Foto: Willian Cruz

Vistoria avaliou alternativas para trecho da Ciclovia Rio Pinheiros que será interditado

Veja como foi a vistoria para avaliar alternativas enquanto durar a interdição do trecho de 4,6km da Ciclovia Rio Pinheiros. Relato e fotos.

Ciclistas se reuniram com representantes do Metrô, CPTM e Consórcio Monotrilho para avaliar maneiras de utilizar a margem oposta do rio. Foto: Willian Cruz
Ciclistas se reuniram com representantes do Metrô, CPTM e Consórcio Monotrilho para avaliar maneiras de utilizar a margem oposta do rio. Foto: Willian Cruz
Avaliando as possibilidades de transposição do rio na região da Vila Olímpia. Ao fundo, a Usina de Traição. Foto: Willian Cruz
Avaliando as possibilidades de transposição do rio na região da Vila Olímpia. Ao fundo, a Usina de Traição. Foto: Willian Cruz

Na manhã desta segunda-feira, 7 de outubro, foi realizada uma visita à Ciclovia Rio Pinheiros para estudar formas de transpor o rio, para que os ciclistas possam utilizar a margem oposta no trecho que será inevitavelmente interditado por dois anos, para realização das obras da linha 17-Ouro (Monotrilho). A interdição está suspensa até que uma alternativa seja criada para atender ao fluxo de ciclistas.

Participaram da inspeção representantes do Metrô, CPTM e Consórcio Monotrilho, além dos ciclistas Willian Cruz (Vá de Bike), Daniel Guth (Ciclocidade), Felipe Aragonez (Instituto CicloBR), André Pasqualini (Bicicreteiros) e Rex, Murilo e Renata Falzoni (Bike é Legal).

Já está praticamente certo que será utilizada a pista da outra margem do rio, com alguma adequação. A vistoria acabou se atendo mais a maneiras de cruzar o rio para utilizá-la. Acompanhe.

Vila Olímpia

Logo no início da expedição, seguindo rumo à Zona Sul, paramos nas imediações da Usina Elevatória de Traição, ainda na Vila Olímpia, para estudar como poderia ser feita a travessia. É possível identificar visualmente uma área seria possível atravessar, nas dependências da usina, e essa foi a primeira sugestão do grupo de ciclistas. Mas essa opção teve de ser descartada, pois não seria possível abrir o acesso à área da usina, de responsabilidade da EMAE, por questões de segurança.

Qualquer que seja a solução adotada para transpor o rio, não poderá ultrapassar aquele muro apontado pela seta, que demarca a área da Usina. Foto: Willian Cruz
Qualquer que seja a solução adotada para transpor o rio, não poderá ultrapassar aquele muro apontado pela seta, que demarca a área da Usina. Foto: Willian Cruz

Os representantes das companhias de transporte sugeriram a disponibilização de uma balsa, que transportaria os ciclistas de um lado ao outro do rio, sugestão não muito bem aceita pelos ciclistas, pois lhe faltará praticidade. Quando o operador precisar se ausentar (almoço, uso do banheiro, etc.) será preciso haver alguém para sustituí-lo. Se o motor da balsa der alguma pane, também deve haver uma embarcação reserva que possa ser usada em seu lugar. E em um final de semana de ciclovia lotada, ela pode não dar conta.

Uma passarela fixa precisaria ser alta, pois as balsas precisam ter 10 metros de espaço em altura, mais 3 metros para prever variações do nível da água.

Uma passarela flutuante impediria a passagem das balsas, mas os ciclistas sugeriram que ela seja móvel, de forma que possa ser “solta” em uma das pontas e posicionada paralelamente à margem, na eventualidade da passagem de uma embarcação – o que acontece com baixa frequência.

Os engenheiros ficaram de avaliar todas essas possibilidades. Mas antecipo que a tendência, infelizmente, é que optem pela balsa, que é a solução mais fácil, apesar de apresentar uma série situações que precisarão de planejamento de contingência. Além disso, é uma solução de eficiência limitada, pois faz o ciclista ter de esperar para conseguir cruzar o rio e continuar seu caminho, o que pode acabar diminuindo a frequência de uso da ciclovia.

Ponte João Dias

É quase certo que o outro ponto de travessia seja montado na mais baixa das pontes do complexo João Dias (a do meio, mais antiga), como foi sugerido na reunião da sexta-feira, 4 de outubro.

Sobre a ponte, André Pasqualini mostra o ponto onde pode ser construída uma rampa, que levaria  à lateral da pista da ciclovia. Foto: Willian Cruz
Sobre a ponte, André Pasqualini mostra o ponto onde pode ser construída uma rampa, que levaria
à lateral da pista da ciclovia. Foto: Willian Cruz
A ciclovia vista de cima da ponte. Repare que a altura a ser vencida não é tão grande. Foto: Willian Cruz
A ciclovia vista de cima da ponte. Repare que a altura a ser vencida não é tão grande. Foto: Willian Cruz

Na lateral dessa ponte há uma passagem de pedestres, que não é mais utilizada pois atualmente a pista desemboca na Marginal Pinheiros. Na área do arco da ponte, o trecho mais estreito, há espaço para passar uma bicicleta e meia, ou seja, com jeitinho passam dois ciclistas em sentidos opostos.

