Renata Falzoni recebeu o prêmio Parque da Mobilidade Urbana, na categoria Mulheres que Inspiram na Mobilidade Urbana. Veja a entrevista nesta página. Fotos: Willian Cruz/VdB

Bicicletas estiveram em pauta no Parque da Mobilidade Urbana 2023

Veja como a mobilidade ativa foi incluída no evento, além de uma entrevista com Renata Falzoni, vencedora do Prêmio Parque da Mobilidade Urbana

Entre os dias 22 e 24 de junho, o Complexo Esportivo do Pacaembu, localizado no coração da cidade de São Paulo, foi palco da 2ª edição do Parque da Mobilidade Urbana (PMU). O evento, considerado o maior da América Latina no tema, reuniu mais de 3 mil visitantes e contou com uma programação abrangente, destacando soluções inovadoras e tecnologias voltadas para o avanço de uma mobilidade urbana mais sustentável, inclusiva e disruptiva.

Mesmo com a tendência atual de destacar o carro e o ônibus elétrico como principais soluções de mobilidade, a bicicleta e o caminhar tiveram espaço nos painéis e atividades. Veja nosso resumo bem humorado neste vídeo, com um relato detalhado logo abaixo.


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Mobilidade Ativa no Parque da Mobilidade Urbana

Apesar do forte foco na mobilidade motorizada elétrica, o PMU 2023 também abordou de maneira significativa a mobilidade ativa. Discussões importantes foram realizadas, visando promover alternativas sustentáveis e saudáveis de deslocamento nas cidades, como a bicicleta como meio de transporte.

Um dos destaques foi o painel que apresentou a Estratégia Nacional de Promoção da Mobilidade por Bicicleta (Enabici). O objetivo da Enabici é criar uma agenda de ações para a mobilidade por bicicleta até 2030, buscando mais segurança e conforto para todos que pedalam em território nacional. Participaram da apresentação Yuriê Baptista César, Coordenador da Enabici e representante da União de Ciclistas do Brasil (UCB), Karolina Silva, do WRI Brasil, Paula Nóbrega, da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana (Ministério das Cidades), e George Panara, da Abradibi.

Parque da Mobilidade Urbana - painel Enabici
A Estratégia Nacional de Promoção da Mobilidade por Bicicleta (Enabici) pretende criar uma agenda de ações até 2030, para transformar a realidade da mobilidade por bicicleta no Brasil. Na foto, Yuriê Baptista César (esq), Karolina Silva, George Panara e Paula Nóbrega. Foto: Willian Cruz/VdB

Outro painel de destaque abordou a Segurança Viária com Foco na Mobilidade Ativa. Especialistas e profissionais discutiram estratégias para garantir a segurança de ciclistas e pedestres, proporcionando reflexões valiosas sobre como tornar as cidades mais seguras e amigáveis para a mobilidade ativa. O debate contou com Daniel Guth, da Aliança Bike, Leticia Sabino, do Instituto Caminhabilidade, Camila Cavalheiro, do Instituto Cordial, e Telma Micheletto, da CET-SP.

A segurança de pedestres e ciclistas também esteve em discussão, com Camila Cavalheiro (esq), Leticia Sabino, Telma Micheletto e Daniel Guth. Foto: Willian Cruz/VdB

A mobilidade ativa também esteve em pauta no painel “Caminhos para a construção de cidades diversas, inclusivas e democráticas”. Além da arquiteta, jornalista e cicloativista Renata Falzoni, do Bike é Legal, a discussão contou com Cadu Ronca, diretor do Instituto Aromeiazero, Fábio Ney Damasceno, Secretário de Mobilidade e Infraestrutura do ES, e Iuri Moura, Gerente de Desenvolvimento Urbano do ITDP Brasil.

Infográfico do ITDP Brasil elenca fatores sociodemográficos que influem na mobilidade, tornando a discussão muito mais ampla. Foto Willian Cruz/VdB

Além desses três painéis, que abordaram diretamente a bicicleta e o pedestre, a mobilidade ativa também fez parte de vários outros debates ao longo do evento, incluindo por exemplo os relacionados a logística.

Parque da Mobilidade Urbana
Renata Falzoni também participou dos debates, junto com Iuri Moura (esq), Fábio Ney Damasceno e Cadu Ronca (dir). Foto: Willian Cruz/VdB

Atividades com crianças

Além dos debates, a programação do PMU contou com atividades práticas relacionadas à mobilidade ativa. No espaço de exposição do evento, havia estandes apresentando cases e projetos, test drive de bicicletas e experiências interativas para promover a adoção da mobilidade ativa, especialmente entre o público infantil.

