Ciclovia Tim Maia continua interditada após um ano do desabamento que matou duas pessoas no RJ
Com a interdição da ciclovia, moradores são obrigados a dividir espaço com ônibus e carros na avenida Niemeyer – ou desviar pelo túnel
Infraestrutura importante no eixo de ligação entre a zona sul e a zona oeste da cidade, a ciclovia Tim Maia continua interditada após um ano da sua inauguração, em janeiro de 2016. Cerca de quatro meses depois, a ciclovia foi atingida por fortes ondas de uma ressaca e teve parte de sua estrutura destruída, matando duas pessoas.
A ciclovia fez parte de um pacote de investimentos no valor de 44,7 milhões de reais, que incluiu obras de recuperação de encosta e tubulações da região, integrando um extenso complexo cicloviário que conecta o centro da cidade à zona oeste, passando por importantes bairros da zona sul carioca.
De uso compartilhado, atende principalmente os moradores dos bairros da Rocinha, Vidigal e São Conrado, que precisam cruzar a região em direção ao centro da cidade e aos bairros onde estão localizadas as oportunidades de trabalho.
Com a interdição da ciclovia, os moradores são obrigados a dividir espaço com tráfego de ônibus e carros na avenida Niemeyer, que é uma via de mão dupla, com traçado sinuoso, estreito, sem acostamento e com poucas áreas de calçadas. Mesmo assim a via é utilizada, já que a outra opção seria cruzar dois túneis, o Acústico e o Zuzu Angel que, com quase dois quilômetros de extensão, não permitem o trânsito de bicicletas e pedestres.
Ciclovia vem sendo usada apesar da interdição
No passado, o Consórcio Contemat/Concrejato, responsável pela execução do projeto inicial, começou as obras de recuperação do trecho que desabou. Nesse período a prefeitura elaborou um plano de contingência, com um sistema de sinalização que inclui semáforos para indicar o fechamento da ciclovia em dias de ressaca. Todavia, a Justiça Federal concedeu uma liminar pedida pelo Ministério Público Federal que determinou a interrupção das obras e interdição da ciclovia, solicitando a realização de um estudo de impacto ambiental.
Em março desse ano, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ) emitiu um parecer técnico informando que existem diversas falhas estruturais na ciclovia e um processo de deterioração precoce da estrutura de guarda-corpo. De acordo com o CREA, a ciclovia não apresenta condições adequadas de segurança para os usuários.
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A interdição não impede que a população utilize a ciclovia, já que dividir o espaço na avenida Niemeyer é muito arriscado. Com 3,9 km de extensão e praticamente toda a estrutura suspensa à beira-mar, a ciclovia Tim Maia está situada em uma região onde a infraestrutura viária é totalmente dedicada aos veículos motorizados. Reconstruir a ciclovia é uma forma de redemocratizar o acesso à cidade através do viário urbano.