Rota Márcia Prado não terá descida oficial em 2013

Depois de organizar por quatro anos a descida coletiva da Rota Márcia Prado, levando ciclistas de todo o país em uma cicloviagem coletiva de São Paulo a Santos, o Instituto CicloBR decidiu não coordenar um evento oficial esse ano. O motivo é o foco na atual negociação com a Ecovias, com intermédio da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, para conseguir oficializar o trajeto com segurança, sinalizado e com acesso durante todo o ano, o que sempre foi o objetivo principal do Instituto.

A página do CicloBR informa que já aconteceram duas reuniões com a Ecovias e que a Defensoria Pública já impediu que a concessionária cobre para auxiliar na descida oficial – algo que a concessionária tentou fazer no ano anterior, com o valor de R$ 93.000,00. Por essa razão, decidiu-se manter a negociações antes de oficializar nova descida.

Apoio

Apesar da já conhecida indisposição da Ecovias para com as bicicletas, o Instituto esclarece em seu site que conta com o apoio da Fundação Florestal e do Parque Estadual Serra do Mar no núcleo Itutinga Pilões, para usar a estrada de manutenção, e com as Prefeituras de São Paulo, Cubatão, São Bernardo do Campo e Santos para oficializar de vez a Rota Márcia Prado, além de importantes parceiros como a CPTM.

“As audiências com a Defensoria Pública são abertas e iremos divulgar sobre as próximas reuniões nas redes sociais e no nosso site”, informa o Instituto CicloBR, em seu site. “É importante repetir: a intenção do Instituto CicloBR é dar segurança para os ciclistas na RMP durante todo ano. Por isso a luta para oficializar o caminho.”

O CicloBR ainda esclarece que, apesar de não realizar o evento este ano, voltará a fazê-lo no futuro, mas que a prioridade é oficializar esse trajeto, para que possa ser utilizado por qualquer pessoa a qualquer momento, sem impedimento da Ecovias. Veja o comunicado oficial.

E aí, não posso descer?

Alguns grupos têm organizado descidas para o início de dezembro, que estão sendo divulgadas principalmente pelo Facebook (se você está organizando ou vai participar de uma, divulgue aqui nos comentários da página). É bom deixar claro que esses eventos não têm participação do Instituto CicloBR. “Não emitimos nenhum ofício pedindo autorização para entrar no Parque Serra do Mar e não pedimos nenhum apoio para os órgãos públicos em 2013”, afirma o Instituto.

Para poder passar pelo Núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual Serra do Mar, onde está inserida a Estrada de Manutenção, envie um e-mail para pesm.itutingapiloes@gmail.com ou ligue para (13) 3377-9154 / 3361-8250, avisando quando pretende descer e com quantas pessoas. “Existe o risco dos ciclistas serem barrados pela Polícia Rodoviária Estadual e por funcionários da Ecovias no trecho de rodovia”, alerta o Instituto CicloBR, reforçando a ilegalidade desse impedimento. “Por isso estamos lutando para acabar com essa prática”.

Prepare-se para a viagem

O site do Instituto CicloBR informa que “o ideal é descer em grupo e tomar cuidado no trecho de Cubatão da Rodovia Anchieta, algumas pessoas já foram assaltadas nesta parte”. O Vá de Bike disponibiliza um mapa do trajeto, com a indicação inclusive de pontos com maior incidência de assaltos – veja nosso mapa aqui.

O Vá de Bike te ajuda no planejamento

Além do mapa, temos muitas outras informações sobre a RMP, que vão te ajudar no planejamento da viagem:

Tire suas dúvidas sobre a Rota e verifique se está levando tudo com a ajuda do nosso checklist.

Veja como foi a descida oficial em 2012 e nossa galeria de fotos comentada. Também temos relato e fotos da edição 2011 e dos anos de 2010 e 2009. Divirta-se!

Por fim, saiba quem foi Márcia Prado e por que a rota tem seu nome.

