Ciclistas sinalizam pontes com placas de compartilhamento em São Paulo
Utilizando placas criadas com discos de vinil pintados com tinta spray, ciclistas sinalizam compartilhamento da via em pontes da cidade.
A Ciclo ZN, organização criada pelos ciclistas da Zona Norte, vem fazendo uma série de ações para chamar a atenção do poder público para a segurança dos ciclistas nas pontes. Depois da Bicicletada das Pontes em setembro, que resultou na pintura de faixas e bicicletinhas na ponte das Bandeiras, e de sinalizar da mesma forma a ponte do Pacaembu na semana seguinte, o grupo instalou placas de compartilhamento na Freguesia do Ó, Piqueri, Limão e Casa Verde.
Segundo Roberson Miguel, a intenção era fazer a sinalização em todas as pontes da Zona Norte, mas como a placa ficou um pouco menor do que se esperava, preferiu-se colocar mais placas em menos pontes. A solução encontrada pelos ciclistas foi simples e barata: discos de vinil foram usados para a confecção das placas, pintados com tinta spray.
Assista ao vídeo da ação:
Manifestação na ponte do Piqueri
A ação foi feita por 5 ciclistas e durou cerca de uma hora e meia. Enquanto as placas eram colocadas pedindo respeito no trânsito, familiares de Jéssica Bueno da Silva pediam justiça pelo atropelamento da jovem na semana anterior. Jéssica morreu no ultimo dia 20, atravessando na faixa de pedestres no final da ponte do Piqueri, atingida por um veículo em alta velocidade. A manifestação interditava duas pistas na ponte.
Essas duas ações acontecendo simultaneamente num pequeno espaço da cidade mostram a urgência de mudanças. A cidade precisa de um planejamento que priorize o ser humano, começando pela sinalização, passando pela fiscalização e terminando em punição firme a quem comete crimes no trânsito.
A lei é clara: o artigo 29, parágrafo XII, inciso 2º, estabelece que “os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. O artigo 58 diz ainda que “nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nas bordas da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”.
E na prática não é isso que se vê. Jéssica morreu atropelada na faixa de pedestres, ou seja, no mínimo o motorista que atropelou a moça infringiu o artigo 29 do CTB – além de passar no sinal vermelho e desrespeitar o limite de velocidade.
Todos os dias, ciclistas se sentem ameaçados ao cruzarem as pontes, pela mesma falta de respeito à vida. Ao entrar numa ponte, o ciclista acaba ficando na pista do meio, pois a alça de acesso se torna uma nova faixa à direita, com carros vindo por ali em alta velocidade. No final ponte, o ciclista precisa geralmente seguir em frente, mas os motoristas que seguem na pista à sua esquerda acabam cortando sua frente pra entrar à direita, sem respeitar o veículo mais fraco e colocando a vida do ciclista em risco. E tudo isso, muitas vezes, em alta velocidade.
A sinalização e seus resultados
Neste video feito pelo Roberson Miguel, da Ciclo ZN, já publicado anteriormente aqui no Vá de Bike, é possível visualizar a sinalização feita nas pontes:
A sinalização feita pela Ciclo ZN durante esta Bicicletada, em que ciclistas pintaram bicicletinhas no Viaduto do Pacaembu, pode ter rendido frutos. Enquanto colocavam as novas placas de vinil (na terça-feira 26/11), Roberson filmou um pequeno avanço na sua sinalização oficial:
Não custa caro nem é difícil. O que se vê no viaduto Pacaembu já parece um pequeno avanço na proteção ao pedestre. Parece que estamos pouco a pouco caminhando. Agora precisamos pedalar!
Passo a passo
Discos de vinil já foram utilizados anteriormente em placas de compartilhamento da via. O vídeo abaixo, de 2011, mostra uma dessas ações e documenta o processo de confecção das placas.
Sinalizar e reformar pontes é essencial
Por Willian Cruz
Milhares de ciclistas precisam cruzar diariamente as pontes paulistanas. E a maneira como foram construídas – servindo como alça de acesso para vias de alta velocidade – coloca em risco qualquer pessoa que não esteja em um veículo automotor.
O motivo do risco é bastante claro. O ciclista vem por uma avenida principal, na faixa da direita, quando de repente, “surge” uma nova faixa à sua direita, com veículos entrando em alta velocidade. E isso justo no momento em que começa a subida e a velocidade do ciclista, por consequência, diminui.
