Ignorando o risco corrido pelos pedestres que precisam atravessar nesse ponto, agente da CET justifica a falta de travessia. Imagem: Rachel Schein/Reprodução

A dificuldade de atravessar as ruas em São Paulo

Enquanto o poder público dissemina a informação incorreta de que pedestre só pode atravessar na faixa, faltam travessias em pontos críticos.

Agente da CET justifica a falta de travessia, enquanto os pedestres continuam precisando cruzar a avenida. Imagem: Rachel Schein/Reprodução

O vídeo abaixo, filmado e editado pela Rachel Schein, mostra a falta de pontos de travessia e a dificuldade de circular a pé na região de Pinheiros, em São Paulo. O principal ponto mostrado é o da foto acima, a esquina da Praça Panamericana com a Av. Prof. Manoel José Chaves (veja no mapa). Nesse local, muita gente precisa atravessar, por ser o caminho para chegar à estação de trem, à Cidade Universitária (USP) e à Ciclovia Rio Pinheiros.

Há pedestres atravessando o tempo todo, como você perceberá nas imagens. E os agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego, presentes com frequência no local, têm apenas a orientação de fazer os carros circularem mais depressa, para tentar evitar o congestionamento. As pessoas atravessam sob seus olhos, debaixo de seus narizes, sem que interfiram para garantir sua segurança. Porque, para a Companhia, a prioridade ainda é manter a fluidez.

Companhia de Engenharia de Tráfego

A CET ainda precisa aprender que tráfego não é sinônimo de automóvel, mas sim de deslocamento. Diretores, gerentes e outros funcionários que planejam e coordenam a atuação dos agentes têm de se conscientizar que trabalham para pessoas, para a cidade, não para motoristas.

Essas pessoas precisam enfiar de uma vez em suas cabeças que vidas são mais importantes do que a pressa – não importa o que a parcela da população que dirige diariamente, que nem mesmo é maioria, venha dizer sobre isso. E que proteger o pedestre é bem mais do que simplesmente estender uma bandeirinha que lhe impeça de atravessar com o sinal fechado.

Garantir a segurança dos pedestres não só é uma obrigação do órgão de trânsito, como deve ser a prioridade absoluta. Está lá, no PRIMEIRO artigo do CTB: “os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida”.

Ou seja, a Lei que determina, em grande parte, como deve ser a atuação dos órgãos de trânsito, deixa bem claro que a CET, seja por meio de alterações no viário, política de atuação ou atitudes individuais de seus agentes, DEVE se preocupar em primeiro lugar com a vida das pessoas. Aqueles pedestres atravessando ali nunca deveriam ser ignorados. O risco que correm nunca deveria ser justificado pela falta de uma travessia segura no local (que, na realidade, é a causa desse risco).

A situação de perigo é clara e a atuação deveria ser imediata: de forma paliativa, com um agente de trânsito interrompendo de tempos em tempos o tráfego de veículos para que as pessoas atravessem, e em definitivo, com a implementação de sinalização que torne a travessia viável e segura. O órgão de trânsito não pode ser omisso quanto a essa situação, pois torna-se cúmplice de atropelamentos que venham a ocorrer. Essa omissão e displicência com a vida dos cidadãos que estão fora do automóvel é vergonhosa.

O ponto principal é que a responsabilidade pela situação de risco que o viário oferece – nesse e em tantos outros locais da cidade – não é dos pedestres. Isso fica claro, cristalino, pela forma como foi projetado e sinalizado o viário. É impraticável exigir de uma pessoa que está se deslocando a pé que dê uma volta de centenas de metros para conseguir atravessar uma rua ou avenida. E a responsabilidade sobre as consequências disso é exclusivamente do órgão de trânsito, que projetou e sinalizou a via de forma a atender apenas a quem está em um veículo motorizado, ignorando e “jogando aos leões” quem se desloca a pé ou de bicicleta.

