Sucessivos atropelamentos de ciclistas geram protestos e reação da Prefeitura de Manaus
Em apenas uma semana, dois foram atropelados. Pressionada, prefeitura promete campanha e sinalização de compartilhamento, além de participação popular
Após uma série de mortes de ciclistas, a prefeitura de Manaus não aguentou a pressão da imprensa e da opinião pública e resolveu convidar grupos e movimentos de ciclistas para uma reunião. Para chamar a atenção da população, do poder público e de motoristas, vários grupos de pedais da capital do Amazonas vêm realizando manifestações em ruas e avenidas da cidade onde ocorrem os incidentes.
Somente na última semana de janeiro, duas pessoas que circulavam em bicicletas perderam a vida por imprudências no trânsito. O caso mais alarmante foi o do jovem Leonardo Tavares do Nascimento, 17 anos, morto dia 25 de janeiro após ser fechado por um coletivo da empresa Vega Transporte enquanto estava a caminho do trabalho.
Em menos de 24 horas, no dia 26/1, outro incidente envolvendo ciclista ocorreu nas proximidades da Ponte Rio Negro, ligação entre Manaus e o município de Iranduba. No dia 28, sábado, mais um jovem de 17 anos também foi atropelado nas proximidades do aeroporto de Manaus. O ciclista foi socorrido pelo Serviço Atendimento Medico de Urgência (SAMU) e encaminhado em estado grave ao Pronto Socorro João Lucio. Em meio à onda de violência, os ciclistas se mobilizaram nas ruas e em redes sociais para cobrar da prefeitura políticas efetivas para a convivência segura entre bicicletas e veículos.
Ciclistas no comitê gestor da mobilidade urbana
A Equipe de reportagem do Vá de Bike procurou a prefeitura de Manaus, que informou em nota que em 30 dias será lançada uma campanha de sensibilização para o respeito ao ciclista. Além disso, também reservou um assento permanente para um representante dos ciclistas no comitê gestor da mobilidade urbana em Manaus.
A administração municipal prometeu ainda retomar o projeto das bikes compartilhadas e dar inicio à sinalização vertical e horizontal nas vias, visando chamar a atenção para o compartilhamento.
A reportagem também ouviu Paulo Aguiar, coordenador do movimento Pedala Manaus, que destacou: “já foram 16 mortes de ciclistas na região metropolitana de Manaus desde 2013 até hoje”. Paulo explica que apesar de muitas reuniões, discussões e promessas, nada foi feito por parte do poder público.
“Fica muito difícil acreditar em novas promessas quando muito já foi prometido e nada efetivado. Porém, vamos dar mais um voto de confiança por se tratarem de novos secretários e de um vice-prefeito à frente das questões de mobilidade urbana de Manaus. Vamos nos manter vigilantes e atuantes”, ressalta Paulo.
Educação para motoristas
O movimento Pedala Manaus informou que continuará com suas blitzes, fomentando o uso da bicicleta, realizando palestras em escolas e empresas e o Convivência Legal, programa que visa sensibilizar motoristas do transporte coletivo para assegurarem a distância mínimas de 1,5 mt entre o veiculo e a bicicleta, evitando as famosas “finas”.
O movimento acredita que através da Superintendência Municipal de Transporte Urbano (SMTU) o trabalho de conscientização nas empresas de ônibus possa se fortalecer, em parceria com os diversos grupos que trabalham em prol da bicicleta.
A cidade de Manaus tem a menor extensão de vias para bicicletas entre todas as capitais do país, com apenas dez quilômetros, somando duas ciclovias e uma ciclofaixa.
Políticas públicas que se baseiam exclusivamente em campanhas de educação e conscientização são inócuas pra reduzir a violência no trânsito. É necessário investir em infraestrutura, sinalização e fiscalização.
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