Belo Horizonte pretende ter 200 km de ciclovias até 2016. Será?
A Prefeitura de BH pretende chegar aos 200 km de ciclovias em 2016. No ritmo atual será difícil alcançar essa meta, mas verbas do PAC II podem ajudar.
Por Guilherme Tampieri
A BHTrans, dentro do grupo de e-mail do GT Pedala BH, disponibilizou o cronograma para a criação das novas rotas cicloviárias de Belo Horizonte para o biênio 2015 e 2016 e o mapeamento dos quilômetros construídos desde o ano de 2011 até 2014, somados ao que a cidade já possui até o ano de 2010.
Os dados são:
- Até 2010, a cidade possuía 23,81 km
- Em 2011, foram construídos 8,1 km
- No ano de 2012, 11,49 km
- No seguinte, 2013, mais 15,83 km foram criados na cidade.
- Em 2014, 11,19 km foram implantados na cidades.
Ou seja, em dezembro de 2014 Belo Horizonte possuía 70,42 km de ciclovias. Para o ano de 2015, a prefeitura propôs a implementação de apenas 20,49 quilômetros, com recursos de um fundo internacional. Se efetuados, a cidade terminará o atual ano com cerca de 90 km de ciclovias.
Comparando com o histórico da cidade, seria um recorde, mas bastante tímido se confrontado com um objetivo do ano de 2012 colocado pelo Prefeito Marcio Lacerda (PSB): ter 120 km de ciclovias naquele ano. Se confrontarmos ao objetivo de 2013, 135 km, também estamos longe. O pronunciamento mais recente era de que a cidade teria, então, 100 km ao final de 2014 e 200 ao final de 2016. Vale ressaltar que as metas foram mudando ao longo dos anos.
Quando o prefeito citou os 200 km para 2016 ele ainda não sabia que a cidade contaria com recursos federais do PAC II para criação de 150 km de ciclovias em 2016. Sorte dele receber essa mãozinha de Brasília, que possibilitará à cidade, pela primeira vez, cumprir suas metas relativas à criação de estruturas cicloviárias.
Ritmo lento
Como nos demais anos, o objetivo de 2014 não foi alcançado e chegamos em dezembro do último ano com 70,42 km de estruturas cicloviárias exclusivas, como já foi dito.
Quando analisa-se a evolução da malha cicloviária da cidade e compara-se ela à meta da prefeitura de chegar em 2020 com 380 km, coloca-se em xeque (mate) a capacidade da prefeitura de Belo Horizonte de chegar ao objetivo que ela mesmo se impôs, sem discussão com cidadãos interessados na promoção do uso da bicicleta na cidade. Tal meta foi estipulada antes da criação de um espaço de discussão entre essas pessoas, o poder público, organizações da sociedade civil e interessados e que vem funcionando bem, na medida de alguns limites políticos aparentemente intransponíveis em BH: o GT Pedala BH.
Atualmente, nesta esfera de debate, está na pauta as discussões sobre como serão construídos os 150 km de estruturas cicloviárias. Essas novas ciclovias incluem ligações fundamentais entre regiões da cidade, bem como infraestruturas alimentadoras de grandes eixos de transporte e integradoras de bairros. Se (bem) implementados, farão de Belo Horizonte uma referência no que tange à estrutura cicloviária.
Todavia, sem eles, a cidade precisaria de mais 28 anos para conseguir alcançar a meta dos 380 km, se considerarmos que, em média, Belo Horizonte constrói 11,65 km de ciclovias a cada ano, desde 2011. Uma comparação boba, mas elucidativa: em seis meses, São Paulo implantou 142,1 km de novas ciclovias, chegando a 205,1 km totais.
Além de impulsionar a malha cicloviária da cidade, esses 150 km de ciclovias poderão contribuir com o cumprimento de outra meta da prefeitura da capital: ter 6% de pessoas pedalando até 2020. O último dado oficial afirmava que a cidade tinha 0,4% de pessoas fazendo seus deslocamentos diários em bicicletas em 2012. Um dado infimamente melhor afirma que esse número era de 0,5% em 2013.
