Apps para bikes e transporte de cargas em bicicleta foram tendências apontadas na Velo-City 2014
Um dos principais eventos para intercâmbio e troca de experiências e conhecimentos sobre ciclomobilidade, Velo-City 2014 deu ênfase a mapeamentos, coleta de dados e logística.
Uma conferência de planejamento cicloviário mundialmente respeitada, unindo milhares de especialistas que compartilham suas experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte urbano. A Velo-City ocorre anualmente. Nos anos ímpares, é sediada sempre em um país europeu e tem abrangência "local", tratando geralmente apenas da Europa e com foco na região onde é organizada. Nos anos pares, é chamada de Velo-City Global e tem abrangência mundial, atraindo especialistas de todo o planeta em discussões de altíssimo nível. Mais informações, em inglês, no site da Federação Europeia de Ciclistas. |
De acordo com Lobo, além das discussões permanentes sobre infraestrutura de circulação e estacionamento, houve especial destaque para a questão de mapeamentos, com projetos diversos de aplicativos de uso local, logística em bicicletas e a consolidação das bicicletas públicas como política de transporte eficiente nas cidades. “Elas já são parte integrante do mundo do planejamento cicloviário, então a discussão começa a enveredar por aspectos como urbanização, arquitetura e design”, relata o diretor da TA.
Dados e logística
No caso dos mapeamentos, a principal característica dos apps é facilitar o uso da bicicleta na cidade e, principalmente, fornecer a maior variedade possível de dados. “Novos sistemas de contagem de ciclistas e diferentes formas de levantar informações sobre a bicicleta deixaram evidente a necessidade por dados de todos os tipos. A cidade de Nova York se destacou nessa área durante o evento”, conta.
No âmbito da logística, o Brasil, e principalmente o Rio de Janeiro, foram referências, com a cultura das bicicletas cargueiras cariocas. Como estão crescendo, no mundo todo, iniciativas para a restrição de veículos automotores na região central das cidades, a atenção dos gestores se volta para a logística de entrega de pequenos volumes, principalmente com o crescimento das compras pela internet.
Gestores públicos precisam participar
Na avaliação de Zé Lobo, Austrália e Nova Zelândia estão em uma fase parecida com o que estão vivendo as cidades brasileiras. “Ainda é grande o embate com o mundo rodoviarista-carrocentrado, mas alguns visionários, tanto no governo quanto na sociedade civil, tentam mostrar como será o futuro e acelerar o processo”, acredita.
Justamente por isso, Lobo aponta a necessidade de uma maior participação de gestores públicos e tomadores de decisão. “No ano que vem, a Velo-City acontecerá na França. “Será uma nova oportunidade para vivenciar um grande intercâmbio de conhecimentos no mesmo lugar. Isso muda completamente a cabeça de quem vai”, avalia. Na edição 2014 da Velo-City, além de Zé Lobo, o Brasil (e a América do Sul) estavam representados por pessoas da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, banco Itaú e do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento – ITDP.
Transporte Ativo foi finalista de prêmio
No evento, Zé Lobo também teve a oportunidade de apresentar o projeto Ciclo Rotas Centro, desenvolvido pela Transporte Ativo como um mapeamento prévio para uma rede cicloviária no Centro do Rio de Janeiro. Lobo foi finalista na categoria International Leadership do prêmio Cycling Luminaries, que premiou o austríaco Daniel Kofler por desenvolver um aplicativo chamado Bike City Guide e o conceito BikeCitizens, para tornar o ciclismo mais seguro e atrativo e motivar as pessoas a utilizar a bicicleta como meio principal de transporte.
World Cycling Alliance
A Velo City também foi palco do lançamento da World Cycling Alliance (WCA): a iniciativa da Federação Europeia de Ciclismo (ECF) tem como objetivo construir uma rede de organizações internacionais comprometidas com a promoção da bicicleta.
Além das 82 organizações membros da ECF, a WCA contará com quatro convidadas que inicialmente fazem parte da aliança: a própria Transporte Ativo, representando o Brasil; duas organizações da África do Sul, a Bicycle Empowerment Network (BEN) e a JUGA, e a People for Bikes, dos Estados Unidos.