Foto: Alex Gomes, via Facebook

Faixas da CET tentam disciplinar comportamento do ciclista

Novas faixas tentam disciplinar ciclistas a obedecerem regras de trânsito, mas algumas têm interpretações questionáveis, o que acende a polêmica: não seria mais importante e eficiente coibir o comportamento agressivo de motoristas, real causa dos acidentes? Queremos ouvir sua opinião.

Novas faixas acendem a polêmica: não seria mais importante e eficiente coibir o comportamento agressivo de motoristas, por ser o que realmente causa acidentes com ciclistas? Leia e dê sua opinião, nos comentários da página.

A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) vêm instalando faixas na cidade que se referem à bicicleta como veículo e ao seu direito de circular nas vias, “com preferência sobre os veículos automotores” (art. 58 do Código de Trânsito). Já falamos sobre uma dessas faixas aqui no Vá de Bike, a que pede aos motoristas que dêem prioridade às bicicletas (veja aqui) e consideramos a iniciativa excelente, legitimando finalmente a presença da bicicleta nas ruas.

Mas o leitor Alex Gomes nos enviou pelo Facebook a foto de outra faixa, colocada na Av. Paulista:

Foto: Alex Gomes, via Facebook

Alex manifesta sua preocupação quanto à faixa ser uma bronca em ciclistas, destacando um aspecto negativo de sua presença nas ruas. “Será que numa época em que ciclistas vem sendo mortos, comprovadamente, por situações de risco ligadas ao ‘culto’ à velocidade e prepotência de maus motoristas, não seria mais feliz (e útil) a CET investir em campanhas de formação (e punição) contra direção agressiva no trânsito?”

Embora seja um puxão de orelha (de certa forma, merecido) em ciclistas que passam o sinal vermelho, essa faixa passa uma informação muito importante: bicicleta também é veículo. E, convenhamos, não custa esperar um pouquinho para o sinal abrir, né? Principalmente se for um semáforo para pedestres.

Mas o questionamento do leitor vai mais além, o que nos fez abrir o debate aqui no Vá de Bike. “Não seria mais interessante, na Paulista, local com uma morte recente de ciclista, uma faixa que dissesse ‘Motorista, respeite o ciclista. Bicicleta também é veículo’?”, questiona Alex.

E ele completa: “Veja as outras faixas que estão com essa pela Paulista: uma diz, por exemplo ‘Ciclista, fique no bordo da direita’. Outra, na Brigadeiro Luís Antônio: ‘Ciclista, obedeça a sinalização de trânsito’. Não quero dizer, repito, que questiono essas frases. Mas questiono o contexto: começando uma campanha dessas puxando a orelha dos ciclistas ao invés de puxar a orelha de maus motoristas pode dar a impressão que é por causa desse grupo (ciclistas) que os acidentes acontecem”.

Compreendemos e concordamos com a questão levantada pelo Alex. Mas não podemos deixar de ver a presença da frase “bicicleta também é veículo” como algo bastante positivo.

Frases questionáveis

O ponto levantado é importante. Se a campanha visa inserir a bicicleta como veículo, o mais importante em um primeiro momento é tornar a via segura, para então cobrar comportamento de veículo dos ciclistas. Como lembra Alex, “muitas dessas infrações dos ciclistas acontecem por causa da ameaça de maus motoristas”.

Além disso, destacam-se algumas frases que podem levar a interpretação incorreta dos motoristas. Solicitamos à CET a lista de todas as frases utilizadas, mas enquanto não recebemos uma resposta vamos a duas dessas frases, enviadas por leitores. Se você vir outras faixas pelo seu caminho, mande a frase para nós, de preferência com foto.

“Ciclista, fique no bordo da direita” (informada pelo leitor Alex Gomes)

Lendo o Código de Trânsito, a frase parece corretíssima. Mas será que representa o comportamento mais indicado na Av. Paulista? A faixa da direita é “preferencial” de ônibus, o que significa que apenas eles devem circular ali, a menos que você vá virar em alguma rua à direita. Deve o ciclista usar essa faixa preferencial, fazendo com que os motorista de ônibus precisem sair dela para ultrapassá-lo, ou deve lhe dar a devida preferência de utilização e trafegar na segunda faixa, que passa a ser a faixa “mais à direita”, indicada para veículos lentos – como muitos ciclistas de fato fazem?

