Demiz 'Peixe' acelera em direção a uma revoada de urubus, no Caminho de Zanzalá. Foto: Vivan

Rota Cicloturística Caminho do Sal (SP): primeiras impressões

Danilo Vivan, leitor do Vá de Bike que testou a rota cicloturística, aponta pontos positivos, dificuldades e sugestões de melhorias para o trajeto Caminho do Sal.

Demiz 'Peixe' acelera em direção a uma revoada de urubus, no Caminho de Zanzalá. Foto: Vivan
Leitor do Vá de Bike Danilo Vivan testa a rota Caminho do Sal. Na foto, o amigo de Vivan, Demiz ‘Peixe’, acelera em direção a uma revoada de urubus, no Caminho de Zanzalá. Foto: Danilo Vivan

Por Danilo Vivan*

Desde que li pela primeira vez, aqui no Vá de Bike, a matéria do Enzo Bertolini sobre a recém-criada rota Caminho do Sal, fiquei curioso pra pôr minha bike nessa trilha. Afinal, embora o uso das bicicletas venha se popularizando muito nos últimos anos, ainda são poucas as opções de percursos sinalizados que possam ser percorridos de maneira auto-guiada – caso, por exemplo, do Caminho da Fé, que percorre o Sul de Minas e o Vale do Paraíba, em São Paulo. Nesse sentido, a iniciativa das prefeituras de São Bernardo, Santo André e Mogi das Cruzes, de oficializar o Caminho do Sal, demarcando-o com placas indicativas, é uma ótima notícia pra tantos caras que, como eu, gostam de pegar uma trilha de final de semana.

Minha oportunidade surgiu numa manhã, quando chamei o amigo Demiz ‘Peixe’ Costa, cara acostumado a fazer trekking na Serra do Mar, para testarmos a trilha recém-criada. Como não dispúnhamos de muito tempo pra fazer o percurso completo, optamos por percorrer apenas os trechos Zanzalá e Carvoeiros, totalizando metade do percurso, iniciando o trajeto em Paranapiacaba. Para quem vai de carro ou pick-up (nosso caso), a estratégia se revelou acertada, pois Paranapiacaba dispõe de um estacionamento bem razoável. Paramos a pick up, descemos as bikes, arrumamos tudo e caímos na estrada.

Placa indicando a rota Caminho do Sal. Imagem: Divulgação
Placa indicando a rota Caminho do Sal. Imagem: Divulgação

De início, encontrar o início da rota é um pouco complicado; como se trata de atração recém-criada, nenhum morador soube nos informar a respeito. Mas o instinto de navegação do Peixe e um Google Maps no celular deram conta do recado: basta descer pela ladeira principal da vila, cruzar a ferrovia por uma grande passarela e pegar a segunda rua à esquerda e se encontra a trilha – o nome oficial dessa segunda rua é avenida Schnoor.  Alguns metros após o início da trilha, avistamos a primeira placa “Caminho do Sal”, esta ao lado, que reconheci pela foto publicada no Vá de Bike.

O primeiro trecho que percorremos, chamado de Rota dos Carvoeiros (sentido Caminhos do Mar) é bem arborizado, com algumas subidas e bons trechos de descida. O piso é tranquilo, com poucas pedras, quase nada de lama. Depois de cerca de seis quilômetros, cruzamos a linha do trem e ganhamos a rodovia SP 122 (Ribeirão Pires-Paranapiacaba, sentido Ribeirão Pires), num trecho de mais quatro quilômetros em asfalto bem pavimentado e ótimo pra pedalar até a entrada da estrada do Caminho de Zanzalá, logo depois do Clube dos Químicos. Aqui, uma observação: a placa indicativa do Caminho do Sal fica escondida, alguns metros longe da entrada dessa estradinha. Seria importante a organização reposicionar essa placa para quem vem de Paranapiacaba sentido Caminhos do Mar (nosso caso), de modo que ficasse mais visível. Com a ajuda de dois ciclistas locais, conseguimos localizar a entrada.

