Nota em resposta à ação do MPE contra as ciclovias em São Paulo
Entidades divulgaram nota em resposta a ação que pede suspensão da implantação de ciclovias e restauração de locais em obras, como a Av. Paulista. Divulgue.
Nesta quarta-feira, 18 de março, o Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública com pedido de liminar, exigindo a paralisação imediata de todas as obras cicloviárias em andamento na cidade, com multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. A ação também pede que a prefeitura “recomponha a pavimentação” nas obras que ainda não estejam terminadas, como no caso da Av. Paulista, também com multa diária no mesmo valor e prazo de 30 dias para realização.
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O questionamento da ação não se limita apenas ao método de implantação das estruturas, mas abrange a política pública em si, colocando em xeque a promoção do uso de bicicletas em uma cidade como São Paulo, e contrariando diretrizes do Plano Diretor Estratégico (Lei nº 16.050/14) e da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/12).
A ação só terá efeito se avalizada pela justiça. Ela foi distribuída para o Juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra, da 5ª Vara da Fazenda Pública, que a avaliará e emitirá parecer sobre o caso. Para quem quiser acompanhar, o número do processo é 1009441-04.2015.8.26.0053 e ele pode ser consultado aqui.
Vale lembrar que liminar de teor semelhante já foi suspensa pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador José Renato Nalini, no caso da ciclovia da Madre Cabrini, por entender que se evidenciava “risco de dano à ordem, à segurança e economia públicas”. Saiba mais.
Nota
A Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo), junto com Instituto CicloBR, ITDP (Institute for Transportation & Development Policy), União de Ciclistas do Brasil (UCB) e o próprio Vá de Bike, e diversas outras organizações e entidades relacionadas no final da nota, vêm a público manifestar sua indignação frente à ação proposta pelo MPE, que representa um retrocesso. Queremos melhorar a política cicloviária paulistana e transformá-la em uma política de Estado, entendemos que há erros pontuais na implantação, mas o programa é uma exigência legal amparada por legislações federais, estadual e municipais e não aceitaremos nenhum passo no sentido contrário ao de uma cidade mais ciclável, humana, segura, inclusiva e justa.
Veja abaixo a nota divulgada nesta quinta-feira 19, por associações e entidades de ciclistas, como resposta à ação do MPE contra as ciclovias. A ação do MPE pode ser consultada neste endereço.
Resposta ao pedido de liminar, feito pelo Ministério Público Estadual, para a paralisação das obras de ciclovias
A Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo vem, juntamente com as organizações abaixo citadas, manifestar sua indignação frente ao pedido de paralisação das obras de implantação do sistema cicloviário da cidade de São Paulo, ação engendrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) – 3º Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo – por meio da promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira.
A ação civil pública proposta, com pedido de liminar, questiona não apenas o método de implantação de tais estruturas, mas a importância da política pública em si, colocando em xeque a promoção o uso da bicicleta em uma cidade como São Paulo.