Além disso, essa faixa pode estimular dois comportamentos perigosos de motoristas que tentam punir ciclistas que consideram estar infringindo leis de trânsito. Quando na segunda faixa, motoristas de carro particular, táxi, caminhões e outros veículos podem querer “empurrar” o ciclista para fora dali, afinal ele não está no tal do bordo. E motoristas de ônibus que virem o ciclista ocupando a faixa, comportamento muito mais seguro que permanecer junto à sarjeta, podem querer empurrá-lo para o tal do bordo, colocando-o em GRANDE risco.

Sobre a definição de bordo e para entender por que muitos ciclistas insistem em ocupar a faixa, recomendo a leitura deste texto.

Em relação a qual faixa da Av. Paulista usar, o risco de usar a segunda faixa aumenta consideravelmente com a presença de sinalização com essa frase, justamente pelo comportamento “punitivo” de certos motoristas. Passa a ser melhor usar a faixa dos ônibus, desde que ocupando o centro dela. Nunca circule junto à sarjeta.

“Ciclista, não circule entre os carros” (informada pelo leitor William Dias)

Não há problema - nem infração - em ultrapassar carros parados.

Uma faixa com esses dizeres (ou algo próximo disso) estaria na Av. Ibirapuera, segundo o leitor William Dias nos informou na página do Vá de Bike no Facebook.

Circular por entre os carros em movimento é realmente arriscado e recomendamos aos ciclistas que não o façam. Por vários motivos, entre eles, o de que os motoristas não conseguirão trafegar na distância de segurança necessária. Por outro lado, passar por entre os carros parados não oferece risco ao ciclista, ao menos se feito em baixa velocidade.

O que recomendamos é que o ciclista ocupe a faixa, como veículo que é. Quando os carros pararem congestionados, o ciclista pode sim ultrapassá-los, em velocidade que permita reagir a imprevistos (como um pedestre atravessando em meio aos carros, por exemplo). Quando perceber que estão prestes a se mover novamente, sinalize e volte a circular na faixa, atrás de algum dos automóveis.

Até o Código de Trânsito afirma, explicitamente, que veículos não motorizados podem “ultrapassar veículos em fila, parados em razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou qualquer outro obstáculo”, enquanto proíbe os demais (art. 211).

Essa faixa, portanto, pode induzir o motorista a erro de avaliação, fazendo-o acreditar que o ciclista que circula entre as faixas quando os carros estão parados incorre em infração – o que seria curioso, já que as motociclistas o fazem sem que sejam questionados por isso. E sabemos como os maus motoristas tentam “educar” os ciclistas que eles acreditam estarem agindo errado no trânsito.

E você, acredita que faixas como essas ajudam ou prejudicam o ciclista? Já é o momento de cobrar esse comportamento ou seria melhor tornar as ruas seguras primeiro? Comente.

58 comentários em “Faixas da CET tentam disciplinar comportamento do ciclista

  1. Sou ciclista novata desde janeiro deste ano. Faço um trajeto casa-trabalho de 3 km, e pego uma avenida com grande fluxo de carros e ônibus e um cruzamento de morte (interlagos e sabará). Percebi que os semáforos contém os veículos, deixando imensas brechas. Sempre que não tem pedestre, o que acontece em 99% dos casos, eu furo o sinal sim. E quando tem pedestre, aguardo a travessia e furo o sinal sim, é mais seguro pra mim pedalar nessas brechas, estou errada? essa avenida quase não tem fluxo de carros laterais, todos seguem uma única direção e são contidos por semáforos, se não atropelo ninguém, por que eu estaria errada? Código de trânsito eu respeito, mas e o bom senso no dia a dia?

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    1. O “X” é esse, mesmo os ciclistas mais conscientes cometem infrações em nome da sobrevivência, por isso a resposta institucional tem que ser de proteção(bike boxes, etc)e não de punição. Eu não me sinto nem um pouco culpada por pedalar na calçada em alguns trechos, onde não há pedestres, ou a largura é bastante para bici e pedestre. Daí vou devagar, etc, etc. Ameaço muito menos com a bicicleta do que os carros zunindo a centímetros do meio-fio e das pessoas.

