assinado em abril e cumprido com agilidade. A pesquisa foi realizada pelo Cebrap, em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação (SEME) e com o apoio técnico da TC Urbes.

Com o entendimento de que o melhor trajeto para a bicicleta raramente é o mesmo utilizado para os carros, o projeto mapeou os melhores caminhos para o ciclista na área conhecida como centro expandido da cidade de São Paulo.

A partir de um amplo levantamento de informações, coletadas principalmente por ciclistas experientes que mapearam as ruas pedalando, as vias foram selecionadas e compiladas em um banco de dados. As informações foram georreferenciadas e o mapa foi produzido e editado. Saiba mais.

As ciclorrotas cruzam os bairros e passam por perto de pontos de interesse público, como estações de metrô e trem, equipamentos culturais e outras referências urbanas, ajudando na escolha dos caminhos.

Por que essa via e não aquela?

O mapa traz também dicas de condução da bicicleta nas ruas

Os caminhos escolhidos tentaram buscar os menores aclives e o tráfego mais leve, sempre na mão correta de circulação. Quase sempre há um caminho alternativo àquela avenida inóspita e à subida que desanima.

Mas, em alguns pontos, foi necessário incluir no mapa uma via de tráfego mais intenso, uma subida, um trecho de calçada ou uma travessia em passarela. A legenda do mapa indica esses trechos, indicando os locais onde o ciclista deve desmontar (contramão, tráfego muito intenso, calçada).

Em algumas regiões com várias ruas adequadas ao uso da bicicleta, havia a possibilidade de colocar “manchas” no mapa em vez de linhas, indicando que naquela área todas as ruas são opções válidas. Mas a equipe que montou o mapa tomou a decisão de escolher uma das vias e traçar apenas nela a linha, facilitando a leitura do mapa e a escolha do caminho.

Isso traz uma segunda consequência muito bem vinda: havendo apenas uma rua mapeada, incentiva-se os ciclistas a usarem aquele caminho. E por que isso é bom? Porque se em vez de trafegarem espalhadas pelo bairro, as bicicletas se concentrarem numa mesma rua, tem-se maior visibilidade para as bicicletas, acostumando mais facilmente os motoristas com a sua presença.

Hoje ainda somos invisíveis para boa parte dos motoristas, por trafegarmos espalhados. Quem está dentro de um carro vê um ciclista aqui, outro ali e deixa de perceber muitos de nós. Se trafegarmos pelas mesmas vias, os motoristas perceberão os locais onde trafegam muitas bicicletas, compreenderão quantos realmente somos e, cientes da nossa presença, passarão aos poucos a reagir melhor ao ver um ciclista, aumentando nossa segurança.

Mais que um mapa impresso

Um dos lados do mapa. No outro, uma ampliação da área central do mapeamento. Foto: Vá de Bike

O produto entregue à prefeitura será um banco de dados contendo o mapeamento. O mapa impresso, que começa a ser distribuído em pequena quantidade, é um subproduto desse trabalho. E o maior motivo para isso é que o mapa deve ser dinâmico, porque características das vias mudam.

A prefeitura poderá utilizar esses dados e distribuir a informação de várias formas: digital, aplicativos, mapa impresso e outros que possam surgir. Mas isso depende do uso que a prefeitura fará e da demanda que exercermos.

Ricardo Corrêa, da TC Urbes, comentou que em Berlim foi feito um mapeamento como esse e em cima desse trabalho foram criadas ciclovias e ciclofaixas. Portanto, esse mapeamento é um ótimo começo, mesmo que ainda não esteja sinalizado.

Sinalização

Sinalização de solo na Ciclorrota do Brooklin. Foto: Ciclocidade

Esse projeto é uma iniciativa à parte da Ciclorrota do Brooklin e da Ciclorrota de Moema (sobre a qual comentaremos em breve), que são implementações práticas. Nesse projeto há apenas o mapeamento, sem alterações no viário ou sinalização específica.

