Foto: Leonardo Moura

São Paulo terá em breve uma nova ciclovia

A Av. Faria Lima ganhará uma ciclovia de verdade, entre o Largo de Pinheiros e a Av. Cidade Jardim. Veja a situação atual desse trecho e o que precisa mudar para que a ciclovia seja segura e viável.

A Av. Faria Lima, em Pinheiros, ganhará uma ciclovia de verdade. O anúncio foi feito por Marcelo Bruni, da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, durante a Audiência Pública de revisão da Lei das Ciclovias, no dia 21 de setembro. O registro da declaração, em áudio, pode ser encontrado no site do vereador Chico Macena.

Bruni afirmou que, dentro do âmbito da operação urbana Faria Lima, será feita a curto prazo uma ciclovia no canteiro central, do Largo de Pinheiros até a Av. Cidade Jardim, como parte de um projeto maior que ligará futuramente o Parque Villa Lobos ao Parque do Ibirapuera.

Situação atual

Atualmente, em boa parte desse trecho há um calçamento de pedras vermelhas, que é confundido por muitos com uma ciclovia, embora não seja. Esse calçamento é interrompido em diversos pontos, por canteiros, coqueiros, áreas de estacionamento e muitos pontos de conversão que colocam em risco o ciclista.

Veja nesse vídeo do JP Amaral, feito ainda em 2009, como são arriscados os cruzamentos. Não é preciso dizer que de lá para cá, nada mudou além dos buracos novos que surgiram com o tempo.

Ciclovia é mais que um chão vermelho

A ciclovia ali seria bastante útil, mas precisa ser bem feita. Não basta alargar a área utilizável e interligar os atuais trechos isolados, rebaixando as calçadas: os pontos de conversão precisam ser todos reprojetados. Hoje, a preferência em todos esses pontos é do automóvel, que faz a curva em velocidade e sem perceber a aproximação do ciclista que trafega no canteiro central, oferecendo risco de atropelamento.

Aliás, um dos principais problemas de ciclovias no canteiro central é justamente esse: em pontos de conversão e cruzamentos, o motorista não percebe a aproximação do ciclista, que se mistura a pedestres, árvores, postes e mobiliário urbano. Além de colocar o ciclista em risco pela movimentação dos automóveis, seu fluxo é atrapalhado pelos carros que param no meio da conversão, aguardando oportunidade de entrada ou cruzamento da avenida.

Nessa situação, tem-se como resultado uma viagem de bicicleta arriscada e demorada, o que faz com que os ciclistas declinem de usar a ciclovia para trafegar pela pista – fato que acontece na ciclovia da Av. Sumaré. Se não houver um bom planejamento nesse sentido, os ciclistas simplesmente não a utilizarão, pois evitam naturalmente caminhos onde não se sintam seguros ou que tornem a viagem mais longa ou mais demorada.

Sugestões para os pontos de risco

Travessia de bicicletas na Ciclofaixa de Lazer - CET já sabe como fazer sinalização adequada. Repare que os motoristas a respeitam. Foto: Vá de Bike

Onde for impeditivo desativar os retornos, eles deverão ter sinalização semafórica indicando ao ciclista quando é seguro cruzar. A área de continuação da ciclovia deve ser pintada de vermelho no asfalto, indicando que a prioridade naquele espaço é das bicicletas.

Essa prioridade deve ser bem sinalizada, como nas travessias da Ciclofaixa de Lazer, respeitadas pelos automóveis mesmo durante a semana, como se pode perceber na foto ao lado. Os automóveis devem parar ANTES da ciclovia, como fazem (ou deveriam fazer) em uma faixa de pedestres. E um semáforo específico ajuda a criar essa conscientização e esse respeito.

Sinalização de solo indicando ao ciclista onde entrar e sair da ciclovia também é importante. Na Ciclovia Caminho Verde (Radial Leste), há uma pequena faixa vermelha ao lado das faixas de pedestres, indicando que ali o ciclista pode cruzar a via montado, no mesmo tempo semafórico dos pedestres e sem se colocar em risco.

A foto abaixo (por sinal, excelente), é de autoria de Leonardo Moura, do blog Arte como Arte, e não por coincidência foi encontrada em um texto seu sobre esse mesmo canteiro central. Ela ilustra bem o que temos hoje: um caminho bonito e agradável (desconsiderando-se a poluição do ar e sonora), mas ainda inadequado para receber o ciclista. Perceba que apesar de a árvore estar bem no meio do trecho trafegável, ele não se alarga para contorná-la.

Foto: Leonardo Moura

Agora é esperar que esse projeto “apareça”, para saber como os pontos de risco serão trabalhados. O Vá de Bike coloca-se à disposição para contribuir com sua avaliação e sugestões.

22 comentários em “São Paulo terá em breve uma nova ciclovia

  1. Gostaria de saber se há algum projeto para implantação de uma ciclovia na Av.Marquês de São Vicente / Ermano Marchetti.
    Alguém saberia me informar?

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    1. Eu também tenho essa dúvida. Eu tenho certeza de que a demanda por uma ciclovia que ligue a ponte do piqueri (na atual ciclovia da Avenida Edgard Facó) até mais ou menos o parque da Luz teria uma demanda gigante! Eu sempre vejo ciclistas todos os dias circulando por ali e não são poucos. Seria uma excelente pedida.