Segundo o artigo 69 do Código de Trânsito, onde não houver travessia de pedestres a uma distância de 50m o cidadão poderá atravessar no local que considerar mais adequado, desde que “em sentido perpendicular” ao eixo da via e “na continuação da calçada”. Portanto, a alegação de que pedestres não deveriam atravessar onde não houver faixa de pedestres não encontra nem mesmo embasamento legal.

Soluções populares

Motoristas respeitando travessia em faixa de pedestres pintada por cidadãos na Ponte da Cidade Universitária, em 2010. Foto: Luddista

Um pouco adiante, na alça de acesso à ponte da Cidade Universitária, pedestres e ciclistas que precisam acessar a ponte correm risco de vida todos os dias, o tempo todo. Manifestantes já pintaram uma “faixa de pedestres cidadã” no local, em 2010. Junto a ela, uma sinalização de bicicletas na ponte, em certa medida semelhante às ciclorrotas de hoje. As bicicletinhas no asfalto ajudavam a convencer os motoristas a compartilharem a via, além de indicarem aos ciclistas como se posicionar ao longo da ponte para tornar a travessia mais segura.

Depois de algum tempo, toda essa sinalização popular foi apagada pela CET, “para garantir a segurança dos usuários das vias e evitar possíveis acidentes”. Sim, disseram esse absurdo, veja aqui. Mas enquanto a faixa de pedestres esteve ali, houve respeito de boa parte dos motoristas, que reduziam ou mesmo paravam para que as pessoas atravessassem. O mesmo acontecia com a sinalização de bicicletas.

Soluções populares têm efeito imediato, embora não sejam bem vistas pelo poder público, pela imprensa e por parte dos cidadãos (não a parcela que precisa atravessar ali diariamente, claro). Aos olhos da lei, são irregulares, pois só o órgão de trânsito pode sinalizar as vias, ainda que nesses casos se omita dessa função. E duram muito pouco, pois são rapidamente retiradas, para não confundir os motoristas.

Vias oficiais

Em fevereiro de 2012, pouco depois da inauguração do acesso à Ciclovia Rio Pinheiros nessa mesma ponte, registrei uma solicitação no SAC da Prefeitura sobre o problema nesse local.

Expliquei que pedestres e ciclistas correm risco ao atravessar ali, pois os carros vêm em velocidade e não há travessia. Contei que muitas pessoas passam ali, por causa do acesso à ciclovia, da estação de trem e da universidade.

Mais de seis meses se passaram, sem nenhuma resposta. No dia 4 de setembro, uma mensagem no site pedia para ligar em um número de telefone da CET, fornecendo o número do processo. Foi o que fiz.

Nos domingos, muitos ciclistas tentam cruzar da Ciclofaixa de Lazer para o acesso à Ciclovia Rio Pinheiros. Todos os dias, pessoas a pé ou em bicicletas correm risco de vida pela omissão do poder público.
A atendente, bastante prestativa, leu para mim a resposta: “com a implementação da ciclofaixa da Av. Faria Lima” (é, também não entendi essa parte), o pedido “foi deferido pela engenharia” e a travessia será implementada.

– Não tem prazo?

– Não, senhor…

– É só isso?

– Só, senhor…

Agradeci. Era tudo que ela podia fazer: ler a mensagem, dando a impressão de que ela não me foi enviada por escrito para não haver comprometimento.

Me resta a esperança de que, apesar da vida continuar não sendo prioridade para a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, a tal travessia tenha sido incluída em algum planejamento e esteja em uma fila para ser implementada. Um dia, a burocracia vencerá a insensibilidade.

25 comentários em “A dificuldade de atravessar as ruas em São Paulo

  1. Vamos rezar para que Volkswagen, ford, HONDA, PEGEAUT, FIAT, ETC., passem a fabricar bicicletas. Assim investirão zilhões em propaganda, e convencerão a essa massa de abobados que compram carros a pedalar. Não se iludam: a indústria automobilística, juntamente com a indústria farmacêutica e o agronegócio, financiam as campanhas eleitorais dos que são eleitos e que planejam a cidade. Não é coincidência nem incompetência o fato de a cidade ser (mal) planejada para o automóvel; é algo orquestrado pelo capital das multinacionais É preciso que se elejam candidatos comprometidos com o coletivo. Enquanto a massa de acéfalos do povo brasileiro continuar a votar em empresário, fazendeiro e pastor evangélico, as cidades continuarão uma merda pra todos (a menos, é claro, se você puder comprar a porra de uma carroça com motor).

