Márcia Regina de Andrade Prado | 17/11/1968 - 14/01/2009

Motorista que atropelou Márcia Prado continua dirigindo e não será preso

Motorista que matou Márcia não poderá ser preso. MP busca pena alternativa, para ‘condenação emblemática’.

Márcia Prado
Promotor afirma que o motorista que matou Márcia agiu com imprudência e tocou o guidão de sua bicicleta.
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O processo contra o motorista de ônibus Márcio de Oliveira, que atropelou e matou a ciclista Márcia Prado na Av. Paulista, em janeiro de 2009, se arrasta há mais de quatro anos. Finalmente há novas informações, embora possam não ser exatamente a notícia que muitos ciclistas gostariam de receber.

Oliveira não será preso. “Como ele agiu de forma culposa (sem intenção), é réu primário e ostenta bons antecedentes, não é caso de encarceramento”, esclarece o promotor Roberto Livianu, do Ministério Público. Mas o promotor entende que o motorista agiu com imprudência e está decidido a buscar uma “condenação emblemática”.

Relembre o caso
Em janeiro de 2009, Márcia Regina de Andrade Prado foi morta por um motorista de ônibus, em plena Av. Paulista, enquanto se deslocava a trabalho em sua bicicleta. As notícias chegavam aos poucos e, a princípio, nos recusávamos a acreditar que fosse mesmo ela a vítima (leia aqui um relato desse dia). Márcia era uma ciclista experiente, que sabia pedalar nas ruas e que defendia uma cidade mais humana para todos.

Era signatária do Manifesto dos Invisíveis, que afirma que não precisamos de ciclovias na cidade toda para que a bicicleta se torne viável: só precisamos de respeito dos motoristas e aceitação da bicicleta como veículo, com o mesmo direito de uso das ruas que os automóveis.

Ciclista pagou com sua vida pela imprudência do motorista

De acordo com o portal Terra, o MP concluiu que o ônibus “acelerou e avançou na faixa” para ultrapassar Márcia, acertando o guidão da bicicleta e fazendo com que a ciclista fosse parar debaixo da roda traseira. “Ele claramente agiu com imprudência e fez um movimento muito brusco, que derrubou a ciclista e a matou”, afirma Livianu.

“Pedi a substituição da pena de privação de liberdade por prestação de serviços à comunidade. Ele deve se engajar com a associação dos bicicleteiros em um projeto social e se submeter a um curso, em que vai repensar a questão da postura do motorista com o ciclista. Pedi também a suspensão da carteira de habilitação por cinco anos”, afirmou o promotor ao portal Terra.

“Ele claramente agiu
com imprudência e fez
um movimento muito brusco,
que derrubou a ciclista
e a matou”

Atropelador continua dirigindo

Roberto Livianu buscou possibilidades de cassação do direito de exercer a profissão de motorista de ônibus, mas concluiu que isso não é possível. Márcio Oliveira continua trabalhando na empresa, mesmo depois de atropelar e matar Márcia.

“Eu achei lamentável que a empresa não o demitiu. Porém, não existe no Código Penal a punição de perda do exercício profissional, me dediquei bastante a examinar as hipóteses legais para esse caso. Acho que o que fica é que esse tipo de conduta pode produzir gravíssimas consequências para o motorista. Se a condenação ocorrer, ela será emblemática”, declarou o promotor, na mesma reportagem.

Qual pena alternativa você daria ao atropelador de Márcia Prado?

Passar os sábados no setor de acidentados de trânsito do Hospital das Clínicas? Pedalar na pista local da Marginal, para sentir na pele as ameaças dos colegas de profissão? Participar de atividades que ajudem iniciantes a andar de bicicleta nas ruas?

Deixe sua sugestão nos comentários da página. Mas, por favor, não sugiram “ser atropelado por um ônibus”. Vamos debater alternativas factíveis e que serviriam não apenas como medida educativa para o motorista mas também como exemplo para os demais motoristas que não se importam com a vida dos ciclistas nas ruas.

