Pedalando com a jornalista Sabrina Duran, em 2012. Foto: Na Bike/Reprodução

São Paulo terá Secretário de Transportes e Mobilidade que pedala

Sergio Avelleda usa a bicicleta desde 2009: como meio de transporte, em pedaladas noturnas, cicloviagens curtas e até estradas de terra.

Foto: Leandro Valverdes
Foto: Arquivo pessoal

A imprensa abriu nessa quarta-feira, 9 de novembro, o nome do próximo Secretário de Transportes e Mobilidade da capital paulista: Sergio Avelleda. A informação deveria ser divulgada apenas no anúncio oficial, que será feito na quinta-feira (10). O Vá de Bike teve acesso antecipado a essa informação, mas optamos por não divulgá-la para evitar qualquer efeito colateral nesse processo de escolha, que ainda não estava consolidado.

Além de comandar a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade (nova denominação que surgiu durante encontro de João Doria com ciclistas), deve assumir também a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a SPTrans (órgão responsável pela gestão do transporte em ônibus na cidade), como é tradição nas administrações do município.

Sua indicação faria parte da estratégia do novo prefeito de demonstrar apoio à ampliação das ciclovias, desde que com financiamento da iniciativa privada. Especialista em Direito Público, possui experiência em projetos de concessões e PPPs (parcerias público-privadas) – formatos que Doria pretende adotar amplamente em sua gestão, inclusive na ampliação e manutenção das ciclovias.

Empurrando sua bicicleta na canaleta do acesso à Ciclovia Rio Pinheiros, em fevereiro de 2009. Foto: Willian Cruz
Empurrando sua bicicleta na canaleta do acesso à Ciclovia Rio Pinheiros, em fevereiro de 2009. Foto: Willian Cruz

Diálogo com ciclistas

Ex-presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô de São Paulo, Sérgio Henrique Avelleda tem uma visão ampla sobre mobilidade e um histórico relativamente antigo com a bicicleta.

Na CPTM, foi um dos principais nomes por trás da criação da Ciclovia Rio Pinheiros. Estivemos com ele em duas vistorias antes da abertura da Ciclovia, uma em setembro de 2009 e outra em fevereiro de 2010, sendo essa última um convite pessoal para ver como havia sido feita a sinalização e os acessos dos primeiros 14 km da estrutura, em que pedalamos lado a lado por toda a extensão. Naquele momento, nos contou que estava começando a se deslocar ao trabalho com a bicicleta em algumas ocasiões e que a ciclovia iria, inclusive, ajudá-lo em parte desse percurso.

À frente do Metrô, recebeu ciclistas para uma conversa sobre bicicletas e intermodalidade (integração com outros meios de transporte). A reunião aconteceu a pedido do próprio Avelleda, para esclarecer detalhes da recente liberação das escadas rolantes para subir com bicicletas, discutir questões relacionadas à intermodalidade e estreitar relação com os ciclistas.

Nessa reunião, falou-se até sobre a expansão da Ciclovia Caminho Verde (Ciclovia da Radial Leste) até o Centro, mas Avelleda deixou o cargo um ano depois, sem que a proposta chegasse a ter seguimento. Assista no vídeo abaixo.


Histórico com bicicletas

“Comecei a pedalar quando estava na CPTM”, contou em 2012 à jornalista Sabrina Duran, então responsável pelo blog Na Bike. “Foi em 2009, quando começamos a construir a Ciclovia Rio Pinheiros. Comecei a usar para fazer inspeção [da ciclovia]. E nesse ano [2012], comecei a duas ou três vezes por semana ir trabalhar de bicicleta.”

Nos últimos meses, Avelleda tem publicado alguns vídeos em seu perfil pessoal no Facebook, registrados com uma câmera presa no capacete, em que mostra situações de uso da bicicleta nas ruas.

Além de usar a magrela como transporte, o novo secretário pedala também por diversão, participando eventualmente de passeios noturnos na cidade. Tem feito ainda alguns trajetos intermunicipais por estradas de asfalto nos fins de semana em uma de suas três bicicletas, com pneus slick e alforge no bagageiro, além de percursos em estrada de terra no melhor estilo mountain bike.

Sobre pedalar nas ruas

Pedalando com a jornalista Sabrina Duran, em 2012. Foto: Na Bike/Reprodução
Pedalando com a jornalista Sabrina Duran, em 2012. Foto: Na Bike/Reprodução

O mais legal é uma outra relação com a cidade, você enxerga a cidade de outra perspectiva fora do automóvel. Dentro do carro você vê muito pouco da cidade, de bicicleta você vê muito. E mais, você se sente compartilhando mesmo o espaço de uma outra forma.

E tem o lado lúdico: todo mundo quando era criança andou muito de bicicleta e eu me sinto, indo pro trabalho, agora vivendo os momentos da minha infância. Melhora o humor da gente, é uma coisa muito gostosa.

– Sergio Avelleda, em entrevista ao blog Na Bike, em 2012

 

4 comentários em “São Paulo terá Secretário de Transportes e Mobilidade que pedala

  1. A arrecadação de SP é suficiente para bancar as ciclovias. A grande diferença é que a iniciativa privada é mais eficiente e tem condições de fazer mais com menos dinheiro. E com qualidade superior.

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  2. É mesmo, lembrei desse Sérgio Avelleda, ele realmente tem um histórico pró-ciclismo urbano. Mesmo mal, né? Pelo menos dá pra dialogar.

    Agora, dialogar é uma coisa, a coisa agora viabilizada, mas fazer (difícil) e desfazer (fáci) são coisas completamente diferentes.

    Por exemplo: eu fico tentando imaginar quais seriam as benesses (lucro) de uma PPP pra privataria se interessar em investir na estrutura cicloviária: tipo, pedágio, propaganda da empresa como sinalização vertical e horizontal, é isso?

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    1. Um pedágio urbano para automotores poderia subsidiar as ações de mobilidade urbana. Tipo, o dinheiro da infra de bike não precisa vir necessariamente do ciclista. Parece até que eu estou sonhando, que os caras jamais farão isso, mas sei lá, né? Fica a sugestão.

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