Como as bicicletas ajudam o comércio do Bom Retiro, em São Paulo
Levantamento mostra o quanto bicicletas e ciclovias são importantes para a logística em um dos mais tradicionais bairros comerciais da capital paulista
Um levantamento inédito realizado em São Paulo mostra o quanto as bicicletas – e as ciclovias – são importantes para a logística de entregas em um dos mais tradicionais bairros comerciais da cidade, o Bom Retiro.
Coordenado pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), em conjunto com o Laboratório de Mobilidade Sustentável da UFRJ (Labmob), o trabalho utilizou metodologia da Transporte Ativo para levantar informações como quantidade de entregas diárias, de ciclistas-trabalhadores, razões para adoção de bicicletas e triciclos e o volume de recursos envolvidos nessa atividade econômica.
Bairro essencialmente comercial
Situado na região central de São Paulo, o distrito do Bom Retiro tem 4,1 Km² e possui uma das menores densidades demográficas da cidade, com 8.473 habitantes/km². Não que ali não tenha gente: é só passar pelas suas ruas no horário comercial para vê-las apinhadas. A baixa densidade se deve principalmente à forte presença de comércio e também de indústrias, ligadas em grande parte aos setores de confecções e tecelagem.
Uma característica marcante do bairro é a diversidade e mescla de diversas culturas. Primeiro vieram, na metade do século XIX, os italianos e os judeus. A partir dos anos 1950 e 1960 foram os sul-coreanos e mais recentemente os imigrantes vindos do Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela. De acordo com a Wikipedia, o Bom Retiro é o segundo reduto oriental da cidade, sendo conhecido como a “Liberdade” dos coreanos, que controlam dois terços do comércio e da indústria de roupas da região.
O bairro foi escolhido como alvo do levantamento pela presença massiva de bicicletas de carga pelas calçadas, esquinas e ciclofaixas da região, pelos relatos de grande volume de entregas por bicicleta e pela concentração de comércios e uso misto do solo.
Como entregam
Todos os 1.701 estabelecimentos de comércio varejista e atacadista da região foram visitados pelas pesquisadoras – todas mulheres – para aplicação da entrevista estruturada. Com os dados, apurou-se que 41,03% desses estabelecimentos realizam entregas e, destes, 16,3% realizam entregas de bicicleta e/ou triciclo.
O que entregam
Os estabelecimentos comerciais do Bom Retiro realizam um total de 2.349 entregas por dia de bicicleta e triciclo. Uma média de 20,6 entregas por estabelecimento por dia. 30% das mercadorias entregues são de lojas de aviamentos, mas itens de alimentação também respondem por uma parcela significativa.
Por que entregam
Talvez a primeira ideia que vem à mente seja a de que a opção pela bicicleta se dá em razão da economia. Mas a pesquisa mostra que 87,7% dos estabelecimentos o fazem pela rapidez e praticidade.
No bairro existem muitas confecções e o que acontece com frequência é que o cliente corta um tecido e percebe que não tem linha da cor que precisa. A maneira mais rápida de o material chegar até ele é por meio da bicicleta. Muitas vezes o ciclista vai cinco vezes ao mesmo lugar para entregar um carretel de linha ou um pacotinho de botão.
(Hélio Pereira, gerente da MVH, uma rede de armarinhos com três lojas no Bom Retiro e que faz 100 entregas por dia, sendo 80% a clientes fixos)
Relação com as ciclovias
A pesquisa não estabelece uma relação direta entre o uso da bicicleta e as ciclovias implantadas na região. Mas avaliando o histórico de uso junto às empresas, é possível inferir essa relação.
As ciclovias (ou ciclofaixas, como queiram) foram implantadas no bairro em 2014. O levantamento apontou que, entre os estabelecimentos que realizam entregas em bicicletas, 40,3% o fazem há menos de 5 anos – portanto, de 2013 para cá.
Quanto cobram dos clientes
Por serem entregas rápidas e de baixo custo, mais de 90% delas não são cobradas dos clientes, sendo realizadas como cortesia.
As bicicletas e os trabalhadores
202 bicicletas e triciclos são utilizados para as entregas no bairro. Em 96% dos estabelecimentos, a bicicleta é da empresa e não do entregador.
São 220 pessoas trabalhando com entregas por bicicleta, sendo 97% homens e 3% mulheres. Em 20% dos estabelecimentos há funcionários que trabalham exclusivamente fazendo entregas por bicicleta.
20% dos estabelecimentos contam com funcionários que trabalham exclusivamente com entrega por bicicleta. Nesses, ao todo, trabalham 53 pessoas com entregas, o que corresponde a 24% de todos os entregadores do bairro.
Muito bom!! Alivia forte o trânsito, imagine 200 motos a mais só de vai-e-vem com as pequenas entregas carregando o tráfego e aumentando a tensão na região.
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Prezados, reportagem tendenciosa que só esta vendo o lado de alguns comerciantes. Primeiro nossa população esta em torno de quase 40.000 habitantes. Sim aqui tem moradores ! E 90% nao utlizam bikes devido a assaltos. O comercio da Anhaia acabou com a ciclos faixas. Silva pinto esta na UTI na tres rios transito e com tudo isso o bairro esta sendo invadido pelos usuarios de drogas. Viram como foi ótima a implantação da ciclo faixas? Apareçam na reunião do nosso Conseg. Próxima reunião: primeira segunda feira do mes de abril no edificio Copon na Ribeiro de Lima das 19:30 as 21:30.
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A culpa não é das ciclo faixas. Não também você, um tendencioso.
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FALÁCIAS!! a Anhaia Mello ganhou vida depois que o GESP construiu o monotrilho e revitalizou o canteiro central da avenida, dando paisagismo com verde e a ciclovia no meio….
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Interessante ver como é na subprefeitura de Pinheiros onde há grande concentração de ciclovias, bicietas normais e elétricas. É comum ver bicicletas eletricas alugadas para fazerem entregas.
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