Está aberta a discussão. Qual pena poderia seria educativa e justa para o motorista que atropelou Márcia Prado?

32 comentários em “Motorista que atropelou Márcia Prado continua dirigindo e não será preso

  1. Eu, quando olho, de cima da minha bicicleta, para o motorista de um automóvel, ônibus, caminhão, qualquer veículo automotor, constantemente vejo a figura daquele pirata com uma faca entre os dentes. A agressão é constante, sem trégua e, infelizmente, parece que vem principalmente dos motoristas de ônibus. É impossível entender que espécie de prazer pode sentir um motorista ao, por exemplo, “encurralar” um ciclista contra os automóveis estacionados. Mas, no geral, as barbaridades tem origem na certeza de impunidade e na crença de ser o onipotente “dono da rua”, devidademente acrescida de um alto grau de neurose. Cabe às autoridades promoverem campanhas de concietização para todos os envolvidos no trânsito, motoritas e ciclistas também. E o cumprimento das leis. Ninguém mais se importa em pagar altas multas contanto que possa continuar dirigindo se “carrinho” e aos governos o que interessa realmente e´o dinheiro.

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  2. Eu ficaria com as 2 primeiras opções: passar os sábados no setor de acidentados de trânsito do Hospital das Clínicas e pedalar nas ruas de SP para sentir na pele as ameaças dos colegas de profissão.

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  3. É complicado. O motorista é realmente culpado, mas acho que no Brasil, com a cultura das empresas de ônibus, ser motorista de ônibus já é quase uma condenação. Além disso, vivemos em um país de contrastes legais. Enquanto um motorista que perde a direção ao desmaiar ao ser espancado por um passageiro, caso recente do Rio de Janeiro do ônibus que caiu do viaduto, é indiciado por homicídio doloso, neste caso um motorista que agiu aparentemente de forma intencional, não encontram forma de indiciá-lo.

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    1. Sobre o caso do motorista que levou um chute na cara, desmaiou, levando à queda do ônibus de um viaduto, sinceramente não consigui entender nada direito. Pelo o que eu entendi, o motorista não parou em um ponto e um… ser… irritado, foi lá e começou a provocá-lo. O motorista retrucou e, depois, levou um chute na cara. Está certo isso?

      Primeiro, que tipo de ser BURRO, IDIOTA, RETARDADO, vai chutar o motorista do automóvel que ele está? Tem que ser muito problemático para fazer isso. É lógico que ele vai perder o controle do ônibus. O que o cara queria? Segundo, eu vi que a ex-mulher disse que o motorista tem histórico de agressões. Claro, agressões nunca antes relatadas e contadas apenas agora, pela ex-mulher. Terceiro, o motorista, no pior dos cenários, estava muito rápido e xingou o passageiro. Sofreu uma agressão física e foi acusado de homicídio? Desculpe, mas sou de São Paulo, então pode me explicar isso aí direito?

