Sinalizacao com balizadores na Folsom Street. Foto: SFMTrA

Sinalização popular foi oficializada pela prefeitura em San Francisco, nos EUA

Coletivo comprou balizadores e instalou em uma ciclofaixa da cidade. Órgão de trânsito entendeu a importância da intervenção e a tornou oficial.

A ciclofaixa depois de oficializada. Foto: San Francisco Transformation Agency
A ciclofaixa com a segregação oficializada, quatro meses depois da ação inicial. Foto: SFMTrA

Por Sheryda Lopes e Willian Cruz

Um grupo de ativistas na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, decidiu tomar uma atitude em uma das ciclofaixas da cidade: instalou pequenos postes refletores segregando o espaço, em busca de um trânsito mais seguro para quem pedala. A surpresa veio com a reação do poder público local que, ao invés de retirar a intervenção, como é de costume, acabou concordando com a estrutura e a manteve.

Segundo informações do site We Love Cycling, a Agência Municipal de Transportes de San Francisco retira esse tipo de intervenção o mais rápido possível, porque a ação fere uma lei que proíbe a instalação de objetos nas vias públicas, além de causar conflitos com a sinalização oficial. A exceção ocorreu porque o órgão analisou a intervenção e concluiu que ela deixou o trânsito mais seguro para os ciclistas.

Balizadores comprados pelo coletivo

O grupo que realizou a ação se denomina San Francisco Municipal Transformation Agency (SFMTrA) – uma brincadeira com o nome do órgão de trânsito local (San Francisco Municipal Transportation Agency ou SFMTA). O coletivo foi formado em 2016, em resposta a duas mortes de ciclistas ocorridas no mesmo dia.

A intervenção foi feita inicialmente com cones. em julho de 2016. Em outubro, a SFMTrA os substituiu por balizadores que, assim como os cones, foram comprados pelo coletivo. Quando o caso foi reportado pela imprensa local, o órgão de trânsito inicialmente retirou a segregação inserida, mas depois de receber muitas solicitações de cidadãos pedindo o retorno dos balizadores, acabou por torná-los oficiais em novembro do mesmo ano.

No Brasil

No Brasil, cidadãos também têm interferido no trânsito há muitos anos. Há diversos casos relatados nessa matéria do Vá de Bike.

Sinalização popular restaurando ciclovia removida pela prefeitura de São Paulo. Foto: Mauricio Andrade/Bike Zona Oeste
Sinalização popular restaurando ciclovia removida pela prefeitura de São Paulo. Foto: Mauricio Andrade/Bike Zona Oeste

Em São Paulo, por exemplo, já foram pintadas faixas de pedestres e bicicletas no asfalto para sinalizar a presença de ciclistas em locais perigosos, como no caso da Ponte da Freguesia do Ó – além das ghost bikes, tristes lembranças de ciclistas mortos por motoristas, utilizadas em diversos países para sinalizar a importância de um trânsito seguro para pedestres e ciclistas.

Recentemente, uma ciclovia removida pela prefeitura foi repintada por cidadãos no bairro do Morumbi, em São Paulo. Até o fechamento dessa matéria, a pintura não-oficial continua sendo a única sinalização no local. Além de uma faixa branca delimitando o espaço de proteção aos ciclistas, foram pintadas as mensagens “nenhum cm a menos”, “feito pelo povo” e “+ amor” (saiba mais).

Fortaleza foi outra capital que já recebeu a intervenção de manifestantes. Diversas ciclofaixas cidadãs foram pintadas com a “Gaudência”, um equipamento construído com pincel, tinta e um carrinho de supermercado. Para o cicloativista e engenheiro de transportes Felipe Alves, essas ações foram importantes para conquistar um diálogo mais próximo com a prefeitura, e a consequência foi a construção de ciclofaixas oficiais na cidade. Veja no vídeo abaixo:


Poder público deve abrir diálogo

Para Felipe Alves, o caso de San Francisco é um exemplo de gestão atenta às demandas da sociedade civil. “É mais interessante o órgão fazer uma avaliação crítica da intervenção e tentar entender qual a vontade das pessoas que fizeram aquilo, e o que podem tirar ou adicionar a respeito”, explica. Porém, é preciso ter atenção, pois as ações têm sua importância mas também podem refletir más intenções, segundo o entrevistado.

“Um ponto positivo é que, através de uma intervenção, pode ser absorvida alguma sugestão de quem utiliza aquilo, vive aquele local na prática. Essa prática deve ser combinada com o conhecimento técnico dos órgãos responsáveis, para debater soluções viáveis para o local. Um ponto negativo é que abre-se o precedente para intervenções negativas também, como o recente caso em Fortaleza da retirada da segregação de uma ciclofaixa para passagem de carros, assim como uma pintura de ‘pare’ em uma ciclofaixa”.

1 comentário em “Sinalização popular foi oficializada pela prefeitura em San Francisco, nos EUA

  1. Enquanto isso, em São Paulo, que retrocesso!!!!! As entidades internacionais que premiaram Haddad por sua gestão progressista, deviam dar o troféu abacaxi para o mimadinho dolynho!!!!!

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