Calçadas foram alargadas na região. Nesse ponto, a ciclovia passa por trás de um ponto de ônibus. Foto: Rachel Schein

Estrutura cicloviária na periferia aponta tendências no planejamento de São Paulo

Aumento do uso da bicicleta, redução de deslocamentos e melhor convivência entre ciclistas, pedestres e transporte coletivo sinalizam novos caminhos para a cidade.

O secretário de Transportes Jilmar Tatto (de bicicleta e capacete amarelos) e o prefeito Fernando Haddad (numa dobrável) pedalaram pelas ciclovias do Jardim Helena. Foto: Rachel Schein
O secretário de Transportes Jilmar Tatto (de bicicleta e capacete amarelos) e o prefeito Fernando Haddad (numa dobrável) pedalaram pelas ciclovias do Jardim Helena. Foto: Rachel Schein
Bicicletário lotado denota uso intenso da bicicleta na região. Foto: Rachel Schein
Bicicletário lotado denota uso intenso da bicicleta na região. Foto: Rachel Schein

São Paulo inaugurou seu centésimo quilômetro de ciclovia no mês de outubro, no Jardim Helena, zona leste da cidade, como havíamos antecipado aqui no Vá de Bike. Como parte parte do projeto de 400 km prometidos até o final de 2015, o bairro da periferia ganhou mais 8,2 km de faixas segregadas que, junto com os 3,7 km inaugurados duas semanas antes, completaram quase 12 km. A inauguração foi na praça Craveiro do Campo, que conta com internet gratuita – parte do mesmo plano que integra praças e ciclovias.

Segundo Ronaldo Tonobohn, superintendente de planejamento da CET, ainda serão implantados mais 8 km na região, conectando-a a Itaquera. Hoje as ciclovias atendem as principais vias, passando por escolas, comércios locais e chegando até a estação de trem Jardim Helena/Vila Mara, que já conta com um bicicletário. O local guarda cerca de 250 bicicletas por dia e não é suficiente para atender a demanda. Alguns ciclistas preferem pedalar até o Itaim Paulista, a cerca de 4 km de distância, para garantir uma vaga.

O subprefeito de São Miguel Paulista, Adalberto Dias de Sousa (popularmente conhecido como “Tim Maia”), conta que o bairro tem cerca de 160.000 habitantes e calcula que de 20 a 30% da população use a bicicleta como meio de locomoção. “A maioria das pessoas trabalha fora daqui, então é muito comum elas pedalarem até a estação de trem”, esclarece.

Cruzamento com rotatória no Jardim Helena: em testes. Foto: Rachel Schein
Cruzamento com rotatória no Jardim Helena: em testes. Foto: Rachel Schein

Indo além da bicicleta

Algumas novidades foram aplicadas e serão testadas, como os cruzamentos com rotatórias e alargamento de calçadas para possibilitar maior conforto e mais espaço para pedestres e ciclistas. As obras foram feitas com os recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano – Fundurb.

O prefeito Fernando Haddad (PT) também anunciou recentemente um edital para a recuperação das calçadas, o que, segundo ele, aproxima o pedestre do ciclista e melhora a relação entre os dois. “Tem gente que paga academia. A cidade pode ser sua própria academia, pode ser seu próprio parque. Você vai transformando a relação do cidadão com a cidade e da cidade com o cidadão”, disse o prefeito.

Calçadas foram alargadas na região. Nesse ponto, a ciclovia passa por trás de um ponto de ônibus. Foto: Rachel Schein
Calçadas foram alargadas na região. Nesse ponto, a ciclovia passa por trás de um ponto de ônibus. Foto: Rachel Schein

Pensando num plano geral de uma cidade integrada, onde mobilidade e moradia se conectam, Fernando Haddad conversou com a população do bairro sobre os CEUs (Centros Educacionais Unificados) terem universidade. “Importante avisar os jovens que eles hoje podem fazer universidade pública dentro dos CEUs, e acompanhar os editais de vestibular pra não precisarem se deslocar tanto tempo pra terem acesso à educação superior”, alertou o prefeito, durante a inauguração no Jardim Helena.

Além disso, a expansão de faixas exclusivas e corredores permitiu que a velocidade dos ônibus aumentasse em 46%. “Hoje os trabalhadores e os estudantes não precisam perder tanto tempo de deslocamento”, comentou Haddad. Para o prefeito, isso significa ter mais tempo para se dedicar à familia, aos filhos e representa maior qualidade de vida.

Quanto ao plano  cicloviário, Haddad espera que com o aumento de ciclovias,o número de ciclistas triplique. “São Paulo tem 500 mil ciclistas atualmente. Seria razoável que tivéssemos um milhão e meio de ciclistas. Isso vai melhorar a saúde do paulistano, vai melhorar o ar que a gente respira e vai melhorar o tempo de deslocamento das pessoas da casa pro trabalho, do trabalho pra casa”, afirmou. “ É uma vantagem enorme que estamos oferecendo pra cidade e e uma oportunidade de repensarmos a vida urbana.”

3 comentários em “Estrutura cicloviária na periferia aponta tendências no planejamento de São Paulo

  1. Tem que pressionar a prefeitura para concluir a ligação itaim (cptm) – itaquera (metro)… fizeram apenas um trecho que que encerra na rua cardon na vila progresso…. é pra ontem

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  2. Como qualquer estrutura viária, como a do metrô, trem, ônibus, acho que deve se pensar também nos trajetos bairro-bairro e de um anel cicloviário. Acredito que um dos anéis possa surgir a partir de ciclovias nas marginais, como a do Pinheiros, estendendo para o rio Tietê, e nas duas margens. Só com isto, dará para aumentar consideravelmente a malha cicloviária (!).

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