O mapa e as rotas
Quem tiver interesse em ver/baixar o mapa das ciclovias de Belo Horizonte, disponibilizado pela prefeitura em formato PDF, pode acessar este endereço. O documento sobre as rotas construídas ao longo dos anos e as que estão por vir está aqui.
Guilherme Tampieri é gestor ambiental e membro do Movimento Nossa BH,
da Uniao de Ciclistas do Brasil (UCB) e da Rede Bike Anjo.
Entrevista de 40 min de uma das gestoras do Pedala BH na BHTrans sobre essa meta de 240km (total) até 2016 e todo o cenário do projeto e ciclovias em BH.
http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/tempo-de-bike/bike-e-ve%C3%ADculos-na-mesma-via-1.1005032
A BH em Ciclo mantém um mapa cicloviário, aberto a sugestões e atualizações: http://www.bhemciclo.org/mapaciclobh
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Também sou cético. O prefeito Lacerda é um empresário bem do coxinha, que adora aparecer com obras viárias inócuas e mal feitas, como túneis e viadutos (esses que andaram caindo sobre a cabeça das pessoas). O péssimo planejamento do BRT (Move), uma gambiarra feita a toque de caixa para a Copa do Mundo no lugar do metrô mostrou que ele e sua equipe não entendem patavinas de mobilidade urbana. E aguarde em BH as mesmas críticas que são feitas agora nas ciclofaixas São Paulo (já tem trânsito demais, cidade montanhosa, muita chuva, muito frio, muita tinta, mimimi mimimi). Mas tomara que eu esteja errado e pague a minha língua – se cumprirem a meta certamente aplaudirei.
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BRT não foi trocado pelo metrô para Copa do Mundo. Antes do Brasil ser eleito para sediar a Copa do Mundo já era intenção da Prefeitura/BHTrans a implantação do sistema. Que obra viária foi mal feita?
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Rodrigo, exemplos de obras viárias mal feitas não faltam.
O mais notável foi o viaduto Batalha dos Guararapes, que foi mal projetado e mal executado, caiu e matou 2 pessoas. Os outros viadutos da mesma avenida Pedro I foram ou estão sob suspeita de problemas estruturais.
No que tange “apenas” a bicicletas, os exemplos crassos são as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado. Passaram por pelo menos 2 obras (ponta a ponta) nos últimos anos e não foi construida ciclovia.
As obras do Boulevard Arrudas, que deveriam contar com ciclovias dos dois lados, ou ao menos uma central, tem apenas trechos de ciclovias mal feitas e que “começam no nada e terminam em lugar nenhum”.
Todas as ciclovias não possuem sinalização adequada, no mínimo onde estão as outras ciclovias/ciclofaixas próximas.
E por aí vai.
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Fazia parte da lista de exigência da FIFA que as cidades sede tivessem transporte de metrô ou de trem de alta velocidade até 1.5km dos estádios. Quase todas cidades fizeram, mas BH fingiu de sonso, falou que ia fazer um metrozinho da Savassi até a Lagoinha e no fim nem isso fez. Como metrô demanda planejamento antecipado demora mais do que uma gestão pra fazer, opta-se pelo mais à mão, que é o BRT. Mas aí o tal do Move já nasceu superlotado, justamente porque o modal ideal a longo prazo era o metrô, que transporta bem mais pessoas em menos tempo. Ah, mas é muito caro! Pois se contassem a grana gasta nos últimos 15 anos com a duplicação inócua da Antônio Carlos, os inúmeros remendos no complexo da Lagoinha e agora esse Move, tenho certeza que dava e sobrava pra fazer uma ótima linha do centro até a zona norte. Obra viária mal feita? Uai, aquele viaduto que caiu estava bem feito???
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O prefeito de BH só precisa tomar muito cuidado para não passar pelo tormento que o prefeito daqui está passando, por conta de preconceitos e imprensa partidarizando as ciclovias, seja elas boas, sejam ruins.
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