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  2. Faço coro com a Natália: espero que aquela bela quaresmeira roxa da foto permaneça ali no meio da ciclovia, e seja construindo um pequeno alargamento do leito ciclável contornando a árvore.

    A ciclovia original começava na Av. Padroso de Morais e ia (ainda existe o trecho ds Av. Helio Pelegrini) até a Av. Santo Amaro. Essa ciclovia reciclada é menor do que a que tínhamos anos atrás, antes de ser detonada pelo abandono e obras posteriores que não a levaram em conta.

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  3. Gostaria muito de ver a ciclovia iniciando na Av. Jabaquara até o final da Av. Paulista, um corredor importantíssimo de trabalho. Dezafogaria o metro e as avenidas. Teria necessidade de sinalização de semáforos p/ bikes nos cruzamentos.

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  4. Em Santos há ciclovia no canteiro central do Porto até São Vicente, com semáforos nas conversões e retornos. Já a utilizei várias vezes e os motoristas respeitam a sinalização, ciclistas utilizam a ciclovia sem problemas. 🙂

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    1. O drama, que aparece muito bem no vídeo, é que nessas conversões à direita a faixa de parada dos carros está localizada na junção com a outra pista – não há espaço à frente dos carros parados. Mesmo que um carro veja a bicicleta, ele não vai parar para ela atravessar, porque o trecho no meio do ‘U’ é de tráfego prioritário de carros. A bicicleta deve procurar um hiato para atravessar, ou aguardar que todos os carros estejam parados aguardando para entrar na via.
      Essa situação é extremamente perigosa. Se eu estou vindo por dentro do ‘U’, preciso pegar a contramão para desviar dos carros (o meu vídeo e o do JP mostram esse tipo de situação), e aqueles que aguardam na saída do ‘U’ estarão olhando para a direita (para ver se vêm carros) e não vão me adivinhar ali. É um acidente que não merece este nome!

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  5. Eu moro próximo à da Av. Sumaré! Se é que ela continua ali… Os carros que ficam presos nos cruzamentos, no canteiro central, impedem a passagem de bicicleta, o que dificulta muito. Além do terreno totalmente irregular e desagradável. Por isso, vou pela via e não a utilizo. Já pensei em ir à subprefeitura da Lapa questionar, mas não tive a oportunidade. Alguém já foi? Está disposto a ir? Vou entrar de férias em Outubro e então vai ficar fácil!

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  6. Infelizmente isso acontece em todo lugar de SP. Moro próximo a ciclovia da Adutora do Rio Claro, e posso dizer com a boca cheia: É uma droga essa ciclovia. Toda cheia de buracos, sujeira, subidas e cortada em várias partes pela Avenida Sapopemba.A todo instante tem que descer e empurrar, acho q o trecho mais longo é de 1km apenas.
    E ainda falam que próximo a S. Mateus é que a coisa complica, pois mais parece um morro e não uma ciclovia.
    Lamentável…

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  7. Fiquei olhando pra árvore e me ocorreu que, do jeito que nossos gestores municipais são lunáticos, é capaz de arrancarem a coitada dali pra não ter que mudar o traçado do caminho. =/

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  8. Sério, esse é um projeto patético, teria alguma relevância se ligasse o largo de Pinheiros com o Parque do Ibirapuera, mas só esse trecho até a Cidade Jardim mostra que só vão dar tapa no que já existe e jogar para a platéia. Nesse trecho só é preciso rebaixar umas guias na Gabriel Monteiro e está pronto, isso significa que vão abrir desencanar do projeto completo que liga o Villa Lobos o Ibirapuera, que está nas mãos da SPTrans (já que tem um corredor de ônibus projetado ali e fazer uma nova Ciclovia da Sumaré.

    Vou me informar melhor sobre esse projeto, mas se for como estou pensando, já vou me colocar contra, prefiro ficar do jeito que está, do que aceitar uma esmola que seriam duas guias já rebaixadas, para alguém tentar lucrar politicamente com isso. Não sou contra quem se aproveita politicamente de alguma obra, desde que ela realmente seja relevante, como não parece ser o caso dessa.

    André Pasqualini

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  9. já usei essa “ciclovia” e achei uma pena ela não ser usada como tal e não receber manutenção e adaptação para ser uma ciclovia moderna e segura. ela começa na verdade junto com a avenina Faria Lima, antes do largo da batata. só que devido as obras do metro, teve alguns trechos interrompidos e até mesmo colocação de ponto de ônibus bem no meio. Uma vergonha para a subprefeitura do Pinheiros que com um investimento muito pequeno, poderia transforma-la numa ciclovia muito boa e de grande utilidade, podendo inclusive oferecer uma opção para quem trabalha no final da Faria Lima fazer esse trecho pedalando.

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  10. Eu preciso do caminho Faria Lima todos os dias e nunca uso o canteiro central. Passo por mais situações de risco ali do que pedalando pela faixa da direita, apesar dos ônibus. Além, é claro, do considerável aumento no tempo de viagem.

    Nas últimas semanas, tenho usado um caminho alternativo, em ruas do bairro, como Maria Carolina e Itália.
    É imensamente mais seguro e não perco muito em tempo no trajeto Largo da Batata – Av. Juscelino Kubitschek.

    De toda forma, se bem planejada nos pontos de conversão e cruzamentos, a ciclovia Faria Lima será uma ótima novidade para os ciclistas da região.

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