Melhores momentos da campanha do Mini no Brasil: "pronto pra maldade", estímulo à velocidade e valorização de características agressivas. Imagens: reprodução (Facebook/Twitter)

Campanha do automóvel Mini estimula agressividade

Campanha ‘o Mini que morde’ valoriza características agressivas, estimula a velocidade e diz que o carro vem ‘pronto pra maldade’.

Melhores momentos da campanha do Mini no Brasil: "pronto pra maldade", estímulo à velocidade e valorização de características agressivas. Imagens: reprodução (Facebook/Twitter)
Alguns dos momentos polêmicos da campanha do Mini Paceman: “pronto pra maldade”, estímulo à velocidade e valorização de características agressivas. Clique para ampliar.
Imagens: reprodução (Facebook/Twitter)

A campanha do Mini Paceman, modelo recém lançado no Brasil do veículo de origem britânica, tem incomodado muita gente. Adotando o slogan “o Mini que morde”, a campanha retrata o carro como um animal raivoso, com os termos intimidador, bravo e “pronto pra maldade”, além de reforçar características como velocidade e aceleração.

Para os usuários das ruas que não estão protegidos por uma lataria e sofrem agressões constantes de motoristas impacientes e violentos, a campanha tem soado como estímulo a um comportamento agressivo e irresponsável, que vitima e mutila ciclistas e pedestres nas ruas. Todo cidadão que faz uso cotidiano da bicicleta tem alguma história para contar de situações em que sentiu a morte de perto, por comportamento agressivo intencional de motoristas. E é por isso que o tom da campanha os incomoda tanto.

Ghost Bike em memória do ciclista William Morsetvita, morto por um motorista com pressa em São Paulo. Foto: Priscila Cruz
Ghost Bike em memória do ciclista William Morsetvita, morto por um motorista com pressa em São Paulo. Clique aqui para saber mais. Foto: Priscila Cruz

Pronto para a maldade

Essa é a afirmação que mais chocou, dentre tantas feitas nas mídias sociais da campanha. E o que o deixaria preparado para isso é o motor potente, de 184 cavalos. “Como pode um publicitário, atendendo uma empresa mundial, dizer que o carro está pronto para a maldade?”, indigna-se o empresário Thiago Pereira, sócio do grupo PCycle. “O motor é potente, 184 cv, e portanto o carro está pronto para matar. Temos mortes diariamente usando o carro como arma. É estimular muito a agressividade do motorista”.

Thiago conta que sobe a Av. Angélica, em São Paulo, todos os dias e sofre com os carros que passam perto demais. “Uma campanha incentivando que um carro está pronto para a maldade coloca diretamente minha vida em risco”, preocupa-se. “Se já falta informação para os motoristas em relação à bicicleta, imagina recebendo essa. É muito forte essa afirmação”.

Comportamento agressivo deve ser coibido

Afirmações como essas valorizam um estilo agressivo de dirigir, estimulando indiretamente um comportamento que mata e mutila nas ruas diariamente. Esse estilo de condução se traduz em uma maneira de dirigir que é considerada crime de trânsito e pode dar cadeia ao condutor irresponsável. Resulta na disputa por espaço, na “guerra das ruas”, como a imprensa tradicional costuma estampar. Mas não há “disputa por espaço” quando um único lado tenta negar ao outro o que é de direito de ambos. E não há “guerra” quando apenas um lado morre.

Peças publicitárias que estimulam a agressividade, a disputa e o excesso de velocidade deveriam ser proibidas. As agências e pessoas que as criam e decidem pela sua veiculação poderiam receber sanções e punições. Porque, no fundo, essas peças (e por tabela esses profissionais e agências) estimulam nas ruas o comportamento que menos queremos: o de potencial homicida.