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    2. A empresa deste motorista é da Oak Tree Transportes, cuja garagem está situado na Zona Oeste, em particular no Jaguaré perto da USP e UNIP, entre a Av. Jaguaré e Av. Politécnica. e perto da Marginal Pinheiros.
      Aliás na Zona Oeste, em particular a região do Jaguaré ( é onde moro ) é carente de medidas de proteção ao ciclista, quiçá para pedestres, e falo de conhecimento de causa.
      Lá tem uma ponte antiga que não foi destruída, apenas os acessos, e substituida por nova na década de 70 no governo de Paulo Maluf, e nenhuma coisa à vista para fazer um acesso seguro, como reformar a ponte ou aproveitar a antiga.
      Lá está concentrado a editora Globo, na antiga Cooperativa de Agrícola de Cotia.
      Tem um HELIPORTO, a Helicidade.
      Tem o CEU Jaguaré, aonde em tese deveria ter bicicleta de graça para os estudantes.
      Tem um Kart numa antiga fábrica de papel ( acho ), Kart Jaguaré.
      lá tem uma importante loja de adaptação de carros para deficiente físicos, a Cavenaghi.
      Lá tem pelo menos 2 grandes favelas A Nova Jaguaré e a São Remo.
      Tem um atacadão Assai.
      Tem até creio uma unidade de uma cervejaria.
      Tem condomínio comercial grande.
      Temos um vereador Celso Jatene, que foi eleito pela população local.
      Várias lojas de peças de caminhão.
      Com certeza monte de pontos de venda de drogas ( desconfio que tem um perto de casa … ).
      Na hora dos picos, de manhã e final de tarde, tem um bom congestionamento, agravado pelo boom imobiliário da região.
      No final de semana os portões da USP ficam fechado neste lado, enquanto o lado de Pinheiros fica aberto.
      Tem a Av. Politécnica, que tem no seu canteiro central uma calçada, que embora possa ser usada como ciclovia, mas não tem cara, e para ciclista não é útil para atravessar a marginal, assim como para carros, apenas para pegar a marginal.

      Depois de descrecer todo o ambiente onde o motorista tem que ir para trabalhar, e provavelmente morar, dá para entender que o problema é de longe. Educar apenas não vai resolver, pois no entorno da empresa nada é feito para ter essa consciência. E, por ser um bom trabalhador não vai ser preso, e vai voltar a trabalhar na empresa.

      Então o que está errado nesta história ? O motorista ? Ou o ambiente que vivemos ? Ambiente aliás que a gente ajudou a criar, seja participando ou não, atuando ativamente nas empresas do entorno, solicitando para a prefeitura, para órgãos de trânsito, qualquer coisa que atue na melhoria da cultura, no geral.

      Portanto, o maior culpado nesta história é justamente a gente que também não ajuda a criar uma cultura mais segura, em torno onde moramos.
      Ou seja, ficarmos revoltados, e culpar apenas o motorista por um ato que é soma de vários erros, muitas deles não provocados por ele, como por exemplo, a empresa de ônibus que mantém os motoristas no ritmo frenético de cumprir o trajeto. Por falar nisto usei muito tempo os ônibus da empresa, para ir para Paulista, e, francamente, o asseio destes ônibus deixa a desejar, atrasa, e há poucos carros, pois fica, no horário de pico, muito cheio, lotado.

      No resumo da ópera, quem é o culpado ? Todos, pois a nossa omissão, falta de participação, de colaboração no nosso entorno, seja onde moramos, como ao caminho do trabalho, como no trabalho, por zelar o espaço público. Então é educação não somente para os que usam as vias PÙBLICAS dirigindo, usando as vias mas para cada um de nós que moramos e usamos perto destas vias, calçadas, guias … É assim que construimos uma cidade, um bairro, uma via, uma rua, uma calçada mais segura, com cada elemento citado acima, empresas, moradores e representantes do povo.

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  4. Quatro anos e nada? Esse crime vai acaber prescrevendo! Precisamos pressionar as autoridades para conseguirmos logo a condenação. Qualquer punição serve, desde que ele não continue dirigindo para matar outras pessoas.

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  5. Infelizmente queira ou não isso é Brasil…. não sou atualmente ciclista, mas basta ver como muitos motoristas agem com os pedestres jogando seus veículos em cima de pessoas, o que dizer então de bicicletas? É triste, muito triste ter notícias assim!!!! Bom como sabemos que a lei sempre estora para o lado do mais fraco e neste caso ela não está mais entre nós, eu sequer acredito que essa pena será cumprida, o jeito é confiar no MP, pelo menos lá tem pessoas muito competentes para que esse crime não fique “tão impune”,… vamos esperar quanto a pena, acho que seria mais justo ser obrigado nesta pena alternativa trabalhar ajudando ciclistas de alguma maneira… acho que trabalhar dentro de um hospital vai acabar sendo algo para ele se gabar de bonzinho perante os outros…

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  6. Eu acho que ele deveria ter que fazer QUALQUER deslocamento numa bicicleta!!! Para ele sentir na pele como é ser ameaçado por qualquer veículo motorizado!!!

