Ciclovia de Manaus atrasa e segue como “obra-fantasma”
Além do atraso nas obras, a ciclovia, de fato, não existe: “eles quebraram a calçada e refizeram a mesma calçada”, diz membro do coletivo Pedala Manaus.
Quando foi anunciada, em fevereiro de 2014, a primeira ciclovia de Manaus foi comemorada pelo movimento cicloativista local. A capital do Amazonas foi uma das sedes dos jogos da Copa e a ciclovia era esperada como um dos legados que o campeonato mundial deixaria para a cidade. Com inauguração prevista para antes do início dos jogos, a ciclovia ainda é uma obra em andamento, ou “fantasma”, como define Paulo Aguiar, coordenador do Pedala Manaus.
“Eles quebraram a calçada e refizeram a mesma calçada”, conta Paulo. “Ela se tornou uma ciclovia-fantasma porque ninguém usa, nem o ciclista passou a usar, nem o pedestre que antes andava por ali.” Os 14,5 km da ciclovia que interligam as zonas sul e oeste de Manaus têm trechos segregados, outros compartilhados, e outros em que há apenas sinalização vertical. A quilometragem total inclui as ciclofaixas do Novo Aleixo, de 6 km, e da avenida Coronel Teixeira, em Ponta Negra, com 2 km.
O Pedala Manaus cobra uma posição da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf). “No meu entendimento, já poderia haver inaugurações parciais dos trechos que já têm condições de uso. O trecho entre a Boulevard Álvaro Maia e a rua Constantino Néri, de cerca de 3 km, já deveria ter sido inaugurado para a Copa. A alegação para nós foi que o atraso era por conta da Copa, que havia outras prioridades. A chuva também foi dada como causa de atraso. Choveu, mas nada que entendêssemos como um motivo para atrasar tanto”, diz Paulo.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Seminf informa que a ciclovia na avenida Álvaro Botelho Maia está em fase de execução. De acordo com a secretaria, a obra foi paralisada por 10 dias para ajustes no projeto, mas os serviços já foram retomados, com previsão de entrega até dezembro da extensão completa entre o Boulevard Álvaro à Marina do Davi, na praia da Ponta Negra. Até o momento não há trechos concluídos, segundo a Seminf.
“A cada reclamação nossa, a prefeitura estende o prazo e joga a inauguração para mais adiante”, diz Paulo. “Com eleições fica mais difícil ainda cobrar e ter apoio da imprensa. A prefeitura alega que tem outras prioridades. Todos se envolvem em campanha e as obras que não rendem votos não são inauguradas”, diz o cicloativista. “Em 19 de agosto foi o Dia do Ciclista. Só dá para comemorar o envolvimento da sociedade civil. Você vê pessoas envolvidas na discussão de cidades para as pessoas, mas do lado das políticas públicas, falta tudo”, conclui.