Aos poucos, David retoma as atividades das quais sempre gostou - entre elas, andar de bicicleta. Imagem: Record/Reprodução
A agressividade de um motorista na condução de seu automóvel fez com que David dos Santos Souza perdesse seu braço direito. Saiba mais. Imagem:Record/Reprodução

Justificativa da agência

Vá de Bike entrou em contato com a DPZ, agência responsável pela campanha “o Mini que morde”, explicando o problema e solicitando um posicionamento. Reproduzimos aqui, na íntegra, a resposta recebida:

A DPZ, em respeito aos ciclistas de São Paulo, em nenhum momento pretendeu dar a conotação de que o novo MINI é um carro agressivo no sentido do relacionamento com os demais atores do nosso caótico trânsito. O tom dos anúncios guarda relação exclusivamente ao seu potencial tecnológico, o que é quase sempre evidenciado nos comerciais para automóveis como forma de enaltecer sua esportividade e potência. Queremos ressaltar, ainda, que um automóvel não determina o comportamento dos motoristas. O que determina as atitudes das pessoas são fatores como educação para o trânsito e consciência de onde termina o seu direito e começa o de outro. Em nenhuma peça da campanha há a sugestão do carro sendo dirigido de forma imprudente no trânsito. Inclusive, ele é sempre mostrado parado. A “agressividade” que está no tema da campanha diz respeito principalmente ao design esportivo do novo lançamento da marca. A DPZ é uma agência ética e que sempre atuou no sentido de fazer as coisas politicamente corretas e responsáveis.

Em tempo: esse tipo de publicidade nem de longe é exclusividade da Mini ou da DPZ. Veja alguns outros exemplos nos links abaixo.

Saiba mais
A publicidade estimulando a agressividade no trânsito

GM ridiculariza ciclistas, Giant responde

Crime socialmente aceitável

Você acredita em autorregulamentação publicitária?

Carros são o “acidente” que mais mata crianças em São Paulo

Crianças são o inimigo

Recorrendo ao Conar

Qualquer cidadão que considerar uma campanha publicitária inadequada ou prejudicial pode formalizar uma denúncia no Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Se você se sentiu incomodado e acredita que o tom adotado tem o potencial de tornar o trânsito mais violento, clique aqui para visitar o site do Conar e faça sua reclamação. No topo do site há um link para fazer a reclamação. É tudo simples e rápido.

Ainda que não chegue a ter efeito neste caso específico, servirá como sinalização à entidade para permanecer alerta ao aumento do risco viário que algumas campanhas podem oferecer, ainda que não seja de forma intencional. É preciso promover e valorizar a direção responsável, não o exibicionismo.

76 comentários em “Campanha do automóvel Mini estimula agressividade

  1. Para quem ainda acha que propaganda não faz mal para ninguém, vocês lembram do cigarro Camel? Aquele que durante um tempo tinha um camelo musculoso fazendo propaganda. Sabe qual era o target? Crianças de 12 anos. Pelo menos daquela vez o CONAR atuou e tirou de veiculação.

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  2. Adicionando um comentário, lendo livro “A Cabeça do Brasileiro” de Alberto Carlos Almeida de 2007, vi que os brasileiros de baixa escolaridade, são mais favorável à censura a proibição de programa de TV que faz críticas ao governo. Não é de surpreender, depois de 6 anos, é exatamente isto que vemos. Contudo, com a maior escolaridade, devido ao crescimento da Classe C, mais educada, a situação está mudando. Os movimentos sociais provaram isto.
    Creio que isto também se aplicam a propagandas em modo geral. Pensando em propagandas como esta do Mini, a tendência é que a iniciativa dos publicitários com mensagem errada, como a do Mini, vai sair pela culatra. A iniciativa da água também vai pelo mesmo caminho.

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  3. Este link aqui (em inglês) não é sobre uma propaganda mas sobre uma tecnologia de protecão aos pedestres e ciclistas, que conta com sensores no carro que ao se aproximar muito de um ciclista/pedestre ele o freia automaticamente, que esta fabrica de automóveis escandinava esta implantando em seus carros: http://www.bikeradar.com/commuting/news/article/volvo-reveal-world-first-cyclist-detection-system-with-full-auto-brake-36641/
    Dentre as noticias que escuto da industria automobilistica esta é a unica que não me deu dor de cabeca..