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      1. O “X” da questão é o que te impede de parar no semáforo se queremos ser considerados veículos temos por obrigação respeitar as leis do transito…pq se não abrimos brechas para os motoristas reclamarem….Elis você está errada sim porque está infringindo a lei por este motivo você está errada, você está com o mesmo pensamento que os motoristas,se o farol está fechado para os veículos o veiculo que está atrás de você não vai passar por cima para furar o semáforo também ele vai ter que esperar e se ele tiver com pressa quando o semáforo abrir ele vai te ultrapassar por este motivo é que temos que ocupar a faixa toda para que eles sejam obrigados a mudar de faixa…..você Rosana pode não se sentir culpada de andar mas me diz por qual motivo você não desce da bicicleta e vai empurrando quando está na calçada..eu volto pra casa por volta da 1 da manhã e tem um trecho de uns 500 metros que eu desço da bicicleta e vou empurrando pela calçada para não andar na contra mão

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        1. Aqui em Brasília as calçadas ao longo do eixo monumental não têm pedestres (nem ciclistas, infelizmente) quando tem é um a cada dois quilômetros. São seis faixas com velocidade máxima de 60 km/h (onde andam a 80). O ambiente é hostil para pedestres e ciclistas. Por isso não desço e empurro a bicicleta na calçada e nem ando na faixa de rolamento. Se encontro um desses raros pedestres, vou pra grama, dou a volta, aciono o trim-trim. É o mesmo raciocínio de o motorista passar o sinal vermelho meia-noite, proibido e tal, mas ser assaltado é bem pior, por isso a ponderação nessas situações.

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          1. Rosana se são seis faixas de rolamento não tem o porque você não andar na ultima faixa da direita…eu volto pra minha casa de noite e passo por uma avenida que o limite também é 60 km/h mas os condutores estão sempre a mais e nela tem somente duas faixas de rolamento para carros e uma faixa exclusiva (e não preferencial )de ônibus e não é por isso que eu vou andar na calçada…você estando bem sinalizada fica mais difícil do motorista não te ver porém mesmo assim deve se tomar cuidado eu leio bastante varias vezes o mesmo post aqui no vá de bike porque os post eles falam de varias situações então você tem a noção do que pode acontecer mas só saberá como reagir quando a situação acontecer com você…logo que comecei a andar de bike no segundo dia um motorista discutiu comigo e começo a me jogar para a calçada tentei agir da melhor maneira possível e como dava pra reagir na hora quando cheguei em casa acessei o site e vi que eu não estava errado e deixei um comentário sobre o que tinha acontecido e vários ciclistas me informaram que existem N formas de se sair ileso de uma situação como aquela…com relação ao farol se você esta vendo que o farol está fechando pedale mais devagar diminua a velocidade porém fique atenta com os movimentos a volta e quando o farol abrir você da aquele gás pra conseguir passar se ainda estiver muito longe ou se preferir fique observando se terá algum carro parando ou parado no farol também é uma segurança não só para você mas como para o motorista também (mesmo que ele fique com medo da sua aproximação pela faixa da direita) todos cometemos erros eu mesmo quando comecei a andar de bike como meio de transporte cometi alguns erros como subindo em calçada para sair de um caminhão que está manobrando, passando em farol vermelho por medo, andando bem próximo da sarjeta…..é como eu já falei se queremos ser considerados veículos pelos motoristas temos ter atitude de como se estivéssemos de carro pois só assim conseguiremos o respeito

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    2. É esse o “X” da questão. O uso da bicicleta tem particularidades que as regras de trânsito não contemplam. Com isso em muitas ocasiões o bom senso age em favor da segurança do ciclista. Vamos refletir: Para quem foram feitas as regras atuais de trânsito? Só porque são regras eu terei de me expor numa uma situação insegura? O que vale mais uma regra ou uma vida? Quantos dos que condenam ciclistas já não passaram em um farol vermelho a noite com a justificativa de que é inseguro ficar parado com o carro? Não é a mesma situação?

