Pelo direito de pedalar de saias
Uma holandesa pedalando em Nova York foi parada por um policial por pedalar de saias. Indignados, ciclistas planejam uma manifestação para celebrar o uso da bicicleta na cidade.
Jasmijn Rijcken, 31 anos, gerente de uma empresa holandesa do ramo de bicicletas, visitava Nova York para participar do “New Amsterdam Bike Show”. Quando resolveu sair de bicicleta para descobrir como era pedalar pela cidade, foi parada por um policial por mostrar demais as pernas.
“Ele disse que era perturbador, que estava distraindo os motoristas e que era perigoso”, contou Jasmijn ao NY Daily News. “Achei que fosse brincadeira, mas ele ficou irritado e pediu minha identidade”.
Ela não chegou a ser multada (e creio que nem poderia), mas levou uma bronca que a fez ficar abalada e trocar a saia por uma calça quando voltou ao hotel. “Eu não queria ter problemas de novo”. O policial que a constrangeu talvez acredite que ela salvou algumas vidas ao fazer isso.
Questionamentos
Em uma cidade onde ciclistas são multados por pedalar fora de ciclofaixas sem condições de circulação, parece que mulheres pedalando de saias são o novo perigo para os motoristas. O policial pararia uma moça a pé que estivesse de saia curta para mandá-la de volta para casa? Pararia alguém saindo de um carro? De um restaurante?
Com esses questionamentos, Mikael Colville-Andersen publicou no site Copenhagen Cycle Chic um texto em que fala sobre perseguições como essa a ciclistas e sobre a importância que as bicicletas (e seu uso com saias) tiveram na liberação da mulher desde o final do século XIX.
Há cerca de 125 anos, mulheres pedalam de saias. E se há mais de um século isso já é aceito, me parece que esse policial está um pouco conservador demais. Ainda mais em uma cidade cosmopolita como Nova York.
Manifestação
Indignados com o ocorrido, os novaiorquinos estão organizando para a próxima quinta-feira, 16 de junho, uma pedalada-manifestação pelo direito a pedalar de saias, através da hashtag #shortskirtprotestride no Twitter e pelo evento Short Skirt Celebration Ride no Facebook.
Liz Patek, que teve a idéia de organizar o evento, afirma no Facebook que “não se trata de ensinar uma lição à polícia. É sobre tornar normal a idéia de pessoas em bicicletas aqui em Nova York”. E afirma: “isso NÃO é um protesto, é uma Celebração de Pessoas em Bicicletas”.
Não há traje obrigatório, mas as mulheres são incentivadas a participar de saias. Homens de kilt são bem vindos.
TUDO E QUESTÃO DE BOM SENSO…….MOTORISTA TEM QUE TER ATENÇÃO NO TRANSITO….CICLISTA TEM TEM QUE REDOBRAR ATENÇÃO……PERNAS TODAS ELAS ENCANTAM O MEIO O MEIO AMBIENTE…..SÃO CHEIAS DE CHARME E FORÇA PAA PEDALAR….THINK ABOUT IT
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Meta para 2012: voltar a usar kiltch sem a barriga parecer um muffin.
(sim, em Salvador no início dos anos 2000 era comum ver meninos “alternativos” usarem saias. E em tempo: nada a ver com caetanices…)
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Os americanos são excessivamente puritanistas – muitas vezes falsos puritanistas, mas é uma coisa cultural. Não que esteja certo, mas é uma característica deles, e espanta as pessoas de fora.
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Aproveitando a deixa, queria fazer um comentário sobre o sistema de comentários do blog (procurei por um link de contato, para não usar o espaço dos comentários, já que na verdade ele não tem a ver com o post, mas não encontrei; peço desculpas por usar este espaço). Reparei que há um sistema de votos, e os comentários mal votados ficam ocultos. Acontece que muitos desses comentários são feitos por pessoas que são a favor de pedalar, pedalam sempre que podem, quando estão atrás do volante respeitam os ciclistas e pedestres, dando preferência a eles, mas têm medo das ruas. Têm medo de motoristas como Ricardo Neis e como os motoristas de ônibus que já causaram tantos acidentes e mortes. Medo de gente que pensa como o Sr. Dirani, que acha que lugar de bicicleta não é nas ruas. Acontece que os comentários dessas pessoas, que querem um trânsito com menos carros e mais bicicletas, sempre recebem votos negativos e acabam ficando ocultos. Me entristece, pois eu sou uma dessas pessoas que pedala sempre que pode e gostaria de pedalar mais, mas tenho duas filhas (9 e 7 anos) e tenho medo de colocá-las nesse trânsito. Nós saímos sempre que possível para ir a lugares de bicicleta, mas eu não tenho coragem de colocá-las na rua, na pista, junto com os carros. Não tenho. Moro num bairro de pouco movimento de pedestres (infelizmente), e só deixo que elas andem na calçada. Mas eu apoio a luta por um trânsito mais gentil e pela aplicação da lei. Eu quero que os motoristas sejam tocados pelo movimento e aprendam a respeitar a vida. Eu quero poder dividir as ruas com eles sem medo. Mas não consigo. Eu tenho medo. Não vou desistir de ir de bike sempre que possível, mas vou continuar com medo e vou continuar fazendo o que estiver ao meu alcance para garantir a segurança de minhas filhas.
Então gostaria de sugerir que, mesmo mal votados, esses comentários ficassem expostos. Se a intenção é humanizar o trânsito, vamos humanizar também a caixa de comentários e acolher pessoas que optam por ir de bike, mas ainda não estão preparadas para enfrentar o trânsito como vocês fazem com coragem e competência. Vamos acolher aqueles que gostariam de ir de bike, mas não vão porque têm medo. Aqui também é um espaço de desabafo, de esclarecimento, de debate. Ocultar um comentário, mesmo com a opção de clicar para ler, não deixa de ser uma forma de censura.
Eu quero um mundo melhor e luto por ele todos os dias, com pequenas ações, fazendo a minha parte. Mas eu sou humana e meu instinto mais básico é proteger a cria e minha própria vida, para que possa continuar educando minhas filhas para serem cidadãs melhores.
Comentário bem votado! 8 3
Realmente, São Paulo e NY se merecem. De mãos dados pelo preconceito, ignorância e alienação.
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Ah…cala boca klhada…kkkkkk
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Risível, porém demonstra um excesso de zelo do policial. Excesso de zelo é classificado como imprudência… e imprudência por vezes é uma grande oportunidade de se promover o esclarescimento de mentes rodoviaristas. Agradeçamos ao policial a oportunidade que nos deu de colocar as bicicletas mais uma vez na mídia mundial, o que parece ser a única forma de sensibilizarmos boa parte dos “terrestres”.
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