Bicicletários voltam a ser operados pelo Metrô em caráter de contingência. Foto: Willian Cruz

Fechados em 2/8, bicicletários do Metrô de SP já foram reabertos

Fechados com menos de um mês de operação, bicicletários foram reassumidos pelo Metrô para não deixar usuários sem o serviço.

Bicicletários voltam a ser operados pelo Metrô em caráter de contingência. Foto: Willian Cruz
Bicicletários voltam a ser operados pelo Metrô, em caráter de contingência. Foto: Willian Cruz
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Os ciclistas que tentavam utilizar os dez bicicletários operados pela Brasil e Movimento (FGTV Produções), nas estações de Metrô de São Paulo, já vinham enfrentando dificuldades. Vários de nossos leitores relataram que os bicicletários apareciam ocasionalmente fechados e sem funcionários, além da falta de computadores para automatizar os cadastros. A quantidade e estado de manutenção das bicicletas para locação também vinha sendo alvo de críticas: as poucas bicicletas disponíveis estavam quase sempre sem condições de uso.

Por fim, na sexta-feira 2 de agosto a FGTV comunicou oficialmente ao Metrô  sua decisão paralisar o atendimento. O encerramento das atividades ocorreu com menos de um mês de funcionamento. Os bicicletários que fecharam as portas foram os das estações Sé, Liberdade, Paraíso, Tamanduateí, Vila Madalena, Corinthians/Itaquera, Guilhermina/Esperança, Carrão, Brás e Santa Cecília. Os bicicletários anexos às estações Pinheiros e Butantã, da Linha 4-Amarela e operados pela ViaQuatro, mantiveram a operação na modalidade guarda de bicicletas.

Motivos para a desistência

Consultada pelo Vá de Bike, a FGTV Produções afirmou em nota que a descontinuidade da operação ocorreu “em função da inadequação dos espaços para implantação do projeto”. A empresa teria solicitado ao Metrô permissão para fechar os bicicletários por 30 dias para reforma. Ainda segundo a nota, foi apresentado ao Metrô um projeto de “modernização e automação dos bicicletários”, para melhorar o atendimento e garantir a segurança das bicicletas de locação, pois durante um período de apenas 20 dias teriam sido furtadas 39 bicicletas.

“O projeto de modernização incluía a integração com o bilhete único por meio da instalação de leitores automatizados e o funcionamento durante 24 horas, o que seria mais um benefício ao usuário”, descreve o comunicado. “Como a solicitação foi negada, infelizmente a operação foi interrompida”.

Reabertura

Para não deixar os usuários dos bicicletários na mão, o Metrô de São Paulo assumiu novamente o serviço de guarda de bicicletas, em 5 de agosto (segunda-feira). Os dez bicicletários estarão abertos todos os dias, das 6h às 22h. Os dois bicicletários operados pela ViaQuatro continuam sua operação normal. O empréstimo/aluguel de bicicletas foi suspenso.

O comunicado do Metrô informa ainda que em até 30 dias será apresentada uma nova proposta definitiva de funcionamento dos bicicletários. É possível que algo mude, para atrair novas empresas.

Entenda o caso

Em meados de 2012, o sistema de bicicletários e bike sharing das estações do Metrô de São Paulo começou a apresentar problemas. As estações amanheciam inexplicavelmente fechadas e muitos ciclistas encontravam o bicicletário fechado quando voltavam para retirar sua bicicleta, que havia ficado presa lá dentro, chegando a ocorrer casos de funcionários fazendo “rodízio” entre as estações ao longo do dia.

Com as falhas gritantes e os grandes inconvenientes aos usuários, no mês de dezembro o Metrô realizou uma intervenção no sistema, após 90 dias tentanto com o Instituto Parada Vital que o serviço fosse reestabelecido. Como contingência, passaram a funcionar apenas os bicicletários das estações Anhangabaú, Palmeiras-Barra Funda, Guilhermina-Esperança e Butantã, com empréstimo de bicicletas apenas nesta última. Ainda assim, usuários do sistema continuaram reclamando de eventuais instabilidades na operação. Saiba mais.