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  7. Realmente, é um assunto muito delicado. Sempre achei que “mortes acidentais” são assuntos delicadíssimos, e devem ser tratados de uma forma muito imparcial.

    É o seguinte: vários amigos vão assistir a um jogo de futebol e, como todos o fazem, levam consigo sinalizadores. Por não saber usar o aparelho, um dos amigos mira errado e acerta um outro torcedor, matando-o instantaneamente. Levando em conta que isso foi um acidente (embora, na minha opinião, ao levar consigo um siinalizador você já está assumindo o risco de matar ou ferir alguém, assim como ao dirigir um carro), qual punição você daria para o torcedor que matou o outro por “acidente”?

    Bem, ele será preso, pois matou um outro humano. Foi acidente? Sim, mas matou de qualquer maneira. Foi “culpa” dele? Talvez não, mas ele deveria ficar um ano preso só para pensar em seu ato…

    Em relação ao motorista, se forem “puní-lo” com trabalho comunitário, espero que o façam ir e voltar to trabalho de bicicleta, para ele aprender como não somos respitados pelos motoristas de automóveis….

    Comentário bem votado! Thumb up 4 Thumb down 0

  8. Penso que seria o sufiente fazê-lo trafegar nos horários de folga por várias avenidas de São Paulo alguns dias da semana por vários meses. Caso sobrevivesse, sem encontrar outro motorista que fizesse com ele o que ele fez a Márcia, ele já seria outra pessoa, provavelmente teria adorado e agradecido a sua pena e já seria um novo ciclista nas ruas paulistanas.

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  9. Boa noite, acho que uma pena legal já que ele não será preso, que é o certo ao meu ver, então deveria fazer ele depender da bike por pelo menos dois anos, indo ao trabalho e voltando. Assim sentiria na pele o que sentimos e veria tudo que ele podia ter feito e não fez para evitar isso.

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  10. Na minha opinião ele deveria ministrar cursos de conscientização, respeito e cumprimento das leis que protegem a todos os envolvidos no transito (respeito do maior veiculo até chegar no pedestre) sob supervisão de entidades ligadas a cicloativistas.

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  11. Se não vai em cana, tem que passar os sábados no setor de acidentados de trânsito! No mínimo durante uns 2 anos!! Quem sabe aprende!

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  12. é muito triste!
    infelizmente os ciclistas são reféns dos carros e da justiça! agressões físicas e verbais no transito
    isso precisa ser enxergado e sentido por quem esta diariamente no volante, ainda mais de um ônibus( maquina pesadíssima perto de 12 toneladas, cheio de gente então nem se fala), que exige total responsabilidade a dirige e esquece o quanto estamos vulneráveis e que somos humanos!
    essa agressividade embora seja reflexo do transito, já é desse individuo…
    então na minha opinião tem que ser algo que envolva sentimento, tem que estar em contato com pessoas vitimas desse mesmo tipo de “acidente” !
    abraços

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  13. Cometeu um erro, e espero que todas as consequências até aqui sirvam para ele repensar suas condutas. Acho que a mais didática, pedagógica e eficaz medida alternativa a que ele deveria ser condenado, seria peregrinar os pontos de ônibus, de preferência acompanhado por um ciclista, contando a experiência que teve para seus colegas, e ajudando na conscientização da classe que ele faz parte.

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    1. Flávio, espero que ninguém cometa um “erro” que tire sua vida, já que somos uma sociedade tão compreensiva com “erros” que matam pessoas. Só resta rezar pra que você ou algum parente seu não seja vítima dessa roleta russa. Já que a sociedade prefere assim e o estado não coíbe com rigor comportamentos que resultam na morte de pessoas.

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