Massa Crítica e Bicicletada
(Obs.: texto escrito em 2006; hoje em dia, a Bicicletada de São Paulo reúne CENTENAS de pessoas)
Vejam esse vídeo, de uma menininha participando da Massa Crítica de Budapeste (Hungria). A menina pedala muito bem pra idade dela e consegue acompanhar os adultos. Repare no posicionamento dela ao pedalar em pé, para dar uma acelerada e continuar acompanhando o grupo em sua bicicleta de aro pequeno e sem marchas.
Até que uma moça distraída atrás dela resolve segurar o guidão de um jeito esquisito e… bem, vejam o vídeo! 🙂 Notem que a menina nem se incomoda com o que aconteceu e continua pedalando, orgulhosa e feliz.
Uma coisa que se pode notar nesse vídeo é que lá dá pra levar uma criança num evento desses sem se preocupar que um ônibus passe propositalmente por cima dela. Há dois motivos para isso. Um deles é cultural: a grande maioria dos motoristas europeus entende que os ciclistas também têm direito ao uso da via e que em cima das bicicletas existem vidas, que devem ser preservadas.
O outro motivo é a quantidade de pessoas que participa do evento. A presença de muitos ciclistas compõe uma massa que demarca com sua presença o espaço na rua. Aqui em são Paulo, a versão brasileira da Massa Crítica – a Bicicletada – anda reunindo poucos ciclistas. Infelizmente as pessoas não se dispõem a colaborar com sua presença, nem que seja apenas para fazer número. Havendo uma quantidade razoável de participantes, poderíamos ter crianças no meio da massa sem muitos riscos, desde que alguns adultos se posicionem de forma a orientá-las e protegê-las (e eu seria um deles, sem dúvida).
E olha que a Bicicletada paulistana tem se caracterizado, já faz um bom tempo, como uma manifestação criativa e lúdica, com postura não agressiva frente aos veículos motorizados. As vezes são feitas algumas intervenções bem humoradas, como pendurar placas de permitido bicicleta nos postes, hasteamento de bandeira, limpeza da praça, etc., e sempre são distribuídos panfletos educativos aos motoristas, sempre que possível com um bate-papo para mostrar a eles outra visão de mundo. Traz ou distribui panfletos quem quiser, só sua presença já ajuda a compor a massa crítica que precisamos para mostrar aos motoristas que existimos, temos nossos direitos e gostaríamos de sermos respeitados.
Se você quer ter seus direitos reconhecidos, você tem que lutar por eles. Participe você também da Bicicletada paulistana: toda última sexta-feira do mês, na Praça do Ciclista (Paulista com a Consolação). Apareça! Você será bem recebido!
Se você, por um motivo ou outro, não pode ou não quer participar da Bicicletada pedalando, seu apoio também é bem vindo, seja divulgando a causa, seja respeitando o ciclista ao dirigir um carro/moto/ônibus/etc.
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