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  4. Já que estamos falando de propaganda. Outro segmento da publicidade chamou a minha atenção: Imóveis. Divulgação geralmente em forma impressa.

    Uma delas é usando o projeto da Ciclopassarela da USP como atrativo para induzir a compra do imóveis na região dp Jd. Bonfigliori, um bairro que margeia a Rodovia Raposo Tavares e fica atrás da Universidade de São Paulo. Um questionamento que se faz para este tipo de propaganda, é se realmente também está prevendo bicicletário no próprio condomínio, instalação de paraciclos para visita, e, envolvimento com o poder público para ajudar a estabelecer ciclorotas e ciclovias. É bom questionar o empreendimento. Afinal esta ciclopassarela vai ser útil ? Com custo estimado de 80 milhões (!) essa ciclopassarela só vai poder ser usada quando os portões da USP estiverem abertas.
    E veja o comentário da Raquel Rolnik que está atento a estas obras faraônicas: http://raquelrolnik.wordpress.com/2012/12/12/ciclopassarela-ligando-a-usp-ao-villa-lobos-mais-um-projeto-solto/

    Os portões da USP tem acesso controlado no final de semana. Ou seja somente quem estuda ou trabalha na USP, tem acesso. Então o que estes empreendimentos querem vender ? Estão induzindo uma facilidade que não existe de fato.

    Como diziam os antigos romanos “Caveat Emptor !” ou “Fiquem espertos !” (Tradução livre).

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    1. É mais do mesmo. Temos um público cativo que se intimida e compra, e publicitários acham que estão abafando fazendo estas propagandas. É como futebol e religião. Mais do mesmo, quase uma unanimidade. É um besteirol só.

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  5. Sei não… to achando tudo isso pelo em ovo.

    Pelo que eu entendo o mini que morde é uma referencia ao design mais esportivo e agressivo da linha paceman, comparado ao design do mini.
    O mini sempre foi visto como bonitinho e até meio feminino… meio bichinho de estimação. O mini que morde é o mesmo bichinho mais agressivo. É isso? Eu entendo assim.

    Dizer que isso é uma influência na construção de uma noção cultural de direção imprudente e perigosa é querer achar o problema onde ele não está.
    Poxa, tudo bem que podemos reclamar da propaganda se não gostamos dela. Estamos todos no nosso direito mas pensem comigo: em alguns países existe muita publicidade vendendo e incentivando design agressivo, potência de motor, 0-100 em x segundos e etc. Mesmo assim, nesses mesmos países, existe respeito ao ciclista.

    Acho que é uma questão de educação no transito.

    No final do dia é meu direito como consumidor poder comprar um carro agressivo e meu dever dirigir de forma prudente: um não anula o outro.

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    1. É uma discussão diferente da de discutir sexo dos anjos. Claro, discussão sem ter alguma ação ou feedback não resulta em nada. Positivo ou negativo.
      Estamos numa era de experimentações, inovações. E isto faz parte. Nada é definitivo ou sacramentado.Por exemplo, do artigo do Arturo Alcorta: http://escoladebicicleta.blogspot.com.br/2009/07/pelo-menos-fez-algo.html
      Segundo a atitude do pessoal que fala que “pelo menos se fez algo”, seria algo do tipo “problema não é meu, ema, ema cada um com seu problema”. Contudo, o problema dos outros pode se virar contra você, já que você fará parte da solução deles. Bem, veja este texto de uma revista local da seguinte fonte:
      Se vira o problema é seu – Será?
      http://www.medplan.com.br/materias/3/23733.html

      Tem uma estorinha que vou reproduzir aqui:
      “A Ratoeira

      Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.
      Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado.

      Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:
      – Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa !!

      A galinha disse:
      – Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

      O rato foi até o porco e disse:
      – Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira !
      – Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações.

