Cartazes colados em frente ao Ministério Público Estadual, no centro de São Paulo: críticas e questionamentos. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul

Ciclistas protestam contra ação anticiclovia do MP em São Paulo

Centenas de pessoas protestaram contra pedido do Ministério Público que critica ciclovias e o próprio uso da bicicleta, colando cartazes na sede do órgão.

Cartazes colados em frente ao Ministério Público Estadual, no centro de São Paulo: críticas e questionamentos. Foto: Alex Gomes
Cartazes colados em frente ao Ministério Público Estadual, no centro de São Paulo: críticas e questionamentos. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul
Jornalistas estiveram em peso na Praça do Ciclista para ouvir os manifestantes e entender o protesto. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul
Jornalistas estiveram em peso na Praça do Ciclista para ouvir os manifestantes e entender o protesto. Foto: Rene Fernandes

A Justiça de São Paulo acolheu parcialmente o pedido de interrupção das obras de ciclovias na capital paulista, na quinta-feira 19 de março. Em reação ao pedido do Ministério Público Estadual (MPE) pela interrupção da implantação e até mesmo pela recuperação do asfalto em locais já em obras, ciclistas fizeram um protesto na mesma noite, ocupando as ruas para defender seu direito de circulação segura.

Mesmo com as fortes chuvas que caíram na cidade durante a tarde, cerca de 300 ciclistas (ou apenas 100, segundo a PM) se reuniram na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, de onde saíram em grupo até a sede do MPE, no centro da cidade. Aos gritos de “vai ter ciclovia”, o grupo de 300 pessoas (ou apenas 100, segundo a PM) chegou a tomar toda a avenida, descendo pela R. Vergueiro e Av. Liberdade.

Momento de homenagem a Márcia Prado, uma das vítimas de atropelamento na Av. Paulista. A bicicleta da foto é uma ghost-bike, tradicional homenagem a ciclistas mortos no trânsito. Há duas delas na avenida. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul
Momento de homenagem a Márcia Prado, uma das vítimas de atropelamento na Av. Paulista. A bicicleta da foto é uma ghost-bike, tradicional homenagem a ciclistas mortos no trânsito. Há duas delas na avenida. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul

Cartazes foram então colados na entrada do MPE, com questionamentos e críticas sobre a decisão e a postura do órgão. Veja nas imagens que ilustram esta matéria.

Entidades e associações de ciclistas elaboraram uma nota em resposta à ação do MP, que pode ser lida aqui. O texto, elaborado de forma coletiva, esclarece com fundamentação clara por que a ação do órgão é equivocada e representa um retrocesso enorme para a cidade.

Também recomendamos assistir este vídeo, com vários participantes explicando o motivo do protesto e da indignação de quem usa a bicicleta na cidade frente a essa ação de fundamentação e objetivos questionáveis.

Abaixo-assinado

Uma petição favorável à implantação de ciclovias na cidade voltou a ganhar corpo desde ontem. Criada no ano passado, contava com pouco mais de 8 mil assinaturas, mas no fechamento desta matéria a quantidade de apoiadores já se aproximava de 11 mil.

Recomendamos que as pessoas que entendem a importância de proteger as vidas dos ciclistas e os benefícios do uso de bicicletas para a cidade assinem a petição o quanto antes (e a divulguem): change.org/apoieasciclovias

Os cidadãos também podem enviar seu posicionamento e questionar a ação diretamente à promotora Camila Mansour, no e-mail cmmsilveira@mpsp.mp.br . Por favor, sejam educados.

Ciclistas em frente ao Ministério Público, no centro de São Paulo. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul
Ciclistas em frente ao Ministério Público, no centro de São Paulo. Foto: Alex Gomes/Bike Zona Sul

Interrupção

A decisão, de caráter liminar, estabelece que devem ser interrompidas todas as implantações de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas na cidade, exigindo estudo de impacto viário – para comprovar que a ciclovia não atrapalha o trânsito dos automóveis, que parece ser o que realmente importa. A proibição não se estende à Av. Paulista, onde o magistrado entendeu a escolha do canteiro central demonstra preocupação em não prejudicar o fluxo dos carros.

Mas a promotora Camila Mansour, autora do pedido, diz que vai recorrer para que a obra da Paulista seja interrompida. Vale lembrar que o texto do pedido, que afirma preocupar-se com a segurança dos ciclistas, exige também que a obra seja desfeita.

A Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) entrou com uma petição para que as organizações de ciclistas participem como assistentes no processo, para “defender a importância dos investimentos no sistema cicloviário”.

38 comentários em “Ciclistas protestam contra ação anticiclovia do MP em São Paulo

  1. A maneira mais segura de proteger os ciclistas é fazendo ciclovias.

    Mas não do jeito que estão sendo feitas.

    A grande maioria dessas “obras” não passa de uma pintura vagabunda encobrindo o asfalto, assim como os buracos e calombos da via. Estes sim são responsáveis por acidentes, pois a bicicleta é um veículo frágil e extremamente sensível às irregularidades do solo. E nem todos os ciclistas possuem a destreza de um praticante de mountain bike.
    O sonho de todos creio que seria o compartilhamento consciente das vias, mas isso vai demorar um tempo para ocorrer, tanto por causa das questões de planejamento urbano, quanto como por questões de educação dos usuários, sejam ciclistas, motociclistas, ciclistas e pedestres.
    O argumento principal daqueles que usam o automóvel é que o transporte público não oferece condições humanas de uso. Usuários de automóvel pagam impostos pesados para utilizar seus veículos; IPVA, Licenciamento, impostos sobre combustíveis, pedágios, e chega uma hora que o sujeito fica de saco cheio de tentar colaborar, enquanto o poder público não se mexe. E eles têm razão, assim como também têm razão os ciclistas, pedestres etc. O problema maior resume-se na aplicação correta dos recursos públicos. É possível sim criar sistemas de trânsito que atendam todos satisfatoriamente. Mas para isso são necessárias três coisas sem as quais não se consegue nada: determinação, boa vontade e bom senso, coisas que infelizmente não fazem parte do DNA da maioria dos brasileiros. Tome-se como exemplo o Japão, por ocasião dos acidentes nas usinas nucleares; nunca se viu tamanha velocidade na reconstrução das estradas danificadas, e nem tamanho nível de educação e união da população em geral naqueles dias tenebrosos.

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