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  2. A CET não está completamente errada em colocar faixas desse tipo pois como muitos aqui falaram existem muitos “ciclistas” que cometem infrações…as vezes o povo me pergunta qual caminho faço para voltar do serviço e quando eu falo que desço da bicicleta e vou empurrando para não andar na contramão eles ficam me olhando com uma cara de assustados de tipo nossa porque você faz isso…ai eu respondo ué bicicleta também é um veiculo e veiculo não pode andar na contramão e muito menos na calçada, se eu quero que me respeitem como veiculo eu preciso me comportar como um veiculo e outra como já mencionei antes em um outro post (http://vadebike.org/2012/04/a-partir-de-14-de-maio-motoristas-que-desrespeitarem-ciclistas-serao-multados-em-sao-paulo/) nós aprendemos que o maior tem a obrigação de zelar pelo menor caminhão > carro > moto> bicicleta > pedestre…sendo assim se um ciclista passa no farol vermelho ele está quebrando esse ciclo e ele é primordial para a boa convivência e para a segurança de todos a CET com essas faixas está de uma certa forma mostrando para os motoristas que também está cobrando atitudes melhores dos ciclistas e não somente dos motoristas…as ruas ainda estão perigosas para uma circulação tranquila de bicicletas mas para que a CET cobre dos motoristas com eficiência nôs ciclistas também temos que respeitar as leis…posso estar errado mas esse é o primeiro post que eu vejo mostrando para os “ciclistas” que eles também tem obrigações pois quem realmente anda de bicicleta e deseja o respeito segue as ordens e quem está andando de bicicleta só por andar ou por lazer ou por comodidade está vendo que também deve seguir as ordens (tipos os moleques que fazem 18 anos e tiram carta e o pai só deixa pegar o carro no final de semana), mas a CET também deveria colocar faixas informando que os motoristas devem respeitar os ciclistas, da mesma forma que ela está colocando faixa informando o que o ciclista deve fazer pois mesmo com todas essas mortes essa semana passei por apuros estava passando por um viaduto (viaduto São Carlos) onde passa caminhões ônibus e carros sei que é um lugar apertado por este motivo eu fico meio que no meio da pista por ser um viaduto pequeno que só passa por uma linha férrea a passagem é rápida porém existe sempre o apressadinhos que buzina e tals eu usando o bom senso dou passagem e passa aquela fila de carro porém alguns motoristas não se tocam que estão passando perto demais ai para minha segurança volto pro meu lugar de direito meio da pista, e nesse feriado estava eu nessa situação e um motorista começou a buzinar eu fiz gesto que pow eu estava lá e estavam me espremendo espera um pouco pois já esta acabando o viaduto..ele simplesmente acelerou o carro e começou a me empurrar para o canto da pista jogando o carro em cima de mim (precisei me apoiar no vidro dianteiro do veiculo para recompor o equilíbrio na bicicleta e ele continuou acelerando até chegar no final do viaduto e finalmente podendo acelerar seu veiculo e para no farol logo a frente….para motoristas assim que a CET deveria pensar em colocar mais faixa informando que bicicleta também é veículos…como informei ela deve colocar faixa dessa maneira informando ao ciclista o que ele deve fazer mas também em uma proporção bem maior colocar faixa informando o que o motorista deve fazer com relação ao ciclistas pois existem mais motoristas stressadinhos do que ciclistas infratores

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  3. O poder público tem a obrigação de implantar políticas públicas eficazes e precisas. O caso das colocações destas faixas mostra uma política sem objetivos bem definidos. A primeira pergunta que um gestor deveria fazer é, a quem se destina a política pública. A resposta já foi dada pela própria prefeitura, pelo menos no slogan, e se chama proteção ao pedestre, e agora ao ciclista. Por proteção se entende em reconhecer quem são os agressores e agir efetivamente na melhoria das condições de vida das vítimas.

    Portanto essas faixas são um grande equívoco. Não ajudam em nada na proteção aos pedestres e ciclistas.

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  4. Percebo que, com as faixas da CET, um novo espaço de debate se instala: ficam consolidados e divulgados os conceitos de bicicleta como veículo, que o motorista deve respeitar o ciclista e que os ciclistas têm sim que seguir leis de trânsito. Com isto pode-se avançar para exigir o estabelecimento das estruturas físicas para as bicicletas, como “bike boxes” e semáforos para bikes (em reposta ao fato de que a atitude de infração de alguns ciclistas, como de furar o sinal, é defensiva), sinalização nas pistas indicando o compartilhamento das vias, etc. Quanto à faixa do “pito” que ilustra o post, acaba sendo positiva, pois fala de um dever do ciclista e explica o porquê (em letras maiores!): BICICLETA TAMBÉM É VEÍCULO!

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  5. … o motorista que não respeita as leis não deve ser usado como justificativa pro ciclista que tb não cumpre com a mesma …

    Se as faixas estão sendo direcionadas a nós ciclistas isso demonstra que de alguma forma estamos sendo “observados”, não tomem sua obrigação como puxão de orelha.