      O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:
      – O que ? Uma ratoeira ? Por acaso estou em perigo? Acho que não !

      Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima.

      A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego.
      No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher… O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre.

      Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.

      Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.
      Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.

      A mulher não melhorou e acabou morrendo.
      Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.

      “Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre risco. O problema de um é problema de todos”.

      Isto demonstra que tudo está interligado. E cedo ou tarde, o problema de um ou de alguns irá lhe afetar de formas totalmente inesperadas.

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  6. Concordo em ser apenas um comercial e que pode não influenciar as ações no trânsito.

    Mas como comercial, a marca e a agência devem estar atentos ao momento em que vive a nossa sociedade e o público alvo, os jovens. Mostrar respeito e pacificidade na propaganda teria melhor aceitação. Buscamos uma sociedade mais justa e com mais respeito entre as pessoas, seja aquela dentro do carro ou na bicicleta. Este deveria ser o foco.

    Existe uma onda muito positiva e proativa de mobilidade pública, transporte coletivo e uso das bicicletas nas grandes cidades. A marca poderia muito bem aproveitar esta onda lincando o uso do carro com outros modais e incitando o respeito mútuo.

    Nossos jovens não se impressionam mais com propagandas com aventura, trânsito zero nas ruas, gatões e gatonas. Queremos ver a verdade e escolher um produto sabendo que estamos fazendo o bem.

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    1. Por falar em propaganda, tem outras que estão mais diretamente relacionados com a bicicleta. Um exemplo, é a da garrafa de água Cristal, que recentemente colocaram “paraciclos” em formato de garrafa. A idéia é boa, mas a implementação deixa a desejar. Além de ocupar espaço para gerar ponto de acúmulo de sujeira, poucas pessoas deixariam a sua bike num paraciclo destes, que é capaz de entortar as raias:

      http://www.revistabicicleta.com.br/bicicleta_noticia.php?crystal_eco_instala_bicicletarios_em_sao_paulo_e_minas_gerais&id=11411

      Nestas vale mais para dar feedback, como fiz no link acima, na matéria da Revista Bicicleta.

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      1. E isto está relacionado com a história de engarrafar a água que temos em abundância:
        http://www.storyofstuff.org/movies-all/story-of-bottled-water/

        Contudo, com essa estratégia de água engarrafa, ironicamente, estamos poluindo os nossos rios com as garrafas ! E tivemos um post sobre estarmos enterrando ou escondendo os nossos rios, arroios, etc … ( Sabia que a língua portuguesa é a que tem mais nomes para diferentes tipos de cursos d´água ? ).

        E o que isto tem a ver com o carro e a propaganda, as mesmas táticas são usadas: medo, intimidação, etc … só para induzirem a comprar. Na venda de água é a mesma coisa. Já mandei uma carta criticando a forma como estão tentando seduzir os ciclistas para consumir a água engarrafada Cristal. E a Annie Leonard tem razão. Na minha casa, temos duas fontes de água: uma engarrafada, que meu pai insiste em comprar, e outra que uso filtro de gravidade. Naturalmente que gosto mais do gosto da água filtrada do que a engarrafada. E, como estas coisas custam, as pessoas tendem a comprar a mais barata e conequentemente essa economia é na base da porcaria. Teve um dia que experimentei a da Nestlé, e senti um gosto um pouco salgado ( provavelmente, estão usando a água da rede, e acrescentando sais minerais, como é comum lá fora ), e pagando muito mais e com a embalagem poluindo. E, claro como todo ciclista, cuida da água que se bebe. Cuida ?

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  7. Acho que poderíamos propor que o MINI, também tenha no seu bagageiro, como alguns modelos da BMW, uma bicicleta, dobrável e pequena, é claro. :-).
    Assim, pode-se compensar essa atitude impensada, e atrair até mesmo ciclistas, e pessoal preocupado com a sustentabilidade. E, também para compensar estes impostos insustentáveis ( Tem dúvida que é insustentável ? Pagamos mais de meio-ano para pagar sós impostos. Conhece a Curva de Laffer ? )

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  8. CONAR- Conselho de AUTOREGULAMENTAÇÃO ! Vocês acham que irão contra seus patrocinadores ? É uma piada ! Deveria ter é uma lei de medios que nem na Argentina para regulamentar o setor de propaganda, o setor mais hipócrita da nossa sociedade !

