Faixas da CET tentam disciplinar comportamento do ciclista
Novas faixas tentam disciplinar ciclistas a obedecerem regras de trânsito, mas algumas têm interpretações questionáveis, o que acende a polêmica: não seria mais importante e eficiente coibir o comportamento agressivo de motoristas, real causa dos acidentes? Queremos ouvir sua opinião.
Novas faixas acendem a polêmica: não seria mais importante e eficiente coibir o comportamento agressivo de motoristas, por ser o que realmente causa acidentes com ciclistas? Leia e dê sua opinião, nos comentários da página.
A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) vêm instalando faixas na cidade que se referem à bicicleta como veículo e ao seu direito de circular nas vias, “com preferência sobre os veículos automotores” (art. 58 do Código de Trânsito). Já falamos sobre uma dessas faixas aqui no Vá de Bike, a que pede aos motoristas que dêem prioridade às bicicletas (veja aqui) e consideramos a iniciativa excelente, legitimando finalmente a presença da bicicleta nas ruas.
Mas o leitor Alex Gomes nos enviou pelo Facebook a foto de outra faixa, colocada na Av. Paulista:
Alex manifesta sua preocupação quanto à faixa ser uma bronca em ciclistas, destacando um aspecto negativo de sua presença nas ruas. “Será que numa época em que ciclistas vem sendo mortos, comprovadamente, por situações de risco ligadas ao ‘culto’ à velocidade e prepotência de maus motoristas, não seria mais feliz (e útil) a CET investir em campanhas de formação (e punição) contra direção agressiva no trânsito?”
Embora seja um puxão de orelha (de certa forma, merecido) em ciclistas que passam o sinal vermelho, essa faixa passa uma informação muito importante: bicicleta também é veículo. E, convenhamos, não custa esperar um pouquinho para o sinal abrir, né? Principalmente se for um semáforo para pedestres.
Mas o questionamento do leitor vai mais além, o que nos fez abrir o debate aqui no Vá de Bike. “Não seria mais interessante, na Paulista, local com uma morte recente de ciclista, uma faixa que dissesse ‘Motorista, respeite o ciclista. Bicicleta também é veículo’?”, questiona Alex.
E ele completa: “Veja as outras faixas que estão com essa pela Paulista: uma diz, por exemplo ‘Ciclista, fique no bordo da direita’. Outra, na Brigadeiro Luís Antônio: ‘Ciclista, obedeça a sinalização de trânsito’. Não quero dizer, repito, que questiono essas frases. Mas questiono o contexto: começando uma campanha dessas puxando a orelha dos ciclistas ao invés de puxar a orelha de maus motoristas pode dar a impressão que é por causa desse grupo (ciclistas) que os acidentes acontecem”.
Compreendemos e concordamos com a questão levantada pelo Alex. Mas não podemos deixar de ver a presença da frase “bicicleta também é veículo” como algo bastante positivo.
Frases questionáveis
O ponto levantado é importante. Se a campanha visa inserir a bicicleta como veículo, o mais importante em um primeiro momento é tornar a via segura, para então cobrar comportamento de veículo dos ciclistas. Como lembra Alex, “muitas dessas infrações dos ciclistas acontecem por causa da ameaça de maus motoristas”.
Além disso, destacam-se algumas frases que podem levar a interpretação incorreta dos motoristas. Solicitamos à CET a lista de todas as frases utilizadas, mas enquanto não recebemos uma resposta vamos a duas dessas frases, enviadas por leitores. Se você vir outras faixas pelo seu caminho, mande a frase para nós, de preferência com foto.
“Ciclista, fique no bordo da direita” (informada pelo leitor Alex Gomes)
Lendo o Código de Trânsito, a frase parece corretíssima. Mas será que representa o comportamento mais indicado na Av. Paulista? A faixa da direita é “preferencial” de ônibus, o que significa que apenas eles devem circular ali, a menos que você vá virar em alguma rua à direita. Deve o ciclista usar essa faixa preferencial, fazendo com que os motorista de ônibus precisem sair dela para ultrapassá-lo, ou deve lhe dar a devida preferência de utilização e trafegar na segunda faixa, que passa a ser a faixa “mais à direita”, indicada para veículos lentos – como muitos ciclistas de fato fazem?
