Ciclistas protestaram em peso contra remoção de ciclovias em São Paulo

Cerca de mil ciclistas tomaram ruas e avenidas da cidade durante três horas, mas a manifestação foi completamente ignorada pela imprensa tradicional.

Cerca de mil ciclistas tomaram ruas e avenidas da cidade durante três horas, mas a manifestação foi completamente ignorada pela imprensa tradicional. Vá de Bike transmitiu ao vivo pelo Facebook. Foto: Willian Cruz
Cerca de mil ciclistas tomaram ruas e avenidas da cidade durante três horas, mas a manifestação foi completamente ignorada pela imprensa tradicional. Vá de Bike transmitiu ao vivo pelo Facebook. Foto: Willian Cruz

Na noite da última sexta-feira, 28 de abril, cerca de mil ciclistas se uniram em protesto contra a remoção de ciclovias em São Paulo. A manifestação saiu da Praça do Ciclista às 20h45 e durou três horas, durante as quais circulou por ruas e avenidas da capital, passando pelas residências do Prefeito João Doria e do secretário de Mobilidade e Transportes, Sergio Avelleda.

Foto: Willian Cruz
Foto: Willian Cruz

Os cartazes e faixas carregados nas bicicletas passavam diversas mensagens de repúdio à ameaça de desmonte da malha cicloviária da cidade (entenda o caso aqui). Dizeres como “ciclovia salva vidas”, “cidade linda tem bicicleta” e “ciclorrota = rua” deixavam clara a indignação dos cidadãos com as declarações recentes da gestão (veja na galeria de fotos, no final da página).

De forma lúdica e bem humorada – mas incisiva –, a Bicicletada deixou seu recado por onde passava. Aos gritos de “vai ter ciclovia” e outras palavras de ordem, o enorme grupo já de início ocupava três quadras da Avenida Paulista. Na esquina com a Brigadeiro Luis Antônio, os manifestantes deitaram no chão com suas bicicletas, em um ato que durou vários minutos. Nesse momento, muitos motoristas começaram a passar por cima da ciclovia para cruzar a avenida e fugir do congestionamento (veja no vídeo mais abaixo).

Descendo a Brigadeiro em direção ao bairro dos Jardins, a gigantesca massa de ciclistas ocupava a avenida até onde a vista alcançava. Uma viatura da CET e algumas motos ajudavam a isolar o grupo de bicicletas dos automóveis, tarefa que também era realizada por inúmeros participantes da manifestação, que fechavam cruzamentos com seus veículos e seus corpos conforme o grupo passava.

Imprensa ignorou completamente o protesto

Foto: Willian Cruz
Foto: Willian Cruz

Apesar de contar com aproximadamente mil participantes, durar três horas, parar a avenida mais famosa da cidade, ser impedida de prosseguir pela PM, visitar a casa do prefeito João Doria, a do secretário Sergio Avelleda, fazer muito barulho e chamar bastante atenção pelo caminho, a imprensa tradicional ignorou completamente a manifestação.

Nenhuma linha foi publicada em nenhum jornal, nenhum canal de TV exibiu, nenhuma rádio noticiou. (Se você viu alguma notícia sobre o protesto, por favor comente no final da página)

O Vá de Bike acompanhou a ação do início ao fim, subindo uma galeria de fotos no Facebook ainda antes da saída e transmitindo ao vivo ao longo do trajeto. As fotos e vídeos estão disponíveis nesta página.

PM impediu visita ao Prefeito

Passando pelas avenidas Brasil e Europa, o protesto chegou próximo à residência do prefeito, que avisou recentemente, através da imprensa, que a gestão está fazendo uma “reavaliação” de todas as ciclovias.

Gestão Doria está “reavaliando”
todas as ciclovias da cidade

Doria declarou que “na periferia há várias ciclovias que não têm ciclistas” e que elas, “na verdade [?], prejudicam o comércio varejista”. Para ele, além de atrapalhar o comércio as estruturas ainda “prejudicam a sobrevivência de famílias” – o que sabemos não ser verdade. Essa declaração, por sinal, apela ao emocional para jogar os comerciantes e a população em geral contra os ciclistas e contra a rede cicloviária implantada.

Ao chegar perto da casa de Doria, os manifestantes se depararam com a rua fechada por gradis, com um efetivo de cerca de 20 homens, entre PMs e GCMs, isolando o local (veja no vídeo). O grupo ficou um longo tempo em frente às grades, gritando palavras de ordem, cantando e ironizando a situação, sem entretanto mostrar nenhum sinal de enfrentamento em relação aos policiais.

Foto: Willian Cruz
Foto: Willian Cruz

A massa nesse momento se dividiu, com um subgrupo dando a volta e chegando por outra rua, para surpresa dos policiais, que nesse momento se mostraram um pouco preocupados por não terem certeza das intenções dos ciclistas. Rapidamente, vários novos gradis surgiram para bloquear esse segundo acesso, mantendo isolada a praça em frente à residência.

Não tendo como voltar para trás pela grande quantidade de ciclistas agrupados na primeira rua, foi negociado com os PMs e GCMs que os gradis fossem um pouco recuados, permitindo que o primeiro grupo se unisse ao segundo para conseguir sair do local. Sem provocações, agressão ou violência de nenhuma das partes, os manifestantes partiram. A essa altura, boa parte da massa havia dispersado, pois a espera havia sido longa.


Em frente ao prédio do Secretário

Cerca de um terço da massa original retornou à Paulista. Dali, um grupo de aproximadamente 200 ciclistas ainda seguiu até a rua onde reside o secretário de Mobilidade e Transportes, Sergio Avelleda.

Fazendo bastante barulho e com frases de ordem gritadas em coro, os manifestantes mostraram sua revolta com a ameaça de retirada das ciclovias/ciclofaixas e sua substituição por ciclorrotas. Três viaturas da Polícia Militar estiveram no local, mas não interferiram na ação. Veja no vídeo abaixo.


Galeria de fotos

Imagens de Willian Cruz

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