Grrrr!

Odeio ciclistas! Odeio bicicletas!

Não aguento mais esse tipo de gente!

Grrrr!
Grrrr!

Calma, nosso site não foi invadido. Leia a crônica que recebemos do leitor Cid Kamijo e você entenderá. 😉

EU ODEIO BICICLETAS!! EU ODEIO CICLISTAS!! E NEM SEI QUEM SÃO!

São 07:30 de uma segunda-feira, estou saindo de carro para aquela rotina desgastante de trânsito vagaroso e lotado, que ódio!

Eis que na minha saída da garagem passa uma bicicleta e pede passagem como se fosse um veículo1, odeio bicicletas! Deixo o “ser” de roupas coloridas passar com seu sorriso irritante e sigo meu caminho, odeio ciclistas! Paro no sinal e lá está ele, ao meu lado parado no sinal se comportando como devesse seguir alguma lei de trânsito, hahahaha ridículo! odeio falsos moralistas! O sinal abre e ele quer disputar espaço comigo, deixo apenas um fio de cabelo de distância entre nós2, vai disputar espaço na calçada, pelo menos isso sei que é ilegal3. O trouxa me olha ainda sorrindo, faz sinal de negativo e pede que eu afaste um pouco, odeio gente que sorri o tempo todo! Para a minha sorte no próximo sinal paramos e ele seguiu seu caminho, ainda é burro, desceu da bicicleta para atravessar a faixa de pedestre4, bem mais rápido passar pedalando, odeio burros! Sinal abre e sigo em frente, 30 minutos para percorrer 5 km, uma verdadeira tortura, odeio engarrafamentos! 32 minutos depois eis que meu dia me reserva mais irritação, novamente surge o “ser” sorridente com roupas coloridas, será que vou ter que meter a mão na buzina e colocar ele no lugar dele dessa vez?5. Noto que traz consigo uma sacola reciclável de um supermercado que fica 6 km de distância do nosso ultimo encontro… Como pode essa “praga” andar 12 Km e ainda assim me encontrar a apenas 5 km de onde nos separamos, com sacola “ecologicamente correta” e ainda com aquele sorriso irritante? Odeio alternativos e bichos-grilos simpatizantes do Greenpeace!! Seguimos juntos, mas graças ao meu bom Deus agora ele tem uma rota para ele, ciclovia, ciclofaixa, sei lá como chama, pra mim é a mesma coisa desde me separe dele, e por estar separado ele consegue ir mais longe, fico aliviado de perder de vista “aquilo”. Mais a frente avisto o dito cujo tomando água de coco e sentado ao lado de uma árvore, não falei que era bicho grilo? Depois querem me taxar de preconceituoso… pelo menos sigo na frente e o deixo pra trás, tchau!!! 4 sinais adiante “ELE” o homem da calça de fita isolante com capacete verde fluorescente, me passa de novo… será possível que esse desempregado que não paga imposto vai fazer parte do meu dia até o trabalho? Nem com pausas dele eu consigo ganhar essa corrida? Mas calma que rola “A Lei é do mais Forte”, na próxima que parear comigo não terei pena, sou maior que ele, tem que me respeitar6, abriu o sinal, o dito cujo está bem a frente, ainda fingindo ser um carro, esperando o sinal abrir, vou passar a mais de 80 km/h bem perto só pra ele sentir quem é o mais rápido7, esse grilo pedalante vai aprender que não pode disputar comigo. Passei!!!! Ele para ao lado novamente, odeio sinais!!! Dessa vez olha para a porta do meu carro, avisa que está aberta, sinto que quer se entrosar… sem chances, nem agradeço. Ele olha para a porta de trás onde tem a logomarca da empresa onde trabalho e dá um sorrisinho, deve estar se vangloriando de ser desocupado, ter tempo para ficar passeando por aí de “bicicletinha” e zombando porque tenho que trabalhar, odeio desocupados! Ele some novamente, dobrou, me senti um pouco ofendido em saber que o fato de ser trabalhador foi arma para o sorriso dele, decido me dar uns 10 minutos de folga, paro meu carro em um acostamento colorido de vermelho e “olhos de gato”, aquele treco que brilha quando bate luz8, parabéns prefeitura que faz acostamentos tão bem sinalizados, cuidando de nós motoristas e não desses “caras de bike”9. Finalmente chego ao trabalho, me informam que tenho uma reunião de ultima hora, fomos vendidos a uma multinacional e é dia de ser apresentado ao novo “bam bam bam”, me arrumo, entro na sala e me deparo com um senhor de aparentemente 56 anos, magro, porte meio atlético, sorriso no rosto, semblante amigável, fico feliz já com essa recepção. Conversamos muito, ele me fala das 32 empresas que administra, dos mais de 1200 empregados diretos e indiretos, das ações sociais, me sinto muito bem, parece que tudo vai melhorar e esquecerei a experiência com o grilo pedalante provocativo, foi muito prazeroso, ganhei o dia, nos despedimos com um caloroso aperto de mão e até um abraço, coisa que nunca tive sequer de um gerente, mas do dono TIVE, que felicidade! Ao sair me deparo com o capacete verde fluorescente em cima de uma bicicleta e reluto em acreditar que o grilo está por ali, eis que pergunto ao rapaz da garagem de quem é aquela bicicleta e ele sorri e diz: “Do nosso novo patrão, ele chegou uns 20 minutos antes de você”. ODEIO odiar aquilo que desconhecia! Um filme se passa da minha cabeça, alguns conceitos mudam, me sinto mal e confuso. Não, decididamente não vou comprar uma bicicleta, nem adianta! Mas… volto para casa diferente hoje, volto incomodado, algo mudou, algo… transformou-se dentro de mim, algo… novo. ODEIO NOVIDADES !!!!