Uma dessas atividades foram os Jogos de Bicicleta da Transporte Ativo, onde as crianças brincavam com bicicletas de equilíbrio em uma pista de coloridos obstáculos, com as orientações e a animação do nosso colega Fabio Nazareth.

Alunos de EMEIs foram levadas ao evento e participaram de atividades lúdicas sobre mobilidade. Foto: PMU/Divulgação

Prêmio Parque da Mobilidade Urbana

Nesta edição, a Plataforma Connected Smart Cities e o Portal Mobilidade Estadão, com apoio da Urucuia – Inteligência em Mobilidade Urbana, lançaram o Prêmio Parque da Mobilidade Urbana. O objetivo foi reconhecer e premiar iniciativas (públicas e privadas) e pessoas que promovem a mobilidade urbana sustentável, segura e inclusiva. Veja a lista completa dos premiados.

Iniciativas públicas e privadas

Diversas iniciativas que envolvem a mobilidade ativa, ou especificamente a bicicleta, foram premiadas ou receberam menções honrosas. Entre os projetos premiados, destacamos o Bicicletas Adaptadas Compartilhadas Gratuitas, de Maricá/RJ, que permite que pessoas com deficiência tenham melhor acesso à cidade. A iniciativa está inserida na política pública local de Tarifa Zero, que inclui ônibus e bicicletas compartilhadas, tanto convencionais como adaptadas.

As menções honrosas incluíram projetos como o Joinbike, um aplicativo para conectar pessoas que querem pedalar em conjunto – que ainda está para ser lançado. A iniciativa Bikes for the Planet e o Programa de Aceleração de Projetos Vai Longe, ambos da Tembici, também receberam menções honrosas na premiação. O Vá de Bike fez parte da edição 2022 do Vai Longe, com a websérie Pedalando Todo Dia.

Prêmio Parque da Mobilidade Urbana
Juliana Minorello, diretora de Relações Governamentais e Políticas Públicas da Tembici. Foto: Willian Cruz/VdB

Mulheres que inspiram na mobilidade urbana

Renata Falzoni, do canal Bike é Legal, foi premiada como “mulher que inspira a mobilidade urbana”, por incentivar o uso da bicicleta no Brasil há mais de 45 anos. A arquiteta, jornalista e cicloativista, que usa a bike como transporte desde 1976, firmou-se como referência e um dos principais nomes do cicloativismo do país.

As duas menções honrosas da categoria também estão diretamente ligadas à mobilidade ativa. A primeira foi dedicada a Clarisse Cunha Linke, Diretora do ITDP Brasil, vista como referência na luta por uma mobilidade integrada, justa e sustentável no país. A segunda menção honrosa dedicada a Luciana Nicola, Diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco e membro do conselho administrativo do Pacto Global da ONU no Brasil. Entre outras ações, foi responsável pela idealização do projeto Bike Itaú de compartilhamento de bicicletas.

Nessa entrevista exclusiva ao Vá de Bike, Falzoni conta o que significa ter recebido o prêmio:

 

A importância de incluir a Mobilidade Ativa nas discussões

Mesmo tendo os principais patrocinadores envolvidos diretamente com a mobilidade motorizada elétrica, o Parque da Mobilidade Urbana 2023 conseguiu dar espaço e relevância para a Mobilidade Ativa, mostrando isenção e evidenciando a importância de uma abordagem integrada e abrangente para a mobilidade urbana.

Quem acompanha ou trabalha com o tema pode ficar com a impressão (correta, até) de que não se fez mais do que o óbvio e o esperado. Mas vale lembrar que a mobilidade ativa foi solenemente ignorada nas duas últimas edições da COP, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), o que nos deixa sempre atentos para que não seja colocada de lado também em outras discussões.

Com uma programação diversificada, o evento organizado pela plataforma Connected Smart Cities e pelo Portal Mobilidade Estadão consolidou-se como importante espaço de debate e compartilhamento de conhecimentos sobre mobilidade urbana. Ao reunir representantes de diversos setores e permear a mobilidade ativa nas discussões, fortaleceu a rede de colaboração e impulsionou o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios da mobilidade no Brasil.

Essa abordagem inclusiva e humanizada é fundamental para transformar a maneira como nos deslocamos, garantir um futuro mais saudável, sustentável e harmonioso para nossas cidades.

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