Folha de São Paulo estimula guerra entre ciclistas e motoristas

Imagem: Reprodução

Em uma PÉSSIMA matéria de autoria do jornalista Rodrigo Vizeu, o jornal Folha de São Paulo fala sobre uma suposta “guerra” declarada por ciclistas aos motoristas.

O início da reportagem dá o tom: cita diversos adjetivos críticos e ofensivos, dizendo que é assim que os ciclistas chamam “motoristas de carros, ônibus e afins”. Em geral. Todos eles. E o título dá a entender que as Bicicletadas são ações de confronto, para agredir quem está de carro.

Pelos comentários da matéria, dá para perceber a repercussão. Muita gente dizendo que ciclistas são extremistas, que assim não se chega a lugar nenhum, e ciclistas envergonhados pelos depoimentos fora de contexto.

A matéria foi redigida com o claro objetivo de conduzir o leitor a acreditar em uma guerra contra motoristas que só o jornalista viu. E isso é bastante perigoso, pois motoristas que já possuam preconceito com bicicletas utilizando a via passarão a ter raiva de ciclistas, aproveitando qualquer oportunidade de prejudicá-los nas ruas, o que pode resultar em graves acidentes crimes.

Parabéns, hein, Rodrigo Vizeu? Vou me lembrar de você quando um motorista me ameaçar com o carro só por eu estar usando a rua.

Quem são os “monstroristas”?

Os ciclistas entrevistados falavam especificamente sobre motoristas que colocam em risco a vida dos ciclistas. Sabemos que são uma parcela pequena das pessoas que dirigem, mas é uma minoria que agride, assusta e coloca nossas vidas em risco.

A esses, a alcunha “monstrorista” é mais do que adequada. Mas, ainda assim, menos agressiva do que os termos que esses maus motoristas usam para se referir aos ciclistas. E muito menos agressiva que o modo como passam por nós com seus carros, muitas vezes ferindo ou matando com orgulho.

São motoristas que colocam a vida de todos em risco, não só de ciclistas. Da senhora atravessando a rua ao jovem no carro ao lado. E merecem mais do que uma alcunha: merecem cadeia.

A realidade das ruas

Agressões a ciclistas, como a de Ricardo José Neis, ocorrem sim. E não são novidade. Mas a imprensa insiste em disfarçá-las como “acidentes”.

E ciclistas agredindo motoristas? Nunca soube de um ciclista agredindo ou xingando alguém que passa de carro só porque ele está usando a rua. O que às vezes acontece é uma reação do ciclista como resposta a uma agressão, geralmente uma tentativa de assassinato usando o carro como arma. E, mesmo assim, é bastante raro.

As Bicicletadas pregam o compartilhamento das vias e o direito a ocupá-las também com bicicletas. Conflitos com motoristas são evitados a todo custo, mesmo quando alguém em um automóvel tenta passar por cima das pessoas, ameaçando-as com o tamanho do carro.

Como exemplo, veja ao lado um dos panfletos que a Massa Crítica de Porto Alegre entregava no dia do atropelamento e os relatos das bicicletadas e manifestações em apoio ao acontecido. Na de São Paulo, por exemplo, foram entregues flores aos motoristas.

Quem declara guerra entregando uma flor, Rodrigo Vizeu?

Recomendo a leitura do artigo “em busca da famosa ‘guerra aos motoristas’” (em inglês). Dica do Chico Rasia, via Twitter.

Repercussão

A repercussão na internet foi imediata. No blog das Pedalinas, um texto de repúdio à matéria diz que “ciclistas querem paz, coexistência, ocupar o espaço PÚBLICO, ter direito de ir e vir”.

Uma das entrevistadas, a Ana Vivian, de Florianópolis, declarou no Twitter: “Incrível como eles distorcem o que a gente fala! Fazem meia dúzia de perguntas e só usam o q querem…”

Diversos ciclistas, indignados, entraram em contato com a Ombudsman do jornal. Muitos tentaram contato também com o repórter, que não deu nenhum retorno.

Outro entrevistado, Renato Zerbinato, publicou uma Carta de Desagravo à Folha de São Paulo, que foi enviada a diversos contatos no jornal e publicada na internet.

Veja abaixo algumas das reações no Twitter:

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Atualizado em 11/03/11, às 13:15.

