Foto: Raquel Jorge

Londres terá mais bicicletas que carros nas ruas nos próximos anos

Implantação de ciclovias, pedágio urbano, redução de velocidade máxima e outras medidas estão incentivando um maior uso de bicicleta e transporte público

Foto: Raquel Jorge
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Menor uso de carros e motos e uma maior adesão ao transporte público e à bicicleta. Este é o cenário ideal apontado por muitos especialistas em mobilidade urbana e presente em muitas publicações relacionadas às soluções dos problemas de deslocamentos.

A cidade de Londres já vive o que podemos chamar desta migração do individual ao coletivo. Dados da agência Transport for London (TfL) apontam que, nos próximos anos, o número de ciclistas circulando nas ruas poderá ser maior que o pessoas que conduzem automóveis na região.

A quantidade de pessoas que usam a bicicleta como forma de locomoção saltou de 12 mil no ano 2000 para 36 mil em 2014, na região central. Já a análise que leva em conta todo o resto da cidade mostra que o crescimento foi de 40 mil ciclistas em 1990 para 180 mil em 2014. O relatório aponta que entre os anos de 2000 e 2014, houve “um aumento de 203% do uso da bicicleta no centro de Londres, durante a semana no período de pico da manhã, refletindo as tendências neste modo de transporte”.

Restringindo o automóvel, incentivando a bicicleta

A capital do Reino Unido também entrou para o grupo de cidades que alocou recursos e projetos em benefício dos ciclistas. Em 2010, uma outra pesquisa, também produzida pela TfL, mostrou que os 40 km de ciclovias implantados por toda a cidade na época fizeram com que as viagens feitas de bike aumentassem 70%. O Plano de Modernização de Ruas prevê um investimento de £ 1,8 bilhão em um período de 10 anos, sendo £ 913 milhões em infraestrutura cicloviária. No ano passado, a prefeitura da cidade anunciou que planejava construir superciclovias, conforme noticiamos aqui.

Junto com esta adesão em massa ao ciclismo, o número de passageiros dos ônibus também cresceu na ordem de 60% e em 25% nas linhas de Metrô e Trens Metropolitanos. Já o uso do carro nos deslocamentos caiu no centro da cidade em 50% na última década. A queda foi de 137 para 64 mil ao dia. Vale ressaltar que por lá foi introduzido o pedágio urbano, introduzido na zona central da cidade em 2003. A medida foi criticada por partes de setores da sociedade, que consideravam que o transporte público não daria conta.

Outra medida importante foi a redução da velocidade máxima. “A redução dos limites de velocidade reduz também a poluição e os acidentes. Para reduzir os atropelamentos, precisamos de cruzamentos com semáforos para pedestres e uma velocidade não maior que 32 km/h”, afirmou Ken Livingstone, 70, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, e que ocupou o posto de prefeito de Londres entre os anos 2000 e 2008. A cidade teve reduções nas velocidades máximas na gestão de Livingstone.

As ações por parte da administração pública londrina vão ao encontro de melhores condições de deslocamentos e melhora na qualidade do ar para os habitantes da cidade, e mostra para o resto do mundo mais uma vez que a democratização dos espaços urbanos é boa para todos.

5 comentários em “Londres terá mais bicicletas que carros nas ruas nos próximos anos

  1. A cidade não é totalmente plana como comentado.Eu mesmo peguei varias subidas lá.Realmente as ciclovias são praticamente inexistentes.As vezes temos uma faixa exclusiva mas estão principalmente nas curvas.Em algumas faixas exclusivas de onibus temos a indicação de que bicicletas e taxis podem circular.A quantidade de ciclista é grande.Usei muito um aplicativo que indica qual o melhor e mais seguro percurso para bicicletas.

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  2. Estive lá em 2016 e tive a oportunidade de pedalar. Em pleno inverno, com geadinha de manhã, vento forte e garoa à tarde, é impressionante o trânsito de bicicletas em toda a cidade. Clima ideal, hein? Pra mim, podia ser um pouquinho menos!
    É interessante notar que não existe ciclovia em Londres: existe uma demarcação no lado esquerdo nas ruas principais, geralmente compartilhando espaço com os ônibus. É uma não-estrutura.
    Quase ninguém me ameaçou com carro e os motoristas de ônibus demonstraram muita paciência. É claro que há exceções! Levei fina de taxista e de carro de corrida. E quase todos os pedestres agradecemn (!) quando a gente para na faixa para eles atravessarem, achei isso curioso.
    O modelo que eles adotam serve ao ciclista que se anima a pedalar rápido. Em geral usam capacete e hi-viz. Nada comparável ao que se faz em Barcelona ou mesmo em São Paulo, com suas vias segregadas que permitem o uso de bicicleta para muito mais grupos de pessoas: crianças, idosos, inexperientes.

    A superioridade dos transportes em Londres parece se basear muito mais na segurança jurídica do que na infraestrutura: sai bem caro atropelar alguém, porque paga-se seguro obrigatório para ter licença para dirigir, e quem atropela tem o fator de risco correspondente. E com câmeras em todas as ruas, não há muita possibilidade de hit-and-run.

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  3. Muito lindo!!! Mas só não se fala que la a grana é muito mais curta que a nossa. E que muitos usuários optam pela bicicleta por se barato e pela cidade oferecer estrutura pra isso. A cidade é plana. O clima é frio. Isso ajuda muito. Você anda na cidade toda, que é metade bem menir que São Paulo.

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    1. Clima frio…entre 0 e 10 graus a maior parte do ano.

      Será que aqui o paulistano iria usar a bike com 0 graus pela manhã ?

      É desculpa do calor, desculpa do frio e etc.

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      1. De fato, o brasileiro, no geral, é um “preguiçosinho”, que tem sempre uma desculpa pro “luxo” do automóvel particular, seja o calor, o frio, a chuva, etc. Ando de bicicleta (vou para o trabalho assim inclusive) em Belém do Pará, praticamente linha do equador, 36 graus é o “normal” aqui e ainda assim não troco pelo carro. Em dias extremamente quentes ou chuvosos, pego o ônibus. Tenho carro, mas só pra viagens e passear com a família.

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