5 alertas sobre o Programa de Manutenção de Ciclovias de São Paulo
Há questões críticas no Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária de São Paulo. É preciso acompanhar as reformas de perto (e cobrar a Prefeitura)
A Prefeitura de São Paulo lançou, em 22 de setembro, o Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária, que pretende reformar ciclovias da cidade que estejam em situação precária. Apesar de importantíssimo, é preciso atenção a algumas questões críticas em relação a essas manutenções.
Veja o resumo em vídeo e saiba mais no texto logo abaixo.
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1Programa de Manutenção já começou com atrasos
Durante o lançamento do Programa de Manutenção Permanente, foi anunciado que as reformas começariam na semana seguinte (ainda em setembro). “O contrato já foi assinado, então a partir da próxima semana a gente já deve iniciar com as ordens de serviço”, garantiu o Secretário de Mobilidade e Trânsito, Celso Gonçalves Barbosa.
No entanto esse prazo já foi descumprido, o que faz com que o Programa esteja atrasado em pelo menos meio mês. Isso sem contar todo o tempo que as estruturas passaram sem nenhuma manutenção.
Durante a última reunião da Câmara Temática da Bicicleta, em 9 de outubro, a Conselheira do CMTT Aline Pellegrini questionou o Coordenador-Geral do Plano Cicloviário, Dawton Gaia, sobre o início desses trabalhos. “A empresa acabou de buscar a ordem de serviço e está se organizando para começar. Vai apresentar um cronograma pra nós e deve começar essa semana”, prometeu Gaia. Assista aqui, aos 52:40.
A primeira ciclofaixa a receber manutenção será a da Av. Jair Ribeiro da Silva, em Interlagos. Se você costuma passar pelo local, conte pra gente nos comentários quando começar alguma movimentação no local.
2Poucas ciclovias serão reformadas
Durante o evento de lançamento do programa, o Prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o Secretário de Mobilidade e Trânsito reforçaram em vários momentos que 81% da malha cicloviária estaria em boas condições. Portanto, apenas 19% das ciclovias e ciclofaixas precisariam de manutenção. Para se ter uma ideia, nos primeiros 6 meses apenas 14 estruturas serão contempladas.
Para embasar esse número, a gestão usou como argumento a Auditoria Cidadã da Ciclocidade. No entanto, ainda que confiemos nesse relatório, ele já está defasado em mais de um ano. De lá para cá, a situação das ciclovias já deteriorou. Assim, muitas estruturas em más condições podem ficar “invisíveis” aos critérios da prefeitura. Além disso, o programa prevê, a princípio, apenas “requalificações”, que serão feitas de ponta a ponta, sem citar atendimentos pontuais.
Por isso, é importante que os cidadãos solicitem manutenção em estruturas e trechos que também precisem de reforma.
Como solicitar manutenção em uma ciclovia ou ciclofaixa
Pedidos de manutenção podem – e devem! – ser feitos através do telefone 156 e do Portal de Atendimento SP 156.
Links diretos para fazer a solicitação, de acordo com o tipo:
- Buracos
- Sinalização, pintura e outros reparos
- Fiscalização de carros estacionados de forma recorrente
- Para denunciar um carro estacionado naquele momento, utilizar o telefone 156.
Participe e ajude a manter nossas estruturas bem sinalizadas e seguras!
3Pavimento precisa ser refeito em vários locais
O Vá de Bike esteve presente no lançamento do Programa de Manutenção Permanente da Malha Cicloviária, o que nos permitiu fazer alguns questionamentos importantes. Um deles foi em relação ao pavimento, que em algumas estruturas precisa ser refeito de ponta a ponta. Em algumas ciclofaixas, é necessário ao menos um recape localizado, nos pontos mais críticos.
Questionado pela nossa equipe sobre esse assunto, o Secretário respondeu que a questão do pavimento seria, sim, atendida. E passou a palavra a Dawton Gaia, para que acrescentasse mais detalhes. “O programa prevê a pavimentação, sempre através da Secretaria Municipal de Subprefeituras (SMSUB). Então pega sempre carona no pavimento novo. E nos locais onde não tem o pavimento novo, será feito esse contrato através da SMSUB”, esclareceu Gaia.
Nosso questionamento se deveu ao fato de que o recape costuma ser a etapa de maior custo na manutenção de uma estrutura viária. E, pelo valor de R$ 64 milhões anunciado para esse programa, era importante garantir que o pavimento seria contemplado. Pela resposta do Coordenador-geral, podemos deduzir que esse custo será de responsabilidade das subprefeituras, como parte do serviço padrão de tapa-buraco ou do programa de recapeamento.
4Larguras precisam ser mantidas (e até revistas!)
Também perguntamos aos representantes da Prefeitura se os cidadãos poderiam ficar tranquilos quanto à largura das ciclofaixas não ser diminuída com as reformas.
Isso ocorreu, por exemplo, na ciclofaixa da Av. Rebouças, que já era estreita e ficou menor ainda depois do recapeamento da avenida. Com a repercussão negativa na imprensa, a Prefeitura voltou atrás e recuperou a largura anterior.
De acordo com Dawton Gaia, “não está previsto estreitamento em nenhuma das ciclofaixas. Pelo contrário, algumas delas a gente pretende inclusive ampliar essa largura.” É ver para crer.
INOVAÇÃO: Prefeitura de SP reduz o tamanho da ciclofaixa da Av. Rebouças, que já era estreita, e inova ainda mais criando uma linha pra pedalar sobre ela. É a vida dos ciclistas pedalando na corda bamba de sombrinha. pic.twitter.com/J9YjLzzlp4
— Daniel Guth (@DanielGuth) May 8, 2023
Recomendação do Contran não está sendo seguida
Revisar a largura das ciclofaixas é de extrema importância, já que a recomendação mínima do Contran não está sendo respeitada. De acordo com o Manual de Sinalização Horizontal do CONTRAN, “recomenda-se para a Ciclofaixa de sentido único a largura mínima de 1,50 m, e para ciclofaixa de sentido duplo a largura de 2,50 m”.
Uma ciclofaixa estreita deixa o ciclista mais exposto aos carros e aumenta a chance de que um pequeno desequilíbrio resulte em tragédia. Ainda mais com o uso da sarjeta como parte desse espaço, com a frequente presença de lixo, bocas de lobo, buracos e até desníveis longitudinais no meio da pista, como mostramos a seguir.
5Degrau entre asfalto e sarjeta
Outro questionamento que fizemos durante o anúncio foi se a prefeitura estava atenta ao degrau que tem sido deixado entre o asfalto e a sarjeta, após os recapeamentos. Em alguns casos, o degrau fica bem no meio da ciclofaixa, como na Av. Rebouças.
O risco nesse caso é o pneu deslizar nesse degrau, o que derrubaria o ciclista na faixa onde os carros estão circulando. A chance de atropelamento numa queda dessas é enorme.
A resposta do Coordenador-Geral do Plano Cicloviário, naquele 22 de setembro, foi curta e direta: “nós vamos resolver esse problema, com toda certeza”.
Continuamos aguardando.
Assim como os corredores de ônibus que permite melhorar o transporte de passageiros nas cidade deveria existir mais ciclovias em toda a cidade.
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