Sem querer esgotar o assunto, cabe recordar aqui os benefícios de se promover o uso da bicicleta:
- para se preservar vidas, pois a bicicleta é frágil frente ao tamanho e velocidade dos demais veículos nas ruas e almeja-se uma cidade onde idosos e crianças possam ocupar as ruas sem medo;
- para a saúde pública, promovendo qualidade de vida e reduzindo internações, gastos com medicação de uso continuo, prevenindo doenças cardiovasculares, pressão alta e ajudando a controlar o diabetes, além de reduzir o sedentarismo e a obesidade, melhorar a saúde do idoso e aumentar a expectativa de vida;
- para a mobilidade urbana, promovendo a migração dos modos motorizados para a bicicleta e melhorando a fluidez e o impacto do tráfego;
- para a segurança pública, promovendo uma nova relação com a cidade, ocupando e humanizando os espaços públicos;
- para a economia e sustentabilidade, gerando renda, economia no orçamento familiar e reduzindo os desperdícios públicos e privados com os congestionamentos e a evidente falência do sistema de transportes baseado no automóvel;
- para a redução da poluição atmosférica e sonora advindas do uso excessivo de carros, lembrando que de acordo com pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, nos próximos 16 anos a poluição atmosférica matará 256 mil pessoas no Estado (quase 44 pessoas por dia) e a concentração de partículas poluentes no ar levará a internação de 1 milhão de pessoas e a um gasto público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão, com pelo menos 25% das mortes (59 mil) ocorrendo na capital;
- para o comércio, pois ciclistas são clientes potenciais que passam em baixa velocidade e não exigem grandes áreas de estacionamento, podendo facilmente parar em frente a uma vitrine, entrar numa loja, conhecer um serviço;
- para atender à demanda existente pelo uso da bicicleta, uma vez que a Pesquisa de Mobilidade da Região Metropolitana, realizada pelo Metrô em 2012, registrou 333 mil viagens diárias em bicicleta durante os dias úteis, mesmo com a infraestrutura ainda reduzida, deficiente e desconectada;
- para a redução do stress causado aos cidadãos pelos congestionamentos, trazendo ganhos para a qualidade de vida e saúde individuais, melhorando os relacionamentos interpessoais e humanizando o trânsito e a cidade;
- para a retomada do uso das ruas pelas crianças, sendo uma opção de lazer que resgata uma faceta da infância há muito esquecida nas regiões mais urbanizadas da cidade, e considerando que já temos crianças utilizando as ciclovias junto a seus pais, com o potencial de em dado momento passarem a pedalar sozinhas até suas escolas;
- para a economia de tempo dos cidadãos, sobretudo nos horários de pico, quando a velocidade média dos automóveis chega a meros 6,9 km/h em alguns casos;
- para uma democratização do acesso à cidade, permitindo que todos os cidadãos tenham acesso a todos os pontos da cidade, já que as falhas do transporte público e priorização histórica do deslocamento em automóvel acabam dificultando o acesso a determinadas áreas e bairros a quem não se utiliza de um carro;
- para o estímulo à troca de modal, reduzindo os congestionamentos pelo uso excessivo do automóvel e a lotação dos transportes públicos.
Para quem anda de bicicleta em São Paulo, 2014 pode ser considerado um ano histórico. A cidade saltou de 63 km para mais de 200 km de infraestrutura cicloviária, em cerca de 7 meses. O plano para 2015 é chegar a 463 km de vias exclusivas e segregadas. O Plano Diretor Estratégico, cuja revisão se iniciou em 2013 e foi sancionado em Julho de 2014, teve a participação direta e ampla de ciclistas e da população como um todo na construção dos capítulos relativos à bicicleta e na priorização dos modos ativos de transporte, em detrimento dos motorizados individuais, seguindo diretrizes do Plano Nacional de Mobilidade Urbana (ver Artigo 6º). Este atual cenário de avanços já rende resultados importantes e não pode ser colocado em xeque mediante uma liminar unilateral e profundamente questionável.
Os resultados de tais políticas podem ser observados no aumento do uso da bicicleta na cidade, especialmente no centro expandido, a área mais privilegiada pela implantação de ciclovias e ciclofaixas até o momento, onde a infraestrutura cicloviária atende também a demanda das bicicletas de carga, melhorando o compartilhamento entre bicicletas cargueiras e pedestres. Outro aspecto interessante observado no centro com a implantação das estruturas cicloviárias é a demanda por calçadas, que continuam exíguas e insuficientes. Como exemplo prático desse aumento no uso de bicicletas, podemos citar as contagens de ciclistas feitas pela Ciclocidade na Avenida Eliseu de Almeida. Ali, houve um aumento de mais de 50% no uso da bicicleta, poucos meses após a implantação de uma ciclovia.
