Guia eletrônico gratuito fornece indicações de hospedagem para cicloturistas no Brasil
Resultado de construção coletiva, ebook gratuito traz informações e indicações de locais já visitados por cicloturistas.
O site Até Onde Deu Pra Ir de Bicicleta convocou cicloturistas para contribuírem com um guia que fosse amigo do cicloviajante. Checagem de cada uma das informações, coleta de fotos e diagramação do livro: 50 dias depois da chamada estava pronto o Guia de Hospedagem para Cicloturistas. André Schetino, mineiro de Belo Horizonte, foi o responsável por compilar as participações e produzir o guia, que é o terceiro lançado pelo site.
840 guias de hospedagem já foram baixados em apenas 15 dias de lançamento, seguindo a aceitação dos ebooks anteriores (Guia para viajar de bicicleta – Volumes I e II), que juntos somam 6700 downloads. “Eu pensei muito na minha experiência com cicloviagens e na experiência de alguns colegas. Nem sempre a hospedagem é uma coisa fácil. Pensar na logística da bike carregada, um local que vá te receber bem… Então pensei que os cicloturistas poderiam indicar esses locais, e que o guia poderia ser um agregador dessas informações”, diz André.
“Muitos leitores me escrevem dizendo que imprimiram os guias e levaram para suas cicloviagens. Outra coisa que acho legal é quando me escrevem dizendo que os guias ajudaram a fazer a primeira viagem de bicicleta. A verdade é que quando lancei, não tinha ideia de quantas pessoas poderia alcançar, mas estou bem satisfeito!”, comemora.
Indicações de locais
Construído de forma colaborativa, o manual está dividido em duas partes. A primeira foca nos tipos de hospedaria mais comuns no cicloturismo, como hospedagem solidária, camping selvagem e os hotéis, hostels, pousadas e campings, e em como reservar hospedagens pela internet e sobre seguro de viagem para cicloturistas. A segunda parte possui 47 indicações de hospedagens feitas por cicloturistas que já estiveram nesses locais e foram bem recebidos com suas bicicletas.
Além das indicações comerciais, um fato interessante, segundo André, é que muitos cicloturistas, durante a coleta de informações para o livro, disponibilizaram suas casas, colocando seus dados, endereço, telefone. Essas informações ficaram de fora, por questões de segurança, mas mostram como cicloviajantes podem se surpreender com a solidariedade de outros movidos a bicicleta (apesar de não terem sido incluídas no ebook, hospedagens solidárias podem ser encontradas através da rede Warm Showers – veja box mais abaixo).
Tanta boa informação continua sendo sem custo para os leitores. “Eu tenho uma linha editorial para os materiais que produzo e separo conteúdos que acredito que devam ser gratuitos, e outros que podem ser pagos. Acredito que os conteúdos básicos, que servem para incluir pessoas no ciclismo e no cicloturismo devem ser gratuitos”, diz o ciclista. “Apesar de ainda não ter feito nenhum pago, é sim um projeto para o futuro próximo”, promete.
Existem também conteúdos que podem ser pagos por empresas e anunciantes, mas gratuito aos leitores. “Por isso disponibilizo espaços para anunciantes que queiram associar sua marca aos ebooks, mas ainda não houve procura”. No caso do Guia de Hospedagem, Schetino testou um novo formato: algumas hospedagens possuem links para a sua página em um site de reservas online. “Ao realizar uma reserva a partir de um link do guia, eu recebo uma comissão, sem que o leitor pague nada a mais por isso”, explica.
Quem já é fã do AODPB pode se preparar para o que vem por aí. O plano de André é lançar pelo menos um ebook por ano. “Além disso, vou testar outros materiais e formatos, tanto gratuitos como pagos”.
Rede Warm Showers
Por Willian Cruz
Permitir que um cicloviajante possa encontrar alguém disposto a hospedá-lo por uma noite, servir um prato de comida e, como o nome da rede diz, emprestar um chuveiro quente: é esse o objetivo da Warm Showers, uma rede informal e colaborativa que conta com mais de 50 mil membros ativos em todo o mundo. Com mais de 30 mil residências e locais cadastrados para receber o cicloturista, o projeto colaborativo já tem até aplicativos para Android, iPhone e Windows Phone.
O cicloativista e cicloturista Dudu Green, de Florianópolis, em seu extinto blog Ciclonômade, fez uma vez um relato sobre sua utilização da rede Warm Showers. O blog não existe mais, mas a internet tem seus recursos maravilhosos: neste link ainda é possível ler o relato, do ano de 2009. “Redes de hospitalidade para viajantes não são novidade, as principais são Hospitality Club e Couch Surfing“, contava Green no site. “A grande diferença do Warm Showers é que cicloviajantes são como uma grande família, fazemos de tudo pra ajudar uns aos outros, pelo prazer de ver alguém chegando com a bici carregada, cheio de empolgação e histórias pra contar.”
Incentivamos os brasileiros a também se cadastrarem no site, para recepcionar os estrangeiros com a mesma hospitalidade com que nossos cicloturistas têm sido recebidos em outros países – além dos cicloviajantes de outras regiões de nosso país. Quem já viajou de bicicleta sabe a diferença que faz ter um lugar onde descansar, algo para comer e alguém para conversar ao chegar sozinho em uma cidade estranha.