Além disso, essa faixa pode estimular dois comportamentos perigosos de motoristas que tentam punir ciclistas que consideram estar infringindo leis de trânsito. Quando na segunda faixa, motoristas de carro particular, táxi, caminhões e outros veículos podem querer “empurrar” o ciclista para fora dali, afinal ele não está no tal do bordo. E motoristas de ônibus que virem o ciclista ocupando a faixa, comportamento muito mais seguro que permanecer junto à sarjeta, podem querer empurrá-lo para o tal do bordo, colocando-o em GRANDE risco.
Sobre a definição de bordo e para entender por que muitos ciclistas insistem em ocupar a faixa, recomendo a leitura deste texto.
Em relação a qual faixa da Av. Paulista usar, o risco de usar a segunda faixa aumenta consideravelmente com a presença de sinalização com essa frase, justamente pelo comportamento “punitivo” de certos motoristas. Passa a ser melhor usar a faixa dos ônibus, desde que ocupando o centro dela. Nunca circule junto à sarjeta.
“Ciclista, não circule entre os carros” (informada pelo leitor William Dias)
Uma faixa com esses dizeres (ou algo próximo disso) estaria na Av. Ibirapuera, segundo o leitor William Dias nos informou na página do Vá de Bike no Facebook.
Circular por entre os carros em movimento é realmente arriscado e recomendamos aos ciclistas que não o façam. Por vários motivos, entre eles, o de que os motoristas não conseguirão trafegar na distância de segurança necessária. Por outro lado, passar por entre os carros parados não oferece risco ao ciclista, ao menos se feito em baixa velocidade.
O que recomendamos é que o ciclista ocupe a faixa, como veículo que é. Quando os carros pararem congestionados, o ciclista pode sim ultrapassá-los, em velocidade que permita reagir a imprevistos (como um pedestre atravessando em meio aos carros, por exemplo). Quando perceber que estão prestes a se mover novamente, sinalize e volte a circular na faixa, atrás de algum dos automóveis.
Até o Código de Trânsito afirma, explicitamente, que veículos não motorizados podem “ultrapassar veículos em fila, parados em razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou qualquer outro obstáculo”, enquanto proíbe os demais (art. 211).
Essa faixa, portanto, pode induzir o motorista a erro de avaliação, fazendo-o acreditar que o ciclista que circula entre as faixas quando os carros estão parados incorre em infração – o que seria curioso, já que as motociclistas o fazem sem que sejam questionados por isso. E sabemos como os maus motoristas tentam “educar” os ciclistas que eles acreditam estarem agindo errado no trânsito.
E você, acredita que faixas como essas ajudam ou prejudicam o ciclista? Já é o momento de cobrar esse comportamento ou seria melhor tornar as ruas seguras primeiro? Comente.
O que os ciclistas querem e serem tratados como vítimas e serem paparicados pelas Leis. Se sentir ofendido com faixas que lembram da OBRIGAÇÃO do ciclista de seguir todas as regras de circulação é RIDÍCULO.
Polêmico. O que acha? 5 4
Patricia voce esta certa.
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Temos que passar que todos nós somos pedetres , motorista e ciclista ,muita vez no mesmo dia em minutos diferente .
Mas como todos brasileiros se acha um mais “esperto” que o outros …não respeita nada…
educação vem de “berço” se cada um fiz sua parte não precisamos de ficar fazendo campanha e sim fazer o bem sem olha a quem respeitando uns ao outros.
“Brasil terra” de ninguém quem tem poder chora menos , vai ser assim infelizmente é dificil mudar!
Eu faço a minha parte e passo isto para os meus filho .
Não só no transito mas no mundo que vivemos , seje um exemplo …respeite as regras.
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Sou pedestre frequente na Paulista e SEMPRE vejo um ciclista desrespeitando o semáforo de pedestres. No último sábado mesmo, confesso que tive vontade de derrubar o cara da bike, pois ele ignorou completamente os pedestres e continuou pedalando com sorrisinho de malandro.
Se considerarmos a proporção de infratores sobre o total de condutores, em termos relativos o número de ciclistas que desrespeita o pedestre na Paulista é muito, mas muito superior ao número de motoristas. Nenhum ciclista deveria reclamar da faixa, mas sim dar um bom exemplo aos que desrespeitam o pedestre.