Obs.: Optamos por preservar a formatação e grafia da postagem original, já que ela simula um relato indignado que teria sido escrito dessa forma mesmo. As notas ao longo do texto faziam parte do original, tendo sido baseadas em nosso texto que esclarece o que a lei de trânsito diz sobre bicicletas.

27 comentários em “Odeio ciclistas! Odeio bicicletas!

  1. Pessoas mal educadas existem em todos os lugares, é bonito a pessoa vir aqui e falar que tal pessoa não respeita isso ou aquilo, não respeita as leis de trânsito, a é? Quantos pedestres atravessam a rua com o farol aberto para o carro, e ainda atravessa mexendo no celular, o motorista que espere né!? Acredito que é isso que a pessoa deve pensar.
    Enfim, respeito tem que vir de todos os lados!
    Agora se você não gosta de andar de bicicleta ou prefere ir de carro, moto ou transporte público não é problema dos ciclistas, vá se feliz a sua maneira e nos deixe ser feliz a nossa!

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  2. voces são como uma seita, querem se impor de qualquer jeito, quanto mais se mostrarem melhor – a verdade – não respeitam ninguem e principalmente pedestre, têm preferencia na mobilidade sabia.
    voces gostam de provocar, causar e adoram ser arrogantes – so para constar não dirijo ta.
    Sinceramente, acho que voces nunca vão convencer o mundo andar de bicicleta, ou pelo nome fresco que voces gostam bike, mas quando as reservas de petroleo acabar e não houver alternativa para locomoção, talvez voces vençam, mas ate la ( como se estima uns 150 anos para uso comercial do petroleo, voces ja estarão com certeza em outra – talvez cheguem ate de bike e não verão o sonho se realizar ).

    Da nojo ver o ativismo de voces, ande de bicicleta voce, mas não tente convencer os outros a serem iguais a voces e tambem respeitem quem dirige automovel- nossa agora to forçando !