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    1. Para ver como isto é algo cultural, acho um lago negativo da nossa cultura brasileira. Está relacionado com essa idéia de autofagia, de anti-herói, de sentimento de inferioridade, de subserviência. Macunaíma. O que leva a essa depedência de patrono, patrão, chefão, autoridade, … por isto que a Lei das Mídias ( o Ley de Medios ) Argentina, atrai muito, principalmente ao nosso governo, que já fez mordaça em cima do “O Estado de São Paulo” para a família Sarney.
      Dá para evitar toda essa bagunça, apenas fazendo, usando outra propaganda “Just do it.”, exemplo foi essas manifestações populares, vamos fazer ! Não esperemos ficando nos apoiando nas leis, porque somos fracos e indefesos. Esse medo que a gente tem … E a do Steve Jobs: ‘Stay hungry. Stay foolish.’, serve bem para estas manifestações … Por que não ?

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  9. O que o pessoal da liberdade de expressão incondicional parece não entender (e não só nesse caso, mas em toda e qualquer polêmica que toque nesse assunto) são duas coisas fundamentais:

    – Primeiro, que criticar o discurso de uma pessoa não constitui censura. Se a entidade X (empresa, pessoa, ou que quer que seja) tem direito de se expressar de maneira ofensiva ou que naturalize comportamento inadequado, a entidade Y tem direito de se expressar criticando tal discurso. Isso não fere a liberdade de expressão. Pelo contrário, é parte integral dela.

    – Segundo, não entendem que quando falamos que um discurso reforça um certo tipo de comportamento, isso não significa dizer que o discurso é uma força mágica ou hipnótica que transforma indivíduos em autômatos reprodutores daquele comportamento. A questão não é individual, é cultural. Vivemos em uma sociedade onde existe uma noção naturalizada e internalizada de que, de maneira geral, agressividade demonstra superioridade. Isso se traduz inclusive, mas não exclusivamente, na cultura da direção ofensiva e agressiva, na ideia de que dirigir mais rápido e com menos consideração pelo direito alheio de ocupar a rua e pela segurança e integridade física alheia significa ser mais fodão (perdoem meu francês).
    Quando uma grande marca cria uma peça publicitária que reafirma todas essas noções (o mini que morde, estraçalha, pronto para a maldade – palavras todas explicitamente presentes nas divulgações), ela não é sozinha a grande vilã controladora de zumbis, mas é mais uma pequena força que mantém essa cultura. Só mais um tijolo nesse muro. É o resultado de muitos desses tijolos que é a cultura que faz com que inúmeros motoristas achem perfeitamente normal que todos os outros tenham que abrir caminho pra ele, mesmo que isso signifique colocar em risco algumas vidas.

    Enfim, essa galera reclamando do texto é um pessoal que simplesmente não consegue enxergar os problemas de uma maneira mais ampla e completa. Só enxerga as partes e ignora o todo. É exatamente a definição de alienação, no sentido sociológico do termo.