68 comentários em “Folha de São Paulo estimula guerra entre ciclistas e motoristas

  1. Oi José,

    O oficial foi notificado, mas na mesma data em que fui detido fiz o BO. Na semana seguinte começaram a fazer uma busca por infratores na região, especialmente naquele ponto onde fui intimidado, no mesmo dia de semana e mesmo horário do dia do acontecido, por duas semanas, com barreira policial. Conseguiram identificar o motorista e ele foi encaminhado à DP, fui chamado pra identificação.. positiva.. e agora estou processando o possível agressor.

    O que ajudou a encontrá-lo foi que o delegado local já estava à procura dele, o mesmo já havia atropelado 16 ciclistas e alguns pedestres em estacionamento fechado, perdeu a CNH 2 vezes, já foi pego circulando com 2 carros dublês, mas nunca havia sido preso devido ao pagamento de fiança. Desta vez ele estava duro.

    Ah, ele se disse amigo do Cabrabom (Valdecir), o atual dirigente do DetranSP, cujo funcionário do departamento quando negou a afirmação dele, ficou enjaulado pouco tempo, foi solto ontem quando seu advogado conseguiu impetração de Habeas Corpus. Mas a CNH dele foi cassada e vai ficar um bom tempo sem poder atropelar ninguém 😀

    E assim respiramos um pouco mais aliviados, até os supermercados e agências bancárias do meu bairro estão executando projetos que abrangem o ciclista.

    Mas.. vem cá, você já tentou falar com um advogado sobre o que aconteceu com seu irmão? Recomendo muito que procure, e se não tiver condições de pagar, procure pela Defensoria Pública do Estado onde vc reside.
    Acredito eu que crime nenhum deve ficar impune e nenhuma família deve permanecer calada. Se houveram testemunhas, ainda há como rever isso. Só tentando é que se consegue.

    Abraço, man!

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  2. nuno
    com toda certeza eu sei o que isso quer dizer. perdi meu irmão mais velho quando criança debaixo de um caminhão que entrou desgovernado na nossa rua e ate hoje o motorista ta solto, passa na frente de casa e faz troça da gente fingindo que esta chorando e rindo da nossa cara
    o que merece um fdp desse??? o que espera da justiça nesse sentido??? nada. e foi isso mesmo que aconteceu, nada
    ta certo que a ente nao deve ser igual nem agressivo, mas esse ai deiva ta preso, né???
    abraço ae,

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  3. Por que em nosso país há tantos covardes?

    Meus colegas, antes de responder a esta pergunta, é necessário fazer um monte de considerações, mas somente algumas delas se encaixa aqui quando o assunto é crime contra o ciclista. Já sobre o ato de divulgar os benefícios da bike no dia-a-dia.. bom, depois de diversas experiências particulares eu os afirmo: nada do que venhamos a falar ou postar aqui, nem em nenhum outro meio midiático, fará com que a cabeça dessas pessoas mude, porque quem aceita já estava aberto a mudanças ou já gosta de pedalar, esse sim realmente abraça nossa proposta.

    E por falar em proposta, seja ela a mais pacífica ou mais explicativa.. ou mesmo agressiva e desesperada, por dor ou por revolta.. tanto faz! As pessoas se tornaram individualistas com o passar dos anos (aí começo a divagar sobre a covardia) e jamais se desfarão de algo que lhes parece confortável, que levanta o status social e massageia o ego, coisa de gente que não se importa com nada.. somente com seu próprio umbigo, ou seja, gente mesquinha, sovina, egoísta, artificial e fútil.. toda a sorte de madames, socialies, yuppies, empresários, mas também boas pessoas, gente comum que trabalha de busão, mas que almeja ter um ou mais carros, motos, qualquer coisa a motor, pra ir trabalhar, ir ao supermercado.. locais perto de casa, etc.

    Na verdade, nem tão gente boa assim. Tem muita gente que parece legal, faz amizade rápido, tira as calças se você pedir, mas.. vai mexer no carro dele pra ver o problemão que tu arranjas! Tem gente que não sabe dar valor nas pessoas.. e nem digo muito sobre bikes porque elas são apenas nosso instrumento de locomoção, apenas e somente um veículo, que pode nos proporcionar desde uma diversão corriqueira de fim de semana até um meio de transporte muito econômico, bem como um meio de condicionamento físico sem custo com academia.. mas pessoas pra essa gente, quando impedem sua passagem de carro, perdem totalmente seu valor, seja com ou sem rodas, viramos literalmente balizas móveis. O cara que tá atrás de um volante só respeita o transeunte se ele também se considera um igual! Ponto final!!!

