Novo prefeito de SP diz em entrevista o que pensa sobre as ciclovias da cidade
Covas voltou a dizer que as ciclovias foram feitas “da mesma forma que se joga orégano em pizza”. Também afirmou que pode vir a desativar ciclovias.
Em entrevista à rádio CBN, o atual prefeito de São Paulo falou um pouco do que pensa sobre ciclovias, entre diversos outros assuntos. Bruno Covas (PSDB) assumiu o lugar do também tucano João Doria que, contrariando promessas à época eleitoral, renunciou à prefeitura após 15 meses de mandato para concorrer ao governo do estado.
Orégano na pizza
Questionado por Fabíola Cidral e Fernando Andrade Leão Serva, Covas voltou a dizer que as ciclovias foram feitas “de forma aleatória e sem nenhuma conectividade”, “da mesma forma que se joga orégano em pizza”. Também afirmou que pode vir a desativar ciclovias “que ligam nada a lugar nenhum”.
Seria importante o prefeito perceber que, mesmo desconectada, uma ciclovia protege quem circula de bicicleta naquela via. E que se ela está desconectada da malha, a solução é fazer essa conexão, não removê-la, porque sua retirada implica em colocar em risco as pessoas que passarem pedalando por ali – por mais que em alguns casos pontuais possam ser poucas.
Bruno Covas declarou ainda que o compromisso de sua administração é ampliar a quantidade de pessoas que utilizam a bicicleta na cidade e isso seria feito melhorando a qualidade das ciclovias existentes, não necessariamente aumentando a quilometragem. Os jornalistas fizeram questionamentos e intervenções importantes, vale a pena ouvir a entrevista ou ler a transcrição, logo abaixo. O assunto é abordado a partir dos 31:15 do áudio (se não conseguir ouvir abaixo, clique aqui).
[Fabíola Cidral, repassando pergunta do ouvinte Marcos Vinicius Lemos] Vão vir novas ciclovias? As ciclovias serão melhoradas? A gente não teve nada disso até agora na cidade de São Paulo.
[Bruno Covas] Nossa meta maior e o nosso compromisso é em relação à ampliação da quantidade de pessoas que utilizam a bicicleta na cidade de São Paulo. A gestão anterior, do meu ponto de vista, tinha uma meta errada, que era ampliar o número de ciclovias. “Precisa atingir tantos quilômetros.” E aí, o que foi feito, [para] usar uma metáfora que foi usada durante a campanha de 2016, que irritava algumas pessoas, foi jogado ciclovia na cidade de São Paulo da mesma forma que se joga orégano em pizza: de forma aleatória e sem nenhuma conectividade. Então mais do que discutir quantos quilômetros de ciclovia, nós queremos dar conexão às existentes, isso significa às vezes desativar ciclovias que ligam nada a lugar nenhum, que não têm nenhum tipo de utilização na cidade, a não ser no final de semana, do ponto de vista muito mais de lazer do que de mobilidade durante a semana, pra poder dar mais garantia, com iluminação, refazendo em alguns casos, melhorando a qualidade das ciclovias, pra poder ampliar. Esse sim é o nosso compromisso, a quantidade de pessoas que utilizam a bicicleta na cidade de São Paulo.
[Fabíola Cidral] Essas que não ligam nada a lugar nenhum. dá pra ligar elas a algum lugar, em vez de apagá-las?”
[Bruno Covas] Em alguns casos, sim. Em outros, você só consegue fazer isso desviando o trânsito e é por isso que são feitas aos finais de semana. Você pega por exemplo a do Jóquei: ela tem pouca utilização durante a semana, mas aos finais de semana ela é muito utilizada e você tem uma operação que é feita ali que não dá pra fazer durante a semana, você não consegue fazer isso de forma permanente na cidade.
[Fabíola Cidral] Porque prefeito, é impressionante a quantidade de pessoas que está aderindo à bicicleta. Inclusive, eu vindo pra cá, do Centro pra cá, tinha congestionamento de bicicletas nas ciclovias, então acho que é uma demanda da cidade.
