Sebrae-SP lança cartilha esclarecendo benefícios para comércio que recebe bem o ciclista
Cartilha mostra que ciclovias e ciclofaixas não são um problema para o comércio, mas sim oportunidades de negócio, e traz recomendações a empresários.
Chegar a um estabelecimento comercial de bicicleta e não ser bem atendido ainda é uma realidade para muitas pessoas no Brasil. Graças a uma ação do Sebrae-SP, no futuro talvez isso seja diferente.
A entidade lançou a cartilha “Ciclo Oportunidades – Pedale e lucre mais com a mobilidade urbana”, com dicas e orientações para que empresários e empreendedores possam receber bem o ciclista. Além disso, o material apresenta uma lista de 30 oportunidades de negócios mapeadas de acordo com as necessidades do público que usa a bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades.
“A ideia surgiu a partir do entendimento errado de empresários de estabelecimentos comerciais e de serviços que ciclovias seriam um grande obstáculo e fator problemático para os negócios”, explica o consultor do Sebrae-SP, Rodrigo Hisgail. “É uma oportunidade para adequar estabelecimentos para receber esse público consumidor que é crescente e exige boas acomodações. Todo esse movimento é um excelente gerador de negócios.” A cartilha foi escrita por consultores do Sebrae-SP que são ciclistas urbanos e sentiram na pele a diferença entre um bom e um mau atendimento a quem chega de bicicleta.
A cartilha apresenta algumas ações que agradam ao ciclista consumidor e tornam o local amigável à bicicleta, como instalação de paraciclos, empréstimo de cadeados, desconto para quem chega de bicicleta, entre outros. “O empresário vai mostrar que tem um fator diferente dos demais e um público que vai passar a ter maior interesse em consumir nesses lugares”, ressalta Hisgail.
O material mostra que a percepção de qualidade de atendimento dos clientes não depende apenas de um produto bom. Hisgail cita o exemplo da compra de pão: “esse produto é semelhante nas padarias e, uma vez que é uma commodity, é preciso inovar em outras áreas, como a forma que eu entrego esse serviço ou produto, seja com um bom atendimento, benefício extra, comodidade maior etc. Se eu vou ter esse pão em um lugar onde eu posso estacionar minha bicicleta, onde eu vou ser mais acolhido, eu não vou em qualquer padaria, vou naquela que me atende com a minha cara.”
Exemplos concretos
Um estudo do Departamento de Transportes de Nova York mostrou que vias com ciclovias e boas calçadas aumentam o volume de negócios, mesmo em tempos de recessão. Depois da construção de ciclovias na Nona Avenida, negócios locais registraram aumento de 49% em vendas, enquanto em outros pontos de Manhattan o crescimento foi de apenas 3%.
Já na avenida Vanderbilt os resultados foram ainda melhores. Após três anos de ciclovias, comerciantes registraram um aumento de 102% nas vendas, enquanto na região o volume máximo atingido foi de 18%.
O mesmo efeito é notado em vias que foram fechadas para carros e transformadas em áreas apenas para pedestres. O crescimento foi de 179% após a prefeitura de Nova York converter uma área de estacionamento no Brooklyn em um boulevard. Em locais próximos, onde carros ainda trafegam, o aumento nas vendas foi de apenas 18%.
Em São Paulo, a lanchonete Hooters, na Vila Olímpia, registrou crescimento de 15% no faturamento aos domingos após a instalação de paraciclos. Eles estão localizados bem ao lado de uma ciclofaixa de lazer, que funciona somente aos domingos e feriados, das 7h às 16h.
Um mercado cheio de oportunidades
Além de ensinar como atender bem o ciclista, a cartilha apresenta 30 oportunidades de negócios para quem pensa em montar uma empresa voltada ao público ciclista. Hisgail diz que há um mercado cheio de oportunidades. “Um exemplo é a faixa para prender a perna direita da calça para que a barra não pegue a corrente. Você não encontra em São Paulo e poderia vender fácil. Camisetas com estampa, acessórios para pedalar como esporte, equipamentos etc. Faltam materiais produzidos aqui. Há ainda a possibilidade de serviços de roteiros turísticos, bike courier, bike food. Cada estabelecimento tem condições de inovar e ser o mais criativo possível.” O Sebrae-SP mantém conversas com a direção da Brasil Cycle Fair para ações conjuntas relacionadas a negócios.
A cartilha recebeu elogios de empresários que analisaram o material em primeira mão. Com uma tiragem de 115 mil exemplares, o material foi distribuído aos 32 escritórios regionais no estado de São Paulo, além da malha de postos de atendimento.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Bicicletas (Abradibi), o Brasil é o terceiro maior produtor de bicicletas, com 4 milhões de unidades ao ano, e o quinto maior mercado consumidor do mundo, com uma frota estimada em 80 milhões de unidades.
O material está disponível para download gratuito aqui.
É isso aí, mais um passo significativo pra a galera do pedal.
Mobilidade eficiente, Vá e Volte de Bike com segurança.
Mais AMOR menos MOTOR!
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Precisa levar uma cartilha destas para os estacionamentos da MultiPark na Av. Paulista. Imagine que no MultiPark do Hosp. Santa Catarina eles não permitem que guardemos a bicicleta lá dentro. Nem mesmo pagando! Pode isso, Arnaldo?
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Antigamente, qdo havia um bicicletário da rede estapar ai nesse mesmo local, era possível deixar a magrela…hoje, como não há mais bicicletarios, o negocio deles é só o carro…
E assim, empresários com mentalidade terceiro mundista apenas ajudam a manter a cultura carro e depois não sabem porque o trânsito nunca melhora . . .
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Meu, muito bom. Pra quem é do tipo “empreender”, essa cartilha elenca idéias super interessantes. E pra quem é do tipo apenas consumidor (como eu), as recomendações para o comerciante/prestador de serviço ser um “amigo do ciclista” me pareceram bem completas.
Agora, dois senões:
1) Diferente da do ciclista esportivo, a caracterização do ciclista urbano na cartilha deveria ser variada, como de fato é. Aliás, muitas vezes ela se mescla e se confunde com a do esportivo. E acho que faltou dar mais atenção a ciclistas mulheres.
2) Não se fez nenhuma menção à forma considerada mais segura de paraciclos (U invertido e variações). Essa mania de design “quebra-rodas” precisa parar, né?
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