Histórico

Em 2008, centenas de ciclistas tentaram realizar uma descida coletiva a Santos pela Estrada de Manutenção, que precisa ser acessada pela Rodovia dos Imigrantes. Embora utilizassem o acostamente e estivessem exercendo seu direito legal de uso da rodovia, foram arbitrariamente barrados pela Polícia Rodoviária, a pedido da Ecovias. Alguns poucos ciclistas conseguiram driblar a proibição e chegar à praia.

Em 2009, após longa negociação com órgãos públicos e contornando tentativas de proibição até a noite anterior à data programada, o Instituto CicloBR realizou um evento teste, sinalizando todo o trajeto proposto para demonstrar sua viabilidade e seu potencial. Mais de mil ciclistas chegaram ao litoral paulista, tornando o evento um sucesso e fazendo com que o CicloBR decidisse organizar anualmente um grande passeio cicloturístico por esse trajeto – mesmo quando a Rota finalmente for aberta em definitivo à população.

Em 2010, 2011 e 2012, o evento só cresceu, chegando a reunir mais de nove mil ciclistas no último ano. Em 2012, a Ecovias tentou cobrar 93 mil reais para permitir sua realização.

O único empecilho para a viabilização definitiva da Rota é uma alternativa para que o ciclista que chega à Imigrantes possa acessar o Parque da Serra do Mar, já que a Ecovias continua insistindo em não permitir o trânsito de bicicletas na estrada. Veja aqui a argumentação utilizada para nos negar esse direito.

A importância de solicitar autorização

Por ser se situar em área de preservação ambiental (portanto, de acesso controlado), é necessário obter autorização para descida pela Estrada de Manutenção. Essa permissão é sempre concedida, exceto obviamente em situações excepcionais de risco, como a que perdurou durante todo o mês de março de 2013, ou se já houver muitos ciclistas agendados para o mesmo dia.

Além de auxiliar na segurança e na agilidade em caso de emergências, esse controle permite gerar estatísticas sobre o uso da estrada, justificando o incentivo ao cicloturismo na região com números sólidos sobre a demanda já existente. Esses dados permitirão a elaboração de projetos que viabilizem de forma oficial e legal as atividades cicloturísticas em estradas de manutenção e rodovias.

O Núcleo Itutinga Pilões sempre se mostrou favorável ao cicloturismo, apoiando a atividade na medida do possível. Vale a pena facilitar o trabalho dos nossos amigos do Parque, que compreendem e incentivam o ecoturismo e trabalham a nosso favor. 

Preserve o que é de todos nós

É sempre bom lembrar que não se deve deixar lixo na serra. Não há “varrição de rua” na natureza e o que é descartado na estrada cai na mata, levando décadas para se decompor – desde uma lata até uma “inofensiva” bituca de cigarro. Esses materiais podem causar contaminação de água, de solo e a morte de plantas e animais.

A presença da estrada em si e do ser humano já são agressões suficientes ao ecossistema local, por isso tente sempre minimizar seu impacto. Ações como pesca, caça e coleta de organismos e de recursos naturais abióticos (rochas, água, terra, etc.) são proibidas e estão sujeitas a sanções, punições e multas aos seus infratores.

Cuidando da Serra do Mar, nossos filhos e netos poderão apreciar esse passeio impressionante da mesmo forma que fazemos hoje. Tire apenas fotos, leve apenas lembranças.

Veja também:

Lei oficializa Rota Márcia Prado, garantindo descida a Santos Rota Márcia Prado – sucessos e desafios Mesmo com proibição, Estado permitiu que quase 300 ciclistas descessem Rota Márcia Prado Protesto pela liberação da Rota Marcia Prado resulta em reunião com Secretário 10 dicas para a descida a Santos pela Rota Márcia Prado Proibição de órgãos estaduais causa mudança de trajeto na Rota Márcia Prado 2014