Com demolição de velódromo, equipe de pista pode acabar
Mesmo depois de muita polêmica, a prefeitura do Rio anunciou demolição e transferência de parte do velódromo para a cidade de Goiânia.
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou no dia 02 de novembro deste ano as primeiras decisões quanto ao projeto do Parque Olímpico para 2016. Entre as novidades está a oficialização da demolição do velódromo, prevista para acontecer em abril de 2013, que abriga os treinos e competições do ciclismo de pista e ginástica, além de uma agenda importante de projetos sociais voltados ao estímulo da prática esportiva.
Com apenas cinco anos de inaugurada e sendo o único legado do Pan-Americano, a pista do Rio recebeu investimentos federais e municipais – uma bagatela de R$ 14 milhões – para conseguir sediar as competições dos jogos em 2007. Mas não é adequada para receber as disputas olímpicas em função do ângulo da pista, número de vagas na arquibancada e a presença das colunas de sustentação. No espaço será construído um centro aquático, para as provas de natação. O Velódromo da Barra fica localizado no Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Decisão
Entre adequar o atual velódromo ou construir outro, a conclusão da prefeitura, feitas as contas, é de que reformar (R$ 126 milhões estimados) teria quase o mesmo custo que construir o novo (R$ 134 milhões). A obra será bancada pelo Governo Federal.
Durante a campanha eleitoral, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, havia se posicionado contrário à demolição da estrutura. “A gente faz as adaptações que forem necessárias, mas demolir não dá. As autoridades esportivas, a federação de ciclismo, podem vir aqui e olhar com calma o projeto”.
Parte do antigo velódromo, como a pista de pinho siberiano tratado na Holanda, será transferida e servirá na construção de um novo centro de treinamento de ciclismo, em Goiânia (GO), com recursos do Ministério do Esporte.
A nova estrutura no RJ está prevista para ficar pronta apenas em junho de 2015. E até lá? Onde os atletas treinarão?
Importante pensar, ainda, que não deve ser simples mover uma estrutura tão complexa em tão pouco tempo. Todos os equipamentos conseguem ser transportados de maneira que possa ser igualmente remontado em outra cidade, sem danos que o inviabilizem? Quantas perdas há nesse processo? Quanto será gasto? Há chances de sair muito caro e o governo federal simplesmente desistir da ideia? Qual o prazo para o transporte e montagem?
Por que ao construir essa estrutura não se pensou na possibilidade de fazer algo que já atendesse às regulamentações mais rígidas?
Manifestações e abaixo-assinado
No dia 15/11/2012, poucos dias depois do anúncio oficial, ciclistas aproveitaram a realização da última etapa do Campeonato Carioca de Ciclismo de Estrada para protestar contra a demolição do velódromo, além de colher mais assinaturas para compor o abaixo assinado iniciado na internet e proposto pela Federação de Ciclismo do Rio de Janeiro.
Na manifestação, cartazes traziam mensagens de indignação e apelo para que “salvem o velódromo”. Os atletas cariocas gostariam de ter na cidade duas pistas.
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De acordo com o presidente da Federação, Carlos dos Santos, outro grave problema é possibilidade de, após os jogos olímpicos, os atletas também perderem a nova pista. “Este velódromo poderia ser desmontado sim, depois que o outro estivesse pronto. Mas, que este outro não fosse provisório. Que fosse permanente. Eles querem montar outro pra desmontar no final da Olimpíada, nosso problema é muito maior, vamos perder tudo. Nós recebemos este presente, foi o único legado em 2007 do Pan, começamos a desenvolver o ciclismo de pista no Rio, que era inexistente, partimos do zero. Hoje, temos 6 projetos acontecendo no Velódromo. O impacto é voltar à estaca zero”, disse o dirigente.
Mas a prefeitura informou, durante o anúncio do projeto, que o novo velódromo não será provisório, mas sim definitivo. E Eduardo Paes respondeu duramente as críticas da Federação: “Vou afirmar que o novo velódromo que será construído no Parque Olímpico será definitivo e de alta qualidade. É inaceitável que um presidente de Federação faça demagogia. Ele está preocupado é com o desconforto de treinar em Goiânia. Se eu fosse ciclista, também preferia treinar no Rio“, disse ao site Terra.
A mesma matéria informa que o presidente da Federação de Ciclismo afirmou que vai entrar na justiça para ter um lugar para treinar.
Os atletas
Está rolando na internet o boato de que a equipe de treino Caloi LiveWright se desfez, acabou no dia 07/12/2012.
O Vá de Bike entrou em contato com a agência ZDL, que faz a assessoria de imprensa da equipe, mas os responsáveis não confirmaram o caso e disseram não haver um “posicionamento oficial sobre a questão”.
Olha aí os Grandes Projetos afetando a vida do cidadão comum. Além dos ciclistas perderem o velódromo, um tanto de instalações comunitárias em volta do Maracanã serão destruídas, pessoas serão removidas e não indenizadas. O paralelo com as usinas hidrelétricas instaladas no Rio Madeira e provocando impacto sócio-ambiental desastroso é evidente pra mim.
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