Ciclistas discutem posicionamento sobre plano cicloviário de São Paulo
Durante plenária, ciclistas discutiram prioridades de diálogo com o poder público em relação à implantação de 400 km de estrutura cicloviária anunciada pelo prefeito Fernando Haddad.
Em 6 de julho, pouco antes da inauguração oficial da Oficina Mão na Roda do Centro Cultural São Paulo, a terceira oficina comunitária da cidade, mais de 70 ciclistas participaram da plenária puxada pela Ciclocidade a fim de discutir a participação da sociedade civil nos processos de construção e implementação da infraestrutura cicloviária de São Paulo.
400 km, e agora?
Durante as quase duas horas de conversas, foram formados três pilares de discussão sobre a meta dos 400 km de estrutura anunciada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT):
- Diálogo com o Poder Público: como garantir a participação e a representação dos ciclistas?
. - Implantação da infraestrutura: quais as diretrizes desejáveis para os tipos e locais das novas ciclovias?
. - Como influenciar o debate público para vencer as resistências de alguns setores da sociedade ao projeto?
Diálogo
Uma das principais reclamações dos ciclistas é com a ausência de um espaço institucional, dentro do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) para debater, analisar e dialogar sobre questões relacionadas à ciclomobilidade de São Paulo, papel de uma ‘Câmara Temática’ que oficializa o diálogo e dá subsídios para a população cobrar compromissos.
A preocupação está justamente em como se dará esse diálogo com a prefeitura, quem participaria do processo e, principalmente, onde os cidadãos poderiam ter acesso aos projetos antes de sua execução.
que podem ser assimiladas
pelo poder público”
– Gabriel Di Pierro
“Todas as cidades passam por dilema no diálogo entre sociedade civil e poder público, precisamos de diretrizes fundamentais (e não critérios que engessem) para nortear a qualidade do que for proposto, mesmo com flexibilidade. Para isso é importante criar diálogo e consenso entre nós, ciclistas, e unificar o discurso”, explicou JP Amaral, do Bike Anjo, que lembrou sobre a necessidade de fortalecer espaços coletivos de debates e disseminar as informações.
Por outro, lado ficou claro que o interesse de todos não é fazer críticas sem fundamento e sim colocar pessoas interessadas e qualificadas à disposição da prefeitura para tornar a política dos 400km o menos problemática possível, para todos, mesmo diante do complexo cenário de mobilidade nas cidades brasileiras. “É preciso elevar a barra da qualidade nas discussões; levar críticas que podem ser assimiladas pelo poder público”, explicou o diretor da Ciclocidade, Gabriel Di Pierro.
ligados ao planejamento
mais amplo da cidade”
– Marcos Jana
Infra
Em relação ao debate sobre implantação de infraestruturas, os pontos mais levantados foram a falta de planejamento a longo prazo, a necessidade de conexão com estruturas já existentes na cidade, sinalização, redução de velocidade, campanhas educativas e a convivência com os motoristas de ônibus.
“Não dá para pensar em ciclovias desmembrado dos outros modais. Os 400 km devem estar ligados diretamente ao planejamento mais amplo da cidade”, lembrou Marcos Jana. Outra demanda fundamental é ter um canal de fiscalização rápida das obras, disponível e acessível para qualquer cidadão comum.
comerciante local e com
as associações comerciais
é fundamental”
– Daniel Guth
Debate
Pensando em influenciar o debate público para minimizar cada vez mais as resistências à política de mobilidade por bicicletas, uma das ações levantadas foi a sensibilização imediata do comerciante do entorno, com pesquisas e dados que demonstrem o aumento do fluxo em áreas onde se investe em infraestruturas para ciclistas e pedestres.
“O diálogo com o comerciante local e também com as associações comerciais é fundamental. Temos evidências coletadas em diversas cidades pelo mundo que apontam o pedestre e o ciclista como os mais propensos a consumir localmente, no comércio de rua. Há cidades que apontam aumento superior a 50% no comércio local após implantação de infraestrutura cicloviária. Agora buscaremos coletar dados locais, relacionados à realidade brasileira e de São Paulo, para que também o comerciante enxergue o benefício e possa, finalmente, se apropriar das políticas públicas de infraestrutura à mobilidade ativa”, informou o diretor de participação pública da Ciclocidade, Daniel Guth.
Próxima Reunião Geral
Ao encerrar, Guth convidou a todos para fortalecer a associação e os espaços que existem dentro da entidade. A próxima reunião geral da Ciclocidade acontece dia 16 de julho, quarta-feira, a partir das 19h, em Pinheiros (Rua Medeiros de Albuquerque, 55). O foco do debate será a travessia de pontes e viadutos de São Paulo, pauta iniciada no mês de maio e um dos principais eixos de trabalho da associação. A reunião é aberta a todos, associados ou não.
Mais informações no site da Ciclocidade ou através do e-mail contato@ciclocidade.org.br
deve-se mostrar as vantagens da ciclovia aos comerciantes, como o Vá de Bike já falou-> http://vadebike.org/2011/09/uso-da-bicicleta-rende-3-bi-por-ano-ao-reino-unido/
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Como sugestão de ciclovias, aconselho à Prefeitura observar o seguinte mapa
http://labs.strava.com/heatmap/#11/-46.69903/-23.57716/blue/bike
Onde o azul é mais forte, é por onde passam mais ciclistas, é onde deveriam ser feitas as ciclovias. Agora, ter alguém com cabeça aberta para aplicar isso é que vão ser elas.
O Strava é usado principalmente por quem gosta de treinar, não é um aplicativo que todos os ciclistas usam. Mas já dá para se ter uma base de quais são as vias e direçoes mais utilizadas por ciclistas, que quais locais e para onde vão quem utiliza a bike como meio de transporte. Coloquei este link, apenas na esperança que chegue à alguém de mente aberta que esteja de alguma forma envolvido na criação das ciclovias possa dar uma olhada.
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