Ciclovia da Av. Paulista será construída em 2015
Prefeito de São Paulo decidiu iniciar obras apenas em 2015. Veja a justificativa e entenda por que essa ciclovia é tão importante para a cidade.
O prefeito Fernando Haddad decidiu iniciar as obras da ciclovia da Av. Paulista, em São Paulo, apenas em 2015. A afirmação foi feita dois dias depois do secretário de Transportes, Jilmar Tatto, declarar ao jornal O Estado de São Paulo que a ciclovia implantada seria até o final de 2014, com início das obras ainda em setembro – veja aqui.
O projeto foi apresentado ao prefeito na terça-feira, 2 de setembro. “Eu não quis começar [agora] a obra sem a certeza de que o Natal não seria afetado. Como não me deram 100% de garantia, pedi que começassem as obras só em janeiro, pois a Paulista tem que ser preservada no fim do ano”, esclareceu Haddad nesta quarta-feira (3), em visita à região de Cidade Ademar, na zona sul.
Conheça em detalhes o projeto da ciclovia da Paulista: clique aqui
Canteiro central
O canteiro central da avenida deverá ser alargado em cerca de 25 centímetros de cada lado, mantendo a ciclovia no nível da calçada, portanto segregada do tráfego de automóveis. As oito faixas de rolamento da via serão mantidas, com alguns ajustes. Em alguns trechos próximos aos semáforos serão instaladas grades.
Os tanques que hoje abrigam plantas e flores e os relógios de rua serão retirados. “É um canteiro impermeável, que não tem relação direta com o solo”, explicou Tatto na terça-feira. Alguns postes de iluminação também devem ser reposicionados.
As obras devem começar no ano que vem, após a obtenção das licenças necessárias. A previsão para a sua conclusão é de três meses, a contar do seu início. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) montará um planejamento para o desvio do tráfego e para garantir a segurança dos pedestres durante a fase de obras.
Ciclovia é necessária na avenida
Haddad afirmou que a medida modernizará a região. “É um projeto que vai dar uma cara nova para a Paulista. Vai representar um ganho do ponto de vista visual. A paisagem da cidade muda para melhor”, disse. Ainda assim, afirmou que a Prefeitura estará aberta ao diálogo. “Se o debate se estabelecer, ainda mais agora que teremos mais tempo antes de iniciadas as obras, melhor”, afirmou. Hora dos ciclistas reafirmarem a importância de uma ciclovia no local.
A Paulista é um dos melhores caminhos quando se está de bicicleta por ser o mais curto e mais plano, dando acesso a várias regiões da cidade. O eixo do “espigão”, que vai do Jabaquara a Perdizes, é relativamente plano, com desnível irrisório e bem distribuído ao longo de seus mais de 13km de extensão. Qualquer rota alternativa implica em muitas subidas e, geralmente, aumento da distância percorrida – o que todo ciclista que está realizando um deslocamento sem intenção de treino costuma evitar.
Devido a essas características, muitos cidadãos utilizam a avenida diariamente em seus deslocamentos de bicicleta. É o que mostra, por exemplo, a contagem fotográfica realizada pela Ciclocidade em 2010. Naquela ocasião foram fotografados 733 ciclistas em um espaço de 16 horas, com uma média de 52 ciclistas por hora – equivalente a cerca de uma bicicleta por minuto. Entre as 17 e 18 horas a frequência atingiu seu pico, com 86 ciclistas em uma hora. E isso sem estrutura específica para sua circulação, com boa parte dessas pessoas utilizando o mesmo espaço onde circulam os ônibus – ou até mesmo as calçadas.
Ao avaliar esses números, deve-se considerar também o aumento inegável no uso da bicicleta nos últimos quatro anos. Certamente uma ciclovia na avenida terá alta utilização, como vem acontecendo com a ciclovia da Av. Faria Lima, um local onde quase não passavam ciclistas e hoje circulam cerca de dois mil por dia (ou mais).
Hoje, muitas pessoas que teriam a Paulista como parte do trajeto ou mesmo como destino deixam de utilizar a avenida ou mesmo de circular em bicicleta, por receio da baixa aceitação de ciclistas na via por parte dos motoristas que ali trafegam. Essa situação fez a Paulista se tornar a via com mais acidentes com ciclistas por quilômetro, segundo dados divulgados pela CET em 2012. Não é um título do qual a avenida símbolo da cidade deva se orgulhar.
Saiba aqui por que os ciclistas continuam (e continuarão) utilizando a Av. Paulista, por mais que se incentive sua circulação nas vias paralelas. E entenda neste artigo por que as ciclovias são tão importantes para a cidade, seja na Paulista ou na Belmira Marin.
Veja 18 razões para apoiar a implantação de ciclovias
maravilha, acho mesmo otimo uma ciclovia na Av. Paulista, muito embora eu ainda che que precisa tbem de uma faixa exclusiva de onibus e não preferencial na mesma via e essa faixa não foi contemplada no projeto. Pessoalmente eu implantaria uma faixa exclusiva com uso do canteiro central e colocaria a ciclovia nas margens da calçada…mas nisso o CET deve ser bem melhor do que eu. O que me abismou foi o custo da obra; R$ 15.000.000,00, quase R$ 4.000 por metro. Acho que estão nos chamando de bobos….
