buraco longitudinal na ciclofaixa da r. piauí, em higienópolis

Se os cidadãos não solicitarem reparo, situações como esse buraco longitudinal na ciclofaixa da R. Piauí, em Higienópolis, não serão atendidos pelo plano de manutenção. Foto: Willian Cruz/VdB

5 alertas sobre o Programa de Manutenção de Ciclovias de São Paulo

Há questões críticas no Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária de São Paulo. É preciso acompanhar as reformas de perto (e cobrar a Prefeitura)

A Prefeitura de São Paulo lançou, em 22 de setembro, o Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária, que pretende reformar ciclovias da cidade que estejam em situação precária. Apesar de importantíssimo, é preciso atenção a algumas questões críticas em relação a essas manutenções.

Veja o resumo em vídeo e saiba mais no texto logo abaixo.


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1Programa de Manutenção já começou com atrasos

Durante o lançamento do Programa de Manutenção Permanente, foi anunciado que as reformas começariam na semana seguinte (ainda em setembro). “O contrato já foi assinado, então a partir da próxima semana a gente já deve iniciar com as ordens de serviço”, garantiu o Secretário de Mobilidade e Trânsito, Celso Gonçalves Barbosa.

No entanto esse prazo já foi descumprido, o que faz com que o Programa esteja atrasado em pelo menos meio mês. Isso sem contar todo o tempo que as estruturas passaram sem nenhuma manutenção.

Durante a última reunião da Câmara Temática da Bicicleta, em 9 de outubro, a Conselheira do CMTT Aline Pellegrini questionou o Coordenador-Geral do Plano Cicloviário, Dawton Gaia, sobre o início desses trabalhos. “A empresa acabou de buscar a ordem de serviço e está se organizando para começar. Vai apresentar um cronograma pra nós e deve começar essa semana”, prometeu Gaia. Assista aqui, aos 52:40.

A primeira ciclofaixa a receber manutenção será a da Av. Jair Ribeiro da Silva, em Interlagos. Se você costuma passar pelo local, conte pra gente nos comentários quando começar alguma movimentação no local.

Av. Jair Ribeiro da Silva, que já deveria estar em manutenção
Av. Jair Ribeiro da Silva, onde as obras de manutenção já deveriam ter iniciado. Imagem: Google Street View/Reprodução

2Poucas ciclovias serão reformadas

Durante o evento de lançamento do programa, o Prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o Secretário de Mobilidade e Trânsito reforçaram em vários momentos que 81% da malha cicloviária estaria em boas condições. Portanto, apenas 19% das ciclovias e ciclofaixas precisariam de manutenção. Para se ter uma ideia, nos primeiros 6 meses apenas 14 estruturas serão contempladas.

Para embasar esse número, a gestão usou como argumento a Auditoria Cidadã da Ciclocidade. No entanto, ainda que confiemos nesse relatório, ele já está defasado em mais de um ano. De lá para cá, a situação das ciclovias já deteriorou. Assim, muitas estruturas em más condições podem ficar “invisíveis” aos critérios da prefeitura. Além disso, o programa prevê, a princípio, apenas “requalificações”, que serão feitas de ponta a ponta, sem citar atendimentos pontuais.

Por isso, é importante que os cidadãos solicitem manutenção em estruturas e trechos que também precisem de reforma.

Como solicitar manutenção em uma ciclovia ou ciclofaixa

Pedidos de manutenção podem – e devem! – ser feitos através do telefone 156 e do Portal de Atendimento SP 156.

Links diretos para fazer a solicitação, de acordo com o tipo:

Participe e ajude a manter nossas estruturas bem sinalizadas e seguras!

Cronograma de manutenção de ciclovias para os primeiros 6 meses
Prefeitura divulgou as estruturas que serão atendidas nos primeiros seis meses do programa. Imagem: CET/SMT/Reprodução

3Pavimento precisa ser refeito em vários locais

O Vá de Bike esteve presente no lançamento do Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária, o que nos permitiu fazer alguns questionamentos importantes. Um deles foi em relação ao pavimento, que em algumas estruturas precisa ser refeito de ponta a ponta. Em algumas ciclofaixas, é necessário ao menos um recape localizado, nos pontos mais críticos.