    Se puderem, entendam.. e Deus que me perdoe se eu estiver errado, mas depois de ver tanta gente se posicionando gratuitamente contra o ciclista, penso que falta algum filho de celebridade política, beeem famoso, morrer sobre uma bike, sendo atropelado e tendo a cachola esmagada propositalmente por algum motorista tomado de crueldade, com seus parentes políticos por testemunhas, pra gente ver esse sistema lesado acordar e suas vítimas despertarem um sentimento coletivo e massificado de perda, pra talvez.. e somente “talvez” nossa gente perceber que há algo errado e que sua pessoa tem a ver com a situação e que devemos tomar uma atitude concisa com urgência, tendo consciência de que essas notícias não são nenhuma novidade, levando essa questão à esfera legislativa e provocando mudanças reais nesse sentido.. mas receio que, mesmo que tal possibilidade se concretize, os motorizados comuns não mudam mais e, mesmo sendo ilusória, a ideia de que o carro é essencial e traz somente benefício, parece seduzir cada dia mais pessoas.

    Posso (e quero muito) estar errado a este respeito, mas vou contar um ocorrido comigo: dia 16 de fevereiro deste ano estava indo buscar uma encomenda, de bike, numa avenida bem plana e larga.. e quando a pista ajuda eu passo rápido mesmo. No fechamento de semáforo, do nada, um taxista me fechou e deu ré acelerando em minha direção, parecia que estava tentando me atropelar.. bom, acho que ele ficou chateado porque eu o ultrapassei e, não satisfeito, tentou dar o troco! Com certeza o sujeito deve ter entendido (tudo errado, claro) que eu estava sendo abusado, por passá-lo para trás com uma bicicleta, e o mais incrível é que isso se deu na frente de uma viatura de polícia, e o oficial NADA fez. Minha maior sorte foi encontrar uma guia rebaixada onde eu mais precisava, e o melhor.. sem carro estacionado.. afinal, mesmo não sendo atropelado, eu teria sido esmagado se não houvesse saída. Ah.. não deu tempo de anotar a placa. Que sorte a dele, heim! ¬¬

    Refeito do susto, questionei o oficial fardado se ele sabia o que tinha acabado de acontecer e se ele conhecia o CTB, porque quase fui morto debaixo do nariz dele. Resultado: fui algemado, levado pra DP e fichado, tomei 2 horas de bronca e chá de cadeira a noite toda por desacato.

    Levando em conta que este comentário soa cheio de revolta, é o que a gente sente quando vê um folgado (frouxo, covarde, quando está atrás do volante, porque sem carro dá até pena) desses que fazem essa “quase-guerra” tomar forma de maneira que o ciclista não consegue (justamente porque não pode) se defender.. como habilitado tenho consciência de como é fácil se distrair ao volante, e tenho certeza que quase tudo o que vemos poderia ter sido evitado. Solidarizando com as famílias das vítimas nos últimos 5 anos, cito um texto, não lembro quem postou, mas está aqui: se quem atira pro alto e acerta alguém sem querer tem seu porte de arma caçado, por que quem atropela e mata não tem a habilitação suspensa? Sei que são coisas bem diferentes, mas tanto um como o outro, se usado com sabedoria, servem a um propósito, mas se usados de forma displiscente, causam danos irreversíveis -_-

    Lembra da pergunta: “Por que em nosso país há tantos covardes?” É falha de caráter.. se bem que acontece em todo mundo, mas ser canalha por aqui tá sempre na moda.. tsc, tsc.

    Abç! Fiquem na Paz de Deus!

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  4. Infelizmente, somos uma menoria que queremos mudar os conceitos dessa sociedade motorizada, quando lutamos por uma boa causa ainda somos mal compreendidos, sou farmacêutica, fui o período da faculdade de bike e continuo a ir ao trabalho depois de formada e sinto o quanto as pessos são preconceituosas, as vezes indo de bike já aconteceu de o condutor jogar o veículo em cima de mim proporsital, isso é um absurdo tamanho derspeito. Fiquei indignada com o caso da Juliana pois me identifiquei com a história dela, quantas vidas serão perdidas. Esse é meu desabafo.

