Com vontade política e foco correto, é possível transformar as cidades
A ex-secretária de Transportes de Nova York falou no Rio sobre as ações que mudaram sua cidade, como espaços para pessoas e 600 km de ciclovias/ciclofaixas.
Por Aline Souza (@souzaline)
Para comemorar a Semana da Mobilidade Sustentável e o Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro), Janette Sadik-Khan, ex-secretária de Transportes da cidade de Nova York, esteve no Brasil para compartilhar suas experiências à frente das mudanças em favor da mobilidade urbana naquela cidade, entre 2007 e 2013.
No evento “Conexão Rio – New York”, que aconteceu no dia 22 de setembro, Janette pôde compartilhar com o público a estratégia adotada na gestão pública que priorizou o pedestre e a acessibilidade em vários bairros da cidade norte-americana. As informações apresentadas por Janette poderão inspirar cidades brasileiras que enfrentam muitos desafios no planejamento urbano, que teoricamente deveria proporcionar conforto e segurança para os moradores de grandes centros urbanos.
Cidades para as pessoas
De acordo com estudos da ONU – Organizações das Nações Unidas, em 40 anos mais de 70% da população mundial estarão vivendo em cidades. Para Janette, esse dado apresenta uma conclusão: “o modo como planejamos as cidades hoje implicará diretamente na qualidade de vida das próximas gerações”, afirmou. Em outras palavras, trata-se de maximizar a mobilidade sustentável para que todos possam usufruir das cidades, caminhar em segurança, pedalar, ter facilidades para pegar um ônibus, etc. Ou seja, desenvolver as cidades para as pessoas que vivem nela e não para os carros.
fechadas para os carros,
as vendas no comércio
aumentaram 20%
Existem dados que comprovam o sucesso das ideias de Janette, onde o segredo de tudo é planejar bem, desenvolver design com inteligência, encontrar soluções de baixo custo e funcionais, além de acomodar bem todas as pessoas com faixas etárias diferentes. O projeto “Plazas de New York”, por exemplo, foi inovador porque fechou a Times Square e a Broadway para a circulação de carros, criou mais de 60 novos espaços de convivência e aumentou as vendas dos estabelecimentos comerciais no entorno em mais de 20%. “As pessoas eram constantemente atropeladas naquelas ruas devido à disputa por espaço, que é alta. Como o nova-iorquino não tem paciência de esperar e vive apressado, acabava indo para a rua, onde inevitavelmente acidentes aconteciam”, explicou.
Outras iniciativas implantadas por Janette também deram certo: definir novas rotas exclusivas para a circulação de ônibus; criação do programa de compartilhamento de bicicletas; aumento da estrutura cicloviária em 600 km; e a publicação de manuais de desenho para espaços públicos, como o Street Design Manual e o Street Works Manual, para auxiliar na criação de ruas mais vibrantes e humanas. “Quando levamos cadeiras de praia para a Times Square foi um sucesso tremendo, só se falava disso. O lugar deixou de ser uma rua perigosa com uma simples ação de usar tinta no chão, materiais baratos e tudo muito provisório para comprovar se daria certo ou não”, contou Sadik-Khan na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio de Janeiro.
aumentou a estrutura
cicloviária de Nova York
em 600 km
Manutenção
Uma das percepções relatadas pela convidada é que os moradores das cidades estão ávidos por espaço, locais de descanso e de convivência. “É interessante observar que em pouco tempo as pessoas surgem e lotam o lugar. Em minha opinião, todo cidadão deveria estar no máximo a 10 km de distância de um parque ou área verde”.
Entretanto, uma preocupação da prefeitura da cidade era como esses espaços iriam permanecer bem cuidados ao longo do tempo, ou seja, era necessária manutenção para permanecer com a funcionalidade para o qual foram criados. A estratégia adotada foi treinar os presidiários e os sem teto em um programa de ensino de jardinagem coordenado por uma ONG local, que recebe repasse da prefeitura. A verba tem origem em doações de bancos, fundações e comércio local entre outros.
Resultados
de chegar às lojas,
quem passa de bicicleta
compra mais do que
quem passa de carro
A sinalização espalhada pela cidade ajudou na localização das pessoas, não só os turistas. Antes os moradores de New York ficavam perdidos em muitas ocasiões. Também a redução da velocidade dos carros fez com que a cidade tivesse ruas mais seguras, algo que não se via em 100 anos desde a era do automobilismo. Também se verificou um aumento expressivo na venda de bicicletas e os comerciantes gostaram das mudanças, porque os ciclistas, pela facilidade de chegar até suas lojas, acabam comprando mais.
Porém, mais importante do que isso é dar mais opções de transporte para as pessoas, não só a bicicleta. “O transporte público é a grande vantagem da cidade de Nova York. Em seis anos criamos manuais e diretrizes para serem usados nas ruas e no trânsito de qualquer cidade dos EUA e posso afirmar que não é preciso muito dinheiro para isso, basta ter coragem e vontade política”, disse Janette Sadik-Khan.
O evento e a vinda da ex-secretária foram organizados pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento), com apoio do IAB-RJ e Rio Como Vamos. Atualmente ela é diretora do Bloomberg Associates e integrante do Conselho Diretor do ITDP.
Saiba mais sobre as mudanças promovidas por Janette Sadik-Khan em Nova York
Veja só simplicidade e criatividade. Vou dar um exemplo aqui para a Ponte Jaguaré, usar a passagem de pedestres esquerda ( em relação a fluxo ) da ponte : https://www.youtube.com/watch?v=TobPrsmpCnY não seria mais simples ? Ao invés de fazer a ciclopassarela de 20 milhões, usar estas passagens e pagar, com certeza, menos que 1 milhão. Esses 20 milhões podem ser usados, no caso, para realocar as famílias que estão vivendo precariamente na ponte ( veja o vídeo ). De novo o link https://www.youtube.com/watch?v=TobPrsmpCnY.
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http://m.estadao.com.br/noticias/saopaulo,prefeitura-de-sp-quer-construir-ciclovias-em-12-pontes-ate-2015,1572869,0.htm
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Oi, Isac. Comentamos aqui: http://vadebike.org/2014/10/ciclovias-em-28-pontes-de-sao-paulo/
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