No final dessa passarela, há hoje um “barranco” que permite descer à àrea da margem onde fica a atual pista de terra. Seguindo adiante, há um certo transtorno para conseguir sair na lateral da ponte nova da João Dias, passando por baixo dela em um trecho nada agradável, que precisa ser revitalizado. Veja em nossa galeria.

De qualquer modo, aproveitar a estrutura dessa ponte não está difícil, dá para fazer também um acesso externo à área da ciclovia e a receptividade a essas ideias foi boa. Há ainda a opção de uma balsa também nesse ponto, levando os ciclistas de uma margem à outra, mas essa definitivamente não seria uma solução satisfatória. Ainda mais com a ponte logo ali.

Sendo feito o acesso/transposição nessa ponte, não há porque não torná-lo permanente. Isso ajudaria muita gente que hoje cruza as pontes da João Dias diariamente, aumentando substancialmente o uso da ciclovia.

A passarela na lateral da ponte e o acesso à pista de terra, que pode ser vista após as duas colunas da ponte nova. Foto: Willian Cruz
A passarela na lateral da ponte e o acesso à pista de terra, que pode ser vista após as duas colunas da ponte nova. Foto: Willian Cruz

A pista do outro lado

A pista do outro lado é de terra/areia, bastante irregular em alguns trechos mas bem “batida” e transitável em praticamente todo o percurso. Em dias de chuva, como durante a vistoria, formam-se poças e trechos com lama, bastante escorregadios.

Algum tratamento deve ser feito sobre a via. Foram sugeridos “pedriscos” e asfalto, mas a solução de qualquer maneira deve contemplar também o tráfego de veículos de serviço que precisam circular por ali. Enquanto estávamos no local, alguns caminhões pesados passaram pelo local.

O mais importante é que a pista já existe e poderia até ser usada por parte dos ciclistas, notadamente os mais desapegados com terra e poeira e com bicicletas de qualidade razoável. Treinamento ali, hoje, só de mountain bike.

Mas e aí, o que decidiram?

Ainda não decidiram. As alternativas serão avaliadas por equipes técnicas e provavelmente teremos alguma indicação ou nova conversa até o final dessa semana. Há pressa em solucionar o caso, pois a obra já deveria ter iniciado.

Vá de Bike continuará informando sobre o desenrolar da situação. Acompanhe-nos aqui pelo site, no Twitter e no Facebook.

Fique por dentro da interdição da Ciclovia Rio Pinheiros
Galeria com as fotos da vistoria

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Mapa com acessos e horários da Ciclovia

14 comentários em “Vistoria avaliou alternativas para trecho da Ciclovia Rio Pinheiros que será interditado

  1. Desculpa mas as alternativas apresentadas não passam de mera demagogia, não vão servir de nada, apenas para falar que tentaram…Oras, eu não entendi até agora por que precisam interditar apenas um dos lados da marginal, isso ninguem explica…oras se um dos lados vai ficar livre por que não utilizaram aquele lado?? sem contar que a empresa que está lucrando com a construção deveria fazer uma obra de compensação, que seria fazer uma ciclovia igual a que tem hoje do outro lado da marginal, para que os mesmos Km fossem usados, ou ainda fazer as pontes para transposição…

    Enfim essa situação é deprimente e só demonstra a falta de compromisso que o governador de SP tem para com os cidadãos de São Paulo…

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  2. Só no Brasil mesmo KKKKKK, Se já tivessem pensado em uma solução antes de anunciar desastrosamente que a ciclovia ficasse fechada por 2 anos, nada disto tudo seria nescessário, protesto, discussão etc etc.

    Se fosse em outro pais que leva as obras a sério,e não costuma fazer serviço PORCO, mesmo antes de construir esta ciclovia já teriam feito ou o tal monotrilho para depois adequar a ciclovia ou quando construiram a cilcovia já teriam projetado os desvios e deixado os espaços definidos para a obra, assim ninguém atrapalharia ninguém, e todo mundo ficaria feliz.

    Mas não…estamos no Brasil né ! Simplificar pra que???

    Lamentável

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  3. Quero acrescentar à discussão o seguinte: fico feliz com a sinalização de um acesso (possivelmente permanente) pela ponte João Dias. No meu trajeto diário eu passo sobre essa ponte (venho da região do Capão Redondo), então vou 2km no sentido contrário do meu destino, até onde fica o acesso à ciclovia em Santo Amaro, daí pedalo esses 2km voltando pela ciclovia, até passar por baixo da mesma ponte João Dias. É uma notícia boa.