[Bruno Covas] Não, isso é muito positivo, isso é muito positivo.
[Leão Serva] Tem uma questão importante, que nesse caso, os estudos internacionais mostram que quantidade é qualidade. Você só aumenta o número de usuários aumentando a quantidade de vias. Então há um certo farisaísmo [hipocrisia, fingimento] na crítica feita durante a campanha pelo prefeito João Doria sobre em relação à suposta quantidade ou o modelo de quantidade de ciclovias, porque o único jeito de haver ocupação é haver muita ciclovia.
[Bruno Covas] Bom, é verdade, se ela estivesse em todas as ruas, talvez ela fosse mais utilizada… – [Leão Serva] Mas só faz esse omelete se quebrar o ovo! – [Bruno Covas] mas não adianta sair fazendo sem nenhum planejamento. Até porque o que se criou na cidade de São Paulo – e o pior de tudo no meu ponto de vista é isso – foi essa discussão, esse conflito entre bicicleta e carro. Quer dizer, como se eles não pudessem coexistir. Foi feito de uma forma tão aleatória e tão difícil… – [Leão Serva] Não foi feito pacificamente em lugar nenhum do mundo, prefeito. [Bruno Covas] Ah, mas quanto mais discussão e quanto mais envolvimento, menor é a crise a ser resolvida depois.
Erramos: atribuímos algumas frases ao jornalista Fernando Andrade, quando na verdade foram proferidas por Leão Serva, que também estava presente no estúdio. A confusão se deu porque o texto da CBN não citava Serva em nenhum momento, viemos descobrir que eram seus os questionamentos posteriormente, ao assistir um vídeo da entrevista. O texto foi corrigido. Nossas desculpas.
Acho o que é importante é como irá interligar as que são importantes, ou não vão fazer nada.
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Com o aumento de combustíveis, mais pessoas irão ver a bicicleta como alternativa melhor para circular pela cidade. E, com isto a exigência da integração das existentes será necessária. Já que ao fazer isto irá criar mais ciclovias. Portanto, haverá uma pressão maior para integrar as existentes e até mesmo novas por tabela.
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Talvez se houvesse licitações para que alguma empreiteira ou construtora realizasse as obras… É a velha política brasileira do “toma lá, dá cá”. A bem da verdade é o povo que acaba pagando todas as contas pela incompetência administrativa desses digníssimos cavalheiros. Com relação ao Sr. Governador do Estado de São Paulo, GERALDO ALCKMIN, é bom saber que será julgado aqui em São Paulo sem fórum privilegiado; o cavalheiro em questão resguarde-se de não ser arguido por um colegiado que estava pedalando na Serra do Mar no dia 10/12/2017.
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em todo entorno da Estação Tiradentes do metrô, mesmo tendo um parque encostado, tendo prédios públicos, tendo espaço a beça para incorporar um paraciclo – não tem nenhum lugar para estacionar a bike. Tem muito mais falta de sistemas para o modal bicicleta do que excesso. Prefeito deveria rever suas ideias já infectadas pelo virus do poder do capital. Muito chato o discurso dele.
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O novo prefeito tem razão aqui na Lapa tem ciclovia em um quarteirão que conecta a Rua Guaicurus a um muro! Isso mesmo a rua é sem saída por conta da linha do trem e o Haddad pintou uma ciclovia aqui! Isso não é nem colocar orégano sobre a pizza, é colocar bosta sobre a pizza mesmo.
Sem contar que fez uma faixa de ônibus sobre a Rua Faustolo sendo que já existe um corredor na Clélia que é a paralela!
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Ciclista nutella
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Conheço essa rua, pior é que é verdade. O ciclista dá com a cara num muro da ferrovia.
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Pois é… Porém antes não havia o orégano é muito menos a pizza… E o Prefeito “Pinocchio”, que está deixando a prefeitura na mão para se candidatar ao Governo do Estado, utilizou-se da crítica à forma como as ciclovias foram feitas como mote de campanha para se eleger. E em 1 ano não fez absolutamente nada em prol da mobilidade urbana em São Paulo…
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