    … e mais, o ciclista que não respeita as leis de transito ira repetir seu comportamento dentro de um automóvel ou mesmo a pé … e vice versa … qdo o respeito as normas não acontece, ele não acontece em todos os aspectos da vida do cidadão …

    As Leis estão ai pra todos … cabe a nós respeita-las ou não …

    Respeito e educação … se adquire de forma gratuita … mas qdo faltam sai bem caro pra todos ..

    Abs.

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    1. Temos que separar o joio (cilistas imprudentes e inconsequentes, arrogantes, exibicionistas) do trigo (ciclistas que, por medo ou ameaça, descumprem normas de trânsito para não ser atropelados). As imprudências de motoristas (o lado mais forte da história) estão sim na raiz de muitas imprudências de ciclistas (pedalar na calçada, andar na contramão por medo do que vem atrás, furar farol vermelho pra fugir das arrancadas dos carros). Imprudência justifica imprudência? Claro que não. Mas faz entender que a raiz do problema (imprudência de ciclistas) não é tão superficial quanto essas faixas dão a entender. Sinceramente, acredito que essas faixas vão servir mais pra fortalecer o discurso dos anti-bikes nas ruas (pois elas apontam que os ciclistas não estão cumprindo as leis, ou seja, são culpados por seus acidentes) do que educar dos ciclistas inconsequentes. Como educar esses ciclistas? Que tal oferecer os direitos primeiro (respeito no trânsito, estrutura, fiscalização, segurança) e depois então cobrar os deveres? Repito: não estou dizendo que ciclista pode fazer o que quer no trânsito, mas que se investigue direito a raiz desse problema e se tomem atitudes nas direções certas. A CET deveria avaliar o problema com a profundidade que ele pede, e não cair nesse modo raso de encarar um problema tão sério como a segurança dos ciclistas nas ruas.

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  6. ainda não consegui ler tudo e todos coments, mas as FAIXAS:‘Ciclista, fique no bordo da direita’ e ‘Ciclista, obedeça a sinalização de trânsito’…..mmmm complicou!
    Eu que pedalo à 25 anos nas ruas de São Paulo, uso a BIKE como meu meio de transporte MESMO e até carro já não tenho mais…(pego emprestado quando preciso) DISCORDO TOTALMENTE destas duas frases.
    1. Ficar no bordo da direita apenas, não é sempre seguro! Muitas ruas com busão (eu disse ruas e não avenidas) não oferecem segurança alguma no bordo da direita! POr ex.Rua Dr.Renato Paes de Barros, por uns 3 quarteirões, o mais seguro é o bordo da esquerda, pois na direita eu tenho ônibus me expremendo entre 3 quarteirões com 3 pontos de ônibus. Impossivel o bordo da direita lá. neste trecho
    Portanto, o motorista é bem capaz de me “xingar” por estar no bordo da esquerda em alguns casos

    E a LEI? que diz: bordos da pista e não dir. ou esq.

    LEI PARA O CICLISTA, até onde eu sei diz BORDOS

    2. Respeitar quais leis de trânsito? todas eu respeito, mas daqui a pouco o motorista vai reclamar por eu estacionar no proibido ou ficar parada entre a faixa de pedestre e a faixa de contenção esperando o farol abrir,……apenas para, ser vista!

    obrigada
    Silvia Ballan

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  7. Acrescentando: na balança da política da mobilidade urbana, essas faixas da Paulista (ao contrário das ótimas faixas que estão em outras partes da cidade que dizem: “Motorista, dê preferência ao ciclista”) cumprem uma função de cobrar os DEVERES do ciclista (respeitar sinais de trânsito, andar a direita, não andar entre os carros), porém sem a contrapartida da prefeitura de zelar pelos DIREITOS (ser respeitado, não ameaçado etc). Agora, sobre a faixa da foto, que diz “Ciclista respeite o semáforo: Bicicleta também é veículo”, muitos (inclusive eu) se animam em pensar que essa segunda frase vai ter impacto positivo: pessoas vão ler e entender “Sim, bike é veículo”. Porém, essa intepretação seria, digamos, incidental, pois se lermos atentamente a faixa, a mensagem é clara, conforme o Pedro no comentário acima comentou: ”olha, agora vocês são veículos, então se comportem como carros, se não a culpa já não é mais nossa…” Isso me preocupa e me entristece, pois mostra que a CET continua uma companhia a serviço da fluidez do trânsito. Pra incrementar mais essa nossa conversa: quem puder, dê uma passada no conjunto nacional (Paulista) onde, em um dos corredores, há uma exposição comemorando os 35 anos da CET. O texto de entrada da exposição fala claramente quais os objetivos principais da CET. Deixo pra vcs lerem e tirarem suas próprias conclusões.