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    1. Acho que o real problema foi quem autorizou este tipo de propaganda. Ou seja, a própria fabricante do MINI, ou representante da MINI no Brasil. Então muito das críticas devem ser dirigidas para a MINI. A DPZ ou meio publicitário não devem ser totalmente culpados por isto, são culpados por aceitar fazer uma propaganda destas. Ética e Moralidade. No site da PZ, Dualib diz como uma agência como DPZ ajuda a sociedade. Certamente, também pode prejudicar uma sociedade. Ignoroou a Miopia de Marketing. A mídia também falhou, também deixou passar esta peça publicitária. Contudo, quem autorizou é o maior responsável pelos dividendos desta ação publicitária. Foi quem pagou e autorizou. Vai sofrer as consequências. Ou não. Se todos ficarem somente pelegando a peça publicitária.
      Neste ponto, vocês percebem onde é que começam as impunidades.
      O tópico de se pôr no lugar dos outros é pertinente. Se aplica ao representante da MINI ou a MINI que não se pôs no lugar dos outros, a DPZ, o meio publicitário, a mídia. O principal responsável pela esta cadeia de eventos foi foi a MINI, então devemos dar este feedback para a MINI.
      A mesma coisa devemos fazer para qualquer peça publicitária. Vamos para quem autorizou. Aquele que decidiu que mais vale massagear o seu próprio ego, sem ter empatia.

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      1. Bom a representante da MINI pode dar algumas desculpas esfarrapadas sem reportar isto para a MINI da Inglaterra. Então vamos subir, reclamar com a MINI Inglaterra. Se isto também não surtir efeito, reclamar para a BMW, que é a dona da Cooper. A BMW está construindo uma imagem de sustentabilidade, que em tempos recentes até ofereceu modelos de carros com bicicletas, e ela mesmo fabricando bicicletas:
        http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/hardware/2013-03-19-cruise-a-bicicleta-eletrica-da-bmw
        Imagine esta notícia chegar
        Se formos capazes de incomodar estes, teremos um exemplo e as práticas vão mudar.
        Regulamentação é bom para nos proteger, quando tudo o mais falha, mas não vamos ficar só nisto. Parece que depois que o pessoal regulamenta o pessoal esquece de quem são os maiores culpados por tornar a sociedade uma bagunça. É isto aí, omissão, falta de participação, opinar, dar feedback, essa cadeia de submissão provoca nas sociedades.

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  10. A preocupação da patrulha do politicamente correto poderia ser hilária se não fosse uma postura medíocre.
    Mas é compreensível. Os argumentos dos incomodados e/ou ofendidos se alinham no próprio estereótipo que criaram para as supostas vítimas influenciáveis pela mídia. Até o Reductio ad Hitlerum usa-se!
    Esquecem-se estes valorosos patrulheiros, que influencias muito piores se veem nas novelas e atrações da TV, diuturnamente.
    E o trabalho dessa patrulha nada mais faz que cercear a liberdade de expressão e o livre arbítrio.
    Ora, expresse seu descontentamento de forma mais eficaz : Não consuma os produtos cujas propagandas julgue ofensivas.

    Polêmico. O que acha? Thumb up 8 Thumb down 8

    1. E daí que existem influências piores? Dois erros fazem um acerto?
      Se tem gente que mata e estupra, posso socar a sua cara? Você não vai poder reclamar, porque tem gente fazendo coisa muito pior por aí. Gênio.

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  11. Texto excelente e sensato, apesar do exército de retardados mentais que insiste em defecar pela boca toda vez que alguém defende um mundo melhor.
    O mais imbecil é o que insiste que “publicidade não influencia ninguém”. Deve ser só por diversão que multinacionais investem mais da metade de seu fluxo de caixa em publicidade.

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    1. Aê velho, em nenhum momento eu xinguem alguém aqui, então mais respeito viu! Se for pra começar a atacar gratuitamente pode parar…

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      1. Poxa, amiguinho, você é muito sensível pra quem critica tanto a ‘patrulha do politicamente correto’.
        Você está cerceando minha liberdade de expressão e de opinião de te achar um verdadeiro babaca e dizer isso em alto e bom som.

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        1. Só estou dizendo que existem várias formas de se passar uma mensagem. Uma coisa seria eu dizer “Não concordo com isso” e outra seria “Porra cara cê é burro, não sabe de nada”. Não estou diminuindo seu comentário, só acho que se for pra começar com ofensas, a discussão se perde e não leva a lugar nenhum! Então pega leve viu filho…

          Agora se vc não entendeu, paciência. Não é um comercial de carro desse que me transformará num motorista psicopata rs.

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