A expectativa é que esse mapeamento sirva de ponto de partida para sinalizar a circulação de bicicletas em toda a cidade. Mas sinalizar é muito importante, tanto para indicar ao ciclista que caminho seguir quanto para sinalizar aos motoristas a presença da bicicleta nas vias e seu direito de circulação.

Vá de Bike já publicou um artigo sobre a importância dessa sinalização, comentando o motivo para esse projeto consistir apenas de um mapeamento. Precisamos cobrar da Prefeitura e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que essa sinalização seja implementada.

Um caminho para conseguir isso é entrar em contato com o Ombudsman da CET, pedindo que esse mapeamento se transforme em sinalização e infraestrutura para uso da bicicleta, a exemplo das Ciclorrotas implementadas no Brooklin e em Moema.

Como obter um mapa

Foto: Vá de Bike

Por não ser ainda uma versão final, poucas cópias foram impressas (cerca de mil). Para obter um dos mapas, entre em contato com o Cebrap ou participe de uma das sessões de monitoria que acontecem nos finais de semana até dia 13 de novembro. Veja mais abaixo nesta página a tabela com os horários.

Em ambos os casos, informe-se pelo e-mail ciclo.rotas@cebrap.org.br.

Versão digital

Por não ser ainda uma versão final, não foi disponibilizada versão digital. Os formatos em que será disponibilizado o mapeamento dependerão da SEME.

Apesar disso, é possível baixar uma versão impressa aqui, em formato PDF.

Aplicativos para celular, Google Maps e afins

Pela legenda do mapa, percebe-se que há mais do que rotas na versão impressa. Bicicletários e bicicletarias também estão indicados.

É tecnicamente viável fornecer os dados para que serviços de mapas on line possam utilizá-los. Mas para isso o mapeamento precisa estar finalizado e entregue para a SEME, que deverá ser contactada pelos serviços de mapas interessados na base. O trabalho do Cebrap é apenas realizar o levantamento, a “dona” da base é a Prefeitura de São Paulo e é com ela que o serviço deve ser negociado.

Em algumas cidades do mundo, o Google Maps fornece rotas ponto a ponto para bicicletas, justamente usando levantamentos como esse. Acredito que logo possamos ter a possibilidade de fornecer origem e destino para obter uma rota baseada nesse mapeamento. Será excelente.

Como já existem serviços e aplicativos que traçam caminhos e dão instruções de como chegar, acho desnecessária a criação de um aplicativo novo. Poderia haver uma versão PDF ou JPG mesmo para ser aberta no celular, navegando com o uso de zoom, para podermos ter acesso rápido a isso. Algum tempo depois teremos serviços de mapas traçando caminhos e eles já possuem seus próprios aplicativos, disponíveis em todas as plataformas de smartphones. Não reinventemos a roda.

Você ainda pode colaborar

Atenção: colaborações encerradas em novembro de 2011

O mapa ainda não é final. O lançamento oficial da prefeitura será no final de novembro, com distribuição em estações de metrô e pontos culturais.

Enquanto isso, você pode colaborar, sugerindo alterações nas rotas mapeadas: ciclo.rotas@cebrap.org.br.

Vá de Bike está com algumas poucas unidades do mapa, para distribuir a quem se disponha a fazer sugestões nos trajetos mapeados. Fale conosco no contato@vadebike.org para combinar a retirada.

Sessões de monitoria

Participantes de uma sessão de monitoria definindo o trajeto a partir do mapa. Foto: Vá de Bike

Haverá sessões de monitoria nos finais de semana até 13 de novembro, para divulgar as rotas aos ciclistas. Também serão feitos encontros sobre dicas de mecânica e manutenção básica.

As sessões de monitoria consistem em uma apresentação do mapeamento, explicações rápidas sobre normas de trânsito e dicas de segurança, finalizando com um passeio monitorado por caminhos mapeados.

