Foto: Nadia Aguiar

Sucessivos atropelamentos de ciclistas geram protestos e reação da Prefeitura de Manaus

Em apenas uma semana, dois foram atropelados. Pressionada, prefeitura promete campanha e sinalização de compartilhamento, além de participação popular

Bicicletas ao chão simbolizando os atropelados, durante manifestação. Foto: Nadia Aguiar
Bicicletas ao chão simbolizando os atropelados, durante manifestação. Foto: Nadia Aguiar

Após uma série de mortes de ciclistas, a prefeitura de Manaus não aguentou a pressão da imprensa e da opinião pública e resolveu convidar grupos e movimentos de ciclistas para uma reunião. Para chamar a atenção da população, do poder público e de motoristas, vários grupos de pedais da capital do Amazonas vêm realizando manifestações em ruas e avenidas da cidade onde ocorrem os incidentes.

Foto: Nadia Aguiar
Foto: Nadia Aguiar

Somente na última semana de janeiro, duas pessoas que circulavam em bicicletas perderam a vida por imprudências no trânsito. O caso mais alarmante foi o do jovem Leonardo Tavares do Nascimento, 17 anos, morto dia 25 de janeiro após ser fechado por um coletivo da empresa Vega Transporte enquanto estava a caminho do trabalho.

Em menos de 24 horas, no dia 26/1, outro incidente envolvendo ciclista ocorreu nas proximidades da Ponte Rio Negro, ligação entre Manaus e o município de Iranduba. No dia 28, sábado, mais um jovem de 17 anos também foi atropelado nas proximidades do aeroporto de Manaus. O ciclista foi socorrido pelo Serviço Atendimento Medico de Urgência (SAMU) e encaminhado em estado grave ao Pronto Socorro João Lucio. Em meio à onda de violência, os ciclistas se mobilizaram nas ruas e em redes sociais para cobrar da prefeitura políticas efetivas para a convivência segura entre bicicletas e veículos.

Ciclistas no comitê gestor da mobilidade urbana

A Equipe de reportagem do Vá de Bike procurou a prefeitura de Manaus, que informou em nota que em 30 dias será lançada uma campanha de sensibilização para o respeito ao ciclista. Além disso, também reservou um assento permanente para um representante dos ciclistas no comitê gestor da mobilidade urbana em Manaus.

Manifestacao de ciclistas em Manaus após atropelamento de Leonardo Tavares. Foto: Nadia Aguiar
Manifestação de ciclistas em Manaus após atropelamento de Leonardo Tavares. Foto: Nadia Aguiar

A administração municipal prometeu ainda retomar o projeto das bikes compartilhadas e dar inicio à sinalização vertical e horizontal nas vias, visando chamar a atenção para o compartilhamento.

A reportagem também ouviu Paulo Aguiar, coordenador do movimento Pedala Manaus, que destacou: “já foram 16 mortes de ciclistas na região metropolitana de Manaus desde 2013 até hoje”. Paulo explica que apesar de muitas reuniões, discussões e promessas, nada foi feito por parte do poder público.

“Fica muito difícil acreditar em novas promessas quando muito já foi prometido e nada efetivado. Porém, vamos dar mais um voto de confiança por se tratarem de novos secretários e de um vice-prefeito à frente das questões de mobilidade urbana de Manaus. Vamos nos manter vigilantes e atuantes”, ressalta Paulo.

Motorista de ônibus sendo treinado em programa educativo do Pedala Manaus. Condutores de coletivos oferecem grande ameaça a ciclistas. Foto: Divulgação/Pedala Manaus
Motorista de ônibus sendo treinado em programa educativo do Pedala Manaus. Condutores de coletivos oferecem grande ameaça a ciclistas. Foto: Pedala Manaus

Educação para motoristas

O movimento Pedala Manaus informou que continuará com suas blitzes, fomentando o uso da bicicleta, realizando palestras em escolas e empresas e o Convivência Legal,  programa que visa sensibilizar motoristas do transporte coletivo para assegurarem a distância mínimas de 1,5 mt entre o veiculo e a bicicleta, evitando as famosas “finas”.

O movimento acredita que através da Superintendência Municipal de Transporte Urbano (SMTU) o trabalho de conscientização nas empresas de ônibus possa se fortalecer, em parceria com os diversos grupos que trabalham em prol da bicicleta.

A cidade de Manaus tem a menor extensão de vias para bicicletas entre todas as capitais do país, com apenas dez quilômetros, somando duas ciclovias e uma ciclofaixa.

Deitando-se no chão, manifestantes fazem um "die-in": ato que simboliza os mortos no trânsito. Foto: Nadia Aguiar
Deitando-se no chão, manifestantes fazem um “die-in”, ato que simboliza os mortos no trânsito. Foto: Nadia Aguiar

1 comentário em “Sucessivos atropelamentos de ciclistas geram protestos e reação da Prefeitura de Manaus

  1. Políticas públicas que se baseiam exclusivamente em campanhas de educação e conscientização são inócuas pra reduzir a violência no trânsito. É necessário investir em infraestrutura, sinalização e fiscalização.

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