Mais de metade das ciclovias pode ser retirada em São Paulo – veja mapa

Se o novo prefeito levar a cabo o que vem declarando à imprensa, muitas das ciclovias deixarão de existir. Veja no mapa quanto da estrutura está em risco

Cenário possível de remoção de ciclovias, considerando as declarações do novo prefeito da capital paulista. )Arte VdB sobre mapa da CET-SP)
Cenário possível de remoção de ciclovias, considerando as declarações do novo prefeito da capital paulista.

Avaliamos as declarações do próximo prefeito de São Paulo, João Doria, em entrevistas concedidas a rádios e TVs no primeiro dia após a eleição. Com base nelas, montamos um panorama do que deve acontecer com as ciclovias nos próximos quatro anos de gestão municipal, vencida em primeiro turno pelo candidato do PSDB, com 53% dos votos válidos.

Pelas declarações, as ciclovias de canteiro central tendem a permanecer, especialmente as mais fortemente segregadas, como Eliseu de Almeida, Faria Lima, Paulista, Sumaré, Anhaia Melo, Radial Leste, Rio Pinheiros e outras semelhantes. Todas as demais correm risco.

CICLOVIAS EM RISCO
Declarações de João Doria demonstram
risco de retirada de ciclovias
Mais de metade das ciclovias pode
ser retirada em São Paulo - veja mapa
Programa de Governo previa
expansão das ciclovias de São Paulo

Retirada baseada em utilização

Estruturas que sejam consideradas “sem ciclistas” devem ser retiradas. Estamos curiosos para saber como será atestada essa falta de ciclistas, se por contagem ou por achismo de moradores e comerciantes que queiram transformar área pública de circulação em área de estacionamento, para atender a seus interesses particulares.

Demanda induzida parece ser um conceito difícil de compreender, principalmente quando somado à baixa utilização por conta ainda de falta de conexão em certos trechos.

Obviamente a lógica de atendimento à utilização não será utilizada para locais que hoje já possuem grande presença de ciclistas mas ainda não têm ciclovia para protegê-los, como neste local. Isso porque Doria afirmou ao Bom Dia São Paulo (Globo) que não expandirá a rede, pois “não há necessidade”, além de dizer à Rádio BandNews FM que houve “um excesso de quilometragem”

Estruturas instaladas na lateral das vias correm sério risco. Foto: Willian Cruz
Estruturas instaladas na lateral das vias correm sério risco. Foto: Willian Cruz

Sem ciclovias onde houver comércio

É provável também que, mesmo comprovada a utilização, muitas ciclovias sejam retiradas por reclamação de comerciantes, pois o discurso equivocado de que ciclovias prejudicam o comércio já foi comprado sem reflexão alguma pelo novo prefeito.

À Rádio Bandeirantes, João Doria declarou que “em áreas periféricas da cidade o comércio se ressente muito” e que ciclovia “prejudica fortemente o comércio, prejudica a economia, a manutenção de empregos e a oportunidade de sobrevivência dessas famílias [de comerciantes]”.

Isso ocorreria sobretudo na periferia, onde os ciclistas mais precisam de proteção devido à falta de fiscalização a motoristas imprudentes. Toda a estrutura da área central da cidade também corre risco, além de República, Santa Cecília, Lapa, Jaguaré, Bom Retiro, Pari, Bela Vista, Cambuci, Vila Mariana, Saúde, Cursino, Moema, Belém, Carrão, parte da Vila Prudente, Jardim Helena, Vila Maria, Vila Medeiros, Santo Amaro, Vila Sônia e outras.

Mapa

O cenário é bem preocupante. Montamos abaixo uma animação em GIF que mostra a estrutura atual (outubro 2016) sobreposta pela estrutura projetada, caso sejam mantidas apenas as ciclovias de canteiro central ou de alta segregação.

Pior cenário: assim pode vir a ficar a estrutura cicloviária de São Paulo caso sejam mantidas apenas as ciclovias segregadas de canteiro central. (Arte VdB sobre mapa da CET-SP)
Pior cenário: assim pode vir a ficar a estrutura cicloviária de São Paulo caso sejam mantidas apenas as ciclovias segregadas de canteiro central. (Arte VdB sobre mapa da CET-SP)

14 comentários em “Mais de metade das ciclovias pode ser retirada em São Paulo – veja mapa

  1. falaram que o doria iria legalizar a maconha em são paulo,esta frase tambem pode ser eleitoreira como foi de retirar algumas ciclovias de são paulo vizando os comerciantes e alguns proprietarios de residencia,ora na campanha se falade tudo quero ver cumprir balela,ele já esta lá,agora tem que só ser complacente e ponto final,a farinha pode estar em varios sacos e sempre vai ser a mesma.