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  8. É complicado. Acho que o problema maior é que os semáforos são projetados e tem os tempos calculados pensando no carro, na sua velocidade de deslocamento, arrancada, espaço ocupado e visibilidade do motorista. Para bicicletas as condições são muito diferentes. Se eu chego com a bike num semáforo, reduzo a velocidade e tenho perfeita visão ao redor de que não estão vindo outros veículos na transversal, ou pedestres cruzando, porque não seguir? Já carros não podem fazer tal coisa, já que possuem inúmeros pontos cegos, mesmo em velocidades baixas oferecem muito risco a pedestres, ocupam grande espaço para se colocar em posição de visualizar o trafego na transversal (na bicicleta vc consegue se colocar à frente da faixa de pedestres sem obstruir o caminho, já um carro não).
    Por outro lado, existem ciclistas que abusam, invadem a faixa e acuam pedestres, tiram finas de pessoas atravessando… andam na contra-mão… fazem travessias arriscadas ou andam desnecessariamente e imprudentemente entre os carros e ônibus.
    Portanto, acho que o correto não é fazer as bicicletas seguirem as mesmas regras dos automotores, mas haver regras próprias para esse modal de transporte.

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  9. Também sou favorável ao respeito à sinalização, mas temos que admitir que TODOS os sinais de trânsito foram feitos pensando nos veículos motorizados (e ainda por cima, em detrimento do pedestre!). Exigir isso sem oferecer uma contrapartida para o ciclista em termos de segurança é contraproducente em termos de estrutura cicloviária. Claro que existem ciclistas simplesmente irresponsáveis e imprudentes, mas quem de nós nunca cruzou um sinal vermelho porque se sentiu mais seguro dessa maneira? Ou teve que subir numa calçada por ser praticamente expulso da rua? É uma questão muitas vezes de mero instinto de sobrevivência, numa cidade que ainda não oferece segurança para a bicicleta, e onde muitos motoristas acham que nem deveríamos existir. Essa discussão é um pouco como a do ovo e da galinha, não adianta exigir uma coisa sem oferecer a outra. Correto por correto, cadê a “bike box” à frente dos carros e antes da faixa de pedestres? cadê o semáforo para as bicicletas, existente em v´årias cidades da europa e que sempre abre alguns instantes antes dos carros? Cadê as mensagens mais inequívocas quanto à faixa de rolamento onde devemos pedalar, e que realmente seja mais segura? Aliás, cadê as ciclovias mesmo? Temos que aproveitar essa deixa e exigir a verdadeira segurança no trânsito, e não nos contentarmos com essa mensagem incerta: -“olha, agora vocês são veículos, então se comportem como carros, se não a culpa já não é mais nossa…”

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  10. A faixa com os dizeres para o ciclista respeitar o semáforo é de extrema importância, para garantir a integridade do pedestre e do ciclista, já presenciei um atropelamento de um pedestre por uma bicicleta, os dois se feriram, como sempre, quem esta a pé fica com o maior prejuízo, uso a bicicleta como meio de transporte diariamente, temos que reivindicar nossos direitos, mas temos que aprender a respeitar o espaço publico também.

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  11. Muito bom ver as opiniões de vocês aqui nos comentários. O debate está de alto nível, com bons argumentos contra e a favor. Dessa forma construímos uma opinião mais sólida, com um debate que acaba por se tornar importante para todos os ciclistas.

    Gosto de deixar o debate fluir nos comentários, sem intervenções. As opiniões de vocês são importantes, mesmo quando diametralmente opostas às minhas. Também aprendo muito com isso. Lapido conceitos, refino opiniões, conheço outras realidades.