A ação no Ministério Público cita a todo instante a segurança de quem anda de bicicleta como premissa para sua ação, esquecendo-se que é justamente a infraestrutura cicloviária que garante a ciclistas segurança, conforto e praticidade em seus deslocamentos. A medida também questiona a necessidade de aferir a frequência de ciclistas como justificativa para a implantação de uma ciclovia ou ciclofaixa. Tal ponto não leva em consideração a função que essa infraestrutura cumpre, que é essencialmente a de induzir a demanda. Isso em uma cidade que necessita, há muito tempo, aumentar significativamente o uso de modais alternativos menos poluentes que o carro em suas ruas. A cidade de Bogotá (Colombia), antes da implantação da sua rede cicloviária de 350km, amargava um percentual de viagens feitas de bicicleta que não superava 1%. Hoje em dia a cidade já conta com 7% das viagens realizadas em bicicletas; comprovando, outrossim, que infraestrutura cicloviária induz demanda e promove a migração de outros modais para a bicicleta. Como exemplo local, podemos citar a Av. Faria Lima, onde quase inexistiam bicicletas circulando devido à agressividade do viário e hoje as contagens realizadas pela Ciclocidade nesta via apontam para mais de 1700 ciclistas no horário contabilizado, chegando a um fluxo de 193 bicicletas por hora no pico.
O relatório fotográfico e detalhado na ação do MPE apresenta problemas e casos pontuais na implantação das ciclovias e ciclofaixas e que certamente deveriam ser solucionados e que também são alvos de contínua cobrança por parte dos ciclistas. São buracos, poças d’água, falhas na pintura, bocas de lobo, grelhas, entre outros casos. No entanto, tais falhas não deveriam comprometer a política pública em si, como sugere a ação do MPE, uma vez que as soluções são de baixa complexidade e custo. Seguindo a lógica argumentativa da promotoria, certamente teríamos de proibir a circulação de veículos motorizados em praticamente toda a cidade, em decorrência da qualidade do asfalto, da proliferação de buracos nas vias e dos problemas recorrentes com semáforos.
O MPE afirma: “Ainda hoje, o veículo [automóvel] é o modal de transporte que transporta o maior número de pessoas neste Município”, o que é um equívoco grave. A maior parcela da população de São Paulo desloca-se a pé ou por meio do transporte público, segundo a pesquisa de Origem e Destino do Metrô, de 2007. Uma pesquisa mais recente, da Rede Nossa São Paulo/IBOPE, aponta que, para quem faz uso diário dos meios de transporte, o carro é a opção de apenas 20% das pessoas, enquanto transportes públicos, somados, equivalem a 34% – mesma porcentagem de quem anda a pé. Apesar de não ser o veículo mais utilizado, é fato que o automóvel é aquele que mais ocupa espaço nas vias, sendo o maior responsável pelo congestionamento na cidade, assim como pela poluição, ruído e estresse da população, constituindo imensos prejuízos diários ao munícipio. É bom lembrar inclusive, que as obras de implementação viária da cidade nunca foram debatidas publicamente, mas impostas pelos diversos governos.
Ao questionar o interesse público em se investir nas estruturas cicloviárias, a promotora mostra desconhecimento da realidade da cidade. A mesma pesquisa já citada da Rede Nossa São Paulo/IBOPE mostra que 88% das pessoas são favoráveis à construção e ampliação das ciclovias. Ela diz ainda que 71% dos entrevistados trocariam o carro por uma alternativa eficiente e segura; destes, 40% citaram a bicicleta, desde que houvesse infraestrutura adequada. As ciclovias e ciclofaixas estão sendo implementadas onde antes havia automóveis estacionados, ou seja, imóveis, devolvendo para a circulação pública e garantindo fluidez ao tráfego de veiculos a um espaço viário que estava ocioso e “privatizado”, sem qualquer beneficio coletivo. A que interesse público coletivo a promotora se refere, portanto?
O MPE fala em participação pública. Os moradores da cidade de São Paulo foram ouvidos nas discussões do Plano Diretor Estratégico e nas discussões do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes a respeito do planejamento cicloviário da cidade. Uma Câmara Temática de Bicicleta está em funcionamento na cidade de São Paulo justamente para acompanhar a implantação do sistema cicloviário. O Ministério Público nesta ação, ao contrário do Poder Executivo, em nenhum momento procurou ouvir quaisquer das organizações aqui assinadas. Nem tampouco as obras viárias tiveram participação pública, e foram no entanto realizadas sem questionamento do MPE.