A vista da Serra do Mar é um dos grandes atrativos do percurso. Foto: Denis Vivan
A vista da Serra do Mar é um dos grandes atrativos do percurso. Foto: Danilo Vivan

O Caminho do Zanzalá é bem mais bonito e interessante do ponto de vista de variações de terreno que o Carvoeiros. São 16 quilômetros com subidas, descidas, lama, passagens com bastante pedregulho (um pouco mais técnicas) e outras planas de terra batida, boas pra pedalar mais forte. Ao longo do caminho, vários pontes sobre córregos de água cristalina que formam poços com profundidade suficiente para um bom mergulho no verão. E excelentes vistas dos morros da serra do Mar. E, no final, poucos quilômetros antes de chegar na estrada Caminhos do Mar, o Sangradouro do Perequê, uma espécie de comporta da represa Billings, que, nesta época, está bem seca. Enfim, cardápio completo para uma boa trilha.

Nessa parte do percurso, as placas indicativas do Caminho do Sal são menos frequentes no Carvoeiros, mas estão posicionadas em locais estratégicos, nas bifurcações e nos cruzamentos. Mas é importante manter a atenção à sinalização para não sair da trilha, especialmente se você estiver pedalando mais rápido ou estiver pela primeira vez no caminho. Há um certo risco de perder a rota.

Com cerca de duas horas de pedal, Peixe e eu chegamos na saída para a estrada dos Caminhos do Mar (final do trecho Zanzalá). Comemos umas castanhas que havíamos levado de lanche, tomamos uma água e fizemos o percurso de volta para Paranapiacaba, desta vez um pouco mais rápido, em uma hora e meia. Chegando na SP 122, optamos por seguir direto pelo asfalto até Paranaiacaba, num percurso de apenas cinco quilômetros, embora com um pouco mais de subidas – se fôssemos pela terra, seriam 10 quilômetros. Se a opção do ciclista for fazer esse trecho, é importante adotar as recomendações de segurança para quem pedala em estrada de asfalto: andar pelo acostamento, no mesmo sentido da via (nunca na contramão), se manter bem visível – com roupas claras e sinais luminosos -, e ficar próximo de outros ciclistas do grupo.

Como viemos pelo asfalto, ficou mais fácil chegar no estacionamento de Paranapiacaba e pôr as bikes de volta na caçamba da pick up. Ao todo, foram 47,2 quilômetros e um desnível total de cerca de 100 metros, desde a parte mais alta, em Paranapiacaba (850 metros), até a mais baixa, na estrada velha (cerca de 750 metros). Considerando distância, altimetria, acesso às estradas para resgate e tipo de terreno, os trechos do Caminho do Sal testados podem ser indicados para bikers de nível a partir de intermediário ou para novatos com alguma experiência em busca de mais desafio e contato com a natureza.

Distância e altimetria

Altimetria. Imagem: Denis Vivan
Altimetria. Imagem: Danilo Vivan

Pontos Positivos

Rota cicloturística Caminho do Sal
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1) Altimetria: nem muito light nem muito pesada, ideal para quem já possui alguma experiência.

2) Visual na trilha, especialmente no Caminho de Zanzalá.

3) Poços ao longo do caminho, ótimos para um banho no verão.

4) Sinalização, com placas em todas as bifurcações.

5) Variedade de terrenos.

Pontos de Melhoria

1) As placas de identificação são pintadas num tom muito claro, às vezes fica difícil identificar, especialmente nos dias ensolarados.

2) As placas de identificação estão nos lugares mais estratégicos, as bifurcações, mas são poucas. Por isso, a organização e os próprios usuários da trilha deverão ficar atentos para evitar roubos de placas e depredações.

3) A Placa de identificação da trilha no Caminho de Zanzalá após a SP 122 (para quem vai no sentido Caminho do Mar) está em local de difícil identificação. Um reposicionamento seria bem-vindo.

 

*Danilo Vivan é jornalista, tendo atuado por cinco anos no jornal O Estado de S. Paulo e gerente de Relações Públicas na área financeira. Consultor de Comunicação dos circuitos Haka Race, Troféu SP e Terra da Aventura, trekker e corredor de aventura desde 2008. Utiliza a bike como meio de transporte em São Paulo desde 2004.

3 comentários em “Rota Cicloturística Caminho do Sal (SP): primeiras impressões

  1. Bom dia
    Interessante o relato,ótimas dicas.Pretendo fazer essa trilha com alguns amigos nesse carnaval,
    a ideia é ir até Paranapiacaba e fazer esse mesmo trajeto que relatas.
    Pelo que entendi é passar pela passarela e já na cidade ir na direção do relógio,de lá procurar
    o início da trilha,é isso mesmo né?
    Desde já agradeço á atenção dispensada!
    Juventino

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