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  2. Cara só não da pra atravessar na Praça Panamericana.
    Tudo bem, como se trata de uma curva não pode existir uma faixa de pedestre.
    Mas lá está tudo errado. Falta faixa perto, a quantidade de carro que passa é imensa, não tem visibilidade nenhuma para os motoristas e por ai vai. Cansei de ver pessoas quase sendo atropeladas lá. Eu mesma quando atravesso lá acabo indo por caminhos maiores pra atravessar sossegada.

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  3. Infelizmente no Brasil, e em muitos outros países, o respeito no trânsito é dado proporcionalmente ao quanto vale o veículo em que se está.
    O que deveria ser o contrário, pois é inversamente proporcional a vulnerabilidade da pessoa.

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  4. Não quero julgar ninguém, mas a pessoa com a bicicleta não deveria estar trafegando junto com os carros e não na calçada? Fiquei com essa dúvida..

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    1. Deveria. De acordo com o código de trânsito do Brasil, o lugar da bicicleta é na rua quando não há ciclovia.

      Entretanto, quem se atreveria a reprimir esse comportamento? Pedalar na calçada é muitas vezes a alternativa possível. Eu pedalo normalmente na rua, mas jamais censuro quem, de forma cortês e respeitosa, utilize a calçada compartilhada com os pedestres, porque trata-se de preservar a própria vida em um trânsito pouco amigável e uma fiscalização que é omissa e não poderá ser onipresente. Isso é o que se chama motivo de força maior, e também é senso comum. Acredito que nenhum agente de trânsito ou policial vai cometer o disparate de retirar uma bicicleta como a do vídeo da calçada, a pretexto de cumprimento da lei, e mandar essa pessoa para morrer atropelada. Agentes de trânsito e policiais são pessoas também.

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      1. Concordo contigo, porém em um momento do vídeo os pedestres na calçada são obrigados a pararem e dar passagem a bicicleta. E se durante essa passagem a pessoa se desequilibrar e cair em cima do pedestre? Seria a mesma coisa de quando um carro passa perto da bicicleta no trânsito..

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        1. OBS: Eu ando na calçada também com a bicicleta, porém quando está vazia somente e quando aparece algum pedestre eu paro e dou passagem para ele.

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  5. Ola amigos do va de bike, meu nome é julio e moro aqui na cid ademar na zona sul, gostaria de pedir para que produzam uma materia incentivando a consciencia das pessoas, sou ciclista, mas tambem dirijo minha moto e alguns carros, respeito o ciclista e o pedestre, mas notei que a educaçao as vezes não é reciproca, ja que muitas vezes percebo que em vias perigosamente movimentadas, percebo que muitos ciclista usam fones de ouvido a todo volume, impedinto qualquer sinalizacao sonora, o que pode causar acidentes graves , cmo o que quase aconteceu comigo, um rapaz distraido com seu nao percebeu minha aproximacao nem minha buzina = ou seja, quase eu joguei a moto na guia pra esquivar do distraido que estava furando o farol. E os pedestres tambem nao ficam atras em alguns casos, atravessando a faixa sem sinalizar, provocando freadas repentinas em varios locais da cidade peço a voces atençao sobre esses casos pois a polularidade do blog pode e ajudar e muito !