Questionado pela nossa equipe sobre esse assunto, o Secretário respondeu que a questão do pavimento seria, sim, atendida. E passou a palavra a Dawton Gaia, para que acrescentasse mais detalhes. “O programa prevê a pavimentação, sempre através da Secretaria Municipal de Subprefeituras (SMSUB). Então pega sempre carona no pavimento novo. E nos locais onde não tem o pavimento novo, será feito esse contrato através da SMSUB”, esclareceu Gaia.

Nosso questionamento se deveu ao fato de que o recape costuma ser a etapa de maior custo na manutenção de uma estrutura viária. E, pelo valor de R$ 64 milhões anunciado para esse programa, era importante garantir que o pavimento seria contemplado. Pela resposta do Coordenador-geral, podemos deduzir que esse custo será de responsabilidade das subprefeituras, como parte do serviço padrão de tapa-buraco ou do programa de recapeamento.

Buraco na ciclofaixa da R. Dr. Rafael de Barros, no Paraíso, em São Paulo
Buraco e falhas no pavimento da ciclofaixa da R. Dr. Rafael de Barros, bem no meio da descida. Problemas como esse só serão atendidos se fizermos solicitação. Imagem: Google Street View/Reprodução

4Larguras precisam ser mantidas (e até revistas!)

Também perguntamos aos representantes da Prefeitura se os cidadãos poderiam ficar tranquilos quanto à largura das ciclofaixas não ser diminuída com as reformas.

Isso ocorreu, por exemplo, na ciclofaixa da Av. Rebouças, que já era estreita e ficou menor ainda depois do recapeamento da avenida. Com a repercussão negativa na imprensa, a Prefeitura voltou atrás e recuperou a largura anterior.

De acordo com Dawton Gaia, “não está previsto estreitamento em nenhuma das ciclofaixas. Pelo contrário, algumas delas a gente pretende inclusive ampliar essa largura.” É ver para crer.

Recomendação do Contran não está sendo seguida

Revisar a largura das ciclofaixas é de extrema importância, já que a recomendação mínima do Contran não está sendo respeitada. De acordo com o Manual de Sinalização Horizontal do CONTRAN, “recomenda-se para a Ciclofaixa de sentido único a largura mínima de 1,50 m, e para ciclofaixa de sentido duplo a largura de 2,50 m”.

Uma ciclofaixa estreita deixa o ciclista mais exposto aos carros e aumenta a chance de que um pequeno desequilíbrio resulte em tragédia. Ainda mais com o uso da sarjeta como parte desse espaço, com a frequente presença de lixo, bocas de lobo, buracos e até desníveis longitudinais no meio da pista, como mostramos a seguir.

5Degrau entre asfalto e sarjeta

Outro questionamento que fizemos durante o anúncio foi se a prefeitura estava atenta ao degrau que tem sido deixado entre o asfalto e a sarjeta, após os recapeamentos. Em alguns casos, o degrau fica bem no meio da ciclofaixa, como na Av. Rebouças.

O risco nesse caso é o pneu deslizar nesse degrau, o que derrubaria o ciclista na faixa onde os carros estão circulando. A chance de atropelamento numa queda dessas é enorme.

A resposta do Coordenador-Geral do Plano Cicloviário, naquele 22 de setembro, foi curta e direta: “nós vamos resolver esse problema, com toda certeza”.

Continuamos aguardando.

Degrau no asfalto da ciclofaixa da R. da Consolação, que precisa ser resolvido pelo Programa de Manutenção
Degrau longitudinal no asfalto da R. da Consolação: bem no meio da ciclofaixa, oferecendo risco de queda na via. Foto: Willian Cruz/VdB

1 comentário em “5 alertas sobre o Programa de Manutenção de Ciclovias de São Paulo

  1. Assim como os corredores de ônibus que permite melhorar o transporte de passageiros nas cidade deveria existir mais ciclovias em toda a cidade.

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