O sistema continuou operando precariamente até junho de 2013, quando três dos quatro últimos bicicletários foram oficialmente fechados. Em 5 de julho, a FGTV Produções assumiu o serviço, com dez estações de atendimento. Saiba mais.

Com o nome comercial de Brasil e Movimento, a FGTV representa o braço brasileiro da Movement, de Barcelona, e opera os sistemas de aluguel de bicicletas de Campinas e de São Caetano do Sul (ambas no estado de São Paulo). A Movement é responsável pelo internacionalmente conhecido Bicing, sistema de bicicletas compartilhadas de Barcelona, e também opera o Bizi, na cidade de Zaragoza, ambos na Espanha. A experiência nacional e internacional trazia a promessa de um serviço estável e de qualidade.

Os bicicletários das estações de Metrô constituem importante ferramenta de mobilidade na capital paulista. A reabertura do início de julho já havia frustrado as expectativas dos ciclistas quanto à quantidade de estações, inferior à do ano anterior. Estações importantes, como a Barra Funda (que além de ponta da linha ainda abriga um terminal de ônibus e integração com os trens da CPTM) ficaram sem os bicicletários que possuíram um dia.

Esperamos que o Metrô revise a quantidade de bicicletários. Afinal, a legislação obriga todas as estações a disporem de estacionamento para bicicletas na cidade de São Paulo (lei municipal 14.266, art. 8º), seja como “estações de transferência do SITP” ou como “locais de grande afluxo de pessoas”.

6 comentários em “Fechados em 2/8, bicicletários do Metrô de SP já foram reabertos

  1. O problema é que são empresas mequetrefes que se metem a fazer o que não tem condição. Essa tal de Brasil e Movimento já teve seus contratos encerrados em São Caetano e Campinas por licitações fraudulentas, não seria diferente aqui em SP. Aliás, se dizem representar a empresa que faz em Barcelona, mas atentem para o fato de que o sistema deles aqui no Brasil nada tem a ver com o de Barcelona, na minha opinião é estelionatário tentando usar nome de fora para levar vantagem aqui no Brasil.
    Espero que alguma empresa séria assuma esses bicicletários logo, ou que o próprio metro resolva pagar o bolso um estacionamento seguro para nossas bicicletas…

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  2. Estive hoje, 06/08, no metrô Vila Madalena, crente que ia poder parar a bike lá, mas o bicicletário estava FECHADO. O metrô não tá nem aí com essa situação e ainda por cima faz anúncios falsos… Lamentável.

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  3. Infelizmente, a boa intenção e atitude de alguns setores da sociedade esbarram na burocracia e nos contratos absurdos desses orgãos públicos. E como sempre, a corda estoura pro lado de quem mais precisa deste serviço.

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  4. É complicado a ausência de planejamento nos órgãos públicos e a falta de comprometimento com as questões de mobilidade urbana por aqueles que deveriam ser os mais entendidos no assunto. Claro que há urgência na abertura de bicicletários nas estações de Metrô, em todas elas, mas antes de mais nada, um planejamento sério feito com associações de ciclistas convidadas pelo Metrô auxiliaria a minimizar problemas antes da abertura dos bicicletários. Parece que tudo é feito “para ontem” e portanto, de qualquer jeito. Esta questão do Metrô é bem evidente. O Metrô e a CPTM deveriam ser aqueles que levantariam a bandeira do uso da bicicleta, incentivando o seu uso e oferecendo locais de guarda em todas as estações, como feito nas principais cidades do primeiro mundo.

    Outro órgão que deveria zelar primeiro pelo pedestre, depois pelo ciclista e então os veículos motorizados é a CET, mas esta prioriza há décadas o automóvel e a circulação dos ônibus. A recente redução do tempo de travessia nos semáforos da Avenida Paulista é um desrespeito ao pedestre. Pessoas idosas e deficientes físicos agora não tem tempo para atravessa-la de uma vez e terão que esperar mais um pouco no meio da avenida para finalizar o percurso. É um outro assunto, mas revela bem como é a mentalidade (pequena) de instituições que deveriam ser competentes para transformar a mobilidade urbana desta cidade.

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