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  5. Que fique claro, que ciclistas tambem são motoristas, pai de familia, namorado,esportista, humano. Que separação é esta, ciclista/ motorista. Isso não existe. Se um jornalistinha, no conforto da bunda na cadeira tem preguiça de ir ao banheiro e manda esta merda na intenção de vender jornal com uma polemica imbecil, devemos mostar que ciclistas s e motoristas são as mesmas pessoas em diferentes momentos.Todos os motoristas foram ciclistas um dia. Hoje muitos estão sem coragem, de pedalar, por falta de incentivo. As barrigas cresceram, mas estão cientes dos beneficios aerobicos para a saúde. É uma questão de tempo. Quanto a este Rodrigo Vizceras, que ele se preocupe mais com conteudo publicado do que ficar criando polemica inutil. Se ele tem sete vidas, os ciclistas tem uma só e não é brincadeira.

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  6. Uau! Parabens pela crítica e pela discussão. Logo se vê, pela quantidade de comentários, independente do posicionamento de cada um, que este é um assunto importante e que deve ser discutido. A visão do jornalista da Folha de S. Paulo certamente não é só dele. Uma infinidade de leitores compactuam com essa linha de pensamento, por isso ele escreve nesse veículo (de comunicação). De qualquer mandeira ele nos dá mais material para a discussÀo, que é sempre rica, e o Vá de Bike consegue se apropriar muito bem dela, e gerar buzz. Parabens a todos!

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  7. Já não é de hoje que sabemos da fama desses jornais, de serem considerados tendenciosos e puxarem a sardinha pro lado deles. E não to falando só da Folha, mas do Estadão, do JT, das redes de TV como a TV Cultura, e seus “formadores de opinião”.

    Não condeno porque eles preferem carro, mas porque instigam o conflito, a confusão, o lapso de esquecer de apresentar o lado de todos os envolvidos e da adulteração de informação, que fomenta discussões pré determinadas como certas e geram opinião focada apenas no que consideram certo e cômodo.

    Agora é a hora, momento de nos unir e mostrar que não queremos tomar o lugar deles, mas ao contrário, muitos de nós possui um ou mais carros e apenas optamos pelo meio alternativo que é a bicicleta, e também para sugerir uma forma prazerosa e suave de desafogar o fluxo de carros.

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  8. Se tiver um carro estacionado, preciso continuar colado no meio fio?

    Contravenção é crime? Crime é contravenção?

    Vai para vara criminal então um processo de tránsito?

    Hummm

    Acho que falta bastante informação aí.

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  9. É Dirani creio eu q vc é um frustado com a vida, igual ao assassino do “Golf-Cristhine”, quer q eu passe “Super-Bonder” nos pneus da minha bike tbm p/ ficar bem colado ao meio fio é? Pq vc acha q as bikes são os problemas no trânsito? Como vc não se envergonha de defender o homicida coverde do Golf-Cristhine?Eu acho q o problema maior do trânsito como a maioria dos fatos no Brasil é o desrespeito de certos motoristas q ainda se iludem com o sonho americano de ter um automóvel, de não ter de pegar o péssimo transporte público entre outras mazelas! Vc acha q se as bicicletas forem algum dia extintas,(“ABRAÇA”), o problema do trãnsito será resolvido é? Uma hora essa matemática não vai dar certo, tds os anos cresce o numero de veículos adquiridos nas ruas e as avenidas que não tem + como crescer, oq irão começar a fazer p/ solucionar o tal problema?Derrubar casas, prédios e outros imóveis e desbravar novos caminhos p/ + carros nas ruas, pense nisso um dia e veja se há espaço p/ + carros nas ruas, tds os anos são milhares de jovens querendo comprar seu veículo e querendo + espaço p/ ter “seu lugar ao sol” com seu veiculo. É uma lei de física: dois elementos não cabem no mesmo espaço, cabe? Se for um em cima do outro!!Abraço Dirani espero um dia vc poder comprar sua bike e poder ser feliz em meio ao trânsito compartilhado, quem sabe até marcamos uma viagem p/ o litoral, garanto q sua vida irá se transformar de uma forma inesperada! 1 forte abraço e vários pedais á vc!!!

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  10. Guilherme, interessante como você deixou de fora bicicletas partilhando calçadas com pedestres. Também acha sem problemas para os pedestres?

    Queila, estaremos pensando em um regime em que ruas são feitas para carros, e calçadas para pedestres, e que ciclistas têm que se encaixar em algum lugar no meio, ao invés de achar que têm um direito que não têm de ocupar qualquer coisa da pista que vá alem de seus “bordos” *quando* não há acostamento ou ciclovia.

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