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    1. Isso que você acha só existe na sua imaginação Valdir, não existe “seita”, apenas uma parte dos ciclista se reune e organizar para correr atrás daquilo que acham correto, vejo os ciclistas bem mais engajados politicamente que outros grupos, atitude que deveria ser copiada para os outros problemas da sociedade, saude, educação, moradia, violencia, transpoarte , etc. “Provocar, causar e ser arrogante” SEM VANDALISMO é uma forma válida de chamar a atenção para os porblemas e cobrar soluções, agradeça por isso.

      Já “convencer o mundo” é nada além de uma “ideia fixa” que você colocou na cabeça, duvido que você e a população inteira da cidade sejam tão influenciáveis e volúveis assim, mas para aqueles que não aguentam mais o trânsito, ônibus e trens lotados, que querem uma viagem mais leve, livre e tranquila ou buscam saude fisica/mental as ciclofaixas são uma alternativa no minímo interessante.

      E uma coisa que sempre recomendo para quem vem nesse estado de nervos aqui, revise seus conceitos, ouça o outro lado, relaxe, se divirta mais, se exercite e se quiser pagar para ver, pedale, é gostoso, relaxante, a sensação de liberdade é ótima.

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      1. Silvano, tenho bicleta – uma caloi dez gosto muito dela, pela distancia seria impossivel ter que ir trabalhar todo dia com ela, pois voce sabe mais do que eu as cilovias ainda não estão totalmente integradas, uso transporte publico.
        Não sou contra o modal de ninguem acho que cada um tem as suas necessidades e preferencias e todos tem que respeitar todos, so não acredito que radicalismo ativista muda o conceito de alguma coisa, pelo contrario acaba gerando mais ódio.
        Agora voces cobram muito os seus direitos e tudo mais, mas na pratica vejo pouco ciclista respeitar alguma coisa, não seria tambem a hora de voces começarem a dar o exemplo – sei tambem que existe exceções como tambem tem em quem dirige carro.

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    2. Vc tá precisando de endorfina Valdir, se não gosta de bike vc pode tb jogar bola, fazer academia, caminhar no parque. Ser ativo é uma coisa necessária para ganhar endorfina e ser mais feliz moço. O mundo já anda de bike: Berlim, Tókio, Califórnia, Nova York, Paris, Moscou mandam lembranças, só falta os paulistas se engajarem tb 🙂

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    3. Creio que o Valdir está se referindo àqueles radicais-fundamentalistas -talibanicos que acham que todos os carros deveriam ser queimados e eliminados da face do planeta, e que todos os infiéis que, se não são contra, pelo menos divergem de opinião, devem ser condenados ao mármore do inferno até o fim dos tempos, hehehe…é ridículo, mas incrivelmente, existem pessoas assim,não só no cicloativismo, mas em quase todos os “ativismos” que existem. São poucos, mas fazem um barulho danado.
      Agora, uma atitude que me desagrada mesmo são aquelas hordas de ciclistas que, quando o semáforo fecha, continuam atravessando o cruzamento, às vezes ficam alguns fazendo barreira na via em que o semáforo está verde, a maioria das pessoas se irrita com isso, pois prejudicam também os pedestres que querem atravessar. Respeito é uma via e mão dupla.

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  3. É apenas um pedido aos amigos ciclistas, você poderiam respeitar(alguns) a faixa de pedestres, eu por ex. já fui a o atravessar a faixa, surpreendido por uma bike que vem lá de traz dos carros parados e tira uma fina dos pedestres e vai embora, se ele tivesse uma chapa identificadora como os carros com certeza não faria isso, quando a punição quando atinge o bolso das pessoas elas resolvem ser corretas, obrigado

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  4. hoje uma senhora bem velha e visivelmente mal-humorada me abordou na calcada de frente pra ciclofaixa da vergueiro, eu estava a pé….mas algo em mim despertou a vontade dela em reclamar sobre isso. Ela me disse apontando pra ciclovia: “essa porcaria aqui….”, Ai eu falei: “É legal, muito legal..” e ela respondeu: “O QUE?! Legal? é legal pra idiotas, vc nao trabalha ne?”

    cara, que gente infeliz e doente é essa?