Mesmo após passar por essa entrada, o risco continua sobre a ponte, pois a velocidade da bicicleta diminui cada vez mais em razão do aclive e os veículos, que vêm da avenida abaixo em alta velocidade, vêem a ponte como uma extensão dessa via e tentam manter a velocidade que imprimiam anteriormente. O ciclista passa a ser visto como obstáculo e não raro ocorrem agressões que leh colocam a vida em risco, como finas e fechadas.
Mais adiante, quando tem início a descida, o risco continua, agora com os motoristas que querem chegar à saída na direita, para acessar a via rápida abaixo. Muitos não têm paciência com o ciclista e o fecham descaradamente, mesmo sabendo que com isso pode ocorrer um grave acidente.
E como mudar tudo isso? As melhores soluções, em termos de segurança viária, são:
- Retirar dessas pontes a característica de alça de acesso, fazendo os motoristas entrarem na próxima rua para retornar à avenida abaixo. Sem isso, é muito difícil fazer uma travessia segura para pedestres um acesso para ciclistas.
.- Sinalizar a presença de bicicletas e a prioridade de circulação garantida no código de trânsito, através de sinalização horizontal (ciclofaixa, ainda que compartilhada com ônibus) e vertical (placas).
.- Realizar blitzes de fiscalização para coibir o comportamento desumano e criminoso de muitos motoristas ao entrar e sair das pontes, punindo exemplarmente por direção perigosa. Impunidade estimula o desrespeito à lei.
A omissão do poder público em relação às pontes, principalmente estando cientes do problema, também é criminosa.
Passei hoje pelo viaduto pacaembu e nessa parte que mostra do video esta agora pintada de azul e com os cones, como no video. Apesar do asfalto ser bem ruim e da entrada e saida serem bem estreitas, deu pra pedalar de bom e sem medo. Mas fiquei na duvida: e’ pra pedestre, bike ou compartilhada pros dois???
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As pontes são um enorme gargalo e empecilho para ciclista e pedestres.
A Ponte do Morumbi é outro exemplo:
No dia 1/9/2011 alertei a prefeitura sobre a falta de manutenção desta ponte. Em 28/2/2013, o chamado foi dado como “Serviço Efetuado”. “Anotado para providencias futuras, observando os critérios de priorização de atendimento. Em caso de persistência do problema citado, solicitamos realizar nova denuncia”. Será que a ponte precisa cair para passar a ser prioridade?
Veja as fotos:
https://plus.google.com/photos/111539919052583533690/albums/5955380361719544097?authkey=CK6r6Jqgy82XFg
Link: http://sac.prefeitura.sp.gov.br/SolicitacaoConsultaSolNum.asp?botao=Continuar&txtSolNum=10224619
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Achei fantástico essa sinalização, eu que utilizo a ponte do Piqueri nos finais de semana sou recebido com muita hostilidade pelos motoristas quando estou com minha bicicleta e para minha segurança costumo fazer meu trajeto pela calçada da ponte passando com cautela ao lado dos pedestres, porém, levo muito tempo para passar com segurança pelas alças de acesso da Marginal Tietê.
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Ótima iniciativa, camaradas!
Sou de Diadema e neste final de semana 01/12/2013 tive o desprazer de falar com o nosso prefeito, que é do PV, ouvi dele que: “Diadema não terá ciclovia, nem ciclofaixa porque não tem espaço”.
O pior é que este falso verde se diz esportista, no entanto, não consegue conceber uma política pública que humanize o trânsito.
Vou insistir e pressioná-lo de diversas formas, vamos ver até onde a imagem dele aguenta. É só o primeiro ano do mandato.
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Muito criativo o uso do disco de Vinil ! E muito boa a atitude,reinvidicações assim, pacífica e inteligente sem baderna e depredações eu apoio totalmente !
Já que o poder público não faz os ciclistas vão lá e mostram como é que se faz !!!
O mais engraçado no video é a cara das pessoas de espanto, como se estivessem vendo algo que não é normal, uma bicicleta ter o direito de usar a rua…teve até uma senhora de carro vermelho que no minimo estava chamando a atenção do rapaz pela cara e gestos dela !!! kkkkkkkk
Pena que com certeza a Prefeitura vai recolher aas placas, mas que a atitude foi boa, deve servir de exemplo e apoiada isto deve sim, quem sabe assim uma hora a propria prefeitura vá lá e coleque placas e sinalizações oficiais!
Parabéns ai ao pessoal da Ciclo ZN pela iniciativa !
Comentário bem votado! 5 0