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Sou biker da Ecobike Courier de Curitiba, mas mês passado visitei a Ecobike de São Paulo e conheci o que é pedalar na Av. Paulista. Uma coisa que percebi é que existem motociclistas que não sabem que eles não podem circular no corredor de acordo com a lei e que os ciclistas podem. Estava circulando em alta velocidade pelo corredor (justamente por saber que alguns motociclistas não tem paciência com ciclistas), mas assim mesmo um motociclista ficou buzinando, no meu ouvido querendo passar. Ergui a mão e exigi paciência, então ele esperou. Espero que esta obra saia antes de 2015 de fato, pois ela realmente é uma obra urgente.
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Pessoal,
Estas louváveis iniciativas pró bicicletas estão garantidas, como posso dizer…”legalmente” numa eventual troca partidária nas próximas eleições municipais?
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Elas atendem a premissas do Plano Diretor Estratégico da cidade e do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, portanto reduzir a infraestrutura cicloviária para criar mais espaço para automóveis contraria essas leis. Por si, isso não impede totalmente que seja feito, mas dá para brigar para mantê-las com ajuda do MP. Mas não acredito que isso seja necessário, elas começarão a ter tanto uso nos próximos dois anos que o próximo prefeito, seja quem for, não vai querer tirá-las. É o que aconteceu com a Ciclofaixa de Lazer, criação da gestão anterior que a atual resolveu manter (ainda que não a tenha expandido).
Sobre a legislação citada, veja os últimos itens desta página:
http://vadebike.org/2014/08/por-que-apoiar-ciclovias/
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Do ponto de vista jurídico, acredito ser obrigatória a manutenção do sistema cicloviário, pelas próximas gestões, diante dos princípios que regem os Serviços Públicos, notadamente o Princípio da Atualidade e o Princípio da Continuidade, previstos no artigo 6º da Lei 8.987/95.
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Enquanto isso vou pedalando na faixa dos ônibus, cujos motoristas estão se revelando bem mais civilizados que os motoristas dos automóveis e SUVs que circulam pela avenida.
Não sei quanto a vocês, mas tenho recebido muita ajuda deles.
Na terça-feira passada fiquei presa entre três automóveis que se negavam a abrir espaço. Não queria ocupar a faixa dos ônibus, pois vinha vindo um, em velocidade razoável. Pois quando me viu naquela situação, diminuiu, parou e me fez sinal para ir à sua frente.
Agradeci e segui, com meu amigão me protegendo, como um bike anjo.
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Com as faixas de ônibus livres, os motoristas têm trabalhado muito menos estressados e a maioria deles trata bem melhor os ciclistas do que antes.
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Nem todos, ontem mesmo 1 quase me jogou na calçada na faixa da Av. Faria Lima, tudo isso só pra parar no cruzamento com a Juscelino e ficar com cara de taxo.
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Sim, nem todos. Gente ruim tem em todo lugar, até andando de bicicleta. 😉
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William e demais, o que acham da ciclovia estar planejada para o canteiro central da Paulista? É a melhor medida, no momento, tendo em vista as dificuldades em implementa-la junto a calçada (deslocamento do corredor de onibus pro centro, conversões, etc.)?
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Acho que ela é melhor mesmo no canteiro central.
Os pontos de ônibus da paulista são dos mais movimentados da cidade (palavra de quem já trabalhou lá). O volume de pessoas que saem dos ônibus para o metro e vice-versa é imensa. Ter todo esse pessoal atravessando a avenida é prejudicial para todos. Ter todo esse volume de gente em um espaço pequeno no canteiro central também vai ser mais desconfortável que a calçada para quem pega ônibus.
O que se precisa é dar prioridade aos pedestres nas travessias. Colocaria bolsões para os pedestres atravessarem e os ciclistas parariam antes, como os carros. Semáforos com tempos mais altos para pedestres, o dobro de hoje. E com um delay de uns 15 segundos para abrir aos motoristas após os ciclistas, possibilitando o ciclista a sair da ciclovia para as travessas. Também colocaria escada rolante em todos os acessos de metrô, pois as estações são bastante usadas para atravessar a paulista, principalmente em dia de chuva (quando não estão superlotadas).
Pra compensar a retirada das arvores do canteiro central eu colocaria mais vegetação na calçada ontem não tem travessias e faria uma grade tipo cerca viva em toda a extensão da paulista onde não houver travessias.
Acho que ficaria legal.
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Fica bonito árvore nas calçadas. No centro entre as pistas da ciclovia também acho que ficaria bom, dá uma sombra para os ciclistas ao longo do caminho!
Mas cerca viva tira a visiblidade das vitrines, da calçada, serve de esconderijo para bandido… Seria boa ideia?
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Ótimo comentário, Felipe. Mas faço a ressalva de que não há árvores no canteiro central. O que há são “tanques” de terra, selados, com floreiras, pois embaixo há o metrô e algumas galerias, não há como plantar árvores ali. Só há árvores na Praça do Ciclista e na Bernardino de Campos e elas não serão retiradas.
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Hora de fazer uma nova contagem na Avenida e ajudar a justificar a importância ainda mais.
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