Adivinha quem vai pagar pelo trânsito da Ponte Estaiada?
Infraestrutura cria demanda. Isso é válido tanto para as bicicletas quanto para os carros. A criação de uma nova ponte, uma nova avenida, um novo túnel estimula o uso do carro. Isso pode não ser claro, pode não ser mensurável, mas quanto mais ruas tivermos para os carros circularem, mais as pessoas se sentirão incentivadas a utilizá-lo. E o que precisamos é exatamente o contrário: refrear o uso.
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A Ponte Estilingão Estaiada, que foi anunciada diversas vezes como solução para “melhorar o tráfego de veículos (motorizados) na região“, já traz seus efeitos colaterais. Além de ter ficado congestionada logo no primeiro dia útil após a inauguração, o congestionamento agora afeta a Marginal Pinheiros, pois os motoristas querem fugir do congestionamento usando a suposta salvação iluminada que a Rede Globo Prefeitura vendeu a eles.
“Como os carros estão saturando a Marginal, vamos dar a eles uma pista a mais. Tira aquele acostamento dali, afinal acostamento não serve pra nada mesmo…”. Depois de ver como pensa o presidente da CET, aquele que não faz ciclofaixa porque os ciclistas atrapalham o trânsito, concluo que só pode ter sido esse o raciocínio por trás da eliminação do acostamento que fica entre as pontes do Morumbi e João Dias, sentido Interlagos, onde já havia QUATRO faixas de rolamento para os carros.
Por esse acostamento que não servia para nada passavam centenas de ciclistas por dia, sem contar os pedestres, já que naquele trecho não há calçada. Não, eu não estou exagerando: em uma contagem independente, constatou-se que em apenas uma hora passaram por ali 80 ciclistas, além de vários pedestres (veja fotos). E olha que estava chovendo…
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Sem o acostamento, os ciclistas vão ter que se arriscar junto aos carros que, nos horários de menor trânsito, trafegam a até 70km/h (ou mais, porque para muita gente, se não tem radar não tem limite de velocidade). Alguns carros vão tirar finas perigosíssimas ou até apertar as bicicletas contra o guard rail. Outros vão colar na traseira dos ciclistas, pressionando para “sair da rua” (pra ir pra onde?). É funesto dizer isso, mas cedo ou tarde haverá mortes.
A única alternativa seria o Morumbi, dando uma volta enorme, com subidas desanimadoras e tráfego também perigoso para as bicicletas, pois não há acostamento (são ruas) e o tráfego de veículos é intenso e, quando não está parado, é veloz. Os ciclistas não farão esse caminho. É como obrigar alguém que quer atravessar uma rua a andar até a passarela, que fica a 1km de distância, ali depois daquele morro: simplesmente não funciona.
De quantas mortes de ciclistas a cidade precisa para perceber o que estão fazendo com as vidas das pessoas? A CET não aprendeu nada com a morte da Márcia Prado, em plena Avenida Paulista? Nem com as mais de 60 mortes de ciclistas no ano passado, estatisticamente mais de uma por semana?
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Não podemos ficar quietos vendo a CET, sob a batuta do multi-homem Alexandre de Moraes, colocar em risco a vida dos ciclistas pra fazer uma QUINTA pista na Marginal Pinheiros, para os motoristas que não podem perder o começo da novela. Não podemos ficar quietos ao ver os motoristas empurrarem as pessoas para descontar sua frustração de estarem presos dentro dos próprios carros, com o consentimento da CET.
Se a prefeitura mandasse alguma coisa na cidade, não permitiria que a CET fizesse isso. Não deixaria que colocassem a vida dos cidadãos em risco para “aumentar a fluidez”. Mas a CET tem total autonomia pra decidir o que fazer e o que não fazer com as ruas da cidade. A cidade é da CET e, por mais estapafúrdio que isso seja, ninguém questiona.
Quem vai pagar pelo trânsito da Ponte Estaiada são os ciclistas e eles vão pagar com vidas. Será que a presidência da CET considera isso um preço justo para ter um pouquinho a mais de fluidez?
Temos que fazer alguma coisa.
Quero saber se ns ponte estaiada tem acostamento ou não eu fico na fila e varios carros passam pelo acostamento
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é, os textos aqui são proféticos. 🙁
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Já tirei 2 fotos do local, por onde saem/entram os ônibus no terminal… ninguém soube (ou não quiseram) informar sobre o fato… quem interessar nas imagens, eu mando por e-mail ou publico no Flickr, mas são só as imagens do local, não do acidente…
abraços e boa sorte á todos!
ps.: Wiliian Cruz, esse é o cara!
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Lou, infelizmente para a imprensa viciada as pessoas que morreram não significam nada. O que é importante é que liberaram a via para o tráfego às 8h30…
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Meu, lendo a notícia indicada pelo Binotti Biker, não descobrimos o nome dos ciclistas envolvidos em acidentes, nem como o acidente aconteceu. Ficamos sabendo quando o trânsito voltou (ou não) ao normal. Tá aqui, ó:
“De acordo com a Companhia de engenharia de Tráfego (CET), o ciclista morreu no local. Por volta das 8h30, a faixa da esquerda da via permanecia interditada.
O outro acidente ocorreu por volta das 7h30, na altura do número 3.810 da Avenida Santo Amaro, no sentido Centro, Zona Sul da capital paulista. O ciclista ficou ferido, e segundo a CET, às 8h30 a via já estava liberada para o tráfego.”
impressionante.
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E o que importa são os km de lentidão… Tem que começar a tirar ‘satisfação’ pessoalmente com esses motoristas. CHEGA desa palhaçada!
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Preciso divultar urgente esta matéria que está publicada no site do “G1 Globo SP”. Moro muito próximo do local, e apesar de estar ‘afastado do pedal’ por motivos pessoais (conto para quem tiver interesse, mas adianto que têm muito a ver com a situação que vivi durante anos no trajeto que fazia de casa/trabalho/casa…), e me sinto solidário com a situação vivida pelo ciclista, seja ela(e) quem for. Na matéria, não diz muita coisa sobre a ocorrência situada em frente ao Terminal de Ônibus A.E. Carvalho. Irei na data de quarta-feira, tirar algumas fotos do local… abraços á todos os amigos e colegas do pedal, boa sorte á todos, e rezo muito por todos nós que pedalam nesta cidade louca!
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1084124-5605,00-ACIDENTES+COM+ONIBUS+MATAM+UM+CICLISTA+E+DEIXAM+OUTRO+FERIDO+EM+SP.html
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A bicicletada TEM que fazer alguma coisa. Ficar quieto é que não dá, é ser conivente com esse darwinismo urbano que chega a escalas assustadoras em SP. Do fundo do coração espero que os colegas de pedal daí se juntem em manifestações em prol da melhoria dessas aberrações. Já quanto a esse sujeito, acho que a solução mesmo infelizmente é terrorismo, pois não se trata de um ser humano.
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