Ao sugerir desfazer a ciclovia da Avenida Paulista, uma obra discutida desde seu projeto e já em adiantado estágio de implantação, o MPE ensaia danos àquilo que ele próprio defende: o bom uso do dinheiro público e o interesse e bem-estar coletivos. A ciclovia da Paulista foi apresentada e debatida em audiências públicas, em reuniões com a sociedade civil e com organizações interessadas. Além disso, sempre foi bem recebida por quem usa bicicleta. Isso porque a via não é apenas uma das mais utilizadas por ciclistas na cidade; ela é uma infraestrutura cicloviária simbólica, em uma avenida historicamente marcada por tragédias. Sem a ciclovia, a Paulista é a via mais perigosa da cidade para quem anda de bicicleta, o que ressalta, mais uma vez, a importância da estrutura em salvar vidas.
A promotora pede ainda que se “restabeleça a funcionalidade do local”, na Avenida Paulista, para a “segurança dos munícipes”. Ou seja: o ciclista, do ponto de vista da ação, não é munícipe (ou não deve ser tratado como tal). Quando o Ministério Público questiona “para onde irão os ciclistas em dias de chuva” (sic) afirmando que “o transporte público não dará conta”, lança um enigma penoso e vazio em si mesmo: o que sugere o MPE? Que ciclistas que não quiserem pedalar na chuva deixem de existir em tais dias? Ou que utilizem carros, congestionando ainda mais o já caótico trânsito individual motorizado?
Possivelmente a promotora e sua equipe não tenham se dado conta do fato que entre as cidades com maior utilização de bicicleta no mundo estejam diversas cidades de clima instável e temperado, que oferecem condições climáticas muito mais exasperantes do que São Paulo. Podemos citar as cidades de Portland, Nova Iorque, Copenhagen, Amsterdam e Oslo. Portanto, é absolutamente equivocado dizer que as chuvas trariam uma redução do uso deste modal, que viesse a justificar a não implantação de estrutura cicloviária; além do fato da nossa cidade possuir uma chuva previsível, concentrada em alguns meses e longos períodos de estiagem. Além, claro, de existir capa de chuva, o que ocorre também com os motociclistas.
A Ciclocidade e as organizações abaixo assinadas solicitam que o Poder Judiciário rejeite o pedido de liminar, assim como o Tribunal de Justiça o fez no absurdo caso recente da ciclovia da Rua Madre Cabrini, na Vila Mariana, onde houve o entendimento de “risco de dano á ordem, à segurança e economia públicas”.
Urge transformarmos a política cicloviária paulistana em uma política de Estado, para muito além de uma gestão ou um mandato, e não aceitaremos nenhum passo no sentido contrário ao de uma cidade mais ciclável, mais humana, mais segura, inclusiva e mais justa. O Ministério Público Estadual representou hoje, surpreendentemente, um retrocesso. Retrocesso este que deve ser aparado pelo próximo a examinar a questão – o Poder Judiciário.
Assinam:
Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo
Instituto CicloBR de Fomento a Mobilidade Sustentável
ITDP Brasil
UCB – União de Ciclistas do Brasil
Rede Bicicleta para Todos
Instituto Aromeiazero
CicloZN
CicloButantã
Bike Zona Sul
Movimento Ciclovia Eliseu de Almeida
Preserva Vila Pompéia
bike.tv.br
Coletivo Ideia Nossa
Vá de Bike
Coletivo Pedal Verde
Bike é Legal
Eu Vou de Bike
oGangorra
Instituto Passuaré
Sistema Negro de Som
Rodas de Leitura
Bike Anjo
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Todas as obras de ciclovias tem projeto básico. Os projetos básicos foram apresentados pra promotora mas ela não ficou satisfeita.
