Corpos pintados no asfalto da Av. Paulista questionam mortes de ciclistas e pedestres – #QuemMatou450?
Saiba como foi a manifestação de ciclistas e ativistas da mobilidade a pé em São Paulo, com fotos e vídeo.
Pessoas de bicicleta, a pé, de skate e de patins se reuniram em São Paulo, na noite da sexta-feira 28, para pedir que as ciclovias e os limites de velocidade sejam mantidos na cidade. A preocupação se deve às declarações feitas pelo prefeito eleito, João Doria Jr. (PSDB), que dão a entender que mais de metade das ciclovias da cidade pode vir a desaparecer em sua gestão, além das sinalizações sobre um possível aumento dos limites de velocidade nas marginais. Veja aqui as declarações mais recentes sobre ambos os assuntos, com fotos e vídeos.
Cerca de 500 manifestantes saíram da Praça do Ciclista e circularam pela Avenida Paulista, ocupando as quatro faixas mais a ciclovia, caminhando e pedalando até a esquina com a avenida Brigadeiro Luís Antônio. O clima era de festa, com duas bicicletas com música e gritos em coro que diziam “vai ter ciclovia e calçada”, “mais amor, menos motor” e outros motes.
De lá, retornaram à Praça, onde um grupo permaneceu confraternizando enquanto outro seguiu pela Rua da Consolação, em bicicletas, skates e patins, até a Praça Roosevelt, de onde subiram a Rua Augusta até retornar à Praça do Ciclista.
Apesar da impaciência de alguns motoristas e principalmente motociclistas, que com certa frequência tentavam passar em meio à massa de pessoas, não houve nenhum conflito ou ação agressiva durante o protesto. Uma viatura da PM e duas da CET surgiram ao longo do caminho, escoltando e protegendo os manifestantes, ajudando a evitar conflitos com quem estava motorizado.
A manifestação foi marcada pelo lema “Nem um cm a menos, nem um km/h a mais”, reivindicando que não haja retrocessos tanto na estrutura cicloviária implantada na cidade quanto na redução dos limites de velocidade no perímetro urbano.
Corpos no chão
Ao longo do trajeto, um grupo de ativistas desenhou corpos estendidos no chão em diversos pontos da Avenida Paulista e também nas imediações. Junto com as marcações, a hashtag #QuemMatou450?, em alusão ao número de pedestres e ciclistas mortos em 2015.
Embora as mortes no trânsito da capital paulista tenham diminuído e estejam abaixo da média nacional, o índice ainda é considerado muito alto. São Paulo registra 8,26 mortes a cada 100 mil habitantes por ano. A meta da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que a cidade chegue a 6 até 2020.
“Em 2015, morreram 419 pedestres e 31 ciclistas. A pergunta: ‘#QuemMatou450?’ é justamente para problematizar a questão”, afirma Ana Carolina Nunes, participante do protesto. “Não queremos colocar a culpa em indivíduos, mas chamar a atenção para a gravidade do problema. Este número pode facilmente voltar a crescer com a volta das altas velocidades na cidade”, completa.
Os ativistas que assinam a intervenção, assim como os coletivos e entidades ligadas à mobilidade ativa, defendem a adoção da agenda de Visão Zero, premissa de que toda morte no trânsito é inaceitável e pode ser evitada. Ação semelhante foi realizada em 2015 em volta do edifício do Instituto Tomie Othake, no bairro de Pinheiros. Na ocasião, acontecia o Cidades a Pé, primeiro congresso internacional para debater exclusivamente a Mobilidade a Pé no Brasil.
Vídeo e fotos
Transmitimos a manifestação ao vivo (e pedalando!), em nossa página do Facebook. Até o fechamento dessa matéria, o vídeo principal já havia sido assistido por mais de 10 mil pessoas.
Assista abaixo (continuação aqui) e veja, nessa mesma página, nossa galeria de fotos. A galeria também está no Facebook, para que você possa marcar a si e a seus amigos.