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  12. Sou absolutamente favorável a que se cumpram as leis de trânsito, tanto por parte de motoristas quanto ciclistas. O grande problema é que as leis, da maneira como estão, foram feitas pensando em quem está dentro de um carro. Os semáforos mesmo, existem em vias de alto fluxo DE CARROS, e foram colocados lá justamente para evitar que os carros colidam uns com os outros. Os semáforos para pedestres normalmente concedem apenas 15, 20 segundos para as pessoas e muitíssimo mais para os carros. Quando há botão (“pedestre: aperte o botão e aguarde”), o tempo de espera é tão grande que poucos acreditam que de fato aquele botão funciona.
    Ainda que seja lei, exigir que ciclistas respeitem semáforos é burocratizar o uso da bicicleta, fazendo com que a cidade tenha que se adaptar ao ritmo dos carros, e não o contrário (que seria o correto). Em Paris, os ciclistas foram autorizados recentemente a passar no sinal vermelho (na realidade, os semáforos para ciclistas ficarão em amarelo piscante quando os dos carros está no vermelho), sob o argumento de que os danos que potencialmente ciclistas causarão a outras pessoas ao cruzar o vermelho são mínimos, e de que ciclistas estão naturalmente mais conscientes a respeito do que ocorre no seu entorno. Outro argumento é de que, por depender da força humana, o movimento acelera-para-acelera-para dos semáforos é prejudicial para os ciclistas, que poderiam se beneficiar da inércia do movimento. Fora o fato de que, quando o sinal abre, o torque desenvolvido por carros e motos é infinitamente superior àquele de quem está pedalando, o que ocasiona uma diferença grande e perigosa de velocidades entre esses veículos.
    Não acho que a lei deva ser descumprida, ressalto. Mas as leis deveriam dar tratamento diferenciado a quem é mais vulnerável, como é o caso de pedestres e ciclistas. A realidade de selvageria no trânsito já afeta demais quem está fora dos carros e oferece pouco risco, e ainda querem que ciclistas se submetam às mesmas exigências? Por favor, né?
    Esse texto aqui fala um pouco melhor sobre o sistema que está sendo testado em Paris. Vale a leitura: http://road.cc/content/news/52423-paris-gives-green-light-trial-scheme-allow-red-light-jumping-cyclists

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    1. Enrico, num outro comentário sobre um assunto parecido, eu falei sobre a minha experiência. Eu moro a 13kms do meu trabalho. Demoro em média 44 minutos (obedecendo ao máximo os semáforos). Para ver o quando eu “perco” de tempo por respeitar as leis de trânsito que são feitas para os carros como vc diz, tive a paciência de cronometrar quanto tempo fico parado. Dos 44 mins do meu trajeto, 6,5 mins são com a bicicleta parada, esperando o farol abrir. Sinceramente, não acho muito. Mesmo contando com a questão da desaceleração para parar a bicicleta e depois voltar a pedalar para atingir a velocidade média, acho razoãvel. Ainda que eu perca 10 minutos, e daí? Tô de bike. Se tivesse num carro levaria mais de uma hora pra chegar no Brooklin onde trabalho. Pense nisso.

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      1. Sérgio, eu entendo o teu ponto de vista, e muitas vezes respeito os semáforos vermelhos. Não por convicção ou para ser o “joãozinho do passo certo”, e sim para eventualmente criar uma imagem junto aos motoristas, dizendo simbolicamente pra eles: “Ó, eu tô respeitando as regras, então tu me respeita também”. Meu argumento é justamente o de que a lei deveria ser escrita pensando não só em quem está dentro do carro, como é o caso do CTB. Podem ser apenas 6,5 que você “perde” diariamente (no meu caso, aposto que seja até menos, já que moro a 2km do trabalho), mas é a mensagem que a sociedade deveria passar. Assim como o vermelho é cor usada em muitos lugares para ciclovias com a mensagem subliminar de ser um “tapete vermelho” para quem opta por usar a bicicleta, eu defendo que a sociedade deveria dizer a quem opta pela bicicleta: “Olha, esse negócio de semáforo é coisa pra carro, já que eles ocupam tanto espaço, poluem, fazem barulho, atropelam, ocupam espaço e deixam as pessoas gordas e endividadas. Quem anda de bici pode seguir seu caminho tranquilamente.”
        É a questão da mensagem subliminar. Se fosse permitido por lei passar pelo vermelho de bicicleta, o motorista que está no seu carro, atrasado e estressado, estaria parado no semáforo e veria toda hora bicicletas passando por ele, silenciosamente passando a mensagem de que ele está gastando uma grana, poluindo e se estressando para ficar parado!
        A eventual permissão de ciclistas para pedalarem mais livremente, creio eu, também poderia contribuir para acalmar o tráfego de maneira geral, pois os motoristas que passam pelo sinal verde mesmo assim deveriam estar atentos, pois bicicletas podem cruzar a qualquer hora. É o raciocínio de que os carros e os motoristas é que têm que se adaptar ao ritmo da cidade, e não o contrário.