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  6. A situação em BH não é diferente. Em 2012, a PBH resolveu brincar de recapear muitas ruas e avenidas da cidade (só passou 2cm de asfalto por cima dos buracos). A sinalização horizontal, que já estava gasta, ganhou nova pintura, o que é bom. Porém, na maioria dos locais onde houve intervenção, esta pintura é executada, 1, 2 meses depois da obra concluída. Resultado: faixas de pedestre ignoradas.
    O tempo dos semáforos de pedestre por aqui também é ridículo. Há casos, como na Av. Afonso Pena com R. da Bahia, em que o tempo para um pedestre atravessar 4 faixas é de menos de 9s, e ainda tem que eesperar mais de 3min para poder atravessar as outras 4. Só Usain Bolt pra conseguir.
    Cidades para pessoas…

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  7. “A CET ainda precisa aprender que tráfego não é sinônimo de automóvel, mas sim de deslocamento. Diretores, gerentes e outros funcionários que planejam e coordenam a atuação dos agentes têm de se conscientizar que trabalham para pessoas, para a cidade, não para motoristas.

    Essas pessoas precisam enfiar de uma vez em suas cabeças que vidas são mais importantes do que a pressa – não importa o que a parcela da população que dirige diariamente, que nem mesmo é maioria, venha dizer sobre isso.”

    Sem mais.

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  8. Impresionante como a mentalidade do governo ainda é defender o direito da minoria, grande poluidora e assassina da cidade. A maioria precisa sair correndo para a minoria passar bem depressa, se reclamar ainda vai escutar um “pobre” e “babaca” . Realmente não vejo futuro para um cidade que não respeita nem seus pedestres, o que se dirá do resto ? Triste ver também como o Estado reprime boas atitudes dos cidadões na ausência (falta) na sua ausência…

    As vezes tenho vontade de ter nascido antês da era da MUDERNIDADE …

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  9. E o pedestre ainda tem que adivinhar onde tem faixa, e medir os 50 metros, para ver se é ou não legal atravessar fora da faixa??? Estando na frente de uma calçada que se prolonga do outro lado??? Então dá pra medir 1,5 m numa boa para multar motorista que tira fina de ciclista. Aqui no DF escrevi para a ouvidoria do DFTRANS para falar de um ponto de travessia, diante de uma parada de ônibus. Do outro lado tem uma longa subida calçada, com gramado dos dois lados. Ali é a única passagem pavimentada. Após o desembarque as pessoas têm que esperar o sinal ficar vermelho bem mais adiante e atravessar fazendo um ziguezague entre os carros parados, escapulindo das motos que passam no corredor. Coloquei até foto do Google Maps do local, tudo no e-mail. Pedi que sinalizassem o chão para que fique um caminho no asfalto para que os motoristas vejam e deixem aquela faixinha livre ao parar no sinal.Sem resposta até hoje.

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  10. estou morando aqui em dublin e, (nao tem acento no teclado) eh incrivel ver a organizacao no transito por aqui, organizacao e respeito, diga-se de passagem.

    no final do video, voce mostra o semaforo fechando em um sentido e abrindo no outro sem intervalo de nem ao menos 1 segundo. por aqui, todos os semaforos funcionam assim: amarelho, vermelho e, depois de 2 segundos jah no vermelho, ele abre para o pedestre, amarela para o pedestre por um loooongo tempo, fica vermelho e depois de uns 2 segundos tambem, abre para os carros de novo.

    se eh um cruzamento maior, nao importa. sempre vai ter tempo para o pedestre atravessar em seguranca, os carros podem esperar.

    claro que o transito de SP eh completamente diferente do de Dublin em relacao a a quantidade de carros rodando, mas isso nao eh motivo nem aqui, nem ai, para colocar em risco a vida de pedestres como podemos ver no seu video.

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    1. Dublin … que sorte a sua !!! Imagine que se eu, aqui em Ribeirão Preto/SP, sair com a minha bike agora, pouco mais das 18 horas, e você ai em Dublin, num horário de pico, as chances de conhecermos de “bem de perto” qual a resistência de um parabrisas automotor, certamente, acredito tenho 95% mais chances de você.

      Acho que você deva cruzar até com velomóbiles, bikes com crianças bem acomodadas, etc, etc, etc …

      Ainda estamos isentando as montadoras do IPI, o que demonstra claramente o desinteresse pelo humano.

      Um dia chegaremos lá, já que estamos avançando com a sociedade se organizando.