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  5. Excelente texto! Essa postura dos motoristas reflete uma percepção errada, construída por décadas. Os filhos dessa turma terão outra atitude, quem sabe?

    Pois é, olha que solução inventamos, há 100 anos, para as pessoas se deslocarem em ambientes urbanos: uma máquina própria, a gasolina, com 5 lugares! E em geral, só um deles ocupado! Avião, trem e ônibus não são próprios, certo? E o tal carro ocupa um espaço gigante, e destrói o ar que respiramos, né?

    O carro próprio é solução em rota final. Sou otimista: o respeito às bicicletas, e o espaço delas, vai continuar crescendo aqui no Brasil. Não sei se você sabe, Hensinki quer tornar os carros privados obsoletos até 2025. Olha aqui uma nota a respeito: http://www.theguardian.com/cities/2014/jul/10/helsinki-shared-public-transport-plan-car-ownership-pointless

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  6. Semana passada desci da bicicleta e fui atravessar andando na faixa de pedestres um trânsito sem tamanho, numa avenida de três pistas. Os carros estavam praticamente colados bundas com frentes. Enquanto eu passava, o carro à frente dos outros andou, e um outro carro que estava colado em mim fez questão de acelerar e bater na minha roda traseira, com aquele olhar furioso de “passa logo, cara, não tá vendo que eu quero andar nessa M&RDA!”. Pulei com o susto, e ele andou… 30 centímetros. Um motoqueiro perguntou se eu não queria lançar umas pedras no pára-brisa dele; já outro motorista me disse “fica tranquilo, cara!”. Não nego que na hora tive vontade de seguir a ideia do motoqueiro. Mas hoje não me arrependo de ter saído da cena lindo e sorridente. Detalhe: tinha guardas de trânsito em todos os lugares, um deles viu a cena, mas fez questão de fingir que nada acontecera. E vamo nessa!

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    1. Muitos se irritam porque nós ciclistas os alcançamos e ultrapassamos várias vezes. E os deixamos para trás.

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  7. O grande problema na convivência dos ciclistas com outros veículos não são os motoristas agressivos, estes são minorias, mas os motorista que dirigem no “automático” eles simplesmente tiram finas de ciclistas sem perceber que o fizeram.

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    1. Bem observado, Mazinho! Sempre que ando de carona com alguém fico só observando e, de forma gentil e educada, sempre chamo a atenção de quem estiver dirigindo pra esse detalhe. E dependendo da intimidade ainda digo: “imagine se fosse eu aí na sua frente. Você não ia querer me ver cair embaixo do carro que vem atrás, não é?”

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  8. Ufa! Fiquei aliviada ao ler toda a crônica…rs.Genial! Penso que havendo respeito mútuo, ciclistas e carros, podem circular sem problema. A máxima: ” O meu direito termina, onde começa o seu.” é super válida. Quer ser jovem para sempre,emagrecer,melhorar o humor,se livrar de todas as..ites futuras? Pedale sempre. Não precisa vender ou deixar de comprar um belo carro; apenas o dirija onde não pode ir de bike! Abraços.

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  9. Uma variação bacana dessa crônica seria substituir o tal indignado nela por um jornalista “hater”, porque… Cara, afora as figuras pouco ou nada profissionais, baseados em consultores pouco ou nada técnicos, dos “veículos de (des)informação” habituais, esses que todos conhecemos, que apenas veiculam o contra pelo contra, a Folha esses dias, por conta da proximidade da inauguração da ciclovia da avenida Paulista, está se esforçando mais do que o habitual pra achar pelo em ovo nela.

    Mas enfim, na linha graça da crônica, fico com uma tuitada recente do próprio Haddad: “Hoje fui ao excepcional Veloso Bar comer coxinha e um coxinha reclamou das ciclovias. Fiquei confuso.”

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