Comentário bem votado! 5 0
A faixa tá certíssima, ué… Bicicleta tb é veículo, portanto, tem q respeitar sinaleira. Ponto.
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Não vi nada de mais na referida faixa… o argumento principal é que nossas amadas bikes são veículos como qualquer outro (guardadas, claro, as devidas proporções) e tem que usufruir dos mesmo direitos.
Logo, se tem que usufruir dos mesmos direitos, também tem que se submeter aos mesmos deveres.
Agora, uma coisa é fato: eu moro em Santos, uma cidade altamente privilegiada no tocante a ciclovias (tem uma que começa literalmente na frente do prédio onde moro e passa literalmente na porta do meu serviço)… apesar de tudo que eu disse acima, entendo que deva ser uma “guerra” diária usar bike num trânsito caótico como o de São Paulo… talvez por isso muitos optem por “furar” o semáforo ou adotem outras táticas pra driblar os carros.
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A faixa que estava na Marginal Pinheiros embaixo da ponte Eusébio Matoso não existe mais…só não sei se a CET tirou ou caiu sozinha.
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caros, tive q abortar meu plano de ir para o trabalho com regularidade de bike, pois, infelizmente, boa parte do percurso precisava ser feito pela calçada. quem conhece a avenida cruzeiro do sul, na zona norte, pode entender o q quero dizer. outros trechos também eram feitos pela calçada, o q tornava a jornada lenta e cansativa. de todo modo, andar nas calçadas não representa um risco apenas aos pedestres, mas também ao próprio ciclista: calçadas são totalmente irregulares e esburadacas; o risco de atingir um pedestre é grande, eu mesmo quase atingi alguns e meu maior medo era atingir uma criança serelepe ou um idoso distraído. não faz o menor sentido ter q fazer algo errado para fazer algo bom (pela saúde, pela cidade, pelo país, pela…). se é assim poderíamos passar a torturar os motoristas de carro e ônibus, não? basta uma ameaça ou infração e pronto, choque elétrico nele com a própria bateria do carro! o pedestre é o ponto mais frágil e vulnerável do trânsito, o ciclista vem depois. a prioridade máxima, a meu ver, é o transporte público coletivo de baixo custo e confortável. existem um sem número de blogs em favor das bicicletas, mas, sinceramente, não vejo blogs em favor de pedestres ou do transporte coletivo. ao levantar a bandeira do cicloativismo se opta por um caminho e este caminho é do confronto com todos os outros, inclusive com os pedestres, pois vai chegar o momento em q o ciclista vai ficar impaciente com a lentidão do pedestre. ou melhor, isto já ocorre. na av. paulista: putz… parece uma corrida, um tour de france meia-boca. já fui xingado por ciclistas ao reclamar q eles deveriam esperar eu atravessar a rua. a mesma violência dos motoristas de carros e ônibus está nos ciclistas. travestir alguém de bondade e dar a ele uma causa pode motivar bons atos, mas tb pode justificar um comportamento inadequado. acho q vcs, cicloativistas, estão equivocados, pois partem de premissas frágeis, qdo não inconsequentes. reclamar dessas faixas da CET é algo q vai justamente neste caminho. lastimável…
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Quem estava na bicicletada de 6a. passada deve ter visto uma dessas faixas na Av. Ibirapuera que dizia: “Motorista, evite autuações. Respeite o ciclista”. Muito educativa, não???? Que beleza!! Um incentivo à idéia de que só se deve respeitar as leis de trânsito para não se pagar multas. É lógico que todos nós sabemos que é essa a mentalidade do brasileiro típico, mas podiam ao menos fingir ser politicamente corretos… Nota zero para a CET!
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Mauro da mesma forma que a CET colocou faixas dando puxões de orelha nos ciclistas ela tem que colocar faixas dando puxões de orelha nos motoristas…essa faixa vai fazer muito motorista pensar antes de desrespeitar um ciclista porque agora eles estão vendo que estão cobrando as leis…essa historia de politicamente correto não serve para o brasileiro eu já falei varias vezes e vou repetir o brasileiro só respeita a lei quando sente no bolso
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