O que a promotora quer é um estudo muito mais amplo e desnecessário. Enfim, o que ela quer é melar a política de estímulo à bicicleta.
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Mesmo porque, seus promotores provavelmente devem ser contra as ciclovias e estão usando de seus poderes para tentar barrar a mesma.
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Já viram, http://www.tjsp.jus.br/Institucional/CanaisComunicacao/Noticias/Noticia.aspx?Id=25974.
Willian talvez queira atualizar a matéria.
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Pois é, Felipe, por causa do tal “impacto viário”, nós ciclistas acabamos sendo os grandes responsáveis pelos congestionamento, veja você.
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É bizarro, agora vou eu ao mercado e padaria ficar preso no congestionamento dos carros…
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Bicicleta causando congestionamentos de carros?
Puts, deixa pra lá….
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Então, Renato, porque, no fundo, no fundo, o que esse juiz fez foi uma média com o MPE, porque não há nada de razoável nas “razões” da decisão dele favorável à tutela antecipada. E no limite do raciocínio, sim, nós ciclistas seríamos responsáveis pelo “estrangulamento do tráfego”:
“…é de se entender como razoável a presença de prévio estudo de impacto viário global e local, de sorte a mitigar efeitos deletérios como o estrangulamento do tráfego de veículos em vias públicas.”[???]
Ah, então mesmo antes de muitas ciclovias substituirem o espaço do viário destinado a estacionamento de veículos a motor, este também deveria ser considerado “deletério”, pois estrangula o tráfego? Mais uma doidera, né? rs.
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Copio aqui o e-mail que enviei para a ouvidoria do MPSP. Quem quiser, sinta-se livre para copiar e alterar como quiser e também enviar ao e-mail ouvidoria@mpsp.mp.br
“Venho por meio deste e-mail manifestar a minha indignação frente ao pedido de paralisação das obras de implantação do sistema cicloviário da cidade de São Paulo, ação engendrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) – 3º Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo – por meio da promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira.
Quero lembrar que a bicicleta é um modal que deve ser estimulado por vários motivos. Em primeiro lugar, uma pessoa que opta por se locomover por bicicleta em vez de usar o carro está contribuindo para melhorar a fluidez do trânsito, uma vez que a bicicleta ocupa menos espaço e é mais ‘flexível’ (uma bicicleta não fica presa em congestionamento, nem contribui com o mesmo). Essa é uma escolha que eu fiz: eu poderia usar o carro todos os dias, mas uso a bicicleta e o transporte público.
Outro motivo é que o uso da bicicleta resulta em mais saúde. Para quem pedala por causa do exercício físico, e para os outros porque é um carro a menos poluindo nosso ar. Existem estudos de vários lugares do mundo que mostram que o estímulo do uso de bicicleta tem um impacto de diminuir gastos com saúde.
Mas mais importante que isso, quero lembrar também que ciclovias efetivamente SALVAM VIDAS. A ciclovia da Av. Paulista, especificamente, é uma estrutura que já deveria existir há décadas. Se existisse, teria evitado a morte, no dia 14 de janeiro de 2009, da ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, atropelada por um ônibus. Também teria evitado a morte, no dia 2 de março de 2012, da bióloga Juliana Dias, também atropelada. Teria evitado que o pintor David Santos Souza tivesse perdido um braço em atropelamento no dia 10 de março de 2013. Marlon Moreira também estaria vivo se tivesse tido a proteção de uma ciclovia na Av. Paulista no dia 27 de outubro de 2014, quando foi atropelado por um ônibus.
Essas são apenas algumas das vítimas de atropelamento apenas na Av. Paulista. Quantos mais precisam morrem para que a vida passe a ter mais importância do que o espaço para automóveis?”
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Ótimo manifesto, será que se essa liminar for deferida, o que acho pouco provável, é possível as entidades entrarem contra essa ação na justiça, fora a prefeitura?
E uma alerta a todos, cuidados com os trolls quando eles chegarem famintos.