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        1. Concordo contigo quanto ao fato do código de trânsito privilegiar os carros. Permita-me um desabafo: as vezes fico cansado disso tudo, dessa luta por algo que é tão claro na nossa cabeça como solução para o trânsito, mas que o governo vai dando a conta-gotas (quando dá) as melhorias necessárias. Eu acho que calçadas deveriam aumentar, quase todas as ruas terem marcadas ciclofaixas para as bicicletas, os semáforos serem diferenciados ou mesmo aquele esquema das bikes sairem na frente dos carros com uma faixa a frente, etc…

          O que estamos tentando fazer é andar civilizadamente de bike na estrutura feita para os carros. É injusto, mas imagino que seja a luta possível no momento. Um dia, quem sabe, essa lógica perversa mude.

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  13. Olá pessoal. Aqui é o Alex. Fui eu quem tirou a foto da matéria e levantei esses questionamentos num post no facebook do Vá de Bike. Bom, deixo claro que eu obedeço ao máximo possível as leis de trânsito parando em semáforos antes da faixa de pedestres, não sigo em contra mão e nem ando na calçada. Em todos, sim TODOS os momentos em que paro no semáforos, sempre um carro cola na minha roda traseira e em pelo menos 60% dos casos que que estou mais próximo a sarjeta, algum cola em mim praticamente roçando minha perna. Resumindo: sou literalmente PUNIDO por maus motoristas quando estou cumprindo a lei de trânsito. E daí, quando vou na paulista e vejo essas faixas que, diferente de outras que estão em outras partes da cidade, tem frases como “Ciclista, cumpra a lei de trânsito”, “Ciclista, não ande entre os carros”, “Ciclista, fique no bordo da direita” que são direta ou indiretamente broncas, sinto que a CET está dizendo pra mim que sou eu quem deve tomar cuidado no trânsito, como se houvesse uma culpa principal em mim por estar sob ameaça no trânsito. Por favor, me entendam: todas as frases, em si, são corretíssimas, mas num contexto em que muitas pessoas acusam os ciclistas de imprudentes, fica fácil exigir deles mais responsabilidade no trânsito mesmo não oferecendo condições seguras para isso. A revista São Paulo, da Folha de S.Paulo (edição 88) fez uma matéria onde contou o número de infrações de ciclistas na Paulista e na Ciclofaixa permanente de Moema. Na ciclofaixa ela flagrou pouquíssimas infrações em relação a Paulista. Então, a conclusão óbvia que fica: quando se há uma infra estrutura que dê segurança aos ciclistas, as infrações diminuem! Vivemos por décadas numa cultura do automóvel como meio principal de transporte, sinônimo de status etc, então, eu acho que até por isso devemos sim investir PRIMEIRAMENTE de forma pesada numa formação e fiscalização de motoristas. Tenho certeza que se grande parte dos motoristas dirigisse sem colocar em risco pedestres e ciclistas, as infrações desses 2 grupos seriam consequentemente mínimas, ou senão nulas. Dar bronca nos ciclistas nesse momento, com essas faixas da Paulista, sem considerar que muitas imprudências são feitas porque a cidade não oferece condições, respeito e não considera DE VERDADE a bike como veículo, onde a prefeitura numa atitude demagógica e hipócrita apresenta números inflados sobre investimentos para ciclistas que não condizem com suas ações na prática, nesse contexto essas faixas podem gerar uma confirmação pra opinião daqueles que acham que os ciclistas são os culpados por seus acidentes. Ciclistas precisam de educação e formação, sim, mas não acho que esse caminho escolhido pela CET foi feliz.

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  14. Eu não me ofendo e, especialmente nesse caso, BICICLETA TAMBÉM É VEÍCULO não é reprimenda.

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  15. Pessoal vamos parar de reclamar sem antes ter a prática da coisa. eu seria totalmente contra se estas faixas fossem utilizadas somente nos domingos e feriados como o são as faixas de lazer. mas acho que estas ai sao importantissimas para quem usa bike para o trabalho do dia dia. isso é mais que necessário pois levaria muito tempo até educarem os motoristas com mentalidade antiquada da época do regime militar que ainda existe nesta cidade.
    apoio o uso destas faixas e digo mais, excelente idéia para aquelas pontes malditas onde voce não pode andar de bike sem correr risco de vida!
    TODA VIA IMPORTANTE DEVERIA TER UMA FAIXA DESSA!

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