Para concorrer com Uber, taxistas precisam reforçar comportamento positivo nas ruas
Uma boa estratégia pode estar no fortalecimento da imagem do profissional como motorista capacitado. Veja o que taxistas de Londres têm feito nesse sentido.
Uma frase que resume bem a discussão sobre a disputa Táxis vs Uber entre os ciclistas circulou recentemente no Facebook, viralizando em forma de imagem. Ela diz: “toda vez que um táxi tira uma fina de um ciclista, o Uber ganha um defensor”. Produzida pelo fotógrafo Ivson Miranda em um momento de indignação, a imagem teve mais de 600 curtidas e ultrapassou os dois mil compartilhamentos.
Boa parte da simpatia de usuários da bicicleta ao aplicativo (se não toda ela) é resultado direto do comportamento de alguns taxistas em relação aos ciclistas e às ciclovias. Quem pedala nas ruas sabe que muitas das ameaças de morte que sofremos vêm de motoristas de táxi que, por estarem em exercício de sua profissão, consideram ter maior direito de circulação nas vias e tentam provar esse conceito equivocado da pior maneira possível: passando extremamente perto ou fechando o ciclista, situações que ameaçam sua vida e sua integridade física.
Eu mesmo já sofri “esbarrões” de taxistas no guidão, que só não me derrubaram por pura sorte, sem contar as inúmeras espremidas contra a calçada, fechadas, xingamentos gratuitos e gritos de “vai trabalhar”. Entenda aqui por que uma fina pode resultar facilmente em morte do ciclista, amputação ou sequelas permanentes (com vídeos para exemplificar).
A estratégia dos taxistas ingleses
Um episódio recente envolvendo um taxista e um ciclista em Londres chamou atenção por uma razão que não transpareceu totalmente na viralização que o caso teve. Um vídeo gravado pelo taxista mostra o momento em que um ciclista é atingido pela porta de um motorista desatento, sendo derrubado em frente ao táxi. Em baixa velocidade, o motorista profissional conseguiu frear a tempo, chegando a tocar o ciclista mas sem maiores consequências.
À parte da questão da abertura de portas, o comentário do taxista ao publicar o vídeo foi a pista para descobrir a estratégia que está sendo adotada pelos profissionais londrinos para reconquistar os clientes que o Uber lhes tem subtraído: “Se eu não tivesse os olhos na estrada ou se fosse ‘um Uber’, esse cara poderia ter ido embora hoje”.
Acompanhando o twitter deste e de outros taxistas (como este e este), é possível perceber que está em curso uma campanha para expor barbaridades cometidas pelos motoristas de Uber, reforçando a ideia de que os taxistas são profissionais que dirigem há anos pelas ruas londrinas, com cuidado, experiência, segurança e bom atendimento. Há até um perfil dedicado ao que descreve como “guerra ao Uber”, expondo informações e situações que depõem contra o aplicativo e seus motoristas.
Nossos taxistas poderiam fazer campanha semelhante? Talvez. Mas, antes disso, muito de seu comportamento precisa ser aprimorado, para que o tiro não saia pela culatra. Seria uma boa bandeira para ser encampada pelos sindicatos e associações da categoria, numa batalha de opinião pública que hoje pende desigualmente favorável ao aplicativo aqui no Brasil.
Todos são potenciais clientes
É preciso entender que os clientes não existem apenas quando estão sentados no banco do carro. As pessoas que seguem em outros carros, que atravessam a rua e que pedalam nas vias também são clientes, ao menos em potencial. Principalmente quem abandona o carro em definitivo, para se transportar a pé, de bicicleta e usando o transporte coletivo: por não possuírem mais um automóvel particular, essas pessoas têm uma chance maior de usar um serviço de táxi, seja para transportar as compras do mês, para voltar para casa na madrugada ou para se deslocar em companhia de um idoso ou uma criança.
Ciclistas não são inimigos dos taxistas, são clientes que naquele momento não estão usando seus serviços. Há até taxistas que conhecemos pelo nome, graças ao bom atendimento a quem usa a bicicleta, como é o caso do Sr. Torres, que está nos contatos do celular de muita gente que pedala.
Volta e meia precisamos de um serviço de táxi e queremos poder continuar confiando no serviço da categoria. Mas a cada vez que sentimos a morte de perto, a cada vez que nossos pelos se arrepiam com um carro nos empurrando contra a calçada, a cada vez que encostamos tremendo no meio-fio para respirar fundo de olhos fechados… passamos a pensar mais de quinhentas vezes antes de pedir um táxi.
Por outro lado, a cada vez que ganhamos um sorriso, uma preferência na passagem, um agradecimento por termos cedido passagem, um bom dia ou uma simples buzinadinha simpática de quem ultrapassou a uma distância segura, uma sensação boa nos acompanha o dia todo. E, quando precisarmos sermos levados por um motor a algum lugar, nos lembraremos dessa sensação boa. Mas isso só será efetivo quando as situações agradáveis superarem em quantidade e intensidade as desagradáveis, que hoje nos fazem temer sempre o pior quando um táxi passa do nosso lado.
Sério que vocês cicloidiotas são mesquinhos, medíocres e cretinos a esse ponto?
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Os taxistas são “espaçosos” e territorialistas e ficam argumentando a legalidade deles e a ilegalidade dos outros. Na época da briga deles contra as vans no Rio de Janeiro eu não conseguia entender porque as vans seriam suas concorrentes posto que eram transporte coletivo, portanto concorrente dos ônibus. Insistindo com um taxista para me esclarecer onde era a concorrência, ele acabou admitindo que as vans concorriam com eles nas “lotadas” que os taxistas faziam???? Mas lotada não é ilegal? E argumentavam que o problema era as vans, na época ainda não regulamentadas, serem ilegais? As vans no Rio de Janeiro ganharam espaço por oferecerem um serviço melhor que os ônibus, inclusive ar condicionado, que NENHUM ônibus de linha regular do Rio possuía. Agora brigam com o Uber onde a ilegalidade até então está em ser, como as vans naquela época, um serviço ainda não previsto na burocracia, portanto não regulamentável.
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O que tem de taxista que ultrapassa em alta velocidade colado no seu guidão, logo em seguida freia e entra bem na sua frente, resultando numa bela duma fechada, num tá escrito. Pena que os profissionais não são exemplo para os demais.
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Pra mim taxista bom profissional é que nem alienígena, tem gente que acredita que existe, outros dizem que já viram e alguns até dizem que já foram levados por eles… mas sua existência nunca foi realmente comprovada. Se for pra pagar um absurdo de caro (ainda mais em bandeira 2), e andar numa carroça sem conforto (Cobalt, Prisma, Sandero, Spin, Voyage e similares) em que o motorista “mega profissional” xia até na hora de ligar o ar condicionado, eu prefiro andar de ônibus de uma vez.
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