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Ação partidária desta senhora. É caso antigo de “pegação de pé”:
http://www.tvgazeta.com.br/?videos=maria-lydia-entrevista-camila-mansour-promotora-de-justicasp#
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Demorou para vocês fazerem outra petição em apoio as ciclovias, só que dessa vez destinada a promotora. Sério, fala com a Change, mobiliza as pessoas!!
Temos que mostrar que há vida pensante e sensata em São Paulo!!!
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Belíssima respostas dada ao Ministério Público do Estado de São Paulo pela ação 1009441-04.2015.8.26.0053. realizada pela promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira, com certeza ela não usa a bicicleta para se locomover por São Paulo, e também não deve utilizar o transporte público.
As respostas enviadas foram muito bem feitas, apontando os benefícios do uso da bicicleta com as ciclovias para os cidadãos de São Paulo.
Se necessitarem, podem contar com o meu apoio para realizarmos uma pedalada de resposta.
Abraços,
Diego Brea.
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destaco o argumento, juridicizado, de que: Minhas clientes milionárias não vão ter onde parar o carro, vejamos:
“- Pela proibição de parada e estacionamento do lado da via em que houve a implantação da ciclofaixa, eliminou-se a possibilidade de carga e descarga em trechos comerciais (39) e o embarque/desembarque de passageiros em veículos de passeio, sobretudo de taxis (foto nº 04);”
pessoal do vadebike, o trabalho de vcs é incrivel, sei que nunca poderia pedir nada além do desgaste normal que vcs têm, todavia, farei do mesmo jeito: Vcs vão municiar a Prefeitura com os estudos e documentos pró-bike?? vcs tem vasta documentação, ajudaria bastante acho!
abc
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O link com o pdf da ação do MPE está quebrado, Willian. Estou consultando por aqui: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/publicacao_noticias/2015/2015_marco/CICLOVIAS_acao_2015_03_18.pdf
Só dei uma corrida de olhos, tem umas pérolas lá, como:
“O estudo deverá também considerar os prejuízos que serão causados ao comércio e ao tráfego, notadamente pela supressão de vagas de veículos. Ainda hoje, o veículo é o modal de transporte que transporta o maior número de pessoas neste Município. A implementação do sistema cicloviário nesta Cidade, da forma como está sendo realizada (sem prévio estudo técnico detalhado e sem participação popular), trará consideráveis prejuízos ao modal que ainda é o mais importante para a economia de São Paulo (registrando-se, mais uma vez, que o transporte público de massa é deficiente e, por ora, não há alternativa para esse modal).”
Mas já deu pra sentir, mesmo numa leitura apressada (e é até “ilustrado”, viu?), que essa “promotora” se esforçou bastante pra… pra melar, essa é a palavra, pra melar mesmo a continuidade da implantação.
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Corrigi o link, obrigado. Era esse mesmo.
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Palavras de um dos gestores de transportes de Bremen (Alemanha) ao ser questionado sobre a retirada de vagas de carro para construir biicicletários (paraciclos) ou ciclovias e que iria prejudicar o comércio:
* “1 carro parado por X horas = 1 carteira”
* “12 bicicletas estacionadas (paraciclos) ou X ciclistas passando durante o dia = N carteiras”
“Qual pode ser mais rentável o comerciante que tem visão de negócios?”
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É bom apresentar ao MP a pesquisa de mobilidade feita pelo metrô para eles verem que a maior parte dos deslocamentos é feito a PÉ e de transporte publico.
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Chega a ser inacreditável que alguém não consiga enxergar os benefícios da bicicleta para a sociedade em geral. Todos os argumentos contra já foram explicitamente negados, com exemplos no mundo inteiro (não que exemplos bem sucedidos sejam obrigatórios para algo bom ser implementado). Acho que quem não entende nunca subiu em uma bicicleta, ou tem a cabeça muito fechada, mas muito mesmo.
Chegar ao ponto de pedir a remoção da infraestrutura já colocada é uma piada de mal gosto.