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  4. E se fosse criado o acesso ao outro lado do rio pela ponte cidade jardim? Olhando o google maps, parece muito interessante, pois temos a rua passando ao lado da usina, que me parece ser bem tranquilo a execução de melhorias!

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  5. O pessoal que está em negociação com os órgãos públicos poderia requerer uma contrapartida pelos transtornos causados pela obra. Ouvi dizer que foram citados iluminação e ampliação do horário de funcionamento. Além destes dois itens, o prolongamento da ciclovia no sentido Marginal Tietê é fundamental para quem pratica esportes, compensando o trecho interditado. É possível estender até a Ponte dos Remédios, criando um acesso ali. Aos domingos, a ciclofaixa poderia interligar os parques Villa Lobos e Remédios, utilizando para isso a ciclovia. Essa interligação pode acontecer durante a semana por ciclorrotas. O problema não pode ser tratado apenas como de mobilidade, mas também de incentivo e prática esportiva. O governo tem obrigação de olhar pra isso. Muitos atletas usam este espaço para treinar e não haverá substituição. Uma obra dessas é “barata” e não exige muito tempo de execução. E outra, depois que acabar a obra do metrô, como vai ficar a ciclovia?

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  6. Não desativar esta parte da ciclovia será um tremendo ganho no ponto de vista da mobilidade, conheço muitas pessoas que vem do Grajau e a ciclovia é essencial neste trajeto.

    Porem do ponto de vista dos atletas, a balsa vai matar os treinos, se o sujeito ficar uns 10 minutos esperando uma balsa já esfria o corpo, perde o ritmo do treino, a plataforma flutuante seria bem melhor pois permitiria diminuir o ritmo, atravessar o rio em pouco tempo e continuar o próximo intervalo de treino, fora que a solução da outra margem sem asfalto também inviabilizaria as bikes de competição.

    Uma pena, pois não conheço outro local na capital onde conseguimos fazer um treino tão intenso sem se preocupar com motoristas malucos que pensam que você deve desviar deles e não o contrario. Talvez se houvesse alguma alternativa para disponibilizar a ciclovia completa apenas aos Domingos já seria ótimo.

    De qualquer forma, pretendo me despedir da ciclovia antes da interdição, será a ultima vez que conseguiremos cravar um treino de CRI na ciclovia completa, quando interditarem só daqui a 2 anos voltaremos a ter este prazer.

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    1. Mandou bem no seu comentário.

      Para quem treina, ficaremos com uns 6 kms do villa lobos até vila olimpia. Explicar para esses incompetentes o que é treino é perder tempo.
      Acho que quando planejaram a obra, lembraram que existe um ciclovia lá, que muitos utilizam e que agora estão correndo atrás do rabo para compensar aqueles que usam para trabalhar e ficarão sem alternativa.

      Enfim, resta lamentar. Até agora não entendi porque não usar a travessia pela usina. Qual o risco ? Não poderiam fazer um isolamento naquele pequeno trecho ? Incompreensivel…

      Abs,
      Ricardo

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  7. Achei a melhor solucao a ideia de uma plataforma flutuante com abertura no meio movel para abrir só quando barcos passarem.
    A idéia da balsa só dará certo se tiver no minimo 2 e com horarios definidos. Tipo uma travessia a cada 5 min. Quando uma sai de uma margem, a outra sai da outra margem (meio obvio eheheh).
    Assim não fica ninguem muito tempo esperando.
    As balsas durante a semana podem ser pequenas, para uns 10 ciclistas cada. Durante o final de semana devem ser maiores.

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  8. O fechamento é necessário e inevitável, conseguir uma alternativa é uma vitória para todos ciclistas graças há poucos ativistas! E para toda sociedade deve ficar a lição que temos o direito de pedir alternativas principalmente quando a “burrocracia” diz “não”!

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    1. Se ninguém tivesse reclamado ficaríamos dois anos sem um trecho importante da melhor ciclovia da cidade, apenas por puro esquecimento do pessoal responsável pela obra.

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  9. Infelizmente pagamos pela falta de planejamento das autoridades. Simplesmente fizeram o cronograma da obra e só com a repercussão perceberam que existem ciclistas que utilizam a ciclovia…

    A alternativa de balsa se torna inviável, ficaremos ” esquecidos ” nas margens do rio, até gerar um fluxo significativo de ciclistas, aposto ! A travessia deveria ser pela usina, não vejo dificuldade nisso, basta um isolamento simples para utilizamos.

    Eu como utilizo como treino 3 dias uteis e nos finais de semana, terei que me contentar com poucos kms entre o Villa lobos e vila olimpia.Farei vai e volta inúmeras vezes…Já quem usa para o trabalho, lamento e cuidem-se na marginal pinheiros.

    Lamento, mas estou pessimista para a situação.

    PARABÉNS GOVERNANTES !

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