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  2. meu os comerciantes e os moradores que se virem,ciclovia é para toda vida,esses reclamões nem estarão aqui no futuro quando tudo isso virar uma grande realidade,não é porque em uma grande cidade não tenha nenhum deficiente é que deixaremos de ter rampas de acesso,temos que pensar no coletivo,quando são paulo começar de fato a travar é que veremos de fato que valeu a pena,é simples assim,talvez ainda muita gentecontraria a esses projetos mudarão de ideia,quando se esta de bicicleta voce tem acesso a tudo ,até o comercio em algumas regiões ja começam a colher os frutos dessa ideia,faça me um favor deixe o carro em casa e vá de bike deixe de ser depressivo mostre a tua cara,tenha qualidade de vida

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  3. Sou ciclista a um bom tempo, faço um percurso longo que vai de São Rafael até o Ipiranga pois uso a bicicleta como meio de transporte, concordo com você, várias ciclovias são banais, mal feitas, sujas, pintaram o asfalto e até mesmo as calçadas e falaram que é pra proteger os ciclistas. Eu NÃO utilizo as ciclofaixas de São Mateus, Santo André e as que percorrem a Av. Dos Estados em Tamanduateí. Entristece saber que pretendem remover grande parte mas continuar fazendo um trabalho de porco não da certo.
    Uns corajosos usam, mas nem todos.

    Polêmico. O que acha? Thumb up 5 Thumb down 3

  4. Trabalhadores da periferia que vivem de aluguel no Centro de São Paulo, em regiões como República, Bela Vista, nos arredores da Luz, do metrô Marechal Deodoro, Barra Funda, têm na bicicleta um meio de transporte valioso, muitas vezes prioritário em relação aos demais. Bicicletários das estações de metrô sempre estão cheios, para não falar de quem vem pedalando de bairros como o Jardim Helena ou São Mateus. Incontáveis ciclistas podem sofrer com esta proposta eleitoreira do novo prefeito – que deveria ao menos se comprometer em não diminuir a malha cicloviária. Não querer ampliar, tudo bem, eu compreendo – não é programa de governo dele, não é o público com quem ele dialoga. Mas a segurança dos ciclistas, assim como a segurança dos pedestres e motoristas, deve ser política de Estado. Não se trata de política de governo, ao sabor do troca-troca eleitoral. Ciclistas não são petistas – são pessoas que dependem da bicicleta para se locomover.

    Garantir a segurança dos ciclistas é o mínimo. Quer corrigir imperfeições, acertar buracos no asfalto? Tudo bem, sem problema. Mas para isso não precisa desse terrorismo de querer acabar com ciclovias “onde não passam bicicletas” – porque elas passam lá sim, só que ao contrário dos carros, não ficam estacionadas na rua…

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  5. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

    Esse comentário não tem feito muito sucesso. Thumb up 17 Thumb down 31

    1. Só faltou você dizer que ninguém usa e chamar o Haddad de prefeito suvinil vestido com a camiseta da CBF. Você não deve ser ciclista obviamente.

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      1. Se for ciclista, é só ciclista de lazer e olha lá. Pois quem pedala todos os dias usa as ciclofaixas SIM.

        Eu uso todos os dias a mais de 10 anos e sempre agradeço qdo em meu caminho, aparece uma ciclovia ou ciclofaixa, pois mesmo acostumado com esse transito caotico, nada é mais prazeiroso do que estar em um espaço sinalizado e separado dos carros.

        O cara reclama dos problemas…Ué, as ruas são todas esburacadas, reclamar de algo que já é algo que faz parte do cotidiano dos ciclistas parece papo de carrocrata, não de um verdadeiro ciclista que LUTA por melhorias, não sua retirada.

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    2. Sou ciclista a um bom tempo, faço um percurso longo que vai de São Rafael até o Ipiranga pois uso a bicicleta como meio de transporte, concordo com você, várias ciclovias são banais, mal feitas, sujas, pintaram o asfalto e até mesmo as calçadas e falaram que é pra proteger os ciclistas. Eu NÃO utilizo as ciclofaixas de São Mateus, Santo André e as que percorrem a Av. Dos Estados em Tamanduateí. Entristece saber que pretendem remover grande parte mas continuar fazendo um trabalho de porco não da certo.
      Uns corajosos usam, mas nem todos.

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      1. Não ocupar a faixa só dá motivos para o novo prefeito querer retirar mesmo.

        Ao invés de lutar por melhorias e correções de falhas, prefere continuar nas ruas que são tão esburacadas qto as ciclofaixas…..

        ainda que tenha falhas, não da para comparar a sensação de pedalar em um local sinalizado e separado dos carros do que no meio deles.

        Felizmente, nos meus trajetos cotidiano, vejo a ESMAGADORA maioria usando as ciclofaixas….

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  6. O que podemos fazer para nos mobilizar?

    Nos últimos anos muitas ruas tiveram suas faixas dedicadas a estacionamento retiradas.
    Para virar faixas para carro!

    A rua Antônio Carlos onde fica a Seven Augusta foi uma delas. No passado havia zonas azul dos dois lados. Hoje não tem mais estacionamento. É tudo faixa de rolamento. Para carros.

    Pela lógica de retirar ciclovias que atrapalham o comércio do novo prefeito, essas faixas que viraram faixas de rolamento para carros também deveriam voltar a ser estacionamento. Pois prejudicaram o comércio.

    É um retrocesso para a cidade. Trocar mobilidade por estacionamento!

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