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Copio aqui o e-mail que enviei para a ouvidoria do MPSP. Quem quiser, sinta-se livre para copiar e alterar como quiser e também enviar ao e-mail ouvidoria@mpsp.mp.br
“Venho por meio deste e-mail manifestar a minha indignação frente ao pedido de paralisação das obras de implantação do sistema cicloviário da cidade de São Paulo, ação engendrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) – 3º Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo – por meio da promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira.
Quero lembrar que a bicicleta é um modal que deve ser estimulado por vários motivos. Em primeiro lugar, uma pessoa que opta por se locomover por bicicleta em vez de usar o carro está contribuindo para melhorar a fluidez do trânsito, uma vez que a bicicleta ocupa menos espaço e é mais ‘flexível’ (uma bicicleta não fica presa em congestionamento, nem contribui com o mesmo). Essa é uma escolha que eu fiz: eu poderia usar o carro todos os dias, mas uso a bicicleta e o transporte público.
Outro motivo é que o uso da bicicleta resulta em mais saúde. Para quem pedala por causa do exercício físico, e para os outros porque é um carro a menos poluindo nosso ar. Existem estudos de vários lugares do mundo que mostram que o estímulo do uso de bicicleta tem um impacto de diminuir gastos com saúde.
Mas mais importante que isso, quero lembrar também que ciclovias efetivamente SALVAM VIDAS. A ciclovia da Av. Paulista, especificamente, é uma estrutura que já deveria existir há décadas. Se existisse, teria evitado a morte, no dia 14 de janeiro de 2009, da ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, atropelada por um ônibus. Também teria evitado a morte, no dia 2 de março de 2012, da bióloga Juliana Dias, também atropelada. Teria evitado que o pintor David Santos Souza tivesse perdido um braço em atropelamento no dia 10 de março de 2013. Marlon Moreira também estaria vivo se tivesse tido a proteção de uma ciclovia na Av. Paulista no dia 27 de outubro de 2014, quando foi atropelado por um ônibus.
Essas são apenas algumas das vítimas de atropelamento apenas na Av. Paulista. Quantos mais precisam morrem para que a vida passe a ter mais importância do que o espaço para automóveis?”
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Obrigada! a ação, em minha opinião, é pura demagogia do MP, que não percebe os grandes avanços que tivemos com as políticas implementadas pela Prefeitura nesta gestão.
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Um bom trabalho jornalístico seria descobrir onde mora essa promotora. Será que alguma incômoda ciclovia bateu à porta dela e resolveu legislar em causa própria? Não duvido nada, agora que estão fazendo ciclovias nos Jardins.
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Não acho uma boa ideia personalizar a questão. Infelizmente essa promotora representa uma parcela conservadora da população que realmente é contra a ciclovia (por ignorância, desinformação, egoísmo, partidarismo, etc).
Precisamos nos ater aos argumentos e não à pessoa.
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Tem razão, Alexandre. É que é de uma pequenez tão pequena que parece até ser uma decisão pessoal.
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Pressionar pessoalmente a promotora sem dúvida não é caminho, mas também não duvido muito que ela seja oposição política ao prefeito e seu partido. É a segunda vez que essa mesma promotora se manifesta contra as ciclovias, e usa a mesma argumentação rala da oposição na câmara…
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Realmente, nada de levar pro lado pessoal. Agora, pro lado institucional… seria bem interessante organizar uma bicicletada em frente ao MP. Aliás, a Promotoria de Justiça da Habitação e Urbanismo fica logo no 1o. andar do prédio da Riachuelo…rs.
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Conclamamos a todos os ciclistas e apoiadores a entrarem em contato com o Ministério Público e deixarem clara sua opinião: ouvidoria@mpsp.mp.br e https://www.facebook.com/mpsp.oficial?fref=ts
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Precisamos convidar essa “promotora” (ênfase nas aspas) Camila Mansour Magalhães da Silveira pra próxima Pedalada Pelada, não precisamos?
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