"Jardim de trânsito" (traffic garden) na cidade de Ultrecht, na Holanda: formando motoristas, ciclistas e pedestres conscientes. Imagem: Cycling in Netherlands Blog / reprodução

Na Holanda, educação para o trânsito começa na infância

Com atividades práticas, o comportamento e a segurança no trânsito são ensinados para crianças, criando motoristas e ciclistas responsáveis.

“Jardim de trânsito” (traffic garden) na cidade de Utrecht, na Holanda: formando motoristas, ciclistas e pedestres conscientes. Imagem: BicycleDutch / reprodução
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Em alguns países europeus, as crianças são ensinadas desde pequenas a como se comportar no trânsito, estejam de carro, bicicleta ou a pé. Elas passam a conhecer o papel de cada um nas ruas, seus direitos e deveres, além dos cuidados que devem ser tomados consigo e com os outros. Formam-se adultos mais conscientes e responsáveis no trânsito – e este, por consequência, se torna mais seguro.

Na Holanda, os “traffic gardens” (jardins de tráfego) existem há 60 anos. Depois do exercício em ambiente simulado, há ainda atividades práticas nas ruas. Já o treinamento para crianças sobre como pedalar em meio ao tráfego tem quase um século e é emitida uma certificação, atestando que a criança ou adolescente já sabe conduzir a bicicleta com segurança.

Mais do que formar ciclistas, esse treinamento prestado a todas as crianças cria também motoristas mais conscientes, que sabem como é conduzir uma bicicleta nas ruas e que cuidados tomar com quem pedala, pois também são seus amigos, seus pais, seus irmãos.

Veja no vídeo abaixo, legendado pelo Vá de Bike, o “jardim de trânsito” da cidade de Utrecht, na Holanda, que funciona desde os anos 50:

Formando ciclistas

Há programas de formação de ciclistas para crianças em diversos países, como Canadá, Estados UnidosAustrália, FrançaReino Unido, Áustria, Dinamarca, Alemanha e Holanda.

Em São Paulo, o Centro de Treinamento e Educação de Trânsito (CETET) da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) possui uma estrutura semelhante a um “jardim de tráfego”, com atividades para crianças e adolescentes com idade entre 4 e 17 anos, que priorizam o pedestre e o futuro motorista. Entretanto, as atividades não fazem parte do currículo obrigatório, o que acaba atingido apenas uma pequena parcela dos pequenos cidadãos, e não há condução de veículos simulados, apenas um passeio a pé. O CETET oferece ainda um curso gratuito para ciclistas, porém voltado a adultos, sendo permitida a participação apenas de maiores de 18 anos.

O vídeo abaixo, também legendado pelo Vá de Bike, mostra como se dá a educação de trânsito em bicicletas para as crianças na Holanda. Ações desse tipo são comuns naquele país há cerca de 80 anos!

Comboios

Em 2017 estive em uma cicloviagem pela Holanda, logo após a conferência internacional Velo-City daquele ano, que acontecera nas cidades de Nijmegen e Arnhem.

Quando estive na cidade de Leiden, estava andando pela rua quando vejo uma fila de ciclistas com coletes chamativos, em meio a tantas outras pessoas circulando de bicicleta. Só deu tempo de sacar o celular e fazer rapidamente as imagens que você vê abaixo.

Era um comboio de crianças indo para a escola, guiados por adultos na frente e atrás do grupo – algo comum naquele país. O “ônibus escolar” daquela cidade.


10 comentários em “Na Holanda, educação para o trânsito começa na infância

  1. É normal sentir uma especie de coceira de frustração ao ver este belo vídeo, e saber que não existe nada parecido no Brasil? Pois é o que sinto agora rss! Excelente iniciativa! Já disseram: Eduque as crianças de hoje para não punir os adultos de amanhã. Muito bom, muito bom mesmo!

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  2. Excelente, muito bom exemplo. E, nos comentários acima, fica evidente o descaso de nossos governos. Diversas iniciativas foram criadas ao longo de gerações, mas nenhuma perdurou… Uma pena. Mas vamos melhorar, estamos em plena evolução. É o que acredito.

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  3. Não sei se alguém aqui com mais de 30 anos se lembra, mas no famoso prédio do Detran (atual prédio do MAC USP), daqui de São Paulo mesmo, tinha um andar inteiro (ou parte dele) com uma silmulação de trânsito com ruas e cruzamentos, muito parecido com o video da Holanda. Tinha carrinhos, bicicletas, triciclos, onde tinham a função de ensinar crianças sobre o trânsito. Me lembro que conforme fui crescendo e passava na frente do prédio, sempre procurava aquele andar com as bicicletas estacionadas, triciclos amontoados. Um dia tudo sumiu. Será que alguém se lembra disso? Ou foi loucura da minha cabeça mesmo?

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  4. Lembro de um teatro do DFTRANS no meu colégio, foi muito bacana 😀
    Pena que durante todo o meu ensino fundamental e médio só os vi se apresentarem uma vez.
    Acho que medidas socio-educativas assim devem ser mais incetivadas pelo governo e tals|:

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  5. SENSACIONAL!!!!!!!!!!
    As crianças são o caminho mais curto para a civilização!
    Eu acredito nas crianças!! (não acredito em alguns pais destas crianças…)
    O governo TEM QUE INVESTIR NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS para serem cidadãos conscientes no trânsito e fora dele!

    Esse vídeo me lembrou um pedacinho da infância!
    Lembro que meu pai me levava até o estcionamento da Cidade Universitária e tirava a minha bike do porta-malas.
    Lá ele me ensinava a pedalar na mão certa, aonde eu podia fazer a curva e estacionar….e a brincadeira gostosa e divertida se tornou um aprendizado que carrego até hoje!

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  6. Por incrível que isso possa soar, isso existe no Brasil. Ou já existiu. E eu fui testemunha ocular disso. Na pré-escola, nos final dos anos 80, lembro que minha classe teve algumas aulas de trânsito. “Carros” (caixas de papelão penduradas pelos ombros), “ônibus” (um retângulo grande feito de ripas coberto com cartolina) e “bicicletas” (patinetes) andavam em um traçado na quadra da escola. De tempos em tempos, as crianças trocavam de papel: motoristas, ciclistas e pedestres. Ficava bem claro que todos eram “pessoas” no trânsito; diferentes eram somente as formas de participar dele.
    Eu lembro bem de participar dessa aula.
    A beleza disso tudo termina agora: isso aconteceu em uma escola alemã de São Paulo. Provavelmente influenciada pela mesma prática nas escolas alemãs. O que representou, na época, esses alunos se comparados com o resto dos alunos em São Paulo? Uma fração minúscula. E para dizer a verdade, nem sei se minha antiga escola continua com esse programa. Torço para que o programa bicilcetas de bambu se amplie e inclua a ideia de trânsito compartilhado tal como eu vivenciei e tal como é mostrado no vídeo no jardim de infância de Utrecht.

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