      Abraços.

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  11. [Comentário oculto devido a baixa votação. Clique para ler.]

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    1. Cálcio, vejo que você não conhece bem a área em questão, se você clicar no link do mapa que está na matéria você vai poder ver o que vou falar. Isto é a praça Panamericana, ela é como se fosse uma rotatória gigante com cerca de 200m de diâmetro, o único lugar reto, que não é uma curva é a Av. Prof. Fonseca Rodrigues que a corta ao meio e tem um ponto de ônibus, qualquer pessoa que desça do ônibus ali e vá para a estação de trem ou para a Cidade Universitária vai encontrar um caminho de concreto que corta o gramado e acaba exatamente de frente para onde foi filmado. Ou seja o pedestre é deixado na borda de uma rotatória gigante sem faixa de segurança, para usar uma faixa de segurança ele deve voltar cerca de 120m ou atravessar na curva porque ele está como eu já expliquei na borda de uma rotatória gigante.

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    2. Oi Cálcio.
      Eu conheço bastante aquela região e sou obrigado a discordar de você pelos seguintes pontos.

      – quem passa por ali (de carro) esta vindo da marginal local (70km/h) mas ja reduziu bastante pq eh meio complicado entrar nessa alça. Esse pedacinho de alça deve (ou deveria ter) uma vel. max. de uns 30, 40 km/h. No fim dela, 2 pistas viram 1, ou seja, tem q reduzir mais ainda. Ninguém vai rodar de frear ai.

      – Essa ponte tem muito movimento a pé, pois, de um lado, tem o bairro de pinheiros, em cima dela tem a entrada da ciclovia e uma entrada para a estação de trem. Do outro lado tem uma entrada de pedestres para a USP (que fica em frente a uma faixa de pedestres localizada na alça do outro lado, que alias eh mais complicada que essa, pq tem 2 mãos)

      -Independente de tudo isso, a ponte tem passagem para pedestres. O minimo que deveria haver eh uma faixa de cada lado, se não, de que adianta a passagem de pedestres se ninguem pode entrar nela?

      – se não é pra passar pedestres ali, porque não tem grade ou corrente?

      E pra finalizar.. “atravesse na passarela se existir”???? E se não existir? faz como? fique em casa?

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    3. Why God, why?!! Por que sempre que vamos discutir um problema relacionado a um hipossuficientes, aparece alguém para arrumar alguma caso de culpa da vítima. Como se o erro de um justificasse o outro.

      Pedestres e ciclistas neste país são tratados como lixo e isso precisa mudar! PONTO! Se há erros por parte destes, não implica em justificar a subtração de seus direitos. Assim como há muito mais motoristas e motociclistas irresponsáveis e ninguém usa essa justificativa para podar os direitos de seus usuários.

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    4. Normalmente o eterno motorista paulistano reclama, indignado, pela tal imprudência das pessoas que vão a pé. Esse eterno incômodo que parece estorvar o caminho radioso do automóvel, tão garantido pela publicidade.
      O eterno motorista paulistano é uma criatura de personalidade dupla, porque ao deixar a carapaça ele se torna um ser acuado. Ele deixa essa pequena arrogância junto da chave e dos documentos…
      Nenhum desses comentaristas indignados com a desfaçatez de pedestres costuma dar a volta para atravessar na passarela, afinal basta pegar o carro e ir até o retorno mais próximo.
      O motorista fanático paulistano é até capaz de visitar outros países, mas ele vai reparar muito mais na qualidade do fast-food do que na qualidade da solução viária ou o urbanismo das cidades. Vai voltar para São Paulo e continuar a passar os dias reclamando do trânsito, como se fosse um problema causado por outra pessoa – possivelmente por aqueles que andam devagar na faixa da esquerda ou que atravessam ‘fora da faixa’, como se a faixa valesse alguma coisa onde não há semáforo. Como se a perda de tempo dele, por ter escolhido estar sentado no carro, fosse realmente um problema público, um problema maior do que a opressão que os carros exercem sobre a cidade.

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