Durante o lançamento, o Vá de Bike reforçou junto aos organizadores a importância de estender os passeios por outras regiões além da zona sul, uma reivindicação feita pelos nossos leitores através do Facebook e do Twitter. Veja a programação do segundo final de semana:

HORÁRIO5/Nov/11 – SÁBADO6/Nov/11 – DOMINGO
9h30 às 12h30Sessão 12: Saída do Parque Villa Lobos para Alto de Pinheiros, Vila Leopoldina e LapaSessão 17: Saída do Parque Ibirapuera para Vila Mariana e Liberdade
Sessão 13: Saída do Parque da Mooca para Belém, Pari e Bom RetiroSessão 18: Saída do Parque da Independência para Vila Prudente, Mooca e Água Rasa
Sessão 19: Saída do Parque Villa Lobos para Pinheiros e Jardim Paulista
14h30 às 17h30Sessão 14: Saída do Parque Ibirapuera para Vila Mariana e SaúdeSessão 20: Saída da Praça do Ciclista (mapa) para Perdizes, Santa Cecília e Barra Funda
Sessão 15: Saída do Parque da Luz para Sé, República e ConsolaçãoSessão 21: Saída do Parque da Luz para República, Brás e Cambuci
Sessão 16: Saída da Praça do Ciclista (mapa) para Jardim Paulista, Consolação e Bela VistaSessão 22: Saída do Parque do Povo para Itaim e Moema
17h30 às 19hEncontro 2: Oficina de manutenção básica

As vagas nas sessões de monitoria são limitadas, por isso é necessário se inscrever. Envie um e-mail com nome completo e identificação da sessão que você deseja acompanhar para ciclo.rotas@cebrap.org.br e aguarde confirmação. Se você quer uma sessão de monitoria na sua região, envie sua sugestão para esse mesmo endereço.

Prestigie essa iniciativa que busca melhorar a vida dos ciclistas em São Paulo. Compareça, acompanhe, divulgue! E cobre da CET a sinalização dessas rotas, oficializando a presença dos ciclistas nas vias, como já foi feito no Brooklin. Uma cidade melhor depende de todos nós.

12 comentários em “Entenda melhor o Mapa das Ciclorrotas de São Paulo

  1. Willian,

    Quando teremos uma versão “final” deste mapa. Sei que teremos atualizações constantes, mas não deram nenhuma data?

    Abs

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  2. É muito importante que encontremos nas ciclorrotas as placas e avisos indicando que ali é uma ciclorrota para que nos sintamos mais seguros para passar de bicicleta e também para que mais pessoas embarquem nessa idéia.
    Em vista disso, gostaria até de solicitar uma ajuda para fazer uma rota mais segura do que a que faço entre a rua Vergueiro, 1000, e a rua Canindé, 157, no Pari. É um problema fugir da Av. do Estado, e dos pontilhões sobre ela ou sobre linha férrea e rio Tamanduateí. Costumo pegar a vergueiro, liberdade, rangel pestana, viaduto mercúrio (ruim), rua mercúrio, e três longas quadras de Av. do Estado (ruim). Sem dúvida é um caminho bem rápido, +/- 15 minutos. Já tentei seguindo pelo centro e região da Luz, mas a distância aumenta em quase 2 km e o tempo quase dobra.
    Ontem participei com o monitor Vitor de uma sessão e foi muito proveitoso,além de ter sido muito bom passear pelas novas ciclovias em Moema! Abraço

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  3. Pena que pelo jeito a prefeitura está querendo lucrar com o projeto. Ao invés de “negociar com serviços interessados”, os dados deviam ser disponibilizados publicamente. Assim, qualquer um poderia desenvolver seu próprio aplicativo, seja pra traçar trajetos, seja para agregar com outros dados (alguém aí já ouviu falar em software livre?).

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  4. Será que não poderiam tirar uma foto do mapa com uma boa iluminação e uma boa máquina fotográfica e então disponibilizar aqui para que uma grande quantidade de pessoas possa consultá-lo e dar suas opiniões?

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