Relato de um roubo (ou quase isso)

O leitor Pedro Peron passou um susto uma noite dessas, em São Paulo. Saiba o que o ladrão levou.

Texto enviado pelo fotógrafo Pedro Peron, via Facebook.

Pedro Peron. Foto: arquivo pessoal
Pedro Peron. Foto: arquivo pessoal

Amigos, atenção! Novo golpe!

Aconteceu comigo, Pedro Peron.

Segunda passada fui tomar uma cerveja na Roosevelt. Na volta, cerca de uma da manhã, estava subindo a Augusta deserta empurrando a bicicleta, acompanhando uma amiga que (ainda) não pedala.

Perto do Casarão fui abordado de supetão por um cara maltrapilho, provavelmente morador de rua, que andava na mesma calçada em sentido contrário:

– Ôu! Peraí.
Parei, meio desconfiado, mas sem medo. Olhei nos olhos dele, pensei não ver maldade ali.
– Você que anda de bike… eu andava de bike também.
– Ué, e porque parou?, interrompi.
– Ah mano, eu to na rua agora, né.
– …
– Tenho um negócio aqui – e falando isso, levantou a blusa e enfiou a mão por baixo. Dois ou três longos segundos se passaram antes que ele tirasse da cintura e imediatamente apontasse pra mim uma assustadora… lanterninha pisca-pisca de led. Bem forte, por sinal.
– Achei no chão ali em cima, parece que tá novinha. Toma, adapta aí no teu guidão, é bom.
– Pô… brigadão!
Estendi a mão para dar um forte aperto de obrigado, mas ele só mandou um frio cumprimento tapinha-soquinho, como se não fosse nada. Virou as costas e retomou seu rumo.

Nem percebi que, nesse momento, num movimento quase imperceptível, ele roubou de mim quase toda a mesquinhez que eu levava nos bolsos e no peito. Ladrãozinho de merda.

20 comentários em “Relato de um roubo (ou quase isso)

  1. Isto não pode ficar assim, Pedro e outros amigos que já foram roubados desta forma indigna, sem termos proteção nenhuma. Acredito que ações drásticas devam ser tomadas. Não basta andar de bike para aliviar o trânsito, reciclar, economizar recursos, são apenas paliativos.
    Contra esta atitude inesperada, temos que tomar em nossas mãos o destino da cidade.
    Levem isto como um alerta, para que vc nunca mais seja surpreendido com um ato destes.

    Polêmico. O que acha? Thumb up 5 Thumb down 6

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  4. muito bonito. no meu caso o roubo foi da bike mesmo… dois moleques me jogando no chão e me chutando no meio de uma avenida movimentada de sp. desisti da bike e aos poucos desisto de viver nessa cidade. O relato é lindo… porém, não encorajo ngm a andar a noite de bike sozinho. Sei lá… pra mim foi traumático demais.

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    1. ando sozinho à noite e não me sinto ameaçado, de modo algum. passo por debaixo de uma ponte (ligação guarulhos-são paulo), que concentra alguns moradores de rua que, talvez, possam também usar drogas (assim como a super elite nacional que tb usa, mas disfarça bem, apesar de não ver problema nisso…). enfim, passo por ali todos as noites. apenas uma vez fiquei com receio, quando vi dois rapazes, q justamente não pareciam serem moradores de rua, e que queriam cruzar a avenida: iria ao encontro deles, mas resolvi pedalar mais forte para evitá-los. provavelmente não aconteceria nada, mas resolvi passar mais rápido assim mesmo. tirando isso, as ruas (e estou falando dos “perigosíssimo” jaçanã em sp e vila galvão em guarulhos) são seguras. há assaltos, certamente, mas numa escala muitíssimo menor do que noticiam. o que eu vejo é preconceito (que também carrego) contra pessoas que nos surgem como ameaça, mas, amigos, tenham certeza que eles receiam mais a nossa aproximação, pois o que sofrem nas ruas não é brincadeira… além de serem acossados por policiais criminosos, enfrentam o terror de grupos de extermínio e jovens “brincalhões” que não receiam em bater em moradores de rua ou, quando não, apenas para “assustá-los” meter-lhes fogo. tenho medo sincero é dos motoristas… esses sim são de dar calafrios: eles passam por mim como se não existisse e aceleram, aceleram até quase voltarem no tempo! não importa o que dizem as leis: eles bebem, aceleram e acessam o face ao mesmo tempo. e todos, claros, se rotulam como cidadãos de bem, exploradores pelo governo, etc… pedalar à noite é muito prazeroso. ocupar os espaços públicos é vital para a cidade ser mais segura. como as ruas foram transformadas em desertos, já que estão todos nos carros, indiferentes a tudo, o que restou é a desconfiança e medo. mas eu acho q isso é mais um misto de covardia com egoísmo mesmo.

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  5. tb aconteceu comigo no trem indo p osasco este fim d semana: um senhor tatuado um pouco sujo pegou na minha bike, e começou a explicar os encaixes do quadro. era um soldador profissional… me deu uma aula!

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